O primeiro passo na longa jornada

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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FOTO: © MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENA

 

Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas. Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais, apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

Com 5.570 municípios espalhados numa vasta área de 8,5 quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem necessariamente que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas, conforme estabelecido pela Constituição atual.

Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo. Por mais complicada e difícil que seja a tarefa de educar.

Todo o esforço se esvai se o trabalho de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além é claro de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

Diagnósticos feitos recentemente adiantam ainda que nenhum esforço, por mais bem-intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e sobretudo com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizada em regime de colaboração.

Note-se que essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprido no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar ainda mais essa tarefa. Dessa forma, de nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico com o acompanhamento dos pais. Da mesma forma, tornam-se inócuos manter os alunos nas escolas, se ao final desse primeiro ciclo eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos, e resoluções de operações simples matemáticas entre outras habilidades próprias para a idade.

Para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules, é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como uma das maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que em nossa desigualdade e concentração de renda está uma das principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado, e enquanto esse problema não for solucionado, todos os outros também não o serão.

Dessa forma, políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente até aqui, e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

Por outro lado, é preciso atentar também para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. São quase 50 milhões de alunos matriculados na educação básica, principalmente na rede pública; quase 2 milhões e meio de professores, a maior categoria profissional do país, além de 184, 1 mil estabelecimentos escolares, o que faz do Brasil um gigante mundial, também no setor educacional.

Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas. Falta apenas o primeiro passo.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O desejo de conhecimento é como a sede de riqueza – aumenta durante a aquisição.”

Laurence Sterne (1713-1768), autor de: A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy

Charge: blog.ori.net.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No concurso de Inspetor Sanitário, para a prefeitura, diversos candidatos pediram revisão de prova, e, depois, alcançaram notas superiores aos aprovados inicialmente. Está havendo muita reclamação em torno disto, mas a repartição informa que é norma do DASP. (Publicado em 15.11.1961)

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