Nossos mortos estão vivos e vibrando dentro de nós

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

 

Dentre as várias facetas que possibilitaram, em seu conjunto, a ascensão do ser humano ao patamar civilizatório, juntamente com o domínio da agricultura, do fogo, da vida sedentária, está o culto aos antepassados. Comum a todas às civilizações antigas, o ritual de celebração e de rememoração dos entes se constituiu em um dos pilares que resultaria, posteriormente, na formação embrionária da religião.

O culto aos mortos, em seu sentido ontológico, permitiu a humanidade estender para o pretérito o significado de sua existência, ligando-a até o presente, o que, por sua vez, ensejou expandir o sentimento de existência para o futuro. Em outras palavras, as experiências trazidas pelos entes do passado, possibilitaram a existência presente com mais conforto e segurança. A própria longevidade de cada indivíduo, inclusive seu prazo de validade, como ser senciente, colocava, dentro de um espaço-tempo, os limites de atuação da espécie.

Qualquer projeto, a médio e longo prazo, deveria ser desempenhado dentro do espaço entre determinadas luas. Muito mais do que simples rituais metafísicos, a meditação sobre a personalidade e os acontecimentos passados, desencadearam, na espécie humana, o desejo pelas possibilidades vindouras, abrindo também espaço para o sentido da abstração. Cultuar aquilo que está ausente e que, portanto, não tem materialidade presente ensejou no homem pré-histórico o surgimento do pensamento abstrato, transposto também para a arte rupestre, que é o registro gráfico e material de algo espiritual e aleatório.

O desenvolvimento do pensamento abstrato distanciou o homem racional do animal irracional, dotando-lhe da capacidade única de projetar suas sensações para fora e longe de si mesmo, no espaço e no tempo. O que fazer amanhã ou na próxima estação chuvosa? O que fazer quando o inverno voltar? Como sobreviver quando tudo estiver, mais uma vez, coberto de neve? São elucubrações que, partindo de questões práticas e urgentes, lançaram o indivíduo para o futuro, num mundo povoado apenas pelo pensamento abstrato.

O que é hoje apenas lembrança abstrata foi, anteriormente, realidade concreta e palpável. Dessa forma, a construção de nosso futuro está indissociavelmente e intimamente ligada a fatos passados, constituindo-se no alicerce do momento presente e na base do que está por vir. Não é por outra que o indivíduo se torna, essencialmente, um ser do porvir, ou um ser do vir a ser, sempre incompleto no presente, buscando sua complementação no amanhã.

Deixados de lado este e outros aspectos, objetos do estudo da antropologia cultural, e dando um salto no tempo até os dias atuais, experimentados agora pela sociedade brasileira, o que podemos perceber, à primeira vista, é que o encurtamento de nossa memória factual, assolada pela insuficiência de informações ou pelo excesso delas, fez, de cada um de nós, seres inertes e indiferentes aos acontecimentos diuturnos à nossa volta.

Esse desprezo pelas experiências do passado fez-nos reféns de nós próprios, num estado de letargia permanente, aceitando de bom grado o prato frio que nos servem. Assuntos como a destruição da família, a violência banalizada, a confusão sexual imposta a crianças parecem não possuir mais o condão de nos fazer atuantes para moldar a realidade às nossas melhores expectativas.

A visita ao túmulo dos antepassados, sugerida pelo Dia de Finados, é cada vez mais um ritual desprovido de sentido para as novas gerações, que vêm nesse costume um costume e apego a situações que não fazem mais sentidos. Mesmo sabendo que o que está lá, depositado na tumba do parente falecido, é apenas o que foi sua carcaça carnal, como a casca seca da cigarra colada à árvore, o culto a essa passagem, pela qual todos iremos transpor um dia, guarda uma importância histórica, cultural, antropológica e até espiritual que nos liga diretamente às nossas raízes.

Não por outra razão, muitos cemitérios ainda hoje mantêm bancos dispostos ao lado dos túmulos, para que neles os vivos meditem sobre a efemeridade da vida. O que, à primeira vista, parece um ritual do passado vazio e sem expressão concreta é, na verdade, parte da construção humana, uma obra que vem nos trazendo desde o passado longínquo até aos dias atuais.

A frase que foi pronunciada:

Não dê ouvidos aos conselhos de ninguém. A não ser o do vento que passa e nos conta as histórias do mundo.”

Claude Debussy

Claude Debussy. Foto: wikipedia.org

Insuportável

Além do incômodo das passagens aéreas caríssimas, viagens sem conforto, os passageiros têm que enfrentar, na chegada ao desembarque, no aeroporto, motoristas que oferecem traslados com preços estranhos, chegando a bloquear quem sai da sala onde são aguardadas as malas. A administração do aeroporto deve ter autoridade para colocar ordem nisso. E a PM e o Detran devem estar atentos aos transportes ilegais.

Foto: reprodução

Passeio

Como sempre, a organização dos japoneses é impecável. Na Feira do Japão acontecida no Clube do Congresso até hoje, é um primor, desde a recepção até o atendimento. Com o espaço bem organizado e as pessoas super treinadas, as filas andam rápido. Comida caprichada e comércio interessante. Vale o passeio! Não é preciso passaporte de vacina para entrar. Idoso paga meia, quem levar alimento não perecível também. Começou às 9h da manhã.

Foto: Luis Nova / Esp. CB/D.A Press

História de Brasília

IAPM e IAPFESP reiniciaram as obras, e dizem que o IAPM fichou quinhentos candangos. Ninguém viu, até agora, nada a não ser limpeza do canteiro. (Publicada em 10/02/1962)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin