VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Ao contrário dos políticos, a matemática não engana ninguém. Pelo o que dizem os números relativos à imensa folha de pagamento dos políticos eleitos em todo o país, a conta com os pagamentos de milhares de cargos distribuídos na esfera federal, estadual e municipal se mostra simplesmente impagável. Ou pagamos mensalmente os políticos eleitos, ou deixamos de investir em saúde, educação, segurança e infraestrutura. A conta não fecha. Temos, nessa folha de pagamentos, um presidente da República e um vice. A qual se somam 89 senadores e 513 deputados federais. Mais 27 governadores, e 27 vice-governadores. Além de 1.049 deputados estaduais. Com ainda 5.568 prefeitos mais 5568 vice-prefeitos. Adicione-se ainda 59.931 vereadores, ou seja, 70.794 políticos recebendo todo o mês. Fora os salários relativos ao STF e ministérios.
Tudo isso sem contar os 27 mil assessores para os deputados estaduais, além de 600 mil assessores para os vereadores. Temos assim que, obrigatoriamente, pagar, mensalmente, R$ 10.7 bilhões aos políticos. Ou se empreende uma verdadeira reforma política e administrativa em nosso país, ou vamos prosseguir sem saída nesse labirinto, onde não existem recursos sequer para aliviar o dia a dia dos cidadãos. Obviamente que, para manter essa situação surreal, a saída tem sido aumentar a carga tributária incidente sobre cada brasileiro. Não surpreende que tenhamos, por isso, a maior carga tributária do planeta. Vale lembrar os bilhões de reais que esvaem quase todos os dias na forma de corrupção e malversação dos recursos públicos. Não há nação que possa resistir a esse derrame de dinheiro. E ainda assim prosseguimos aos tropeços.
O Brasil se encontra diante de um dilema estrutural que, mais cedo ou mais tarde, cobrará um preço insuportável: a conta da política não fecha. Ao contrário dos discursos retóricos, a matemática não permite disfarces. Uma engrenagem onerosa que custa, segundo cálculos recentes, mais de R$ 10,7 bilhões mensais apenas em salários de políticos e auxiliares diretos. Essa cifra, por si só, seria escandalosa em qualquer democracia desenvolvida. No Brasil, torna-se trágica porque se soma ao peso de uma carga tributária que já figura entre as mais altas do planeta. O drama não está apenas no volume dos gastos, mas no desvio de finalidade.
Enquanto bilhões são drenados para manter estruturas de poder, a saúde pública colapsa em filas intermináveis, a educação perde qualidade ano após ano e a segurança permanece frágil. A cada centavo que vai para sustentar privilégios, retira-se investimento em políticas que poderiam alavancar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nacional. O resultado é um país rico em potencial, mas pobre em resultados concretos para sua população. Esse beco sem saída se agrava com o ingrediente mais corrosivo: a corrupção.
Estimativas não oficiais apontam para bilhões evaporando todos os anos, um verdadeiro assalto sistêmico ao bolso do contribuinte. E a resposta recorrente dos governos, em vez de cortar gastos e reformar a máquina pública, tem sido sempre a mesma: aumentar impostos. Assim, o cidadão paga mais, recebe menos e permanece prisioneiro de um sistema que privilegia quem já detém o poder. A consequência desse desequilíbrio é devastadora. A desigualdade se perpetua, a produtividade fica estagnada e o país se torna incapaz de competir globalmente.
Enquanto nações emergentes direcionam recursos para inovação, infraestrutura e qualificação da mão de obra, o Brasil permanece atolado em disputas internas e custeando uma elite política onerosa.
O alerta é claro: sem uma reforma política e administrativa profunda, que reduza privilégios, enxugue gastos e direcione os impostos para o desenvolvimento humano e econômico, estaremos condenados a um ciclo de mediocridade. Persistir nesse modelo é empurrar gerações inteiras para a frustração e para a descrença nas instituições. O futuro do Brasil não pode ser a eterna manutenção de uma máquina pública insaciável. O futuro precisa ser a construção de um Estado eficiente, que devolva ao cidadão aquilo que dele arrecada. Caso contrário, não haverá matemática capaz de nos salvar.
A frase que foi pronunciada:
“O que falta na educação financeira não é como ganhar dinheiro, mas como gastá-lo.”
Fabio Centeno

História de Brasília
Ademais, o problema da falta de energia elétrica é uma constante preocupação. Quanto ao DI, falta regularizar os lotes para que possam ser vendidos a quem possa construir, e destruir os barracos de madeira. (Publicada em 10.05.1962)





