De olho na Europa parte 2

Publicado em ÍNTEGRA

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Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Muçulmanos rezam em uma rua de Paris. Foto: istoe.com

 

Haveria, de fato, uma guerra anunciada em toda a Europa, contra o crescimento da imigração mulçumana no continente, principalmente contra o islamismo político e sua insistência em dominar o Ocidente e aniquilar os chamados “infiéis”. As populações na Inglaterra e na Alemanha parecem ter acordado sobre esse problema e ameaçam empreender uma luta contra os mulçumanos expulsando-os do continente numa nova fase de retomada dos territórios como havido no século XV. O que isso pode representar para o futuro da União Europeia? A Europa, berço do Iluminismo e do humanismo moderno, vive hoje um dilema que parece resgatar fantasmas de sua própria história. O avanço da imigração muçulmana, intensificado por crises humanitárias no Oriente Médio e na África, encontra-se no centro de uma crescente polarização política e social dentro do continente. O que antes era tratado como um desafio de integração e multiculturalismo, agora assume contornos de ameaça existencial para parcelas significativas das populações de países como Alemanha e Inglaterra. A comparação com o século XV, quando a Europa cristã se mobilizou contra a expansão otomana, não é mera retórica de grupos radicais, mas vem se tornando referência recorrente em discursos nacionalistas.

A percepção de que o islamismo político não busca apenas coexistência, mas sim hegemonia cultural e religiosa, alimenta movimentos que clamam por uma “reconquista” europeia – não mais de territórios perdidos, mas de valores, identidade e soberania interna. Esse sentimento, ainda que controverso, já encontrou espaço nas urnas. Partidos de direita e extrema-direita, antes marginais, hoje são forças determinantes em países como França, Itália, Hungria e até a Alemanha, onde o AFD tem conquistado eleitores em regiões historicamente resistentes ao radicalismo.

Na Inglaterra pós-Brexit, o endurecimento contra a imigração tornou-se não apenas política de governo, mas também bandeira de setores sociais que veem na presença muçulmana um risco à coesão nacional. O risco imediato para a União Europeia é a fragmentação política. Se, de um lado, há governos que defendem o acolhimento de refugiados e a convivência multicultural, de outro há países que pressionam por fronteiras fechadas e políticas de deportação em massa. O resultado é uma União dividida entre a defesa de direitos universais e a exigência de proteção da identidade nacional. Essa contradição mina a própria essência do bloco, que se pretende unido justamente pela superação das diferenças históricas.

A médio prazo, o cenário pode evoluir para tensões civis mais intensas. Os protestos que se multiplicam nas ruas alemãs contra mesquitas, as marchas inglesas em defesa da “cultura ocidental” e os incidentes de violência em periferias francesas já funcionam como prenúncio de uma possível escalada. Se a retórica de confronto direto contra muçulmanos se consolidar, a Europa corre o risco de assistir a uma guerra interna de narrativas e identidades, capaz de corroer suas instituições democráticas.

Por fim, há a dimensão geopolítica. Uma União Europeia mergulhada em conflitos religiosos internos enfraquece-se como ator internacional. Perde capacidade de negociação, autonomia estratégica e relevância frente às grandes potências. O continente que se orgulhava de exportar valores universais pode, paradoxalmente, fechar-se sobre si mesmo em uma nova Idade das Trevas, marcada não pela escassez de conhecimento, mas pela abundância de medo.

O futuro da União Europeia dependerá, portanto, de sua habilidade em equilibrar segurança e integração, identidade e diversidade, soberania e solidariedade. O desafio é imenso: impedir que o debate legítimo sobre imigração e islamismo político descambe para uma cruzada moderna, capaz de repetir, em pleno século XXI, os piores capítulos da história europeia.

Obviamente, se essa radicalização em torno da imigração muçulmana e do islamismo político ganhar corpo na Europa, os efeitos não se limitam ao plano interno: eles, inevitavelmente, repercutem nas relações externas do continente, inclusive com o Mercosul. Primeiro, porque um continente politicamente fragmentado e socialmente tensionado tende a voltar-se para dentro. Em outras palavras, a União Europeia pode reduzir seu interesse estratégico em acordos internacionais complexos, como o tratado comercial com o Mercosul, que já enfrenta resistência de países europeus preocupados com questões ambientais e agrícolas.

Um endurecimento europeu contra a imigração islâmica poderia reforçar políticas mais restritivas também contra migrantes latino-americanos. A diferença, no entanto, é que a cultura latina respeita a cultura europeia, não tentando impor crenças e pensamentos como fazem os muçulmanos.

Se partidos nacionalistas e protecionistas se consolidarem no poder, cresce a tendência de fechamento dos mercados europeus a produtos agrícolas do Mercosul, sob o argumento de proteger o produtor local. O que já hoje é visto como ameaça à competitividade de agricultores franceses e irlandeses, poderia transformar-se em bloqueio político permanente. Isso abriria espaço para que potências como China e Estados Unidos ampliassem sua influência sobre a América do Sul, diminuindo a relevância estratégica da União Europeia para o Mercosul.

Expulsos mais uma vez da Europa, todo esse contingente mulçumano, que agora busca desestabilizar o continente, viria para a América, não em busca de novas oportunidades de vida, mas para dar prosseguimento a essa ideia de subjugar os cristãos em nome de um Alá radical e belicoso.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Por muito tempo, alguns políticos preguiçosos envolveram líderes de comunidades muçulmanas como um atalho para o engajamento de cidadãos muçulmanos marginalizados.”
Sadiq Khan

Sadiq Khan. Foto: © Frederic Legrand/Shutterstock.com

 

História de Brasília  
A Asa Norte do Plano Piloto continua com os mesmos problemas de há seis meses. No lado comercial, não há compradores, e no lado residencial, não há comerciantes. (Publicada em 10.05.1962)

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