VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Ninguém, em posse plena de suas faculdades mentais, poderia ir contra a liberdade de expressão, pois ela é a condição mínima para o estabelecimento do diálogo e do entendimento. Sem liberdade de expressão o que se tem é o monólogo daqueles que falam de cima para baixo e não aceitam o contraditório. “É livre a expressão do pensamento por meio da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Diz o Artigo 5º da Constituição.
A celeuma poderia, em nome do bom senso, em nome da paz social e dos direitos humanos, acabar por aí. Mas nem tudo é como a gente deseja. No meio desse assunto, que nos nossos dias, passou a ganhar novas interpretações, todas elas impostas pelas esquerdas, a regulação das mídias sociais vem ganhando terreno e hoje compõe parte substancial das preocupações do governo e do próprio Judiciário, que não esconde a pretensão de civilizar os meios de comunicação, acabando com o que eles denominam de “discurso de ódio”.
O que se busca aqui é, de forma simplória, acabar com o ódio por meio da decretação de uma lei. Fosse assim tão simples, bastaria uma lei para acabar definitivamente com a corrupção, que corrói esse país desde a chegada de Cabral em 1500. Enquanto a discussão gira em torno desse tema, contrariando frontalmente a Constituição, outros crimes, de maior poder ofensivo e que provocam mais estragos, seguem sendo praticados abertamente nessas mesmas mídias sociais, sem que isso incomode as autoridades ou o governo.
Acabar com o ódio, como desejam alguns, seria o mesmo que acabar com o amor, pois estes coexistem desde o surgimento da espécie humana e fazem parte integral do homem, formado, ao mesmo tempo, por luzes e sombras. Se ao invés de discussão tão pueril como essa, as autoridades se inclinassem para resolver as centenas de milhares de casos de internautas, que são enganados por anúncios que oferecem nas redes sociais produtos que não irão entregar. Ou de casos em que os cidadãos são ameaçados por presidiários, diretamente de dentro dos presídios, insinuando sequestros de pessoas, ou mesmo simulando premiações milionárias. Mas parece que não há interesse nesse tipo de ódio.
O uso de redes sociais por bandidos, do pé de chinelo até os grandes líderes de organizações criminosas, é um fato. O uso indiscriminado de celulares dentro até de instituições de segurança máxima é um outro fato que passa sem incomodar as autoridades. Nesse caso também o silêncio é total. Não fossem os celulares liberados, os chefões do crime ficariam de mãos atadas. E pensar que uma infinidade de idosos em nosso país são enganados todos os dias pela malandragem, que usam abertamente as redes para roubá-los. Tão logo são aposentados começa a artilharia de ligações com vantagens em crédito consignado. Muitas vezes valores pagos e nunca mais vistos.
Quantos outros casos também de pedofilia e outros crimes contra pessoas indefesas são cometidos por meio dessas redes sociais. Estranhamente casos nunca comentados por autoridades. O que parece mesmo importar é a proibição da livre circulação do pensamento e de ideias. O resto não interessa.
Ao cidadão comum, a proteção do Estado contra as muitas modalidades de crime e violência e não com relação ao que ele pensa como torcedor de futebol ou como apoiador político. A coisa está toda invertida. Ao mesmo tempo em que buscam formas de impedir o livre pensar, fazem cara de paisagem as centenas de modalidades de crimes cometidos contra a população nas redes sociais.
É preciso reconhecer, com todas as letras, que também o ódio é livre pois ele faz parte da natureza humana e é encontrado da mais baixa, até as mais refinadas sociedades do planeta. A questão aqui é saber o que tipo de ódio querem combater. Seria o ódio ao crime? O ódio a censura? O ódio a mentira? O ódio a oposição?
A frase que foi pronunciada:
“O ódio revela muita coisa que permanece oculta ao amor. Lembra-te disso e não desprezes a censura dos inimigos.”
Leonardo da Vinci.
Música
Dezenas de músicos fizeram questão de ajudar Alessandro Santoro na edição das Sonatas para Piano, de Claudio Santoro. O material de ótima qualidade e traz as músicas do compositor em partituras.
História de Brasília
Mas a prova de que sua coluna havia sido encomendada, é a de que ao transcrevê-la na “Última Hora”, como matéria paga, a pessoa que o fêz (quem seria?) o fêz sem os ataques ao sr. Laranja, mantendo, entretanto, sua verrina contra a Novacap. (Publicada em 24.04.1962)