Democracia sem emoção e com razão

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Benett

 

Para um país que, ao longo da maior parte de sua história, nunca deu a devida atenção à educação e ao ensino público de qualidade, assimilar lições e torná-las práticas usuais do cotidiano é também uma tarefa difícil, senão impossível. Reter lições do passado e do presente é fundamental para evitar o cometimento dos mesmos erros e ter alguma previsibilidade quanto ao futuro. E é também uma das lições que se aprende nas escolas.

Com isso, fica evidente que um povo devidamente instruído não se torna presa fácil nas mãos dos prestidigitadores políticos, muito menos se deixa levar pelos discursos encantatórios de demagogos e populistas da hora. Ensinar a pensar talvez seja a primeira e mais importante missão que cabe à educação. A segunda, talvez seja ensinar a pensar de modo próprio, depois de perscrutado o ambiente em volta. Sem essas premissas, um povo se torna alvo fácil para a investida dos chamados “peritos em habilidades”, os mascates de vãs esperanças.

Essa talvez seja a principal característica que falta à média dos cidadãos desse país, sobretudo aos eleitores. O que a prática demonstra é que, desde a redemocratização, não parece haver sinais de que o eleitorado venha aprendendo com as seguidas eleições. E isso é ruim, pois traz reflexos negativos para toda a nação, mesmo para aqueles que dizem desprezar a política. Pelo menos, é o que as atuais urnas mostram.

No embate em que nos vemos metidos agora, açulado de modo proposital pelo chefe do Executivo, contra parte das altas cortes do Judiciário, a parte que se dizia ser: “briga de cachorro grande” deveria render lições proveitosas para a elevação na qualidade de nossa democracia.

Não basta a um Estado ser democrático, é preciso que essa democracia tenha um mínimo de qualidade. Ocorre que essa melhoria na qualidade só pode advir de eleitores cônscios de sua importância nesse sistema. Ou a população aprende com erros cometidos por seus representantes, banindo-os definitivamente da vida política, ou estaremos fadados a experienciar crises e mais crises, com efeitos danosos sobre todos.

É nesse contexto que se insere a atual crise, gestada no Palácio do Planalto e ampliada no Supremo. Trata-se de uma contenda em que nenhuma das partes possui razão. Fôssemos julgar essa querela atual, à luz da racionalidade e dos episódios que foram se sucedendo num crescendo insano, o veredito, por certo, levaria à condenação de ambas as partes. Apenas à guisa de exemplo, tomemos a faxina ou o remendo ilegítimo, feito à meia sola, no currículo de Lula, de forma apenas a torná-lo apto a concorrer às próximas eleições.

De cara, trata-se aqui de um acinte contra o cidadão de bem e uma violação contra a própria democracia. Caso a população não entenda, de uma vez por todas, que o desmanche forçado da Operação Lava Jato foi um atentado contra a democracia e um crime de lesa-pátria, mais uma vez, estaremos sendo impelidos a repetir erros sérios.

É esse upgrade que nos falta e que só poderá vir por meio das boas escolas públicas e de um ensino que leve o brasileiro a reconhecer, em qualquer ocasião, o valor preciosíssimo de uma democracia de qualidade, em que a razão suplante a emoção.

A frase que não foi pronunciada:

Por falar nisso, o finado Bruno Maranhão arrebentou o Congresso Nacional. O que aconteceu com ele?”

Dona Dita, enquanto tricota.

Bruno Maranhão. Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Ordem e progresso

Se existe um colégio que desperta a ira dos maus professores e administradores escolares, esse é o Colégio Militar. Primeiro, porque as crianças que o frequentam já são educadas em casa, só vão para a escola pela instrução. Segundo, porque em qualquer olimpíada de conhecimento, o Colégio Militar é imbatível. Essa ira de alguns deveria se transformar em humildade para copiar a fórmula. Essa celeuma sobre a filha do presidente estudar no Colégio Militar é inútil. A escola é ótima e quem pode, pode!

Divulguem

Veja, a seguir, as obras da afegã Shamsia Hassani. Descreve bem a situação da mulher no atual Afeganistão. As fotos foram enviadas para um grupo de jornalistas pelo colega Fernando Ladeira. Sigam a artista na sua página oficial no Instagram: @ShamsiaHassani.

À flor da pele

Uma das sequelas dessa fase pandêmica é a falta de paciência de pais que não estavam acostumados a conviver com os filhos. Outro dia, uma mãe gritando com o pequeno o obrigava a colocar a máscara antes de entrar no carro. É o mesmo que obrigar alguém a passear a pé atado em um cinto de segurança.

Foto: ozgurdonmaz/Getty Images

História de Brasília

No supermercado UV-1 faltavam, ontem: cebola, carne, batata, verdura, arroz e álcool. Muitos outros produtos faltavam, igualmente. Estes, porém, são de um rol de uma dona de casa. (Publicada em 07/02/1962)

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