A bruxaria dos marqueteiros políticos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Ciro Gomes e João Santana: o marqueteiro fará a campanha do pedetista em 2022.                      (Twitter/Ciro Gomes/Reprodução)

 

Capazes de transformar água em óleo e de fazer um jumento subir a rampa do palácio com faixa verde amarela, os grandes marqueteiros do país ganharam fama internacional depois da redemocratização do Brasil, tanto por sua expertise nas artes ilusórias das campanhas como por suas capacidades de contornarem quaisquer fronteiras da ética profissional, sendo, por isso, requisitados por nove em cada dez mandatários da América Latina.

Lá, como aqui, o vale tudo e as práticas desonestas são permitidas, quando o que está em jogo é a eleição ou reeleição desses típicos governos. O nosso país passou então a exportar o jeitinho brasileiro de fazer campanha política, ensinando, lá fora, as melhores e mais ardilosas maneiras de esticar a corda e vender gato por lebre. Com isso, não tardaram também, o aparecimento de grandes escândalos políticos, tal como ocorria no Brasil, envolvendo esses profissionais da mídia, seguindo os mesmos esquemas montados aqui e que rendiam uma enxurrada de votos a seus clientes.

A receita era simples: grandes empresas, cooptadas pelos governos, em troca de obras públicas superfaturadas, bancavam tudo, até mesmo os gastos mais inusitados, em troca de outros bilhões que viriam, indiretamente, dos próprios eleitores contribuintes ludibriados. Eram tão parecidas as práticas criminosas que até uma grande empresa brasileira, que recentemente tratou de mudar de nome, para não prejudicar seus negócios, e que esteve envolvida, até ao pescoço, com a Operação Lava Jato, era usada para entrar de sócia no estelionato eleitoral.

Dinheiro sujo, por inércia, só pode eleger candidatos também sujos, dispostos a vender a mãe para galgar o poder. Não surpreende que, nesses últimos anos, tanto o Brasil como muitos países vizinhos tiveram a má sorte de eleger presidentes que, para dizer o mínimo, deveriam exercer o cargo diretamente dos presídios.

O mal que esses profissionais da propaganda política fizeram ao país e ao continente, enganando eleitores, enfraquecendo as democracias e levando muitas nações vizinhas ao colapso político, social e econômico, por certo, não poderá ser esquecido, compondo hoje uma das páginas mais sombrias e desonrosas da história dos nossos tristes trópicos.

Ao contrário do que se sucedeu no Brasil, onde nossa jabuticaba, representado pela Justiça Eleitoral, criada para aliviar e vetar quaisquer penalidades aos políticos locais, em parte da América Latina, alguns tribunais cuidaram de processar e punir os candidatos fabricados pelos mágicos da propaganda, bem como seus financiadores, inclusive a grande empresa brasileira onipresente em boa parte dessas tramoias.

Por essas bandas, os mesmos candidatos, useiros e vezeiros dessas práticas bandidas estão aí de volta, leves e soltos. Com a ficha corrida ou, como se diz no jargão policial, com a “capivara” limpa. Surpreende que, com toda essa engenhosidade, esses marqueteiros milagrosos não lograram alcançar o que seria mais simples, que é devolver, aos partidos e a seus candidatos, a tão necessária credibilidade. Pelo contrário, o uso desmedido de propaganda enganosa nas campanhas, difamando e injuriando adversários, obteve como resultado apenas um maior afastamento dos eleitores e um descrédito total com relação aos políticos.

Essa crise de identidade entre os partidos e os eleitores persiste, apesar dos bilhões de reais gastos em propaganda. O que parece é que quanto mais os partidos gastam em propagandas, mais os eleitores se mostram ressabiados e ariscos. Não se pode iludir por muito tempo toda a opinião pública. Um dia, os fatos podem vir à tona e tudo desmoronar para sempre.

É sabido que políticos assim como todo o homem público, uma vez caído em desgraça perante a população, apanhando em falcatruas e outras travessuras, dificilmente volta a recuperar a antiga credibilidade. Para a maioria das mais de três dezenas de legendas políticas, que hoje orbitam de modo parasita o Poder Legislativo, não houve, até hoje, mandingas e outros feitiços, elaborados por esses bruxos do marketing, capazes de aproximar, de novo, a população dessas agremiações e, principalmente, desses políticos, que fazem, da representação popular junto ao Estado, um negócio polpudo para si e para os seus.

A situação chegou a um tal paroxismo que, quanto mais dinheiro entra nos partidos e nos bolsos dos seus caciques, mais a população toma distância dessa gente. A verdade é que, para muitos desses atuais caciques políticos, pouco importa o que a população e os eleitores pensam e sentem com relação a eles. Desde que consintam que os partidos aumentem, a cada eleição, os recursos para fundos partidários e eleitorais e para as emendas de bancada, individuais e de relatores e outros benefícios, pouco importa o que a justiça eleitoral denomina de eleitores.

Ocorre que esse toque de Midas, capaz de transformar tudo em ouro, inclusive a dignidade, nas mãos dos políticos, vai se transformando numa espécie de maldição, fazendo com que tudo o que eles ponham a mão, transforme-se em ouro de tolo, cheio de ferrugem e veneno, afastando, imediatamente, todos os cidadãos de bem.

A frase que foi pronunciada:

“Pelo andar da carruagem, o isolamento político de Guedes é um excelente sinal.”

Dona Dita

Charge do Kleber

Elas

Sobre os absorventes higiênicos, agora é a hora certa de Bolsonaro ouvir as feministas. Nada de objeto que faz mal ao meio ambiente. Para as feministas, e isso será uma boa economia, as toalhinhas devem voltar.

Foto: Reprodução/Instagram

História de Brasília

Há um ano, aproximadamente, falamos na numeração das quadras da W-3, e houve a promessa de que isto seria feito. Chegou-se a fazer um estudo procurando corrigir anormalidades, que tiveram resultados excelentes. (Publicada em 10/02/1962)

Democracia sem emoção e com razão

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Charge do Benett

 

Para um país que, ao longo da maior parte de sua história, nunca deu a devida atenção à educação e ao ensino público de qualidade, assimilar lições e torná-las práticas usuais do cotidiano é também uma tarefa difícil, senão impossível. Reter lições do passado e do presente é fundamental para evitar o cometimento dos mesmos erros e ter alguma previsibilidade quanto ao futuro. E é também uma das lições que se aprende nas escolas.

Com isso, fica evidente que um povo devidamente instruído não se torna presa fácil nas mãos dos prestidigitadores políticos, muito menos se deixa levar pelos discursos encantatórios de demagogos e populistas da hora. Ensinar a pensar talvez seja a primeira e mais importante missão que cabe à educação. A segunda, talvez seja ensinar a pensar de modo próprio, depois de perscrutado o ambiente em volta. Sem essas premissas, um povo se torna alvo fácil para a investida dos chamados “peritos em habilidades”, os mascates de vãs esperanças.

Essa talvez seja a principal característica que falta à média dos cidadãos desse país, sobretudo aos eleitores. O que a prática demonstra é que, desde a redemocratização, não parece haver sinais de que o eleitorado venha aprendendo com as seguidas eleições. E isso é ruim, pois traz reflexos negativos para toda a nação, mesmo para aqueles que dizem desprezar a política. Pelo menos, é o que as atuais urnas mostram.

No embate em que nos vemos metidos agora, açulado de modo proposital pelo chefe do Executivo, contra parte das altas cortes do Judiciário, a parte que se dizia ser: “briga de cachorro grande” deveria render lições proveitosas para a elevação na qualidade de nossa democracia.

Não basta a um Estado ser democrático, é preciso que essa democracia tenha um mínimo de qualidade. Ocorre que essa melhoria na qualidade só pode advir de eleitores cônscios de sua importância nesse sistema. Ou a população aprende com erros cometidos por seus representantes, banindo-os definitivamente da vida política, ou estaremos fadados a experienciar crises e mais crises, com efeitos danosos sobre todos.

É nesse contexto que se insere a atual crise, gestada no Palácio do Planalto e ampliada no Supremo. Trata-se de uma contenda em que nenhuma das partes possui razão. Fôssemos julgar essa querela atual, à luz da racionalidade e dos episódios que foram se sucedendo num crescendo insano, o veredito, por certo, levaria à condenação de ambas as partes. Apenas à guisa de exemplo, tomemos a faxina ou o remendo ilegítimo, feito à meia sola, no currículo de Lula, de forma apenas a torná-lo apto a concorrer às próximas eleições.

De cara, trata-se aqui de um acinte contra o cidadão de bem e uma violação contra a própria democracia. Caso a população não entenda, de uma vez por todas, que o desmanche forçado da Operação Lava Jato foi um atentado contra a democracia e um crime de lesa-pátria, mais uma vez, estaremos sendo impelidos a repetir erros sérios.

É esse upgrade que nos falta e que só poderá vir por meio das boas escolas públicas e de um ensino que leve o brasileiro a reconhecer, em qualquer ocasião, o valor preciosíssimo de uma democracia de qualidade, em que a razão suplante a emoção.

A frase que não foi pronunciada:

Por falar nisso, o finado Bruno Maranhão arrebentou o Congresso Nacional. O que aconteceu com ele?”

Dona Dita, enquanto tricota.

Bruno Maranhão. Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Ordem e progresso

Se existe um colégio que desperta a ira dos maus professores e administradores escolares, esse é o Colégio Militar. Primeiro, porque as crianças que o frequentam já são educadas em casa, só vão para a escola pela instrução. Segundo, porque em qualquer olimpíada de conhecimento, o Colégio Militar é imbatível. Essa ira de alguns deveria se transformar em humildade para copiar a fórmula. Essa celeuma sobre a filha do presidente estudar no Colégio Militar é inútil. A escola é ótima e quem pode, pode!

Divulguem

Veja, a seguir, as obras da afegã Shamsia Hassani. Descreve bem a situação da mulher no atual Afeganistão. As fotos foram enviadas para um grupo de jornalistas pelo colega Fernando Ladeira. Sigam a artista na sua página oficial no Instagram: @ShamsiaHassani.

À flor da pele

Uma das sequelas dessa fase pandêmica é a falta de paciência de pais que não estavam acostumados a conviver com os filhos. Outro dia, uma mãe gritando com o pequeno o obrigava a colocar a máscara antes de entrar no carro. É o mesmo que obrigar alguém a passear a pé atado em um cinto de segurança.

Foto: ozgurdonmaz/Getty Images

História de Brasília

No supermercado UV-1 faltavam, ontem: cebola, carne, batata, verdura, arroz e álcool. Muitos outros produtos faltavam, igualmente. Estes, porém, são de um rol de uma dona de casa. (Publicada em 07/02/1962)