Costumes de casa

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

instagram.com/vistolidoeouvido

 

Congresso Nacional. Foto: EBC

 

Repetia o filósofo de Mondubim: “Costume de casa se leva à praça”. Pontuava que os bons hábitos tinham que ser adquiridos no ninho para levar no próximo voo. Observando de perto nossas elites políticas, constatamos que a maioria delas trouxe para os palanques e tribunas públicas a educação e os costumes que receberam dentro de seus lares. Também não podia ser diferente. O que mais chama a atenção em nossos representantes eleitos, a maioria composta por indivíduos que fazem da política um negócio pessoal e rendoso, é a qualidade dos conselhos que aprenderam quando crianças e, hoje, mostram sem pudor para a população. É certo que conciliar a educação familiar com os costumes vistos na praça só é possível quando esses se igualam mais em virtudes e menos em vícios. Como nossas praças públicas não apresentam exatamente um modelo de bom comportamento a ser seguido, os maus costumes trazidos de casa passam despercebidos e se fundem em meio à multidão.

Dessa forma, todos acabam se igualando numa espécie de vida primitiva, em que a força se sobrepõe à razão. Com isso, é possível afirmar que nossos representantes políticos eleitos espelham, exatamente, o que muitos são em síntese dentro de casa e dentro deles mesmos. Lógico que, em meio a essa turba, existem aqueles, e são muitos também, que não se enquadram nesse modelo de desconstrução social e ainda se escandalizam com o comportamento de nossa classe política.

Obviamente, para esses, os costumes de casa nunca não se encaixaram naqueles observados nas praças. Há, de certo modo, um preconceito, observado hoje, que coloca os adeptos da ética pública enquadrados como conservadores e, por isso mesmo, taxados de direitistas e outras alcunhas sem lastro na verdade. A sociedade, ou boa parcela nela existente, quer ver em seus representantes um modelo de virtude a ser admirado e seguido. Mas não é isso que ela constata diariamente. Nossos políticos, e por motivos vistos acima, revelam-se, individualmente e em grupo, que os maus costumes recebidos em casa foram bem-aceitos em praça pública. Mentem, traem, locupletam-se com a mesma facilidade com que trocam de roupas íntimas.

Veja o caso real de um fulano que, em seu domicílio eleitoral, conseguiu a façanha de eleger-se ao difícil cargo de senador do Estado e que, nos primeiros dias de mandato, abandonou essa função, trocando-a por outra, que acreditava mais vantajosa para si e com maiores possibilidades de visibilidade nacional. Sem remorso algum e alheio aos compromissos assumidos solenemente em campanha, trai aqueles que deveria representar no parlamento, virando-lhes as costas. Casos como esses ocorrem com frequência diária e sem surpresas maiores. Para os eleitores que se identificaram com esse tipo de político, a ponto de não apenas votarem nele, mas de fazerem campanha para ele, mesmo ao custo de angariar muitas inimizades, esse é o tipo de candidato que trouxe para a praça exatamente aquilo em que acreditam, ou seja: os costumes recebidos em casa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma forma confiável de fazer as pessoas acreditarem em falsidades é a repetição frequente, porque a familiaridade não se distingue facilmente da verdade. Instituições autoritárias e profissionais de marketing sempre souberam desse fato.”

Daniel Kahneman, no Pensando rápido e devagar

Daniel Kahneman. Foto: online.pucrs

 

Ação
Brasília nunca havia presenciado uma atitude tão contundente do Ibram e do DF Legal como aconteceu sob o comando de Roney Nemer e de Cristiano Mangueira. Um morador do Núcleo Rural Boa Esperança não gostou da aparência dos frequentadores das cachoeiras do local. Resolveu cercar a área com telhas de zinco para evitar os visitantes. No mesmo dia da denúncia, a cerca foi retirada do local pela polícia.

Foto: dflegal.df.gov

 

Sucesso
Hoje é dia de diplomação da nova presidente do CreaDF, Adriana Resende. Com um currículo substancial, a nova líder, eleita pela classe, apresentou o plano de trabalho para pôr em ação.

Adriana Resende. Foto: creadf.org

 

Assunto sério
Filmetes espalhados pelas mídias sociais mostram as respostas absurdas da juventude sobre questões simples de matemática, gramática, geografia e história. É realmente urgente que haja uma reestruturação no ensino brasileiro. O preconceito contra os colégios militares é o primeiro obstáculo nessa jornada. Quanto mais o tempo passa, pior o ensino público fica. Isso não é o natural.

Foto: pmdf.df.gov

 

Desacelerando
Quem faz o percurso pela DF-005, margeando o Lago Paranoá, estranha as novas velocidades estabelecidas: 80km/h em curvas, de repente muda para 40km/h. É um verdadeiro balaio de gatos. Agora, a Câmara dos Deputados se reúne para sugerir a criação de um grupo de trabalho para estudar a redução da velocidade média nas vias urbanas. Há até projeto de lei nesse sentido.

Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

História de Brasília

Até aí nada demais, porque todo mundo faz isto. Mas, ocorre que a carta sobrescrita à máquina veio parar em Brasília. E para piorar, a AP nº 7 mandou para o Ministério da Educação, que não tem nada com o caso. A carta, finalmente veio parar em nossas mãos, e já seguiu para a Bahia por nossa conta. A importância gasta será debitada ao DCT, para doutra vez trabalhar melhor. (Publicada em 28/3/1962)

 

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin