Categoria: ÍNTEGRA
Hanná, restaurante japonês na Asa Sul, prima pela qualidade e atendimento. Os funcionários são prestativos e gentis e o gerente não se cansa de circular pelas mesas perguntando se está tudo bem e explicando as novidades. Estranho é que, segundo um garçom, faz mais de uma semana que os clientes não recebem nota fiscal nem podem dar o CPF para o programa Nota Legal.
Como será que a população brasileira pode acompanhar os R$ 904,75 milhões aprovados por medida provisória como crédito extraordinário para os ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Defesa e da Integração? A quantia de R$ 546,51 milhões foi para a Integração Nacional para aquisição de alimentos, construção de adutoras e recuperação de poços no Nordeste. Isso foi em setembro. Nada mudou.
Conselho Técnico do Centro de Educação Média de Brasília: “Na hipótese da eventualidade de regime de exceção, os professores do ensino médio de Brasília declararam que não exercerão o magistério, por ser incompatível o seu trabalho de educadores sob o jugo de qualquer ditadura”. (Publicado em 28/8/1961)
Por decisão do Superior Tribunal de Justiça, o Ministério da Educação fez publicar no Diário Oficial da União, em 22/12, portaria que reintegra aos quadros da Fundação Universidade de Brasília (FUB), como professor do magistério superior, o ex-reitor daquela instituição Timothy Martin Mulholland. Demitido, em meio a um conturbado processo em que parte da imprensa, com alunos e professores amestrados por esquerda raivosa que tomou conta da UnB, cuidaram, à maneira dos velhos stalinistas, de julgar e condenar sumariamente o antigo reitor, acusado genericamente de desvios de verbas em contratos sem licitação.
Durante todo o processo, a imprensa cuidou diuturnamente de alimentar o ódio ao reitor, por meio de matérias diárias em rádios, tevês e jornais, insuflando a revolta de alunos do tipo profissionais, que se abrigam nas universidades não para estudar e, sim, para servir como células dos partidos dentro da instituição.
Naquela ocasião, a reitoria, que é um órgão público, foi invadida e depredada, prejudicando os trabalhos administrativos da UnB por um longo período. Também o próprio Timothy teve a vida privada devassada, com detalhes de sua intimidade expostos à execração pública.
Agora que o STJ manda reintegrá-lo à função original, até decisão final, ficam, mais uma vez, evidenciados o enorme poder da mídia e da cegueira partidária para denegrir pessoas e instituições e a incapacidade desses organismos de reparar, no mesmo plano, as injúrias lançadas.
A inexistência, na mídia, do verbo despublicar muito se assemelha ao ato de espalhar intrigas, lançando-as ao ar como penas ao vento. Uma vez feito, é impossível reuni-las novamente uma a uma. No caso do professor Timothy, um dos mais gabaritados professores e reitores que aquela universidade teve, cabe unicamente à Justiça julgá-lo. Não à turba de sedentos pelo poder.
“A justiça que tarda falha.”
Moral de uma história
Por falar em UnB, já passou da hora de aparar o matagal no câmpus. No balão da biblioteca, os motoristas correm sérios riscos ao fazer manobras sem enxergar os carros.
Juraci Candeia de Souza nos envia missiva com uma discussão bastante interessante sobre a decisão do Supremo. Como é última instância, não há mais para onde recorrer. Juristas, ex-ministros do STJ discordaram de forma “veemente o desmonte, do voto do relator, ministro Fachin. Mesmo com o voto correto, jurídico e constitucionalmente, a fogueira das vaidades queimou o voto que forçosamente ficou para o dia seguinte. “Daí se vê que falta fazem numa hora dessas um Velloso, um Ayres Brito e um Pertence”, termina nosso leitor.
Capitão Moura Lopes: “Permaneceremos de pé contra toda a orientação que vise a cassação do direito sagrado dos eleitores, qual seja, o de escolha de seus dirigentes, quer bons, quer maus, mas que foram eleitos pelo povo, regularmente, através do sufrágio das urnas”. (Publicado em 28/8/1961)
Todas as quadras do DF que tiveram a iniciativa de pedir socorro para o programa Anjos da Quadra tiveram a segurança estabelecida. Porteiros ou caseiros capacitados, moradores unidos e a vontade de viver em paz foram os ingredientes para o sucesso. Merecem mais atenção projetos desse tipo.
Para muitos, o Natal é apenas uma festa cristã, quando se celebra a entronização de um certo menino, de nome Jesus, nascido no mundo dos homens, onde os animais se alimentavam. Segundo a crença, seu destino estava traçado muito tempo antes de sua vinda. Do primeiro ao derradeiro dia, sua missão seria a redenção da espécie humana, por meio da palavra, chamada de verbo. Sua chegada, diz a tradição, foi precedida pelo riscar de estrelas no céu frio em terra distante, perdida no tempo.
Dois milênios e incontáveis carnificinas depois, muitas delas feitas erroneamente em nome da fé, o que restaria da mensagem original? Na mensagem Urbi et orbi deste ano, o papa lembrou que o advento foi antes de tudo “uma grande alegria para os pequenos e os humildes, e para todo povo”. Esse ainda é o mesmo povo que sofre nas mãos de maus políticos, espoliados e subtraídos em sua dignidade, jogados de lado para outro, buscando refúgio em terras alheias para fugir da fome e da perseguição.
Talvez esteja nessa desesperança hodierna a força com que muitos ainda se apegam àquela mensagem em busca, talvez, da salvação possível. “Só a misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal”, disse Francisco em sua mensagem, ao apontar no egoísmo a origem das monstruosidades cometidas contra a humanidade. “Onde nasce Deus, nasce a paz”, disse, o papa, lamentando que “lá, de onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam as tensões e as violências, e a paz continua dom que deve ser invocado e construído”.
Na Síria, onde mais de 250 mil pessoas perderam a vida, Francisco apela para as Nações Unidas para que “consigam silenciar o fragor das armas e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta”. Da mesma forma, Francisco pediu urgência para os acordos sobre a Líbia, bem como a atenção da comunidade internacional para “fazer cessar as atrocidades” no Iraque, Iêmen e na África subsaariana.
Também os atentados ocorridos no Egito, em Beirute, Paris Bamaco e Túnis foram lembrados pelo papa, bem como os conflitos no Congo, no Burundi e no Sudão do Sul. Francisco também pediu o retorno da paz à Ucrânia, mergulhada numa guerra civil insana.
O papa pediu ainda redobrados esforços para que a Colômbia encontre a paz desejada. Como peregrino que tem andado por todo o planeta, Francisco sabe e viu de perto que o mundo ainda arde e que o menino Jesus, deitado numa manjedoura, muito se assemelha ao pequeno Ayslan, encontrado inerte, com o rostinho afundado na areia de uma praia qualquer na Turquia.