Categoria: ÍNTEGRA
Hábeis no jogo semântico, as autoridades brasileiras insistem em fazer cara de paisagem diante do progressivo agravamento da crise econômica interna. Com a repetição do falso mantra, o Executivo garante que o Brasil foi empurrado para a recessão por conta principalmente de fatores externos. O mais incrível é que a mesma visão, que consegue enxergar a longas distâncias, se mostre incapaz de perceber o que se passa perto, dentro do próprio quintal.
Está cada vez mais difícil para o governo esconder a verdade e minimizar os estragos do agravamento da crise, como mostram os indicadores negativos da economia. O fato de o país ter fechado 1,5 milhão de vagas com carteira assinada em 2015, pior resultado desde 1992, não será, para a equipe do Planalto, “capaz de destruir as conquistas dos últimos anos”.
Já a indústria, que sempre foi considerada o principal motor do desenvolvimento, foi o setor que mais demitiu. Para complicar o caso, o governo e sua equipe são vistos com severas desconfianças por grande parte do mercado. Essa falta de credibilidade decorre não só da insistência em esconder, camuflar e maquiar os dados da economia, mas da progressiva perda de legitimidade política.
Mesmo a outrora independente Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reconheceu, a contragosto, em manifesto lançado nesta semana, que o governo Dilma “não tem legitimidade para criar ou aumentar impostos”, já que “não tratou de aumento de carga tributária ou de criação de tributo durante a sua campanha eleitoral”.
De todos os males decorrentes da retração da economia, nenhum é mais nefasto e sintomático do que o fechamento de postos de trabalho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para a queda severa no mercado de trabalho para os brasileiros em 2016, talvez uma das maiores do mundo. “O Brasil, diz a entidade, terá um a cada três novos desempregados em 2016 no mundo. Serão, segundo a OIT, 700 mil trabalhadores sem emprego em 2016, com uma taxa negativa de 7,7% até ao fim do ano. Com a perda do emprego, perdem-se também e por completo as perspectivas de retomada do crescimento a curto e médios prazos.
Contrariamente à visão cor-de-rosa do governo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Brasil terminará 2016 com retração de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Pior, economistas de renome acreditam que a economia brasileira não deverá crescer antes do fim da década.
Para complicar ainda mais o cenário, estudo apresentado pelo World Economic Forum (WEF), em Davos, na Suíça, alerta para as consequências do fenômeno das novas tecnologias digitais e a impressão 3D que, segundo eles, pode causar a perda de 5 milhões de emprego nos próximos 5 anos, nas principais potências mundiais e emergentes, incluindo, com destaque, o Brasil.
Quando a chamada quarta revolução industrial alcançar o Brasil, com seus efeitos deletérios, encontrará um país, que, por conta de um desgoverno visível, recuou quase duas décadas no tempo. Pelo andar dos acontecimentos, o país terá ainda que aguardar mais três anos apenas para retomar o que foi conquistado a partir do fim da década de 1990. Haja paciência.
A frase que foi pronunciada
“É verdade que o presidente Vargas Passarinho mora aqui?”
Felícia, 8 anos, olhando para a casa do ex-senador no Lago Norte
Mudanças
Começou o avanço das pedras para as próximas eleições. Cristovam Buarque e Reguffe não estão à vontade no tabuleiro do PDT.
Lixo
Muito foi feito preventivamente pela Novacap para evitar maiores problemas durante a temporada de chuva. Seria o momento também do DNER e DER vistoriarem as pistas. O acúmulo de água no acostamento e os buracos devem ser preventivamente evitados também.
História de Brasília
A esposa do sr. Gay da Fonseca, antigo diretor da Novacap, é quem está organizando a Cruz Vermelha em Porto Alegre. (Publicado em 30/8/1961)
Com o lançamento do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2015, mais uma vez fica evidenciado que o livre desempenho da profissão no país ainda é sonho distante a ser alcançado, mesmo dentro de regime que se diz e pretende ser democrático. Pelo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2015, houve crescimento das agressões aos profissionais, com 137 ocorrências, contra 129 do ano anterior. Ocorreu ainda crescimento no número de assassinatos de outros comunicadores.
Segundo o relatório, em 2014, três jornalistas e quatro comunicadores foram mortos no exercício da profissão. Afirma a Fenaj: “O jornalista Evany José Metkzer foi assassinado em Minas Gerais em maio passado. Seu corpo foi encontrado na zona rural de Padre Paraíso. Já o jornalista paraguaio Gerardo Seferino Servián Coronel foi assassinado em Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), onde morava, a 200 metros da linha de fronteira com a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Servián trabalhava na rádio Ciudad Nueva 103,3 FM, de Santa Pytã. Dos assassinatos de jornalistas e outros comunicadores ocorridos em 2015, apenas em um caso — do radialista Gleydson Carvalho — os assassinos e os mandantes foram identificados e foram denunciados pelo Ministério Público.”
Para a entidade, a violência contra os representantes da imprensa ainda é recorrente no país, devido, principalmente à impunidade. São Paulo foi o estado que registrou maior número de ocorrências, grande parte ocorrida durante as manifestações de rua. A Polícia Militar segue sendo um dos principais autores das agressões.
Também foram mencionadas no documento da Fenaj agressões vindas de políticos, assessores e seus parentes próximos. Na avaliação da vice-presidente da entidade, Maria José Braga, a garantia para o exercício pleno do jornalismo e, por decorrência, da própria democracia, pode ser dada, em parte, pela criação do Observatório da Violência contra Comunicadores, bem como a instituição de um Protocolo de Segurança a ser adotado pelas empresas de comunicação, e outro protocolo direcionado às forças de segurança do país.
A frase que foi pronunciada:
“Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”
Mahatma Gandhi
Hospitais
» Aquelas placas com os nomes dos médicos em serviço nos hospitais públicos não existem mais. Os médicos não aparecem nos hospitais e postos de saúde porque não conseguem trabalhar sem as ferramentas de trabalho. Não falta capacidade ao secretário Fábio Gondim. Mesmo assim alguma coisa vai ter que mudar. A população continua desassistida.
Disciplina
» Por falar em Posto de Saúde, no Lago Norte, apareceu um senhor que precisava tomar vacina com urgência para viajar no dia seguinte. Como não agendou, se a vacina fosse retirada, inutilizaria outras nove doses. Não foi autorizado.
Mais respeito
» Aos poucos os aplicativos em celulares vão se transformando em armas do consumidor. Alexandra Vasconcelos criou a página Boicote aos Postos de Gasolina do DF. Enquanto os preços não forem competitivos, o movimento tende a crescer. Por uma sexta-feira sem clientes, o prejuízo pode ter
sido de R$ 6 milhões.
Conferir
» Só para lembrar. O Congresso aumentou as verbas dos ministérios da Saúde e da Educação na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A Saúde foi contemplada com R$ 118 bilhões e a Educação, com R$ 99,8 bilhões.
Novidade
» Mais de 100 cargos efetivos foram criados no TSE por um PLC do próprio tribunal. Além disso, mais 382 funções comissionadas e 44 cargos em comissão. O aumento de candidatos e do eleitorado, além da biometria e do planejamento e prestação de contas das eleições, foram as justificativas do ministro Toffoli. Vem concurso por aí.
História de Brasília
Um “Referência 17”, comentado na Câmara, o possível fechamento do Congresso: Por mim, não, que sou efetivo. Mas aqui há muita gente que vai perder o emprego, e vai passar dificuldades. (Publicado em 30/8/1961)
Entre os exemplos clássicos que ajudam a compreensão do termo filosófico dialética, o ovo da galinha parece ser o mais ilustrativo e de fácil entendimento. Na sua forma original, o ovo se apresenta como um objeto orgânico, de formas curvas e suaves, hermeticamente vedado por casca calcária lisa e fina, de cores, geralmente branca ou marrom. Ocorre que, no interior, o ovo abriga duas substâncias gelatinosas distintas e vivas. Uma clara, que é semelhante à placenta humana. Flutuando nesse líquido transparente, está a gema, de cor amarelo-ouro, e que no futuro, caso fecundado, evoluirá para a fase de embrião e de futura galinha. Ou seja, o ovo contém em si a semente de seu próprio fim.
Esse mesmo fenômeno de transmutação se repete nas mais variadas criações humanas, já que o processo evolutivo é sempre contínuo e constante e só pode ser detido por outro fenômeno: a morte. É na política que esse processo é mais visível, principalmente nas estruturas partidárias.
No caso do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo andar dos acontecimentos, o processo dialético está em pleno movimento, caminhando para a síntese. Quando surgiu a legenda, a ditadura militar já experimentava o ocaso, catalisado pelo recrudescimento da crise econômica interna.
No início, o ovo PT parecia conter em seu interior soluções para os principais e seculares problemas nacionais. Essa característica lhe granjeou enorme apoio popular. Vencida a eleição para a chefia do Executivo, o ovo lentamente entrou em processo de transmutação. Por conta da governança de coalizão, o ovo foi fecundado. Pouco mais de dois anos, com a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, o ovo rachou.
O que surgiu, por entre as cascas finas, foi uma camarilha do tipo já vista em países como a China atual. Posta sob a luz e a curiosidade do público e da mídia, a nomenclatura logo se revelou plena dos mesmos vícios que apontava em outros partidos. O núcleo duro do partido, formado em torno de seu proprietário de fato, logo cuidou daquilo que o atual chefe da Casa Civil definiu como “se lambuzar de mel”, seduzido pelo canto das sereias do Poder.
Começou aí o processo de morte do partido, acelerado justamente pelas revelações da Operação Lava-Jato. Com a representação dos partidos de oposição, junto à Procuradoria-Geral Eleitoral para que o PT perca seu registro, por conta das novas delações de que teria recebido recursos vindos de outro país, a certidão de óbito da sigla começa a ser redigida. Mesmo que Lula ainda afirme que o partido renascerá das cinzas, como a Fênix, a legenda segue o caminho natural e dialético das coisas que carregam no âmago a semente derradeira.
A frase que não foi pronunciada
“Há que se nascer de ovo!”
Leitor bem-humorado comentando a abertura da coluna
Até quando?
Casos simples que chegam à saúde pública levam a óbito. Falta da enzima que detecta o enfarto foi uma das causas ocorridas. Enquanto os contribuintes pagam altos impostos e assistem à votação do orçamento, não têm ferramentas virtuais para acompanhar o percurso dos recursos liberados.
Lição para a vida
Estava com meu pai na praça do Ferreira, em Fortaleza, e, de repente, caiu uma chuva forte. Quando ameacei correr, ele me pegou pelo braço e disse: “Fica aí e olha como é bom.” Fiquei maravilhada com a experiência. Dez minutos depois de a chuva passar, estava todo mundo seco pelo vento.
Dos céus
Por falar nisso, o Ceará está em festa. Em Messejana, só ontem, pelo menos 39,6mm de chuva. A previsão para o resto do dia é de nebulosidade variável com chuva em todas as regiões cearenses.
Comportamentos
O Detran e a PM têm várias histórias para contar. Tanto de carteiradas quanto de seriedade no momento de vistoriar carros e documentos. Essa semana, deu voz de prisão a uma senhora que ofereceu R$ 500 de suborno. Um rapaz teve o carro levado para o depósito quando, sem documentos, disse que não discutia com a lei.
História de Brasília
O assunto parlamentarismo está no Congresso há 16 anos e é, nada mais, nada menos, o espírito de resistência e insistência do sr. Raul Pila, porque há 16 anos vem sendo rejeitada em todas as legislaturas. (Publicado em 30/8/1961)
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Para crentes ou não, a crise experimentada pelos brasileiros possui semelhanças significativas com as calamidades que se abateram sobre os egípcios na antiguidade conforme relatado no livro bíblico do Êxodo. Naquela ocasião, segundo as escrituras, 10 pragas foram infligidas ao Egito por causa do aprisionamento dos hebreus, tornados escravos e confinados em cativeiros.
Como castigo de Deus, as águas do Nilo se tingiram de sangue; rãs, piolhos, moscas e gafanhotos infestaram o ar, a terra e os homens; animais morreram e o povo foi acometido por feridas e úlceras de pele; chuvas de granizo destruíram as plantações; o céu escureceu por três dias; e, por fim, muitos primogênitos de homens e animais morreram.
Para os céticos, incluindo aí os cientistas, as catástrofes foram decorrentes de gigantesca erupção vulcânica na ilha grega de Santorini no segundo milênio a.C, evento considerado o maior já ocorrido na história do planeta. Civilizações inteiras foram varridas do mapa.
No caso do Brasil, na ausência de megavulcões e outros eventos naturais, quis o destino que, num período de pouco mais de uma década, o país descesse às profundezas do pré-sal, assolado por fenômenos naturais e humanos em proporções iguais ou piores.
Assim é que secas e enchentes recordes em regiões diversas ao mesmo tempo esvaziaram grandes represas e usinas e desalojaram milhares de brasileiros. Febre aftosa dizimara rebanhos; desastres ambientais anunciados, como o de Mariana, destruíram a bacia hidrográfica do Rio Doce por completo. Incêndios de grandes proporções, como o ocorrido na Chapada Diamantina, acabaram, quase por completo, com esse imenso parque nacional. A praga do mosquito Aedes aegypti, que vinha atormentando a população, passou a transmitir, além da dengue, o vírus zika e a febre chinkungunya, igualmente danosos. Com essa praga biológica surgiu ainda a epidemia de microcefalia, comprometendo as novas gerações e o futuro do país.
Ao lado dos flagelos da mãe natureza, os brasileiros foram brindados, nesta última década, com o pior governo de todos os tempos, que fez o país recuar mais de uma década, como demonstram os indicadores econômicos. Além da séria depressão da economia, a sociedade é surpreendida, a cada dia, com casos escabrosos de corrupção do governo e da sua base de apoio.
As maiores lideranças políticas do país e os maiores empresários nacionais estão hoje, sem eufemismos, na antessala da Polícia Federal à espera da pulseira de aço ou da tornozeleira eletrônica. Para um povo que ainda não encontrou o tal país do futuro, as pragas do Egito são fichinha perto de nossas mazelas cotidianas.
A frase que não foi pronunciada
“Ninguém deveria forçar o outro a ser social. A qualidade de toda gente antissocial é a sinceridade.”
Dona Dita, com seu jeito homeopático de encarar as pessoas.
Quase nada
Parece grande coisa, mas um país com tantos talentos e dessa dimensão tornou o anúncio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico uma chamada ridícula. Para 2016, são destinados R$ 200 milhões a pesquisas. O valor é o mesmo que a Receita Federal recebeu das pessoas físicas envolvidas na Operação Lava jato que espontaneamente pagaram ao fisco, depois de retificar a declaração do Imposto de Renda.
Abuso
Depois de subir o valor do contrato telefone/internet, o cliente quis suspender o serviço. A resposta foi negativa. O contrato ainda estava vigente e o consumidor teria que pagar multa. Isso quer dizer que, na vigência do contrato, a empresa está liberada para aumentar o valor do serviço, o que deixa a outra parte desprotegida. Uma pena que a Anatel não defenda o consumidor, permitindo essa arbitrariedade.
Só ele
Se o governo Rollemberg não colocar o deputado Fraga para controlar as vans, será difícil impedi-las de voltar. Para cada ônibus aguardado, quatro vans oferecem o transporte.
Dica
Se estiver hospedando estrangeiro, leve-o para almoçar no Mangai. A fartura e a diversidade da culinária nacional encantam.
História de Brasília
No desfile do Dia do Soldado, os aviões que sobrevoaram a Esplanada dos Ministérios tinham os números 204, 205, 206, 207 e 208. Foi o último sorriso do sr. Jânio Quadros, quando alguém ao seu lado observou a coincidência com as instruções da Sumoc. (Publicado em 30/8/1961)
Por ser especial e ter como objeto de estudo e observação os valores de uma sociedade, o direito é ciência axiológica. Isso significa dizer que trabalha com fenômenos sociais. Entre esses fenômenos, destacam-se os valores da ética. É por esses valores que se desenvolve o conjunto de normas, objeto dessa ciência. Sendo assim não pode haver ciência do direito onde não existam os tais valores de uma sociedade, principalmente os de natureza ética. São justamente esses valores de ordem ética e moral que propiciam o delicado equilíbrio entre as partes e, consequentemente, a harmonia e a paz social.
De forma sucinta, o direito é o direito de cada um individualmente e da coletividade, de forma ampla. Assim sendo, o mínimo que se pode dizer a respeito do manifesto ou da carta aberta dos advogados sobre os procedimentos da Operação Lava-Jato é que ela retrata, com fidelidade, o desvirtuamento de parcela significativa desses profissionais. Alheios aos valores que redundariam na concepção do próprio direito, os 100 advogados que assinaram o documento deram pequena receita de como transformar o Sol em imensa mancha amarela, fazendo das leis não aquilo que é seu objeto maior, ou seja, o alcance da justiça, mas propósito narcisístico, em que predominam apenas os valores pessoais e sua visão de mundo.
Reduzir a operação de desmantelamento do maior caso registrado de corrupção do Brasil (Lava-Jato) pareceu um golpe contra o país. Os valores, as quantias, a quantidade de implicados e duração dos crimes, processo a processo, estudada minuciosamente, e agora a cortina de fumaça dos doutores da lei quando dizem que se trata de caso histórico de desrespeito a direitos e garantias fundamentais dos acusados. Isso é mais do que afronta à inteligência e à conduta de milhões de brasileiros que primam pela dignidade humana e deixa claro para todos o conceito que esses cavalheiros têm da própria Justiça, quando ela ousa se aproximar da minoria de privilegiados.
Na verdade, é esse mesmo documento, com constrangedora pretensão de libelo, que vai “ocupar um lugar de destaque na história do país”, sinalizando tempo trágico em que o aparelhamento das instituições do país por um partido político, converteu homens da lei em fantoches de palha.
A frase que foi pronunciada
“Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro.”
Rui Barbosa
Celeuma
Foi aprovado, na CCJ da Câmara, o projeto de lei do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, que permite a participação da administração pública nas ações decididas em juizados especiais. A intenção é que o cidadão não precise apelar para instância federal quando a causa for contra a administração pública federal, por exemplo. Mas certamente esse projeto encontrará barreiras adiante, já que a lei do juizado especial não traz essa previsão.
Cyber boicote
Não é só o material escolar que tem vários preços pela cidade, variando em até mil vezes mais caro, como atestou o Procon. O preço do tomate no Atacadão no final da Asa Norte estava em R$ 3,20, enquanto no Big Box do Lago Norte, chegava a R$ 8,80. É assim com o feijão, o açúcar e outros produtos. A diferença é que as donas de casa, o Procon e o Prodecon têm várias formas de comunicação para boicotar os preços mais altos, como noutros tempos não existia.
Pesquisa
Por falar nisso, apesar do aviso de que o Procon Digital está temporariamente indisponível, é possível consultar a lista de preços de material escolar no portal da instituição. Em uma pesquisa minuciosa com dezenas de papelarias, é possível ver a diferença dos preços.
Retrocesso
Curso de enfermagem na Faculdade Michelangelo foi barrado no Ministério da Educação. Interessante é perceber que essa geração recém-formada em medicina e enfermagem está voltada apenas para procedimentos. Não é ensinada a ouvir ou tratar o paciente como pessoa, com olhar e sentimentos. Entende só de histórico e possibilidades de diagnóstico. Muito triste para um país que, em poucos anos, terá o triplo de idosos que hoje.
História de Brasília
O Departamento de Parques e Jardins está cuidando do jardim em frente ao Ministério da Guerra, da Aeronáutica e da Marinha, mas não está cuidando do jardim do Ministério da Fazenda, que é vizinho. (Publicado em 30/8/1961)
Se fossem reunidas e postas em ordem apenas as manchetes dos noticiários diários, essa coleta resultaria em novo texto, conciso e direto sobre as mazelas do Brasil atual. Na maioria dos jornais do país, são estampadas a pouco, em primeira página, denúncias feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que, somente o Partido Popular (PP) teria desviado R$ 357,9 milhões dos cofres da Petrobras entre 2006 e 2014. Bem ao lado dessa chamada, aparece, em letras garrafais, notícia de que a presidente Dilma sancionou o Orçamento-Geral da União de 2016, em que concede um aumento de 163% para o chamado fundo partidário, passando dos atuais R$ 308,2 milhões para R$ 867,5 milhões.
Ou seja, mesmo com a confirmação feita pelas investigações da Lava-Jato, de que as siglas partidárias estão diretamente envolvidas nos saques da estatal, o Executivo concede aumento, à custa do contribuinte, à miríade de partidos políticos, inclusive para aqueles que não têm assento no Congresso.
Na verdade, esse aumento esconde manobra que torna oficial o mensalinho aos partidos políticos da base, dentro do labirinto fechado do presidencialismo de coalizão. Pior é que esse aumento vem justamente numa hora em que os cidadãos são penalizados com mais pagamentos de impostos, desemprego, juros altos, aumento de tarifas e outras mostras de gestão incompetente.
Os veículos de comunicação informam, na mesma data, que o governo deverá gastar R$ 12,3 bilhões para custear as emendas individuais dos parlamentares, que, nesta legislatura, terão o selo de Orçamento Impositivo, ou seja, torna obrigatório o pagamento das emendas individuais.
A democracia não tem preço, mas os políticos atuais, sim, bem visíveis e caros. Essas informações ganham contorno ainda mais dramático quando anunciam,que na disputa para a reeleição em 2006, o dinheiro de propina, vindo das mais diversas áreas da máquina pública, irrigaram a campanha de Lula em 2006 e de seus correligionários país afora. Somente no caso da Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, dos US$ 300 milhões pagos pela Petrobras, R$ 50 milhões retornaram em forma de propina, afirmou, em delação premiada Nestor Cerveró.
Os recursos utilizados nas duas campanhas da presidente Dilma Rousseff também estão na mira dos investigadores, num claro atestado de que de nada adiantam os milionários recursos legais, alocados pelo Estado, para manutenção de partidos e políticos.
Na insaciável busca de vantagens, eles ainda exigem muito mais por debaixo dos panos. Não é por outra razão que mais um indicador econômico desta semana demonstra o desastre desse governo. Desta vez, é o chamado risco Brasil que saltou de 181 para 532 pontos, o que pode afastar, de vez, os investidores, desconfiados com falta de seriedade deste governo e dos partidos políticos que comandam o país.
A frase que foi pronunciada
“Uma grande riqueza é uma grande escravidão.”
Sêneca
Novidade
No programa Jovem Senador, onde escolas participam com sugestões de projetos de leis, o senador Paulo Paim quer viabilizar o projeto que sugere novo cálculo de notas para o acesso à universidade. Alunos das escolas públicas com média 7 teriam 15% de crédito a contabilizar na média obtida no Enem.
Sem planilha
Em qualquer parte do mundo e em muitos estados brasileiros, os pontos de transporte coletivo não são apenas abrigo, são fonte de informação sobre as possibilidades de percurso, horários e identificação dos ônibus. A exceção é a capital do país.
Sem apoio
Basta dizer que, no aeroporto, depois da Copa, o Centro de Atendimento aos Turistas parece sempre fechado. Quem não fala português está fadado a ter uma única opção, o táxi. As sinalizações para os ônibus são discretas e incompletas.
Espera
Não é todo mundo que tem acesso ao portal do DTU para saber as informações dos transportes do DF. Além disso, é preciso mais rigidez no cumprimento dos horários.
História de Brasília
Reage o Congresso dando exemplo de luta e de opinião. O plenário está na maior atividade que tenha registrado a história da democracia no Brasil. (Publicado em 30/8/1961)
“O mar, o azul, o sábado. Liguei pro céu, mas dava sempre ocupado.”
Paulo Leminsk
No verdadeiro regime absolutista em que o Brasil mergulhou de cabeça nestes últimos anos, não causa surpresa a ninguém o fato de as autoridades do governo levarem uma vida totalmente descolada do restante da população.
Para eles estão reservados tratamento de elite. Transportes privativos em carros de luxo, atendimento em hospitais caríssimos e de ponta, hospedagem nos melhores hotéis do planeta, com diárias que superam o que um trabalhador comum ganharia por anos de serviço, pagamento de aluguéis, mesmo possuindo residência na localidade, verbas indenizatórias de toda a espécie, mimos e mordomias mil. Tudo , obviamente, pago com o suado dinheiro do contribuinte. Para o restante da população… basta conferir nos noticiários diários.
Quase todos os dias morre um brasileiro na porta de algum hospital público , quer porque está fechado, ou não tem médico ou vaga nas UTIs ou não possuem os equipamentos e medicamentos necessários para o correto atendimento, ou mesmo o despreparo do corpo médico para diagnosticar, acelerando a hora da morte. Para a maioria que necessita de serviços públicos nas áreas de saúde, segurança e educação o inferno é o que encontram.
As semelhanças entre a Europa da era absolutista e o Brasil atual são fantásticas. O divórcio entre as condições de vida da sociedade e as elites no poder são as mesmas daquele período. Talvez a única diferença resida no fato de que as elites que compunham o absolutismo antigo, possuíam , na sua maioria, uma esmerada educação.
Hoje o que se encontra no comando do país, são, para ficar na síntese, pessoas de inteligência rasa, cuja a estultice saltam aos olhos, mas que conseguem ainda enganar o grande público com sua verborragia hipnótica, escudada pela blindagem que o poder lhes confere.
Basta uma consulta nos livros, que relatam as condições de vida daquela época, para que se tenha uma certeza histórica: o status quo daqueles nobres , com todo o fausto que demonstravam, advinha da cobrança desmedida de inúmeros impostos, taxas, obrigações e outras formas de extorsões legalizadas.
Talvez aí o absolutismo perca em expertise para o refinamento e o volume de recursos alcançados pelos serviços de arrecadação de impostos da atualidade. Hoje, cobra-se muito mais da sociedade do que naquela época. Em alguns países, principalmente os nórdicos e os desenvolvidos, a alta taxa de impostos retorna em forma de excelentes serviços públicos e de segurança previdenciária. Não é o caso do Brasil. Aqui a carga de impostos é elevada, mas a qualidade dos serviços devolvidos é o que não se vê.
Exemplo prosaico dessa disparidade de tratamento aconteceu nos primeiros dias do ano. Gabriel de 12 anos, listado na morosa fila de espera de transplante de órgão, recebeu a notícia que havia um coração compatível para seu caso . O órgão estava a menos de mil quilômetros de distancia. Como não foi possível obter um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) naquele momento, para o transporte, a operação deixou de ser realizada. A FAB, que muitos apelidam hoje de FABtur.
Um casal em Santa Maria resolveu parar de reclamar e adotou um lugar que era usado para descarte de lixo. Flores, árvores e uma pequena horta foram o suficiente para intimidar a parte da população que desconhece a urbanidade. Parabéns à dona Maria e sr. Francisco.
Inúmeros atendimentos nos hospitaispúblicos e particulares, principalmente nasemergências são prejudicados pelo cansaço oudespreparo dos profissionais recém formados.Sem diagnostico a vários meses uma pacienteouviu a frase depois de ser atendida por um médico experiente em consulta particular. “Issonão é um mioma minha filha. Você está grávida e esse é seu filho!” .