Categoria: ÍNTEGRA
Desde 1960 aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Fizeram-nos crer no que éramos e o no que não éramos. Acreditamos na farsa. Revelada a verdade, relutamos ainda em tirar a fantasia e continuar sendo o que sempre fomos: um povo ilhado, órfão de um Estado e em busca de um governo confiável.
A catarse, ou purgação, experimentada pelos brasileiros teve seu ponto alto nas ruidosas manifestações de rua. Ali, em praça pública, foram despidos, pela primeira vez e de forma espontânea, na vista de todos, os trapos de nossa indigência política. Nossos representantes não nos representam, diziam os cartazes.
A Copa do Mundo e agora as Olimpíadas foram providencialmente trazidas até nós e insufladas na população em meio a um ambiente de ufanismo triunfalista que vigorava no país de então. Fazia parte da propaganda massiva do governo acender o espírito nacionalista. A Copa foi a nossa Ilhas Malvinas, usada como pretexto para esconder os vícios de um governo que agonizava.
O mesmo foi feito com os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Foram arquitetados da mesma forma que Hitler fez em 1936 para mostrar ao mundo a superioridade da raça ariana. Déspotas, desde sempre, têm se servido dos esportes para iludir a população com vitórias efêmeras e sem sentido. De que adianta saltar mais alto, correr, nadar, pular, saltar, dar piruetas se o que importa, de fato, são os rankings de bem-estar social?
Mais proveitoso e duradouro é ser campeão em cidadania. Melhor para a sociedade ter medalha de ouro em saúde. Subir ao pódio mais alto em educação. A foto de um morador de rua dormindo sob a placa dos Jogos Olímpicos que anuncia um novo tempo diz tudo.
Com as entranhas do governo populista evisceradas pela Operação Lava-Jato, a nação vai descobrindo aos poucos que o primeiro a ser apanhado nos exames de doping foi justamente o governo, que organizou a festança mediática.
Nas investigações que prosseguem há uma certeza: da mesma forma que ocorreu com a Copa em 2014, as Olimpíadas foram organizadas para que as grandes empreiteiras fossem as grandes campeãs do torneio. Passado para trás nos dois eventos internacionais, cabe ao povo, enlutado com a roubalheira, fazer o papel de bom anfitrião e esconder a lágrima.
A frase que foi pronunciada
“Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais.”
Alexandre Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996
Dada a partida
» Neste exato momento começa pelo país o lançamento de candidatos interessados em disputar cargo de prefeito, vice-prefeito ou vereador. Entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, em alguns estados haverá convenção partidária. É nesse frágil espaço de tempo que cada candidato deveria
passar por um “escâner
de vida pregressa”.
É a hora
» Todo partido escolherá na convenção, entre os filiados, quais serão os candidatos a prefeito, vice-prefeito ou vereador, além dos números e dos nomes que serão identificados nas urnas eletrônicas. Nesse momento também será decidido se haverá coligações ou não.
Legendas
» Por falar nisso, no início do ano, amparados pela Constituição, a janela para troca partidária em março deste ano permitiu mais de 90 mudanças entre legendas na Câmara dos Deputados.
Jogadas
» A janela para troca partidária aberta pela promulgação da Emenda Constitucional 91/16 já permitiu a mudança de partido de 92 dos 513 deputados federais. A emenda, promulgada em 18 de fevereiro, abriu um prazo de 30 dias para os parlamentares mudarem de legenda sem perder o mandato. PMDB, PT e PSDB perderam deputados, enquanto
o PP ganhou.
Mais partidos
» Segundo o Supremo Tribunal Federal, os mandatos não pertencem aos candidatos, e sim aos partidos. Por isso, há a liberdade de trocar de legenda, desde que entregue o mandato. A exceção se dá quando a saída é para um partido recém-criado. Nesse caso, não há prejuízo do cargo.
História de Brasília
Doutor João Goulart, Brasília é uma experiência que lançou o Brasil no exterior. Brasília deu ao brasileiro a confiança em si mesmo que ele havia perdido. Brasília substituiu o Jeca Tatu pela personalidade do Candango. Respeite isto, doutor Jango, e todos seremos gratos. (Publicado em 10/09/1961)
O perigo do medo da verdade
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Dentro do que o psicanalista Gustav Jung denominou de Inconsciente Coletivo, podem ser encontradas muitas das características psicológicas que moldaram a mente da espécie humana e que, de certa forma, explicam nosso comportamento, mesmo aqueles mais desprezíveis.
Por razões que remontam à pré-história e aos primeiros hominídeos, alguns comportamentos do tipo oculto e inato foram sendo transmitidos às gerações futuras, por necessidade de sobrevivência, frente a um mundo hostil e inóspito. O machismo é uma dessas heranças ocultas.
Trata-se, segundo especialistas no assunto, de uma força arquetípica (primeiro modelo a ser tomado e seguido como correto). Como tal se fincou no inconsciente de todos. Em outras palavras, nascemos machistas, homens e mulheres, sendo que esse comportamento é mais ou menos reforçado ao longo da vida, de acordo com cada sociedade em que o indivíduo está inserido.
Obviamente esse comportamento primitivo não isenta ninguém de cometer verdadeiras atrocidades contra o sexo oposto.
No Brasil, de formação histórica patriarcalista, fincada na desigualdade patente de classes, esse comportamento encontrou ambiente, dentro e fora de casa, para florescer e se multiplicar. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo o problema não ocorra.
Nos Estados Unidos, país modelo de desenvolvimento material, e da vanguarda do século 21, a cada 9 segundos, uma mulher foi vítima de ação violenta em 2008. No Brasil, naquele mesmo ano, pesquisas indicavam que 17% das mulheres temiam ser mortas pelos próprios companheiros. Em 2015 os casos de violência contra as mulheres cresceram 45%. Foram 76.651 casos registrados. Se fossem contabilizados os casos não devidamente denunciados, esse número chegaria perto de 100 mil.
Ocorrências de violência sexual, quando envolvem casos de estupro, assédio e exploração, passaram de 1.517 casos em 2014, para 3.478 relatos em 2015, o que equivale a um aumento de 129%. Atualmente são registrados 9,5 estupros por dia. A violência física predomina nesses casos. São quase 40 mil ocorrências de maus-tratos denunciados.
Há ainda milhares de casos de violência psicológica (23.247 casos) e violência moral (5.556 casos). Mesmo com a Lei Maria da Penha e a criação da figura jurídica do Feminicídio (lei 13.104/2015), os casos de violência contra as mulheres brasileiras prosseguem numa curva ascendente.
O caso recente da modelo Luiza Brunet e do milionário Lírio Parisotto deixa evidente que a violência contra as mulheres permeia todas as classes sociais, sem distinção.
Pesquisas indicam ainda que o álcool, as drogas e o mais antigo e nefasto dos vícios humanos, o ciúme, respondem pela maioria das causas da violência contra as mulheres. Como sempre, o caminho mais curto e recomendado pelos estudiosos para se chegar a uma convivência de paz entre homens e mulheres ainda parece ser a educação.
A frase que foi pronunciada
“As más companhias são como um mercado de peixe; acostuma-se ao mau cheiro.
Provérbio chinês
Novidade
» Reforma geral no terminal de ônibus de Planaltina. Marcos Dantas, da mobilidade, e o governador Rodrigo Rollemberg assinaram o contrato e a reinauguração está prevista para o ano que vem.
Mérito
» Quem merece apoio pelo belo trabalho que faz é dona Maria Vieira da Silva, a “dona Gracinha da Sanfona”.
A Secretaria de Cultura reconhece o valor de seu projeto, mas, aos 74 anos de idade, ela merece muito mais do que isso. Apesar das dificuldades físicas, ela faz questão de dedicar a vida para levar música para toda gente triste.
Início de julho
» Brasília sofre com surto de caxumba. Boletim da Secretaria de Saúde informa que o número de casos chegou a 960 em sete dias.
História de Brasília
Um dos êxitos do sr. Paulo de Tarso, como administrador, foi convidar técnicos, mesmo os que não conhecia pessoalmente, para o seu governo, dando a Brasília a dimensão de sua força, de seu desenvolvimento. (Publicado em 10/09/1961)
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Em nome de Deus, os homens vêm se matando ao longo dos séculos. A procuração que dá licença para esse morticínio sem fim estaria na interpretação enviesada da letra de algumas escrituras consideradas sagradas. A cegueira humana aboliu a ordem de Alah. O grito de guerra moderno que tem precedido muitos desses atos de selvageria santa tem sido Allahu Akbar, ou Allah é maior, Deus é grande. Aos mártires de todo insano derramamento de sangue inocente, estaria reservado um paraíso sem igual, com 77 virgens dispostas a realizar todos os desejos.
Na Idade Média, por quase 10 séculos, as cruzadas cristãs e outras expedições santas e punitivas percorreram o mundo árabe, saqueando e matando, populações inteiras, em nome de Deus. Em ambos os casos, Deus foi invocado como um elmo, para dar alguma justificativa moral à bestialidade. Nesses episódios, Deus entra como cúmplice e coadjuvante no crime, isentando seus atores, de culpa e remorsos futuros, emprestando, assim, certo glamour a barbaridade, livrando-os também de uma punição celeste.
Questões complexas como essas e que extrapolam o nível da razão sugerem, para se tornarem inteligíveis, explicações singelas. Numa charge, dessas que circulam pelo mundo virtual, vários homens estão em escaramuças generalizadas. Uns aparecem vestidos com coletes de bombas e armas de grosso calibre em punho. Outros, estão com facas e porretes se atacando.
Na violência generalizada em que todos estão contra todos surge, por entre as grossas e cinzentas nuvens no céu, a mão de Deus. Com o dedo médio em riste, Ele simplesmente faz o sinal de cotoco para a multidão enfurecida. Em outra charge, desta vez publicada pelo jornal satírico Charlie Hebdo, alvo covarde dos terroristas em janeiro de 2015, Deus aparece correndo com uma metralhadora presa às costas.
De fato, não há como procurar no além, nas fronteiras do religioso e do sagrado, as razões para selvageria dos atentados que vêm ocorrendo no Ocidente desde 2001. Primeiro, porque não existe explicação racional possível para atos de bestialidade. O Deus sanguinário e vingativo é uma criação genuína da psicopatia mental humana. Por trás desse Deus dos exércitos, se escondem causas e antecedentes visíveis e palpáveis. Na história contemporânea, o estopim desses atentados foi aceso tanto pela incursão desastrosa das tropas americanas no Iraque, como pela presença do exército russo em território afegão.
A partir desses episódios e outros correlatos, houve um crescimento exponencial de grupos insurgentes locais, reacendendo questões que misturam noções distorcidas de fé religiosas a outras de estratégias de guerrilha, dentro do que se passou a designar genericamente de guerra santa, identificando os Ocidentais como infiéis e, portanto alvo da fúria santa dos grupos armados muçulmanos. Os infiéis estão ao alcance dos olhos.
Como pano de fundo, aparece a questão material representada pela cobiça ao ouro negro, representada pelo petróleo. Em toda a escritura, Deus só se arrependeu de uma parte de sua criação. Está em Gênesis 6: 5 e 6: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração”. Começou tudo outra vez. E deve estar arrependido novamente.
A frase que foi pronunciada
“Quem não compreende um olhar tampouco há de compreender uma longa explicação.”
Provérbio árabe
História de Brasília
Está paralisada a obra do pombal dos Três Poderes. Durante o dia de ontem, ninguém trabalhou, e o guindaste que levantava os moldes de madeira foi retirado. Por favor não façam como a Catedral, porque já há, também, a torre de TV, o edifício do Tribunal de Contas, a superquadra do Iapfesp, e a dos Marítimos também, todas paralisadas. (Publicado em 19/08/1961)
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Com a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, feita a toque de caixa, um aspecto chama a atenção nesta rearrumação das cadeiras da Casa e pode servir como uma luva dentro da nova expectativa que aguarda o país. Trata-se da facilidade como se formaram os dois blocos que buscavam a presidência.
Ficou claro que, quando o assunto diz respeito direto a questões intra corporis, há sempre um caminho rápido e reto para se resolver o problema. Considerando que a pesada crise econômica que se abate sobre os brasileiros tem sua origem, meio e fim nas questões políticas, mais precisamente no Legislativo e no Executivo, não deixa de ser razoável pensar que, dado a conjuntura atual, o momento para se empreender uma ampla e profunda reforma política é agora.
A começar pela reforma partidária, eliminando a plêiade de legendas pela cláusula de barreiras, adotado o voto distrital, já nas próximas eleições, acabando ainda com a famigerada prerrogativa de foro. É preciso que o Congresso dê continuidade às mudanças que começaram com o afastamento da presidente Dilma, aprovando o quanto antes as 10 medidas recomendadas pelo Ministério Público contra a corrupção e a impunidade.
Para um governo que herdou um país de cabeça para baixo e que corre contra o relógio, ficaria de bom tamanho entregar ao sucessor um Estado enxuto, sem aparelhamento e outros encostos na administração pública, com a reforma da previdência aprovada, e as reformas fiscais e tributárias bem encaminhadas.
Um turista que vê o fausto dos palácios onde nossas autoridades dos Três Poderes e seus longos séquitos deslizam suavemente, nem de longe pode imaginar a realidade, por exemplo, do Hospital Regional do Paranoá, distante menos de 5 quilômetros em linha reta da Esplanada. Uma pessoa doente, que aguarda um ônibus na parada por mais de 40 minutos, com a saúde debilitada, entra no ônibus e quando chega ao hospital é despachada por falta de profissionais para o atendimento. Hospitais por aqui só têm pacientes. Essa é a realidade.
Os brasileiros do século 21 já não aceitam mais bancar uma máquina de Estado caríssima enquanto são obrigados a viver numa espécie de outro Brasil, sem assistência médica, sem escolas de qualidade e outros serviços mínimos e necessários ao bem-estar social, conforme manda a Constituição.
Quem vê tanto luxo e gastança para manter os altos escalões da República começa a suspeitar que o Estado democrático que temos não passa de uma ficção, elaborada por uma minoria de privilegiados e uma maioria inconformada, mas sem atitude. É assim que se mantém o status quo eternamente.
Sem paz
» Hoje em dia, o telefone fixo serve apenas para as empresas de telemarketing. Os bancos e outras instituições monitoram eletronicamente os horários em que há pessoas em casa. Disparam a ligação sem o intermédio de funcionários ou de vozes robóticas. Quando o telefone é atendido, a máquina desliga imediatamente. Assim, é feita uma estimativa para encontrar o consumidor ou cliente em casa. A partir daí, é só aguardar o boa-noite! Do outro lado da linha, começa o lero-lero de promoções imperdíveis.
Convite
» Recebemos o convite dos Correios para participar da 114ª Reunião da Comissão Filatélica Nacional, para a definição do Programa Anual de Selos Postais de 2017. Em conversa rápida com a Sra. Eliane E. Sivinski Petry, gerente corporativo de Filatelia, foi possível atestar a capacidade dos Correios em tornar a tecnologia de concorrente em aliada. Selos com diferentes perfumes, em alto-relevo, em braille e holográficos são apenas algumas inovações. Cada vez mais perto da sociedade, os Correios entram nas escolas para compartilhar com as crianças como os selos podem se transformar em aula de história, geografia, português de forma divertida.
Patrocínio
» Jovens empresários, estudantes da UnB procuram patrocínio para viabilizar a comercialização de um produto bem curioso. A utilidade vai desde o celular até a saúde. Trata-se de uma bicicleta que transforma a pedalada em energia que carrega o celular. Lucas Kalejaiye, Bruno Freitas e Caio Martins entram na expectativa de milhares de brasileiros criativos. Ver a invenção no mercado.
Honra ao mérito
» Por falar em UnB, quem envia a informação é Maria do Socorro Ferreira Silva. Ela conta a história de três estudantes de famílias humildes que conseguiram passar no vestibular. Ludson Vinícius Euzébio Pereira da Silva, 18 anos, do Recanto das Emas, filho de Maria Aparecida Pereira Fonseca, passou para o curso de farmácia. Daniel Lucas Silva Santiago foi aprovado em 2º lugar no curso de economia e Willian Elias Alves, também de 18 anos, escolheu engenharia de software. Guardem esses nomes!
História de Brasília
Nós temos técnicos presidente e qualquer homem desses terá, com facilidade, o apoio de toda a cidade, que vale muito para o administrador. (Publicado em 10/09/1961)
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Que planeta herdarão os jovens nascidos neste início do século 21? Certamente, não será ainda um mundo pacificado, onde as pessoas se sintam plenamente seguras quanto ao futuro.
Com uma população superior a 7 bilhões de pessoas, o planeta Terra e seus habitantes experimentam o que os cientistas acreditam ser seu maior desafio. Superpopulação, devastação de grandes áreas agricultáveis, escassez de alimentos, de água, poluição em seu nível mais crítico e, consequentemente, instabilidade política e social pela incontrolável busca do poder, são alguns dos ingredientes que tornam nosso século o mais perigoso e imprevisível desde o surgimento das primeiras civilizações.
As imensas levas de refugiados que vêm buscando abrigo e comida no continente europeu dão mostras de que estes serão tempos de dificuldades sem precedentes. Das seguidas conferências internacionais sobre mudanças climáticas, que estão ocorrendo, vêm, talvez, os alarmes mais preocupantes. O que a maioria dos pesquisadores concordam é que a enorme interferência do homem sobre o meio ambiente gerou hoje o que se pode denominar como Era Antropocênica.
Experimentamos agora um período de extinção em massa de grande número de espécies da flora e da fauna. Para os mais alarmistas, o homem moderno já acionou o botão de destruição de seu próprio planeta de maneira irreversível e nada mais pode ser feito para deter um processo global em cadeia.
A expressão do momento é mitigar ou buscar meios de tornar menos doloroso o que vem pela frente. Mais do que qualquer outra geração do passado, à atual é reservada uma luta sem igual. Pela paz e pela sobrevivência.
É preciso preparar o quanto antes os novos habitantes do planeta para os desafios que estão vindo. Neste particular, a Global Youth Speak, maior organização sem fins lucrativos comandada por jovens no mundo, segundo a Unesco, vem fazendo um trabalho de formiga, tentando desvendar como os mais novos lidam com o desafio de retirar o planeta e seus habitantes desse labirinto sinistro que as gerações passadas os colocaram.
Pesquisa feita por essa organização com 42 mil jovens, em 125 países, será apresentada num fórum em São Paulo. Ainda não foi totalmente sistematizada, mas basicamente quer entender como os jovens esperam que esteja o mundo em 2030, quais as principais preocupações e o que eles acham que deveria ser feito. No Brasil, 15 mil jovens foram ouvidos sobre questões envolvendo governo, negócios, terceiro setor e educação.
A frase que não foi pronunciada
“Galinha que anda com morcego dorme de cabeça para baixo.”
Pensamento de policial federal fazendo conexões entre pessoas
Saúde
» O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do DF abriu mais espaço para a saúde local. Foi empossado no dia 13 como conselheiro o atual presidente da Associação Médica de Brasília, Luciano Carvalho. É a primeira vez que uma entidade médica faz parte do CDES, formado por integrantes da sociedade civil e do governo. O objetivo do novo conselheiro é contribuir para a gestão da saúde do DF.
Início de Brasília
» Tânia Fontenele convida a comunidade candanga para participar da abertura da exposição Memórias femininas da construção de Brasília dentro do programa Residência Oficial Águas Claras de Portas Abertas, proposto pelo governador Rodrigo Rollemberg e pela primeira-dama e colaboradora de Brasília, Márcia Rollemberg. Hoje, às 16h.
Resposta Ipea
» “Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade (período 2003-2008) para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O Brasil pode praticamente superar o problema de pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase sua erradicação. Já o Índice de Gini poderá ser de 0,488, um pouco abaixo do verificado em 1960 (0,499), ano da primeira pesquisa sobre desigualdade de renda no Brasil pelo IBGE.
E mais…
Ou seja, mantendo o mesmo ritmo de diminuição da pobreza e da desigualdade de renda observado nos últimos cinco anos, o Brasil poderia alcançar o ano de 2016 com indicadores sociais próximos aos dos países desenvolvidos. Enquanto a pobreza extrema poderia ser praticamente superada, a desigualdade da renda do trabalho tenderia a estar abaixo de 0,5 do Índice de Gini.”
História de Brasília
Todo o mundo sabe que a Novacap deve cinco bilhões de cruzeiros, e tem apenas nove para receber, e continuar as obras. É preciso de um “braço” que compreenda os seus problemas, que viva as suas dificuldades, e procure resolvê-las longe dos esquemas políticos. (Publicado em 10/09/1961)
Desde 1960
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Cidades podem subsistir séculos como ponto de referência da cultura humana apenas por sua beleza arquitetônica e plástica. Ficam ali expostas a céu aberto, como monumentos de um tempo, com suas edificações, praças e casas. Mas se nelas não se observam a presença e o fervilhar de suas gentes, poderíamos classificá-las como ruínas do passado.
A despeito da beleza duradoura das construções e do ambiente concreto, o que imprime a alma a um sítio é justamente o poder de criação humana em diversas áreas, das artes às ciências. É o gênio dos habitantes que ilumina as cidades. “Nullus locus sine Genio” ou não existe lugar sem alma, diziam os antigos latinos.
Da mesma forma, os antigos germânicos usavam o termo “Zeitgeist” para se referir ao espírito do tempo, presente em determinado lugar e que diz respeito direto aos aspectos fenomenológicos do ambiente.
Arquitetura, literatura, pintura, escultura, música e os múltiplos aspectos da cultura, além dos hábitos do lugar e de sua gente, formam o “caldo da vida” do local. A cidade é de todos, mas, de uma forma até metafísica, poderia ser dito que a cidade pertence mais àqueles que produzem e sorvem sua cultura e seu caldo de vida. Sem sua população e suas produções, tudo seria árido e monótono.
No caso de Brasília, por seu contexto histórico e sua formação, é possível afirmar que o espírito, ou gênio, ficou suspenso no ar a partir de março de 1964, com a intervenção militar. Ressentido e cheio de presságios, o gênio recuou e o caldo esfriou por um bom tempo.
Perseguições, censura e debandada geral quase fizeram da capital uma cidade natimorta. Foi preciso a alienação própria dos jovens e a coragem culta de outras pessoas para devolver vida a uma cidade que muitos de fora acreditavam e pregavam não ter um futuro promissor.
Aos poucos, Brasília foi renascendo com a produção de sua gente — afinal, a vida deve continuar. O Festival de Cinema, o movimento Cabeças, o berço de tantos talentos, o movimento Porão do Rock, o Coro Sinfônico da UnB, o Festival de Dança, o Açougue Cultural T-Bone, a Casa do Ceará, o Clube Nipo, a quermesse do Templo Budista, as festas juninas da cidade e tantos outros grupos de prestígio nacional e outros acontecimentos culturais reacenderam a luz invisível que ilumina e dá chama ao espírito local.
A frase que não foi pronunciada
“Muito bem. Todos os carros com o farol aceso durante o dia. Paguem seus impostos e não exijam contrapartida! Escondam a Constituição. Trouxas! Enquanto isso, o que devo, pago se quiser, e quando quiser.”
Estado brasileiro
Melhora já!
É muito triste ver policiais e bombeiros precisarem chamar a atenção por aumento salarial. Assim como acontece regularmente com os professores. São prioridades.
Silêncio
Aos poucos, os músicos da cidade vão se firmando nas estações do Metrô. O Instrumenta Brasília teve que parar enquanto a greve dos metroviários continuar.
Agenda
Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em sua terceira edição, entrou pra valer no calendário oficial e cultural da cidade e será realizado entre os dias 21 e 30 de outubro, no Estádio Mané Garrincha. Que venham outras bienais que ainda faltam em nossa agenda, como a Bienal e de Arte, a Bienal de Design, a Bienal de Moda e tantos outros ingredientes para nosso caldo de vida.E são pagos! Realmente, os terceirizados dos Parques e Jardins precisam de orientação sobre poda. No lugar de dar força, eles arrancam a sombra muitas vezes matando as árvores que levaram décadas para crescer.
Sabedoria
“Jornalismo é vida. Ou, para ser realista, o jornalismo trabalha com uma das utopias humanas mais desafiadoras, que é a busca da verdade, que “nunca está onde nós a pomos e nunca pomos onde nós estamos”, como reclamava o poeta da felicidade. Mas vale a pena, com as ferramentas profissionais da investigação (onde, como, quem, por que, quanto, quando) e a correta expressão da língua, reduzindo visões e informações em dados essenciais para o exercício da liberdade. Por isso, sem democracia não há jornalismo.”
Luiz Gutemberg, em entrevista
História de Brasília
Brasília já tem planos em execução. A transferência da Cidade Livre não pode ser interrompida, porque seria desamparar os que desejaram melhores dias. Com um bilhão e meio de financiamento, a Caixa Econômica construirá toda a W3 da Asa Norte. (Publicado em 10/9/1961)
Desde 1960
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Tem razão um leitor que disse: “O politicamente correto não muda nossa maneira de ser, apenas faz com que a gente se cale”. Em nome da onda do politicamente correto muita barbaridade tem sido cometida, uma boa parte, inclusive, politicamente incorreta.
A laicidade do Estado manda que se retirem os crucifixos de todas as escolas e prédios públicos. Nas salas de aulas, retiram a imagem de Jesus e em seu lugar colocam-se a imagens de Guevara, Lenin ou Marx.
No carnaval, o desfile de mulheres nuas em público e transmitido pelas tevês para todo país é uma manifestação cultural. Nesse caso, não se discute a proibição do nudismo explícito. Já amamentar o filho recém-nascido no banco da praça pública é atentado ao pudor. Exemplos como estes se encontram aos milhões hoje em dia. O pior é que do silêncio acabrunhado de muitos, alguns poucos se aproveitam para impor pontos de vistas míopes, de um mundo cada vez mais bizarro.
A sociedade que temos hoje, com suas qualidades e defeitos, espelha o lar e a escola de origem. A escola representa a primeira sociedade em que o indivíduo se integra fora de casa. Neste ambiente muito particular, o indivíduo é ouvinte do mundo. Tudo capta, reproduz e convence os de casa.
Num mundo ideal, a escola seria a extensão natural do lar, alargada pelo convívio com os semelhantes. No mundo real é onde virtudes e vícios se acotovelam como numa feira, cada um com seu apelo próprio. O fato é que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o pensamento de uma categoria— como grupo fechado em torno de um sindicato —, do que o pensamento de pais, alunos e educadores.
Para não contrariar a classe, a orientação pedagógica de nossas escolas prefere o caminho fácil ditado pela cartilha ideológica sindical que o de se apoiar nas ciências do ensino.
O ocaso das esquerdas no Brasil não é fato que se deva comemorar. O que se pode festejar, isso sim, é o fim de um tipo muito especial de esquerda, que busca nivelar e pasteurizar o indivíduo, moldando-o de acordo com a vontade pessoal de um grupo.
O apoderamento das escolas por vontade de um grupo sindical é algo danoso e com consequências a longo prazo. Fazer das escolas, como se tem visto, lugar de proselitismo ideológico e propaganda partidária tem por finalidade atender apenas uma parte ínfima da sociedade. Aqui, essa realidade se estende dos pequenos até os universitários.
A laicidade, no sentido de neutralidade, deve se estender além das questões religiosas e abranger também questões partidárias. Podem até tirar os crucifixos das paredes, mas é preciso que sejam retirados também a foice e o martelo. O que se quer são alunos que pensem com a própria cabeça, vejam com os próprios olhos e andem com os próprios pés. Isso é educar. Que venham mestres e educadores de verdade com vontade e talento. Abaixo os professores de palanque.
A frase que foi pronunciada
“O poder desgasta aqueles que não o têm”
Do filme O poderoso chefão
Balaio
Aliados ou adversários. Iniciante nos jogos eletrônicos, um amiguinho do João entrou pela primeira vez em uma lan house. Animado com a conquista, preparou-se para enfrentar o jogo Call of Duty 4. Causou um pânico nos colegas. A diversão dele era atirar para todos os lados. Assim está o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão. Sem saber quem é aliado e quem não é, confunde os colegas, jornalistas e assessores.
Passado e futuro
Por falar na Câmara dos Deputados, Espiridião Amin está sendo convencido pelos amigos para concorrer à presidência da Câmara. Se for considerada a vida pregressa, Amin já está eleito.
Aumento
Lá estava o Ipea atestando e os brasileiros comemorando o fim da pobreza extrema entre 1995 e 2008. Agora, a FGV apresenta um estudo coordenado por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais, projetando um aumento dos miseráveis.
Caracas!
Enquanto isso, a Venezuela, que recebeu bilhões de investimento do Brasil, vê seus cidadãos atravessando o país até a Colômbia para conseguir qualquer coisa para comer. A situação ultrapassa a crise econômica e social. Não há liderança que segure o país.
Terceiro mundo
Pesquisas científicas, que deveriam ser prioridade do nosso governo para manter a independência do país, continuam sendo sacrificadas. Dezenas de milhões investidos em um supercomputador que permanece desativado e a nanotecnologia contra o câncer que até hoje não foi finalizada por falta de permissão.
História de Brasília
Sr. Presidente. Como o senhor vê, não foi uma cidade se criando, se desenvolvendo, se multiplicando. Foi a consciência de homens decididos, foi o espírito de brasilidade, foi a competência de técnicos. Dê Brasília a quem é de Brasília. (Publicado em 10/09/1961)
DESDE 1960
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“Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança… Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha…!”
Castro Alves, Navio negreiro
Fossem apartados em cantos distintos, sociedade e governo, e entendendo governo como o conjunto formado pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, restaria que as agruras experimentadas atualmente pela população, na forma de inflação, desemprego e sensação de desamparo, advêm unicamente da sofrida qualidade daqueles que compõem o governo e comandam a máquina pública.
Em outras palavras, pode-se afirmar, sem margem de erro, que a crise atual sem precedentes que assola os brasileiros tem sua origem e seu catalisador justamente no governo. Tendo em vista que, por suas características e razão de sua própria existência, cabe aos governos cuidar para que a sociedade desfrute de plenas condições de bem-estar e segurança, fica posta a contradição.
Para um observador atento, fica patente que o governo, que deveria zelar pela população, é fonte primária de todos os problemas que se abatem sobre os cidadãos. Não fossem as consequências da má gestão do Estado sobre o grosso da sociedade, poderíamos afirmar taxativamente que o povo vai bem, quem está mal e em crise é o governo. A crise é deles. Aos brasileiros resta o sacrifício de arcar, com elevadíssimos impostos, uma máquina de Estado convertida em moedor de carne humana.
Sinais, nem tão sutis assim, podem ser observados por toda a cidade, estampados em números garrafais nos chamados impostômetros. Quem passa pela manhã e vê um valor, ao meio-dia já nota que esse número variou muito para cima.
Dos contribuintes são sorvidos por minutos quantias fabulosas, fazendo da carga tributária brasileira um monumento mundial, equivalente ao colosso de Rodes. Certamente, podemos inferir que pagamos muito, para termos em troca não só os péssimos serviços de sempre, mas, sobretudo, para sentirmos na pele os efeitos de uma crise poderosa, que absolutamente não nos pertence. Temos assim o mesmo destino lúgubre dos escravos de outrora que pagavam pelo chicote que os açoitava. Não bastasse bancar a máquina paquidérmica que o esmaga, resta aos cidadãos acreditar que mudanças virão ali adiante e seguir em procissão carregando no andor o Leviatã moderno.
Triste sina essa de um povo que, ao longo dos séculos, segue pagando o preço de sua agonia sem se rebelar, sem nada dizer.
A frase que foi pronunciada
“Não deves aceitar suborno, pois o suborno cega os perspicazes e pode deturpar as palavras dos justos.”
Êxodo 23:8.
- Vida longa
» Haja coração com a política brasileira! Os médicos de Fernando Henrique Cardoso deram uma solução para acertar o descompasso do batimento no peito do ex-presidente. Um marca-passo. - Moro num país tropical
» Soltos pelo juiz Moro: o diretor comercial da Consturbase, Genesio Schiavinato Juni, o presidente Construcap, Roberto Ribeiro Capobianco, o ex-executivo da Schahin Engenharia Edison Freire Coutinho, e Erasto Messias da Silva Jr., da construtora Ferreira Guedes. - Próximo passo
» Parece um bom serviço avisar as vítimas de violência doméstica, por uma notificação da Justiça, quando o agressor sair da cadeia. Mas e aí? - De jeito nenhum
» Consolidação das Leis de Trabalho no foco de discussões na Câmara dos Deputados. Há controvérsias quando o assunto é a mudança da CLT baseada em acordos extrajudiciais. - Irritante
» Atender telefonema em que por uma gravação a Claro vende serviços é simplesmente aviltante.
Se o telemarketing incomodava com atendentes insistentes, mas que tinham direitos trabalhistas, agora a voz eletrônica faz o serviço. Sem custos para a operadora. O desabafo
é da leitora Graça
Maria de Franco. - Escândalo
» Volta à tona o Seguro DPVAT. A Seguradora Líder, representada por Ricardo Xavier, respondeu ponto a ponto as suspeitas do deputado cearense Cabo Sabino. Agora é aguardar se os deputados da CPI do DPVAT ficarão satisfeitos com as explicações sobre os pagamentos a segurados
e com a prestação de contas da Líder.
História de Brasília
Não sugerimos nomes. Brasília é uma cidade nascida à beira de um rio, com uma estação de estrada de ferro, uma praça e uma igreja. Para ter água, foi preciso fazer um Lago, para ter uma praça, foi preciso fazer terraplanagem, e a nossa Igreja ainda não está pronta. (Publicado em 10/09/1961)
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Se com o advento e a difusão dos inúmeros meios de comunicação de massa as campanhas políticas ganharam um impulso verdadeiramente formidável, com a internet esse alcance atingiu as estrelas.
Interessante observar que, ao mesmo tempo em que a propaganda eleitoral ia passando de uma mídia para outra, mudou não só o jeito como os candidatos externavam sua retórica e pregação política, mas, sobretudo, o processo eleitoral como um todo, com reflexo direto nos partidos e na própria democracia.
Na televisão, o horário eleitoral gratuito deu impulso à faceta visível das campanhas, representada aqui pela imagem dos candidatos junto a um eleitor passivo, confortavelmente sentado no sofá, no que os especialistas denominaram de democracia de audiência. Em televisão, é sabido que imagem é tudo. Vale mais do que as propostas apresentadas. A imagem de uma cidade limpa, organizada, com crianças felizes indo para a escola, hospitais em pleno funcionamento, policiamento ostensivo e gente sorridente circulando por ruas ensolaradas, rende mais votos do que as propostas políticas e o próprio programa dos partidos.
Infelizmente, essa democracia imagética, explorada à exaustão pela propaganda política nas TVs, à semelhança dos filmes de ficção, dista léguas da realidade crua de nossas cidades.
O valor intrínseco do que é visto em cores e movimento tem tido, até aqui, o poder de sobrepujar a vida como ela é, conduzindo o eleitor para o mundo do faz de conta. Satisfeitos com o que veem, os eleitores devolvem esse prazer visual em forma de votos para os candidatos.
De posse desse novo instrumental de comunicação, os marqueteiros brasileiros fizeram fortunas, transformando candidatos primitivos e analfabetos em sumidades intelectuais e refinadas. Essa imersão do mundo político no realismo fantástico da televisão resultou ainda na falsificação do produto a ser passado ao consumidor/eleitor. Compra-se a imagem de um político, mas o que se tem é um canastrão político. Nem ator, nem político. Essa transubstanciação da política em ficção parece ter seus dias contados.
A Operação Lava-Jato, por um lado, e a disseminação das redes de internet, por outro, têm mudado não apenas o comportamento passivo do eleitor, mas principalmente a postura dos candidatos, dos partidos e principalmente dos marqueteiros.
Na realidade, as redes de compartilhamento de informação instantânea têm imposto uma espécie de voto distrital, desnudando uns e chamando a atenção de outros. Qualidades e defeitos dos postulantes trafegam à velocidade da luz e são mostrados ao vivo nas redes. Grandes manifestações de apoio ou repúdio são organizadas e agendadas num clique. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
A entrada da internet no universo das campanhas políticas, trazendo um tipo novo de democracia direta, vem substituindo paulatinamente a figura do marqueteiro tradicional pelo profissional que constrói páginas eletrônicas, onde os candidatos parecem falar on-line com cada eleitor, colocando suas propostas e debatendo assuntos do interesse de cada um.
Pode-se debater também a importância dessa hipermídia para o aperfeiçoamento da democracia. Mas o essencial continua sendo o que sempre foi: partidos coerentes, com compromissos sólidos e éticos. Menos discurso e mais atitude em honrar o voto e os impostos.
A frase que não foi pronunciada
“Quanto vale sua amizade?”
Mercado aberto de favores com o dinheiro público
Tecnogato
» Na opinião de profissionais, a mudança de padrão das tomadas brasileiras não pode ser baseada em segurança. O choque elétrico como acidente doméstico se dá por falta de aterramento nos condutores e equipamentos. Vamos acompanhar a chegada dos estrangeiros para as Olimpíadas com seus computadores, carregadores de celular e tudo mais.
E agora?
» No Dia das Mães, vários políticos envolvidos em operações da Polícia Federal fizeram lindas homenagens. Poesias, carinhos e palavras firmando um amor verdadeiro. O mesmo protocolo. Discurso às avessas da prática.
História de Brasília
Presidente, o senhor não me conhece, mas ouça isto: dê Brasília a quem é de Brasília. A Prefeitura do Distrito Federal não pode ser uma solução política. É uma solução técnica. Em Brasília, nosso país conseguiu reunir a melhor equipe técnica de que se tenha notícia, e esta equipe não pode ficar distante da indicação para a prefeitura. (Publicado em 10/09/1961)
DESDE 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Cartas, por suas características de documento escrito, representam material, por excelência, para historiadores e demais estudiosos da sociedade e de uma época. No caso da história do Brasil, são inúmeras as missivas escritas de próprio punho por personagens que revelam não só momentos marcantes dos bastidores políticos, mas, sobretudo o ponto de vista pessoal do autor sobre os acontecimentos vividos.
Exemplo mais próximo pode ser conferido na carta dramática em que o ex-presidente Getúlio Vargas descreve a crise no interior do poder e que culminaria em seu ato derradeiro.
Nesse sentido, a carta enviada agora pela presidente afastada, Dilma Rousseff, aos senadores que julgarão em definitivo o seu processo de impeachment vem se juntar à já farta documentação de uma década em que o Brasil experimentou na carne e na alma, pela primeira vez, o que se acredita ter sido um governo orientado pela cartilha da esquerda.
Infelizmente, a carta não é manuscrita, o que possibilitaria até um exame grafológico que trouxesse à luz traços da personalidade dessa personage. Logo no preâmbulo, e pelo que foi dado aos brasileiros conhecer sobre as limitações intelectuais de Dilma, o que ela chama de depoimento pessoal e pelos termos colocados não vai além de um texto técnico, alinhavado e confeccionado por alguém íntimo e versado nas ciências labirínticas do direito.
Os 54 milhões de votos que essa senhora agita como bandeira salvadora — considerando os custos astronômicos das campanhas políticas inflacionados pelos providenciais marqueteiros — a Operação Lava Jato vem mostrando que foram obtidos de forma criminosa e devidamente lavados na Justiça Eleitoral.
Ao classificar seu processo de “inominável injustiça” e de ser vítima de “uma farsa política”, o que Dilma deixa antever é seu desprezo pelas instituições republicanas, incluídos aí o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Dizer que sempre acreditou na democracia esconde uma falácia, pois apoiou, desde logo, governos autoritários que infelicitam a vida de seus cidadãos. Por isso, afirmar que sempre lutou “contra todas as formas de opressão” soa quase como escárnio para quem sempre esteve de braços abertos para receber toda espécie de ditadores que por aqui transitavam.
A distorção da história, traço onipresente na narrativa da maioria das esquerdas, segue neste documento de forma corrente. Ao afirmar “jamais traí meus companheiros em horas difíceis”, Dilma busca enviar uma mensagem para aqueles aliados que de alguma forma estão às voltas com a polícia e na eminência de aderir à colaboração premiada.
Afirmar ainda que vai relegar para “historiadores futuros e honestos o dever de resgatar a verdade dos fatos”, o que a presidente afastada quer dizer é que a versão de sua saga será contada pela equipe intitulada Historiadores pela Democracia, grupo de pretensos intelectuais que em visita recente ao Palácio da Alvorada buscam dar uma versão muito particular aos acontecimentos recentes.
A frase que foi pronunciada
Política fiscal: “Se você é um pouco mais leniente com o governo, você diz que foram pecados veniais. Se você acha que o governo é muito ruim, você diz que foram pecados capitais”
Delfim Netto
Memórias e poemas
Doralice Lariucci tem sua obra em tecelagem e pintura exposta hoje no Sesc DF — SCS Qd. 02, Bloco C.
Degradante
Por falar em Setor Comercial Sul, passear por ali causa uma apreensão em relação ao futuro. Lojas lacradas, prédios vazios, fachadas abandonadas. Pessoas dormindo no chão, sujeira por todo lado.
Interestadual
Na empresa São Geraldo é assim. Um idoso vem de graça do Ceará por direito líquido e certo. Na volta, o guichê da empresa na capital federal cobra a metade do valor da passagem.
História de Brasília
Um pequeno balanço da crise: dezenas de estivadores do Recife ainda se encontram presos em Fernando de Noronha, levados para lá por forças do Exército. Esta, pelo menos, é a declaração de doqueiros, que se negaram a voltar ao trabalho, sob a alegação de que o Exército ainda não libertou seus líderes exilados. (Publicado em 09/09/1961)