Não à corrupção se aprende na escola

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »

aricunha@dabr.com.br

Com Mamfil e Circe Cunha

 

Cabral, na visão tardia dos índios, foi o primeiro invasor oficial de Pindorama. Com ele vieram as virtudes e os vícios da civilização portuguesa, que logo foram enfiadas goela a baixo dos silvícolas. A opção de fazer das terras achadas uma colônia, exclusivamente, de exploração, como era corrente no período do mercantilismo, deu o rumo que viria a marcar todo o futuro desse lado da América.

Obviamente, os primeiros a sentir os efeitos da corrupção foram os próprios índios, enganados, roubados e posteriormente escravizados por tentativa infrutífera. Das intrincadas filigranas da burocracia lusa, praticadas, aqui, a partir de 1530, herdamos, por questões até de sobrevivência, o que de pior o capitalismo comercial da era moderna podia legar. Daqui tudo se extraía, da forma mais bruta e sem remorsos, inclusive, a dignidade de muitos. O nepotismo, o clientelismo e o oligarquismo foram introduzidos e enquistados no modus operandi do Estado, de tal forma e por tanto tempo que ainda hoje nos vemos envoltos sob o manto difuso de um modo de proceder que, ao fim e ao cabo, nos mantém acorrentados a um eterno subdesenvolvimento.

Se a corrupção é um fenômeno histórico, difícil, depois de cinco séculos, se desvencilhar porque, ao longo do tempo, prosseguimos, por conta própria, alimentando e chocando os ovos dessa serpente, e prologando a razão de nossa própria ruína. Uma das fórmulas mais eficazes de interromper esse ciclo vicioso, sem abarrotar as cadeias com meliantes é conhecida, há tempos, e só não foi posta em prática porque nunca interessou aos que detinham poder para fazer essas transformações. Ao que a sociedade brasileira assiste, em pleno século 21, com os escândalos revelados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, nada mais é do que prosseguimento natural do girar de uma roda iniciada em 1500.

Ao longo dos anos, a cada geração em formação, temos a oportunidade única de pôr fim a esse ciclo malsão. É, portanto, na educação de base que estão colocadas as oportunidades de se iniciar novo e redentor ciclo. Dessa forma, soa sempre como uma esperança de que esses vícios podem ser interrompidos quando assistimos a iniciativas como a realizada agora pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que, até o dia 12, percorrerá as escolas públicas da capital com palestras sobre o combate à corrupção.

Ensinar aos pequeninos ações do dia a dia, como não furar fila, não colar nas provas e a proceder de modo a não levar vantagens em tudo e a qualquer preço, é como plantar uma boa semente para o futuro. Palestras com tema  “O que você tem a ver com a corrupção” para os estudantes dos ensinos fundamental e médio é, segundo os idealizadores, uma oportunidade de levar a eles a “reflexão de que a própria criança, o próprio jovem, enfim, todos nós, temos um papel extremamente ativo na mudança da realidade da corrupção que nos atinge, seja no compromisso com atos de honestidade do dia a dia, seja no controle social do nosso país”, afirma a coordenadora e promotora de Justiça Luciana Asper. No ano passado, foram realizadas 163 palestras, com o envolvimento de 27 mil alunos. É um bom e promissor caminho para o redescobrimento do Brasil.

 

A frase que não foi pronunciada

“O sol é nascente, mas o homem é morrente.”

Dona Dita, pensando ao lado de um corpo tombado na cidade Sol Nascente.

 

Release

» Sustentabilidade — Promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Portugal Centro-Oeste em parceria com a Federação das Câmaras de Comércio Exterior, o Congresso Internacional de Energias Renováveis e Sustentabilidade (Ciers) objetiva estimular atitudes capazes de contribuir com um mundo mais sustentável. O Ciers será realizado em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no período de 16 a 18 deste mês. As inscrições são gratuitas. Informações no site www.ciers.org.br.

 

Depois

» Professores da rede pública precisam criar meios mais inteligentes de protesto. Depois da greve, os alunos são penalizados, precisando abrir mão do sábado para que os professores possam receber o salário pelos dias parados. São sempre os mais prejudicados.

 

Avanço

» Projeto impecável que ajuda estudantes a alçar voo é o Centro Interescolar de Línguas (CIL). A unidade de Taguatinga passa a ser credenciada como associada à Unesco. A partir daí, o mundo abrirá as portas para os projetos internacionais da organização.

 

História de Brasília

Mudando-se para a Asa Norte, o Ministério das Minas poderia mandar vir do Rio todas as suas seções, mas, agora, vem a pergunta para se saber onde seriam localizados os funcionários e suas famílias. (Publicado em 27/9/1961)

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