Improvisações em tom menor

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 »

aricunha@dabr.com.br

Com Mamfil e Circe Cunha

 

Usando de um argumento, no mínimo, duvidoso, o governador Rodrigo Rollemberg regulamentou a chamada Lei dos Puxadinhos, que estabelecerá as normas para a ocupação dos espaços junto ao comércio das quadras 100, 200, 300 e 400 da Asa Norte. Na prática, a LP sacramentará uma realidade que foi se formando ao longo do tempo, com os bares e outros estabelecimentos comerciais, avançando sobre os espaços públicos, no vácuo das fiscalizações.

O que se tem aqui, e a própria lei explicita, é a descaracterização legal do projeto urbanístico da cidade, ameaçado e vilipendiado, desde a primeira hora, a partir da criação da Câmara Legislativa. Leis com esse viés revisionista passaram a ser confeccionadas para atender prioritariamente os dois lados do balcão. Da associação de políticos astutos com empresários gananciosos, Brasília e suas áreas no entorno passaram a sofrer um intenso e caótico processo de mercantilização, em que os princípios científicos do planejamento urbano foram postos totalmente de lado, em nome de lucros rápidos. Com isso, a população, principalmente aquela que ocupa as áreas centrais da capital, vai perdendo aos poucos a qualidade de vida que distinguia Brasília das demais cidades brasileiras.

Não é segredo para ninguém que os moradores das quadras limítrofes ao comércio local vivem hoje em guerra declarada contra a poluição sonora, os casos de violência e a sujeira produzidas pelos milhares de bares que foram brotando nesses locais. Os estacionamentos dos moradores estão sempre lotados. Brigas e arruaças têm sido constantes. Chamar a polícia para restabelecer a paz é inútil. O antigo clima bucólico que circundava as quadras residenciais desapareceu por completo.

Aos poucos os estabelecimentos especializados em bebidas alcoólicas foram se alargando, invadindo gramados, calçadas e outros espaços públicos, transformando a cidade, patrimônio cultural da humanidade, num gigantesco mercado a céu aberto, onde se encontra de tudo, menos sossego.

Puxadinho em arquitetura é um termo usado, com sentido pejorativo, para identificar projetos mal resolvidos, em que os remendos e outras reformas são providenciadas a toque de caixa para atenuar erros de concepção e esconder defeitos.

No caso da Lei dos Puxadinhos, o que se tem é justamente isso: a confecção de remendos, feitos às pressas, para atender todo mundo, menos os moradores locais que não invadiram.

 

A frase que não foi pronunciada

“Qualquer povo defende sempre mais os costumes do que as leis. É mais fácil vencer um mau hábito hoje do que amanhã.”

Confúcio, conversando com o Barão de Montesquieu

 

Juntos

Alexandre Innecco ensaiou, ontem, pela primeira vez, a orquestra permanente do Espaço Cultural que leva seu nome. Como tudo o que se começa, as expectativas são enormes e a torcida para que tudo dê certo, também.

 

Nascido

Por falar em Alexandre, vale repetir a história do Ribondi contada no FB. O pai queria registrá-lo como Victor Hugo, mas o padre não gostou porque o escritor era maçom. O pai resolveu o problema na hora. Então, Alexandre Dumas Valadares Ribondi. E assim o artista que já é candango chegou ao mundo.

 

Terror

Foi um deus nos acuda no plenário das Comissões da Câmara dos Deputados na votação da reforma da Previdência. Os parlamentares foram atingidos pelos efeitos de bombas de gás lacrimogêneo e outros arsenais em posse de agentes públicos.

 

Release

A tradicional feira de produtos autorais, Enova, traz para a quarta edição de 2017 um especial para o Dia das Mães. O evento será realizado amanhã, na pracinha da 201 Norte, das 10h às 18h. Além de preços convidativos, variedades em artesanato, acessórios, semijoias, entre outros, esta edição terá uma oficina gratuita de difusores aromáticos, com óleos essenciais, que será realizada pela loja Potira, com produtos da TerraFlor. Interessados em participar devem se inscrever pelo facebook: https://www.facebook.com/enovafeiraderua.

 

E agora, São Pedro?

Por essa não esperavam. No centro de uma gestão passada e presente que não foram capazes de evitar o racionamento d’água na capital do país, em um ano a mesma capital sediará o Fórum Mundial da Água, ou da seca.

 

História de Brasília

A notícia da transferência do Ministério para a Asa Norte deixou o sr. Oscar Niemeyer tremendamente aborrecido, e, como construtor de Brasília, deverá achar um absurdo, antes de uma solução, não o terem ouvido a respeito, para que ele indicasse uma solução. (Publicado em 27/9/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin