Bancos de memória

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Duke

Dar um novo significado ao papel desempenhado pelos bancos, na economia e na vida dos cidadãos em geral, não apenas as instituições pertencentes ao Estado, mas, de forma ampla, parecem ser, quer queiram ou não, os governos ou seus acionistas majoritários a única saída para enfrentar os desafios impostos pelo novo milênio e pela pandemia mundial.

A introdução e desenvolvimento da tecnologia da informática, associada à internet, obrigou tanto os bancos do Estado quanto os privados a uma mudança em suas relações com os clientes, ao mesmo tempo em que agilizou a prestação de contas, de modo imediato, com o Banco Central, fazendo dessas operações quase que um toque de dedo. Mais importante do que tudo isso, e talvez o mais prejudicial para cada um dos lados do balcão, vai, paulatinamente, eliminando o contato pessoal dos correntistas com o pessoal de suas agências originais.

Está sendo instituída uma espécie de relacionamento impessoal recíproco. Mesmo nas chamadas de atendimento por telefone, quem atende são robôs com script pré-definido, esfriando qualquer possibilidade de interlocução humana. Tempo houve em que o gerente de uma agência era visto como um misto de bancário mais graduado, com confidente, psicólogo e orientador, disposto a resolver problemas que iam da falta de crédito a conflitos familiares.

Esse tempo ficou para trás, como ficou no passado, também, as garantias pessoais e os relacionamentos mais humanos. Não que os bancos fossem conventos de virtudes. De fato, muita derrocada nos negócios, perda da casa própria, deram-se por vontade onipotente dos bancos e as intransigências que o dinheiro impõe. Mas, quanto ao fenômeno da impessoalidade e da interlocução com robôs, tem sido o máximo da tortura. Vivemos nesse campo como que exilados na Sibéria gélida, sem possibilidade de contato.  Essa é a nova cara dos bancos, quer se goste ou não.

Do lado de dentro do balcão, a vida profissional dos bancários não tem sido facilitada pela introdução das novas tecnologias. Demissões e terceirizações, de diversos serviços e setores, têm posto na rua milhares de profissionais que já não têm a quem recorrer, já que mesmo os antigos e poderosos sindicatos, pelo esvaziamento de filiados, perderam a força e o poder de impor negociações. Foi-se o tempo em que ser funcionário de instituições como o Banco do Brasil ou da Caixa Econômica era sinal de status e de garantia de uma boa carreira. Ao final, a tecnologia cuidou de cobrir com sua neve espessa os antigos relacionamentos, congelando, num tempo distante, o que eram as agências bancárias de outrora.

No mundo sem alma dos negócios e dos juros pecaminosos nada restou, nem ao menos a saudade. O que fica de preocupação e de incertezas é que toda essa informalidade acabe por condenar os correntistas e mesmo os acionistas a serem reduzidos a códigos e outros dígitos incompreensíveis, também despossuídos de alma e rosto. O fato é que essa é a cara do novo mundo: impessoal e sem voz.

Por certo, o dinheiro em espécie irá sumir, assim como a maioria das agências tal qual conhecemos hoje. Depois irão sumir os bancários, os sindicatos dessa categoria, as logomarcas e tudo mais. Houvesse, por parte do atual governo, mais miolo e menos proselitismo vazio, por certo, ao menos o Banco do Brasil iria se fundir com a Caixa Econômica, criando assim uma instituição mais enxuta e quiçá mais preparada para esses tempos de redemoinhos, surgindo uma espécie de Banco Econômico Federal ou coisa semelhante, prolongando a vida dessas instituições e retirando-as do corredor da morte, abatidas pela modernidade.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Político é como piloto de avião: se souber decolar e aterrissar, o resto vai bem.”

Dizia o senador Dinarte Mariz, do Rio Grande do Norte

 

Crime livre

Flagrados por câmera vandalizando em placas de sinalização da cidade precisam receber o castigo certo. Limpar a sujeira que fizeram. O que não pode acontecer é essa complacência com o crime. O DER recuperou mais de 300 placas. Vamos acompanhar quanto tempo vão durar limpas.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

 

Covardia

Em discussão pelo Facebook, a moça repetia o script de que era dona do próprio corpo e faria aborto na hora em que quisesse. Ao replicar que o corpo abortado não era dela, a briga esquentou tanto com os comentários feitos com a abortista que o interlocutor saiu-se com essa: Você parece corajosa para lutar pelos seus direitos. Pena que seja às custas de um ser humano indefeso, sem armas e que não está pronto para correr do seu ataque.

Esta escultura é obra do artista tcheco Martin Hudáček e se chama “Memorial a Criança Não Nascida”. A criança perdoa a mãe pelo crime do aborto. A mãe é mármore: o peso e a dor do arrependimento. A criança é translúcida: como o perdão.

 

Pense

As últimas consequências podem ser fatais. “Impressionaram-me particularmente as projeções do analista Andrés Cardenal – não sei se é doutor, mestre ou especialista – seguido por onze mil investidores ao redor do mundo. Do seu portfólio consta que, em 2020, ano da pandemia, ele bateu o mercado por 5 a 1, em acerto nas projeções econômicas, disponíveis somente no Data Driven Investors, para assinantes da newsletter digital.” Leia, a seguir, a íntegra do artigo do professor Aylê-Salassié F. Quintão.

Foto: camara.leg

–> As últimas consequências podem ser fatais.

Aylê-Salassié F. Quintão*

O futuro nem chegou e o governo, com milhares de famintos batendo às suas portas e os estados e municípios quase insolventes,  já anuncia que está quebrado .  Não estamos sós…

Viciado em opiniões e leituras acadêmicas, qual não foi minha surpresa recente,  ao consultar, por curiosidade, um grupo de analistas de mercado da Seeking Alfa (Nova York) , e deparar com gente altamente antenada  na realidade conjuntural global e que se encaixa perfeitamente na realidade brasileira atual.

Impressionaram-me particularmente as projeções do analista Andrés Cardenal – não sei se é doutor, mestre ou especialista – seguido por onze mil investidores ao redor do mundo . Do seu portifólio consta que, em 2020, ano da pandemia, ele bateu o mercado por 5  a 1, em acerto nas projeções econômicas, disponíveis somente no Data Driven Investors, para assinantes da newsletter digital.

 Cardenal fala agora dos efeitos do Covid. Sugere uma revisão do cenário de investimentos para este ano (edição de 2020, 07.01.2021) . Pontua que as medidas restritivas dos governos no ano passado afetaram importantes segmentos da economia global, apontando para uma recessão. Lembra que as iniciativassem precedentes  dos governos e dos bancos centrais tentando mitigar a crise não impactou diretamente, mas resvalou nas grandes corporações, no mercado imobiliário e no financeiro.

Pior, gerou uma desconexão com as economias saudáveis, que elevaram em 20%, U$14 trilhões, o suprimento de dinheiro no mercado. Com isso o déficit fiscal global, dos governos, cresceu para 13% do PIB, conforme vem mostra o FMI.

Surgido subitamente o Covid, que  infectou, até agora, 80 milhões de pessoas no mundo, com 1,8 milhão de mortes, vem se mostrando como um  dilema para os governos    do mundo que , em 2020, teve de optar entre a saúde pública ou a economia, levando à maior contração econômica em 75 anos. Os incentivos financeiros e a liberdade de expansão do déficit público produziu efeitos efêmeros e, ao contrário do que se esperava, desencadeou  uma pressão  sobre os custos e uma acumulação espantosa de débitos. Os gastos de governo suavizaram o golpe para as empresas e famílias e até deram uma ilusão de riqueza e prosperidade para quem opera no mercado de capitais.

Contudo, embora ainda pouco claro, nos anos vindouros a sociedade poderá vir a ser vítima das consequencias danosas de algumas dessas iniciativas atenuantes do presente. As correntes economicistas e, sobretudo, as políticas, que defendem essa expansão artificial  da base monetária como um empréstimo para o futuro, poderão ter dificuldades de encontrar uma saída justa e democrática para o aumento rápido e desastroso do nível de endividamento, dos preços abusivamente distorcidos  e o redirecionamento  do capital para usos improdutivos. 

Há um visível agravamento da degradação das moedas fiduciárias –  títulos não-conversíveis, sem lastro material, emitidos com base na confiança entre as pessoas: uma ordem de pagamento, títulos de crédito, dinheiro de papel, entre outros, alimentando o descrédito social e nos negócios. Criam inflação nos preços dos ativos, exarcebando a  desigualdade e as tensões sociais. Não se deve esquecer a iniciativa dos “fiscais do Sarney”: Basta um grito na multidão.

Um governo sério preparar-se-ia para quando esse carnaval se esgotar  , e não ignoraria as projeções do planejamento das políticas públicas. Analistas, como Cardenal enfatizam a necessidade de se enxergar aquilo que não se vê em tudo que se vê (Bastiat,…) . Pequenas coisas, atos impulsivos, casuísticos, voltados para administrar questões temporarias e específicas, tendem a produzir efeitos imprevistos. Qualquer iniciativa pontual precisa ter seus efeitos futuros projetados e avaliados: consequências imediatas podem ser favoraveis, mas as últimas podem ser fatais para as economias, para os governos e até para os regimes políticos. Um pequeno bem no presente poderá ser seguido por uma catastrófica mudança no por vir.

Olhando para 2020, parece que por aqui não houve, nem tem havido, preocupação com políticas de efeitos futuro. O déficit de U$ 260 bilhões no Orçamento e a  dívida de U$ 500 bilhões dos estados, inadimplentes, vai sendo deglutido irresponsavelmente  por todos. Geram-se  moedas e facilita-se endividamentos como se fossem algo corrigueiro. Ignoram-se os  riscos significantes pela frente. Lamentavelmente, visões levianas tem sido a resposta a todo e qualquer indício de estresse econômico e financeiro. A escolha mais popular tem sido a opção para os economistas gestores das políticas públicas.  Quando não dão certo, defendem-se dizendo comodamente que a  “crise teria sido pior sem nossas ações”. É aí que os acadêmicos entram, enfim, em campo.

*Jornalista e professor

 

Parabéns

Professor Bohmil Med lembra que hoje é Dia dos Compositores. Tanto faz, nas teclas do piano ou do computador. Usando notas musicais ou produzindo notas informativas. Notícias fortíssimas ou em pianíssimo. Com vida acelerada, desacelerada sempre com rubatos entre elas. Uma coisa é certa: tanto a notícia quanto a música precisam ser boas, ou para ter o reconhecimento do público, ou para gerar a satisfação ao criador.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

É triste a gente ver tanto apartamento vago, com seu proprietário no Rio, enquanto o Hospital Distrital se ressente de enfermeiros de categoria por falta de habitação. Funcionários estão no Rio, prontos para embarcar, muitos já venderam seus móveis e pertences, e não podem viajar por falta de moradia. Tudo isto é assunto para revisão. (Publicado em 24/01/1962)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin