Hora da limpeza

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Nestes tempos bizarros, a multiplicação de gravações secretas, envolvendo personagens do mundo político nacional e local, tem apresentado aos ilustres eleitores de todo o país e de Brasília, em particular, uma sequência ininterrupta das mais indiscretas e explosivas inconfidências. Gravações e delações têm o condão de trazer para o grande público a verdadeira face oculta de nossos representantes. Hoje, é sabido que a busca desesperada por cargos eletivos, obedece, em parte, a um raciocínio simplista. Por um lado, permite ao postulante adentrar para o seleto clube das raposas que vão controlar o galinheiro e os ovos de ouro. De outro, permite ainda que o eleito, caso apanhado em flagrante depenando a penosa, não seja importunado pelos homens da lei, graças à carapaça obtida com a odiosa prerrogativa de foro privilegiado.

A kriptonita para esses super homens do crime tem sido justamente a revelação de seus pecados ou a deduragem pura e simples de seus pares em busca de atenuantes. Aliás, a própria expressão dedo duro, ganhou uma nova vestimenta eufemizada, sendo conhecida, hoje, como delação premiada. Pelas parlapatices de Luiz Estevão, captadas pelo gravador indiscreto da futura ex-deputada distrital Liliane Roriz (PTB), os brasilienses vão tomando ciência de como opera e se distribui a maquinaria política praticada aqui na capital. De acordo com que revelou o ex-senador nas gravações, existem indícios de que dentro da Câmara Legislativa, entre outros ilícitos, há uma bancada da fatura, integrada pelos deputados Cristiano Araújo (PSD), Robério Negreiros (PSDB) e Rafael Prudente (PMDB). Juntos, esses dublês de parlamentares, mas que, na realidade, são donos de empresas de segurança e de conservação, faturaram, desde 2009, quase R$ 2 bilhões dos cofres do GDF.

No rastro do que revelou Estevão, surgem ainda sinais de que a atividade política dessa bancada bilionária, que também poderia ser denominada da fartura, rende lucros para as empresas. Somente no caso do distrital Robério Negreiros, dono da Brasfort, os lucros de sua empresa foram multiplicados 52 vezes depois de ser eleito, passando de R$ 4,1 milhões, em 2010, para R$ 210,6 milhões em 2015. Além desses nomes, Estevão cita a ex-deputada Eliana Pedrosa cuja família, proprietária da empresa Dinâmica, já lucrou com o GDF o equivalente a R$ 332 milhões desde 2009. Ilude-se quem acredita que esses nobres deputados ocupam assentos na Câmara local preocupados com as condições de vida e bem-estar dos brasilienses. Na verdade, e os lucros fabulosos dessas empresas assim revelam, a CL é usada como biombo para a prosperidade dos negócios da família. Que por sinal, vão muito bem, obrigado.

A frase que não foi pronunciada

“ Nunca mais o Estado brasileiro vai entrar no vermelho”

Presidente Michel Temer, sonhando com um jardim verde e amarelo no Alvorada

Fim de linha

É preciso ser muito sórdido para se aproveitar da angústia de um desempregado para plantar um golpe que rendia R$70 mil por mês. Depois de aliciar o trabalhador, os criminosos cobravam R$180 de um curso e preparo da documentação. A Polícia Civil do DF acabou com a farra pela Operação Fake Job e o juiz Luís Eduardo Yatsuda Arima, da 2ª Vara Criminal de Brasília, aceitou denúncia do Ministério Público do Distrito Federal. Doze mandados de prisão e 2 de busca e apreensão foram só o começo do fim da gangue.

Solução

Como é parte do jeitão de Brescianini, depois de esperar a resposta que não veio, ele mesmo deu a solução. Uma parceria com o metrô para a emissão das passagens e de cartões de integração ônibus-metrô seria o fim do problema fiscal.

Pelo DF

“Mandando foto já ajuda”. Trata-se de um aplicativo para celular e tablet que funciona para denúncias de invasões em área pública. O aplicativo foi desenvolvido pela Agefis em parceria com a Casa Civil. O protetor das terras públicas da cidade pode enviar uma foto ou localização com a imagem de satélite.

CDH

Durante a reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, na quinta-feira, Carlos Penna Brescianini, representante do Blog Ambiente e Transporte e ex-coordenador do Metrô/DF, fez uma pergunta que ninguém conseguiu responder, ou não teve coragem. Ele quis saber a razão de não se receber uma nota fiscal pelas passagens de ônibus compradas.

Realidade

Renata Cunha Santarém, estudante, quando indagada sobre a falta de nota fiscal para a compra das passagens no transporte público do DF rebateu com outro questionamento: “Nota fiscal? Nem o troco eles dão! Imagine o recibo.”

História de Brasília

Nós, entretanto, recomendamos aos inimigos do cerrado: o fósforo dado pela Campanha não serve para queimar matas. É para acender cigarros. (Publicado em 14/9/1961)

Reforma ou modernização trabalhista

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“Precisamos atualizar a legislação trabalhista para que a leitura fiel do contrato seja a mesma por parte do empregador, do trabalhador e do juiz. O investidor não pode conviver com o fantasma de uma ação trabalhista e de uma decisão injusta que onere seu patrimônio. Pretendemos prestigiar a negociação coletiva”. A afirmação do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que atiçou os sindicalistas, acendendo a luz amarela dos movimentos grevistas, vem num momento em que mais de 12 milhões de trabalhadores em idade produtiva estão sem emprego e sem perspectiva alguma de virem a ter a curto e médio prazos em todo o país.

A esse imenso contingente somam-se ainda 14 milhões de trabalhadores que sobrevivem na informalidade e no subemprego. Apenas com a situação irregular desses trabalhadores informais, a Previdência e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço deixam de arrecadar mais de R$ 80 bilhões por ano (dados do MTE de 2015), gerando um processo cíclico negativo, cujos reflexos são irradiados em cadeia, contaminando e tornando quase impossível a solvência do sistema como um todo.

O aumento na formalização da mão de obra é hoje um requisito fundamental nesses novos tempos de novas tecnologias. É preciso acertar com os trabalhadores, obviamente, pela via negocial da representação sindical, que a oneração das empresas, provocada pelo engessamento da legislação atual, contribui diretamente para aumentar o desemprego.

Estudos demonstram que, nos países onde imperam as flexibilizações nos contratos, como nos Estados Unidos, o percentual de desempregados é bem menor do que em outros (caso da França) em que a blindagem e a inflexibilidade nos contratos é norma corrente. É sabido que os contratos por horas trabalhadas ou por produtividade aumentam as chances de atrair para a formalidade milhões de trabalhadores que estão à margem do sistema. Especialista tem apontado para a necessidade de os acordos serem feitos com base no que está escrito no contrato.

O ministro Ronaldo Nogueira considera que, para o trabalhador, “o contrato por hora trabalhada vai ser formalizado e poderá ter mais de um tomador de serviço. Ele pode ter diversos contratos por hora trabalhada. Vai receber pagamento do FGTS proporcional, férias proporcionais e 13º proporcional, sendo que a jornada nunca vai ultrapassar 48 horas semanais, para não dar carga exaustiva”. A intenção do governo é apresentar um conjunto de reformas que dê, ao mesmo tempo, segurança jurídica para o trabalhador, fazendo com que a leitura do contrato seja fielmente interpretada, criando ainda oportunidades de ocupação com renda, além de consolidar e aprimorar direitos já alcançados.

A tarefa não é pequena. Por parte dos trabalhadores já sondados, há esperanças de que as mudanças resultem em algo positivo. Para os sindicatos e centrais, parece haver certa diminuição no poder e na capacidade de interferir na celebração dos contratos, já que esses documentos ficam mais objetivos e sem margem para interpretações variadas. Tal perspectiva, obviamente, não agrada os dirigentes sindicais, muito menos os partidos de esquerda, dos quais os sindicatos são apêndices ou franjas. Reclamam para ser do contra, sem pensar na classe trabalhadora.

Contratos modernos, confeccionados com base em horas trabalhadas ou por produtividade, são apenas algumas das inovações que virão em decorrência do mundo informatizado. Outras, como a universalização dos home offices chegarão a seu tempo, quer queiram, ou não. A resistência a mudanças, embora seja traço comum aos humanos, não pode e não deve prevalecer sobre o inexorável processo de evolução da civilização.

A frase que foi pronunciada

“Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras.”

Margaret Thatcher

Que falta faz

Na sessão da votação do impedimento da ex-presidente, depois de ouvir as ladainhas do senador Lindberg Farias sobre o uso da palavra, o ministro Lewandowsky deixou escapar em meio à gritaria: “ Cê tá doido seu”. Depois da palavra garantida ao senador Magno Malta, ao fazer uso da palavra, ele perguntou ao ministro que presidia a sessão. “Quem é que manda aqui? O senhor ou esse menino?” Dessa vez Lindberg riu e uma senadora sussurrou: “Parece a Escolinha do Professor Raimundo”.

A educação

Nesse mesmo dia, a bancada do PT em polvorosa, perdeu a grande chance de parar a conversa paralela e as ladainhas quando o senador Reguffe ocupou o microfone. Enquanto riam e conversavam de costas para o parlamentar do DF deixaram de aprender como se é eleito sem ter dinheiro. Nunca vão saber!

História de Brasília

Por capricho do destino, a Campanha de Educação Florestal está fazendo a sua divulgação em todo o país, para que não se ateie fogo às matas nessa época do ano, através de propaganda em caixas de fósforos. (Publicado em 14/9/1961)

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Desfile de personagens

Para um observador atento, que teve oportunidade ou disposição de assistir de perto o desfile de Sete de Setembro no Eixo Monumental, ficou patente que, no palanque principal, onde estavam as autoridades convidadas, apareciam, logo na primeira fila, uma sequência de novos personagens que, nos próximos dois anos, terão a missão, quase impossível, de operar uma plástica, ao menos cosmética, no rosto envelhecido precocemente de nossa democracia.

Ali estavam perfilados uma pequena mostra dos condutores momentâneos da nossa República, tantas vezes enxovalhada. Cada um com sua história particular. Ao lado de sua jovem esposa, espécie de Marianne à brasileira, o atual presidente, como herdeiro natural e legal, alçado à condição de titular não apenas por obra do destino, mas pelo conjunto da obra cometido pela antecessora, esboçava o ar misto de vaidade e preocupação com o peso da situação que terá pela frente.

Curioso observar que os três principais atores políticos desse novo enredo chegaram ao poder pela força da inércia dos acontecimentos. Temer, pelo esgotamento e a imposibilidade de Dilma em prosseguir adiante. Rodrigo Rollemberg, pela imposição da Justiça, que retirou do páreo ao GDF, o candidato favorito nas pesquisas, Roberto Arruda. Rodrigo Maia, terceiro na hierarquia da República, chegou à Presidência da Câmara dos Deputados no rastro do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, que, depois de empurrar Dilma para fora do poder e de uma sequência de histórias mal explicadas, perdeu o apoio e a utilidade para seus pares.

Três personagens quase postiços, mas de absoluta necessidade para dar prosseguimento à normalidade institucional. Como coadjuvantes que são, erguidos pela imponderabilidade dos desígnios de nossa história, têm papéis principais a desempenhar. Três personagens em busca de um autor, que neste caso será formado pelo conjunto de eleitores no pleito de 2018.

Brindados ou abalroados pela casualidade, somente o tempo e a sociedade dirão. Em todo caso, é sintomático que o pelotão em desfile que mais foi aplaudido e saudado pela população presente, mais até que as forças armadas, dona da festa de Independência, era formado por um pequeno contingente de policiais federais, todos vestidos de preto, bem em sintonia com o momento grave que atravessamos.

Já o ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski, também na linha de frente das autoridades, é, talvez, o único exemplar, entre todos, que, no futuro, não será julgado pelas urnas. Para ele, poderá sobrar um outro veredito, o de ter incorrido diretamente na Teoria da Cegueira Deliberada, quando fechou os olhos para o golpe desferido contra a letra da Constituição, permitindo uma novíssima e sui generis interpretação da Carta de 1988.

A frase que não foi pronunciada

“Quando o mundo vai cansar de morrer com a guerra?”

Fernanda Cavalcante, 5 anos, pensando enquanto vê o sofrimento das crianças refugiadas

Guerra pela paz?

De um lado: “A nossa bandeira jamais será vermelha!”. De outro: “Fora Temer”. Manifestações completamente pacíficas em Brasília. É hora de buscar a paz. O perigo é o desânimo. Vale ver como vão as eleições Brasil afora. Sem ânimo, poucos querem se candidatar. Há prefeitos que serão eleitos com um voto. Começa o perigo com o silêncio dos honestos.

Crime disfarçado

Engana-se quem julga ser a máfia das próteses a mais nefasta da saúde no DF. O número de cesarianas nos hospitais da cidade é um escândalo maior ainda porque, nesse caso, há a autonomia de vontade das parturientes com a anuência e conivência médica.

Importante

Foi um protesto geral a falta de visão humana dos canais abertos. Lucro em primeiro lugar. Totalmente fora das políticas públicas do governo sobre inclusão parece que não tem valido a pena as concessões públicas às tevês. Não é todo o público alvo que gosta de violência. É preciso apresentar contrapartida social e educativa.

Amigo de verdade

Como uma das últimas medidas na crença de que nada vá acontecer, Lula está sim, embaralhando o processo de investigação da Lava-Jato, enquanto aguarda as cartas na mesa. Esse jogo não vai terminar bem, e quem está pronto para cumprir a lei é o ministro Teori Zavascki.

História de Brasília

A indicação do cel. Dagoberto Rodrigues para o DCT é um merecimento. Desgarrado da grande equipe de Brasília, por forças das circunstâncias políticas, poderá se reencontrar com a oportunidade de prestar outro grande serviço ao país. (Publicado em 14/9/1961)

Brasília aos pedaços

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Triste capital do país. Obrigada, pelos descaminhos do destino, a se ver representada pelos mais estranhos personagens da nossa a sociedade, Brasília vai, a cada dia, encontrando seu lugar de destaque dentro do cenário nacional dos grandes escândalos políticos. Nesse quesito, nossos representantes nada ficam devendo em malfeitorias aos grandes mestres nacionais. A repetição quase monótona de casos de corrupção estampados em manchetes diárias serve para não deixar cair no esquecimento que vivemos ainda sob o signo da precariedade e do caos que tem tomado posse do Estado.

Difícil nesses dias é identificar nos noticiários onde estão das fronteiras entre os fatos políticos e as ocorrências policiais. Quando esse amálgama entre o bem e o mal passa a ocorrer com frequência, confundindo o cidadão de bem, é sinal de que o despenhadeiro está nas proximidades. Nem bem os brasilienses tiveram tempo de digerir os acontecimentos da Operação Drácon, que varreu toda a mesa diretora da Câmara| Distrital, eis que surgem agora novas gravações em que o primeiro senador cassado da República e representante do Distrito Federal, expõe claramente a podridão que corre solta nos porões da política local.

As declarações vindas a público merecem, por parte das autoridades judiciárias, uma investigação profunda para que a sociedade conheça quem são os 90 bandidos no grupo de cada 100 brasilienses mencionados pelo ex-senador.

A cada novo escândalo, novos modus operandi criminosos são armados para tungar o dinheiro do contribuinte. Mudam-se as táticas e investidas. No entanto, um fato tem chamado a atenção: em cada nova operação policial e investida dos agentes da lei, os mesmos e surrados nomes voltam a surgir, numa demonstração clara de que as ações anteriores da Justiça sobre esses indivíduos não surtiram os efeitos necessários, e eles têm prosseguido livremente na rotina de crimes.

“Nesta cidade, de cada 100 caras, 90 são bandidos. E vivem de bandidagem, putaria e sacanagem. Vivem roubando, tomando dinheiro, cobrando comissão, fazendo negócio fajuto com o governo local e com o governo federal”. Declarações como essa, vindo do empresário que mais ganhou dinheiro nesta cidade, ex-político e com trânsito livre entre as autoridades locais, merece uma resposta em forma de investigação. Caso contrário 90% da população podem pedir aos tribunais reparações e outras ações. Como está não pode ficar.

A frase que não foi pronunciada

“Se a justiça é cega, nunca acerta o alvo!”

Dona Dita, vendo os malabarismos hermenêuticos.

Nova lei

É mais do que natural que haja uma lei sanitária nacional para inspeção e controle de qualidade dos produtos produzidos pela agropecuária brasileira. Enquanto as normas federais, estaduais e municipais não forem unificadas, o consumo de alimentos será sempre um risco à saúde.

Causa e consequência

Depois do fatiamento no processo de impedimento de dona Dilma, a Câmara dos Deputados está com a faca na mão aguardando o processo contra Eduardo Cunha.

Ingenuidade

A proibição de aplicativo para alertar blitz no trânsito está cada vez mais unindo os vizinhos. No lugar do Waze a comunicação é feita pelo Whatsapp. Para que a proibição dê certo é melhor exterminar o celular.

Cidadania

Reconhecimento geral ao trabalho do Senado Federal na tramitação do processo do impeachment. Independente de posição partidária, todos os funcionários deram o melhor de si para o bom andamento das atividades. O senador Jorge Viana elogiou o desempenho os servidores e a diretora geral Ilana Trombka enalteceu a integração dos setores.

Competência

Por falar em Senado, a conversa no cafezinho era sobre a senadora Ana Amélia. Enquanto comentavam que ela nunca diz por favor ou obrigada, uma funcionária mais antiga alertou. Gente, ela fala sim. Mas com o olhar. Quem a conhece mais tempo consegue essa leitura.

Segredo

Um gênio da música. O deputado Rogério Rosso toca todos os instrumentos musicais. Homem de raciocínio rápido, é um desbravador das melodias e ritmos. Assim como o ministro Luiz Fux, é músico por natureza. A profissão e o cargo que ocupam são só passageiros. Estão autoridades, mas são músicos.

História de Brasília

E mais: publicar nesta coluna, só depois que ela sair sem assinatura. Com o meu nome, em hipótese alguma. Estamos conversados. É a lei de imprensa que me garante assumir a responsabilidade sobre o que escrevo. (Publicado em 14/9/1961)

Calcanhar de Aquiles do Brasil: a falta de educação

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Pode não parecer para muitos , mas o processo de erradicação completa do analfabetismo é uma condição sine qua non para o desenvolvimento material de um país. Esse fato explica por que não existe, dentro do seleto grupo de países desenvolvidos, nação alguma que tenha alcançado a prosperidade econômica, política e social sem que tenha resolvido, a priori, a superação do problema do analfabetismo.

Essa tese explica também por que o Brasil, em pleno século 21, ainda não conseguiu se inserir entre as potências globais, limitando-se ao voo de galinha dentro do que é chamado países em desenvolvimento. Temos sistematicamente desperdiçado o bem mais precioso para os seres humanos, que é o tempo, prejudicando o acesso de muitas gerações a educação de qualidade. A verdade é que nunca faltou dinheiro para o Brasil investir em educação.

O que falta mesmo é vontade política. Mas convenhamos. Com representantes da estirpe que estamos conhecendo por meio das ações do Ministério Público e Polícia Federal, o que é possível esperar? Como uma pátria pode ser educadora se suas autoridades não receberam educação em casa? A falta de consciência desses criminosos em relação ao ilícito cometido parece a simples falta de um pai ou de uma mãe por perto para colocá-los nos eixos.

Educação é exemplo. Só isso. Simples para quem preza pelas próximas gerações e por um mundo mais justo, solidário e humano. Já o caráter, a índole de um homem, nada mais é do que o seu destino. Nosso descaso secular com a educação é o responsável não apenas pelo ciclo perverso da miséria e do subdesenvolvimento que nos acorrenta, mas, principalmente, pela proliferação contínua de lideranças políticas medíocres para quem a falta de educação da população facilita e eterniza o processo de exploração.

Manter a população na escuridão da ignorância, cria a falsa necessidade de luminares e salvadores da pátria, pretensos portadores da lanterna de Diógenes, mas que são, de fato, postes sem vida e luz própria. Às vésperas em que se comemora o Dia Mundial da Alfabetização (8 de setembro) instituído em 1967 pela ONU, o Brasil tem pouco a festejar.

Segundo Relatório de Monitoramento Global da Educação 2016, divulgado agora pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil tem 13 milhões de pessoas , com 15 anos ou mais que não sabem ler, nem escrever (analfabetas), sendo que mesmo dentre as pessoas com escolaridade básica, apenas 15 % conseguem realizar, com sucesso, operações simples de aritmética.

Nosso país ocupa a oitava posição, entre as nações do mundo com maior número de adultos analfabetos. Se a situação é ruim no ensino básico, nas séries seguintes, mais avançadas, o problema da má qualidade da educação se repete de maneira monótona. De acordo com o ranking QS World University deste ano, a Universidade de Brasília (UNB) caiu mais de cem posições dentre os centros de ensino superior do mundo, despencando entre as 500 melhores do planeta para posições entre 601 e 650, numa lista com 916 instituições universitárias do globo.

Também em comparação com outras universidades da América Latina, a UnB caiu da 22ª posição, em 2015, para o 32ª lugar este ano. Mesmo diante dos índices e avaliações negativas em educação, o governo parece decidido, dentro do esforço de melhorar as contas públicas, a cortar cerca de R$ 1 bilhão no orçamento do Pronatec, reduzindo o número de vagas e os investimentos no programa em 45%. É o Brasil, deitado eternamente em um berço que parece esplêndido, mas, chegando mais perto, vê-se a ignorância cravada por todos os lados.

A frase que não foi pronunciada

Até criança fala a verdade. Por que esses marmanjos não criam vergonha na cara?

Dona Dita, aborrecida com tantos homens poderosos presos

Bomba

Brasília está em polvorosa com a possibilidade do impeachment ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Tudo vai depender do presidente do Senado, Renan Calheiros, se aceitará o documento do Movimento Brasil Livre.

Átrio

Começa a ser pulverizada a iniciativa do Ministério Público Federal em conclamar todas as unidades a dar um basta na corrupção. O Ministério Público do Distrito Federal apresentou um processo contra os ex-administradores regionais de Taguatinga, Carlos Alberto Jales, e de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira. Há provas de improbidade administrativa.

História de Brasília

Para os que gostam de caça e pesca, vejam esse resultado de fim de semana no nosso Dick Shaw, do Informador: 5 pacas, uma capivara e 80 quilos de tucunaré. Superou o recorde de “conversa de pescador”, que pertencia, até então, ao Auristelio Ponte. (Publicado em 12/9/1961)

Os ventos na política nacional

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Do PMDB já foi dito praticamente tudo. Arca de Noé, sem Noé e sem arca, dizia Jânio Quadros. Do que já foi falado até hoje, mais da metade é francamente desabonador para o maior e mais longevo partido político nacional. A legenda, durante os 20 anos de chumbo, sob o nome de MDB, era vista como esperança e esteio da democracia. Em seus quadros, militavam a nata do pensamento político da época, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e outros personagens ilustres. Durante aquele período, com a reforma partidária que reduziu o espectro político em duas grandes forças, coube ao MDB a missão de abrigar, sob o mesmo teto, todas as tendências, que, à exceção de uns poucos mais aguerridos, se fazia uma espécie de oposição desnutrida ao regime militar.

Aqueles foram os anos dourados da legenda e serviram como aprendizado para o futuro que chegaria ligeiro com a abertura política e com a campanha das Diretas Já . Com a morte de Tancredo e a posse de seu vice, o PMDB, mesmo no poder, caminhou a passos firmes para uma posição de centro-direita. Ocupando ou não a Presidência da República, o fato é que o partido nunca mais largou o poder. De oposição se transformou no que é hoje: um partido permanentemente presente na sustentação parlamentar de governos — qualquer um. Em troca desse apoio, já ocupou praticamente todos os ministérios da Esplanada, bem como as diretorias das maiores e mais ricas empresas públicas, além da Vice-Presidência da República.

É fato que, pelo arranjo que se tem hoje na estrutura político-partidária do país, é impossível governar sem o apoio dessa legenda. Aqueles que tentaram, como Collor e, mais recentemente, a presidente Dilma, foram simplesmente tirados do poder. Esse nicho apoderado pelo partido resulta na mais extravagante, confortável e rendosa posição que uma sigla pode ocupar. Forma a base do governo, quando ele vai bem das pernas. Passa tranquilamente para a oposição quando os ventos mudam e apoia as novas forças nascentes, tão logo essas oportunidades se apresentam. Passou cavalo encilhado na porta, PMDB monta e sai a galope em busca de novos horizontes.

É o pragmatismo elevado à condição do aqui e do agora na quintessência do termo. Quando, recentemente, o partido anunciou seu desembarque da base de apoio do governo petista, começou a contagem regressiva para o começo do fim de Dilma e sua turminha amadora. Antenado com a mudança dos tempos das vontades, o PMDB retirou a escada sob a primitiva e artificial Dilma Roussef, deixando-a dependurada no ar, segura apenas pelos fios do pincel. A gravidade e o peso excessivo do despreparo da presidente fizeram o resto. O golpe, que uma Dilma defenestrada saiu a bradar pelos quatro ventos, foi dado, isso, sim, por um partido que não tolera na mesa de jogos, amadores de qualquer espécie. O que o PMDB fez com a ex-presidente foi um verdadeiro golpe, mas, de mestre.

A frase que não foi pronunciada

“Cristo for vendido por 30 moedas. A UnB por 30 horas.”

Comentários sobre a promessa da nova reitoria da Universidade de Brasília em diminuir as horas trabalhadas sem tocar nos salários

Azarado

Novamente, o ex-senador Eduardo Suplicy tem sua carteira furtada em São Paulo. A primeira vez foi em um show, agora foi na manifestação Fora Temer. Ele registrou Boletim de Ocorrência.

Operação Greenfield

Novamente no centro das atenções os Fundos de Pensão Petros, Previ, Postalis e Funcef. Instituições que tiveram os princípios violados por gestões duvidosas para fins ilícitos e fraudulentos. O juiz que está no caso é o Dr. Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal em Brasília. Em São Paulo até agora foram 17 mandados de condução coercitiva e 44 mandados de busca e apreensão.

Jogos andando

Uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o texto do projeto de lei que libera o jogo no Brasil. Alguns parlamentares asseguram que ainda esse ano o assunto sera levado ao Plenário.

Ressarcimento aos cofres

Popular, Netinho de Paula usou a imagem da televisão para se candidatar. Anos depois, o ex-vereador de São Paulo foi condenado por improbidade administrativa. Ele precisa devolver o valor adquirido ilicitamente e terá os direitos políticos suspensos por nove anos. Quem decidiu a sentença foi a juíza Carmem Cristina Teijeiro. Se a moda pega aqui em Brasília….

Morango

A cada ano a Festa do Morango em Brazlândia conquista mais admiradores. Bem organizada e recheada de criatividade com preços justos. No próximo ano, poderia dar destaque aos produtos orgânicos. Assim com certeza conquistaria todo o país.

História de Brasília

A carapuça de “donos dos sindicatos” caiu sobre a dos “donos” do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília. Todos eles, um por um, são meus amigos particulares. No total, entretanto, por divergirem de pensamento me mandaram uma carta atrevida. (Publicado em 14/9/1961)

Representação política no DF é caso de polícia

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“Toda a nação tem o governo que merece”, a frase, dita pelo filósofo francês De Maistre, traz, simultaneamente, uma verdade e uma falácia de iguais teor e efeito. A declaração foi feita durante os episódios da Revolução Francesa no século 18, e repetida ainda hoje mundo afora, inclusive no Brasil. Ninguém contesta o fato de que os políticos eleitos para representar a população são escolhidos, em suma, porque se identificam e se parecem com quem os indicou.

A possibilidade de alguém votar num candidato totalmente diferente daquilo que é e acredita é quase remota. Escolhemos nossos representantes com base no que somos e no que queremos para o país. Nossos candidatos são, portanto, esculpidos à nossa imagem e semelhança. Nesse sentido, explicar a existência de tantos políticos com tão baixa qualidade moral para o exercício da representação popular significa apontar o dedo acusatório também para a baixa qualidade dos eleitores.

Na verdade, a frase de De Maistre ficaria mais atualizada se fosse reescrita desta maneira: “Todo eleitor tem o candidato que merece”. No caso de Brasília, submetida à imposição e ao arranjo artificial de ter representantes eleitos para os poderes Legislativo e Executivo, local e nacional, igualou a capital às demais unidades da Federação em todos os quesitos, inclusive, quanto à baixa qualidade de políticos eleitos.

Com um modelo desses, confeccionado sob medida para eleger os maiores aldrabões da redondeza, não surpreende o fato de a polícia, volta e meia, aparecer no encalço dos espertalhões, munida de mandado de busca e apreensão, prendendo e levando para depor autoridades que, por sua significância, deveriam ser exemplos de retidão.

Já foi dito aqui que, no plano nacional, não foi a direita que enxotou o governo petista do Planalto, foi a ação da polícia, a mando do Ministério Público, que fez a casa cair. O resto veio abaixo por inércia própria. Também em Brasília, que copiou o triste modelo, mais uma vez a polícia armada de autorização judicial cercou a Câmara Legislativa e, agora, o Palácio do Buriti, em busca de mais provas para dar continuidade à Operação Drácon. O objetivo é investigar a origem do dinheiro que o PM aposentado João Dias jogou sobre o então deputado Paulo Tadeu, hoje conselheiro no TCDF. Em ambos os casos, fica patente, mais uma vez, que a representação política no Distrito Federal é caso de polícia. Com a palavra, os eleitores responsáveis pelas indicações desastrosas.

A frase que não foi pronunciada

“A minha consciência tem mais peso pra mim do que a opinião do mundo inteiro.”

Marco Túlio Cícero

Do leitor

Em audiência pública no Senado, uma funcionária do Itamaraty rasgou o verbo sobre o assédio moral e sexual que acontece em nossos consulados mundo afora. Agora chega uma denúncia sobre a embaixatriz Tereza Carvalho, em Ancara, Turquia. Embaixatriz e não embaixadora, diga-se de passagem. A denúncia é sobre o suposto desrespeito e a arrogância com que trata os diplomatas e outros funcionários do local. Soube-se que ela e o marido serão transferidos para Moscou. O corpo diplomático de lá está apavorado. Problema para a equipe do ministro José Serra.

Flores

Ângela Amin está fazendo uma campanha intensa em Santa Catarina. O santinho é um pacotinho de sementes de girassol conclamando a população a florir Florianópolis. A estrategista do marketing é aqui de Brasília. Outro material de divulgação é o lápis semente. Quando chega ao fim, basta plantar a ponta que traz sementes.

Vergonha

Direito administrativo e direito constitucional são as duas gelatinas da Justiça. Sem forma definida, adaptam-se ao gosto do freguês. Em matéria de punição, nem se fala. Basta escolher a forma e as gelatinas se adaptam.

Deu na net

Dor de cabeça para o governador Rodrigo Rollemberg. Jefferson Rodrigues Filho, suposto estelionatário, tentou vender informações pessoais do governador à deputada Celina Leão.

História de Brasília

São 5 bilhões de cruzeiros, já vencidos, que a Novacap terá que pagar. É o resultado da política do sr. Jânio Quadros, que autorizava, e o ministro Clemente Mariani não pagava. (Publicado em 13/9/1961)

Ardis

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DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Com o novo entendimento do Senado de manter os direitos de a ex-presidente exercer funções públicas mesmo depois de cassada, abre-se uma via larguíssima para a reformulação de milhares de outros processos do gênero em que houve a condenação do réu e simultaneamente a perda desse direito de cidadania. Na previsão de alguns juristas, a repercussão em cadeia dessa decisão abarrotará as Cortes com um mar de processos com pedidos de revisão da dupla penalidade. Os efeitos são imprevisíveis, senão catastróficos. Políticos que foram cassados e perderam o direito de exercer função pública por oito anos, como o ex-senador por Goiás Demóstenes Torres e muitos outros na mesma situação, poderão recorrer pedindo isonomia de tratamento.

Também milhares de funcionários do Estado, condenados por corrupção e expulsos do serviço público, pedirão revisão de penas. O efeito cascata de uma decisão, que se comenta, foi discutida e esboçada algumas semanas antes à boca pequena, ao pretender dar interpretação, fora dos trilhos do que diz a Constituição em seu artigo 52, apenas para beneficiar uma única pessoa, conseguiu o feito espetacular de punir sem pena.

Além dos efeitos que essa medida poderá provocar na revisão de condenações passadas, todos aqueles que, de alguma forma, participaram dessa estratégia ardilosa, que no mundo do direito é denominada de chicana, poderão, no decorrer dos desdobramento do caso, vir a prestar esclarecimentos pormenorizados não só à opinião pública, que assistiu a tudo ao vivo e em cores, mas à própria Justiça instada para tanto. Caso seja verificada a armação de uma grande jogada para livrar Dilma da mão certeira da Justiça, o maior prejudicado nesse episódio será justamente o ministro em fim de carreira e duplamente presidente da Suprema Corte e do processo de impeachment, Ricardo Lewandowski.

Para os políticos envolvidos nesses acertos desconcertados, o episódio ficará marcado como acordos e conchavos próprios do métier. Para a sociedade, ficam, além dos prejuízos materiais com o pagamento de toda a gente envolvida no julgamento, os riscos reais de que, confirmada a tese do conchavo nos bastidores, o julgamento vir a ser, na totalidade, jogado na lata de lixo, por estar eivado de ações ilegais.

Se for invalidado por culpa dessas manobras, todo o processo poderá ser anulado. Depois de nove meses de gestação de um processo com amplíssimas possibilidades de defesa, o ponto final foi substituído pelas reticências das incertezas, o que poderá provocar alongamento desnecessário da questão, penalizando, como sempre, os mesmos de todas as vezes em que o sentido de República padece: os cidadãos brasileiros.

A frase que não foi pronunciada

“ O Brasil não é um país para amadores. Nem odiadores.”

Tentativa de explicação dos últimos acontecimentos para os estrangeiros.

Transparência

Nasce na segunda-feira, dia 5, nas primeiras horas da tarde, o novo sistema integrado de Ouvidoria do GDF. A demanda é do Conselho de Transparência e Controle Social que insistiu em melhorar o serviço prestado aos cidadãos. A responsabilidade do governo aumenta. Com o conhecimento dos problemas, as ferramentas para as soluções precisam estar preparadas. A cerimônia será no Salão Nobre do Buriti. A grande novidade desse sistema será a interatividade. Devidamente identificado, o cidadão poderá acompanhar a resolução do protocolo pelo celular. Basta entrar na página ouvidoria.de.gov.br e se cadastrar.

Auditoria

Os três dias que dona Dilma pediu para continuar no Palácio do Alvorada para a auditoria dos bens podem ser estratégicos. Com a enxurrada de protestos sobre a divisão da votação do impeachment, pode ser que ela fique por lá muito mais tempo do que se imagina.

Ação vermelha

Por falar no palácio, o leitor deve lembrar que a primeira providência do Partido dos Trabalhadores quando ocupou o Palácio do Alvorada foi mandar plantar no jardim, flores vermelhas que formavam a estrela do partido. Claro sinal do que viria no futuro. O que o país precisa é manter o pensamento do jardim verde e amarelo.

Nota Legal

Nessa semana, acontecerá a devolução dos créditos em dinheiro do programa Nota Legal. A previsão é que cerca de R$ 4,6 milhões voltem para os quase 35 mil contribuintes que fizeram as indicações em junho.

História de Brasília

Estão falando muito em moratória para o comércio em Brasília. Será um descalabro. Basta que a Novacap pague suas dívidas, e o comércio de Brasília funcionará que é uma beleza. (Publicado em 13/9/1961)

Bonomia enganosa

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DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Passados exatos oitenta anos da publicação da obra Raízes do Brasil, do historiador e crítico literário, Sérgio Buarque de Holanda, a atualidade certeira da obra, em seu enfoque sobre os percalços de nossa formação psicossocial, emerge com um frescor das coisas novas a cada grande crise que vamos experimentando no infindável processo de nossa formação como nação.
As mesmas características peculiares e ruinosas que identificou em nossa formação histórica e que iria permear todas as relações sociais desde a Colônia até a República, caso fosse vivo, reconheceria de imediato não só nas estruturas atuais do PT, mas em todos as dezenas de partidos que hoje lotam o parlamento. Em pleno século XXI ainda persistem as relações do tipo familiar em toda a estrutura política, inclusive nas próprias legendas partidárias onde é comum observar nos chamados núcleos duros, a presença de pessoas aglutinadas muito mais por afinidades pessoais do que por interesses e atributos puramente pragmáticos.

Há inclusive casos concretos de parlamentares eleitos que possuem como suplentes de seus mandatos pessoas da própria família. O “homem cordial”, apontado pelo historiador, como aquele indivíduo que tem dificuldades em separar o público do privado e que povoa a máquina do estado e as legendas com gente, cujo atributo maior é pertencer ao seu círculo íntimo, ainda é fato corrente.

As dinastias se sucedem no poder. Na política, nomes e sobrenomes são passaportes mais eficazes do que currículos acadêmicos. O caso mais emblemático está justamente no Partido dos Trabalhadores, onde a figura do ex-presidente Lula é reverenciada como a grande patriarca da legenda. Como um dos primeiros pensadores a aderir ao Partido dos Trabalhadores, ainda em sua fase embrionária, por sua conhecida independência intelectual, dificilmente Sérgio Buarque de Holanda iria aceitar os desvios de rumo que esta legenda tomou, tão logo chegou ao poder.

A dureza da pedra , dizem, é também sua maior fragilidade. Basta cair para se espatifar em pedaços. As suspeitas que recaem sobre o chefão petista sobre a propriedade ou não de um triplex e um sítio no interior paulista, assim como as relações suspeitas com ricos empreiteiros decorrem desta confusão e dubiedade herdada de nossa formação.

O afastamento, previsto constitucionalmente, de Dilma, foi encarado e mesmo estimulado pelas lideranças deste partido, como uma ofensa pessoal contra um membro da família e não como decorrente de aspectos racionais oriundos de sua total inoperância e acentuada soberba.

Sintomático é observar que durante todo este espetáculo final que marcou o processo de impeachment, em nenhum momento os interesses soberanos da Nação foram mencionados como prioritários, ficando esta questão relegada a um segundo plano. Pobre República.

A frase que foi pronunciada:

“Agora são dois números para denotar sorte. 13 para quem é petista e 31 para quem não é petista.”
Ernesto Goes, o observador

Muito simples
Regra número um para os políticos. Havendo chantagem partida de parlamentares, empreiteiros, doleiros, o caminho é a denúncia. Quem deu a receita foi o senador Ivo Cassol que estranhou o discurso de dona Dilma Rousseff quando disse que vinha sofrendo achaques do deputado Eduardo Cunha.

Próximos capítulos
Dona Dilma Rousseff entra para concorrer pelo voto popular com Paulo Paim e Ana Amélia para ocupar uma cadeira no Senado Federal. Tudo poderá mudar se conseguir se candidatar por São Paulo. Aí concorreria com Marta Suplicy. Bem mais interessante.

Mãos à obra
Líder do governo no Congresso, a senadora Rose de Freitas defende o avanço da economia do país com uma oposição responsável, e não ferrenha. Ajustes econômicos e despertar a confiança dos investimentos são os passos a seguir.

Dica
Leilão do Sesi Senai neste sábado. Visite a página informativo.parquedosleiloes.com.br

Ideias
Um minuto de vídeo, valendo até feito em celular. Assunto: Mulher e a superação da violência. A Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher no Congresso Nacional lança o concurso de vídeo. O prêmio será ter as imagens divulgadas pela TV Senado e TV Câmara. As inscrições já estão abertas e vão até o dia 22 de outubro. Mais informações na Câmara ou no Senado.

As enrolações na história brasileira

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DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Nesses dias árduos para a nação, muitos senadores, principalmente aqueles que buscam aconchego na esquerda, têm feito apelos alarmistas aos seus colegas sobre os perigos que uma decisão em favor do impeachment da presidente Dilma trará para suas biografias. Esses parlamentares vêm brandindo o alerta para a possibilidade de o tribunal da história vir a julgar e condenar no futuro todos aqueles que querem hoje a destituição da presidente.

Obviamente, repetem mais uma narrativa que tentam recolocar em trilhos tortos aquilo que muitos pensadores chamam de trem da história. Fica fácil perceber que, neste caso, quem não saltou do referido trem antes da chegada às estações mensalão e petrolão correu o sério risco de se transformar em cúmplice e vir a sentar também no banco dos réus, quando o tribunal da história for instalado e começar a proferir seu julgamento tardio e derradeiro.

Esse jogo de palavras serve, não só para amparar e dar racionalidade à narrativa daqueles que querem a manutenção do status quo. A tentativa de buscar enquadrar em metáforas a situação real de um país levado às cordas da depressão econômica serve apenas às fantasias do jogo vazio de palavras. Ainda assim, é possível trazer de volta a expressão lata de lixo da história para definir o que muitos acreditam ser uma década definitivamente perdida pelos brasileiros.

Com a confirmação agora do impeachment da presidente por 61 votos, contra 20, fica patente que a maioria daqueles onde o papel de representantes da nação foi confiado, não se deixaram intimidar por expressões fortes da língua e cravaram no presente o voto que põe um ponto final na narrativa surreal que empurrava o país de volta aos anos 1960.

Certo. Quando se fala em política, a dúvida está sempre presente. Pode, sim, ter havido um acordão para cutucar a Constituição Federal. Um lado diz que não houve improbidade, mas aceitou o impeachment, e outro disse que havia sim provas contundentes sobre a improbidade, mas aceitou que a dona Dilma não perdesse os direitos políticos.

Não há a mesma retórica que pregava a importância de ungir com o poder os chamados condutores da história, como as únicas pessoas dotadas de luz e capazes de conduzir toda uma nação ao bom caminho ou seja, no rumo traçado pela onisciência do grande guia. Trata-se de fantasiosa criação que a própria história dos povos, em todo tempo e lugar cuidou de desmentir com exemplos fartos. Metáforas em história servem apenas as fantasias e as alucinações daqueles que acreditam ser possível reger a marcha evolutiva da espécie humana, como se fossem pastores pajeando um simples rebanho de ovelhas.

A frase que não foi pronunciada

“Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades.”

Caio Fernando Abreu, jornalista

Raridade

Lendo o artigo “O tripé básico do atendimento de excelência”, de Erik Penna, é possível ver como o nosso comércio está longe do potencial aceitável. Olhos nos olhos, sorriso e alegria ao atender são as primeiras dicas para o contato com o consumidor.

Anatel

Insuportável a invasão de privacidade sistemática da operadora Claro. Uma ligação aparentemente normal até ser atendida. Ouve-se uma gravação comercial vendendo produtos e ofertas. Um abuso inaceitável.

Introdução

Uma maldade o que a médica do Hospital do Gama fez com a dona Maria Vidal. A médica a aconselhou a fazer o exame com urgência e atenderia depois para ver o resultado. Como essa possibilidade é remota em um hospital público, a família se uniu para poder pagar mais de R$ 400 pelo exame.

Desenvolvimento

Felizes por terem seguido o conselho da doutora, levaram o exame para a análise, conforme o prometido. A resposta da profissional da saúde foi: “Aqui não há encaixe. Consulta só daqui a um mês. Se eu disse que atenderia, não me lembro. É a sua palavra contra a minha”. Dona Maria, com mais de 70 anos de idade, não lê, não escreve. Está apavorada.

Conclusão

“Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.” Só para lembrar a profissional novinha e arrogante o que ela jurou quando escolheu a profissão.

História de Brasília

Um técnico vale tanto, que vejam o caso da Polícia. O sr. Jânio Quadros trouxe para Brasília o cel. Jaime Santos. Hoje, maior número detesta o sr. Jânio Quadros, e maior número admira o cel. Jaime Santos, pelo seu trabalho bem feito e bem orientado. Técnico é assim: fica. O político é assim: passa. (Publicado em 13/9/1961)