Discursos sinceros e raros

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

 

 

Ainda é ansiosamente aguardada pelos eleitores e cidadãos de bem deste país que ao menos um de seus representantes junto ao Poder Legislativo — sobretudo aqueles que, de alguma forma, têm seus nomes citados nas diversas delações e escutas feitas com autorização da Justiça — tome lugar na tribuna e assuma, de uma vez e com coragem, a total responsabilidade por seus atos, quaisquer que sejam eles.

O que a população, em qualquer tempo e lugar, jamais tolera é a covardia, o medo e a mentira. Dificilmente escaparia à empatia da opinião pública aquele indivíduo que, sem temor e de forma sincera, reconhecesse seus erros, vergasse a coluna e abrisse mão de suas funções e prerrogativas especiais e na contrição do recolhimento, aguardasse as punições devidas ou a declaração formal de sua inocência.

O destemor e a esperteza, encontrados em muitos políticos citados nas atuais investigações para delinquir e obter vantagens indevidas, desaparecem, como mágica, quando apanhados ou flagrados pela lei. Postos em confronto com diálogos absolutamente comprometedores, até agora, nenhum de nossos representantes legais fez um mea-culpa e se pôs a disposição e aberto para as consequências de seus atos. Talvez, faltem aos implicados no megaesquema de corrupção, justamente, a coragem dos homens de bem que não fogem à responsabilidade e, de antemão, recusam vantagens de qualquer tipo e em qualquer condição.

O que a população está aprendendo nesses tempos sombrios, de forma dura e com altos custos para todos, é que a covardia e o medo da Justiça são um atributo comum aos corruptos. A todos eles. O corrupto é, antes de tudo, um covarde, a quem falta, de saída, o desassombro para evitar e dizer não ao caminho fácil dos lucros mal explicados.

Dizer-se vítima de armações maquiavélicas e outras afirmações do gênero, que procuram passar a ideia de que acontecimentos ciclópicos e inevitáveis arrastaram a todos igualmente, além de pouco críveis, despertam no ouvinte, principalmente no eleitor consciente, a certeza de que a aposta feitas nesses candidatos foram vãs e até mesmo nefastas.

Discursos sinceros são o que interessa e o que mais fazem falta neste momento. Um dia, quando forem escritas e contadas às futuras gerações a história desse nosso tempo turbulento, restarão abertas e vazias as razões que levaram tantos a cometerem tantas desídias. Em seu lugar ficarão as inúmeras e fantasiosas desculpas, transformadas doravante em verdadeiros manuais do anedotário e da enganação política.

 

A frase que foi pronunciada

“É sempre a hora certa de fazer a coisa certa.”

Martin Luther King

 

Estrada

» Rodrigos fundamentais para o destino do presidente Michel Temer. Rodrigo significa governante poderoso. É justamente o que unge Rodrigo Maia e Rodrigo Pacheco. O ponto em comum é que os dois são favoráveis à obediência ao trâmite ditado pelo Regimento Interno. Pacheco, que preside a CCJ da Câmara, admite que pelo menos cinco sessões seriam necessárias para discussão, o que extrapolaria o prazo regimental. Até a presença do procurador-geral da República é cogitada. E as férias estariam chegando.

 

Resposta

» A respeito da nota “Controle Inoperante” (4/7/2017), esclarecemos que a Receita Federal sempre exerceu papel fundamental na Operação Lava-Jato, desde seu início. As autuações totalizam R$ 11,47 bilhões. Desse total, R$ 6,75 bilhões em créditos tributários, principal, multa e juros, foram constituídos após a deflagração da fase ostensiva das investigações. Mas, antes mesmo disso, a fiscalização já atuava nos casos que causaram prejuízo à Petrobras, ao realizar autuação de R$ 4,72 bilhões no caso Schain, relativo à produção de plataformas.

 

Convite

» Inspirado na série de livros Então, Foi Assim?, o pesquisador e escritor Ruy Godinho convidou Cris Pereira e Eduardo Rangel para compartilhar como acontece o processo criativo. No Sebinho Cult da SCLN 406, dia 11 de julho, às 19h30

 

Caos total

» Carros estacionados em pistas de acesso são cenas corriqueiras na cidade. Na travessia do Venâncio 2000, perto da entrada da Leroy nas pistas de acesso, no Setor Comercial Sul e em dezenas de localidades. Agora, imaginem em áreas residenciais, como quer a equipe do governo do DF. Há planos de dar aos moradores a possibilidade de transformar a residência em local de negócios. Isso sem citar as áreas verdes, cuidadas normalmente pelos próprios moradores, que seriam transformadas em comércio.

 

Leitor

» Senhores, gostaria de saber quais são as providências que o GDF, mais especificamente a Agefiz, está tomando no sentido de coibir a invasão no Parque Burle Max, na Asa Norte. A quantidade de barracos de catadores de lixo aumenta diariamente. Vários barracos de madeira e lona estão se formando no local, constituindo, visivelmente, invasão de área pública.

 

História de Brasília

Já sobre o passeio, aumentou a velocidade, e graças a Deus não apareceu nenhuma criança. O número da chapa é 79. O zelo para com a coisa pública não deve ser só do senador. Deve ser também do motorista. (Publicada em 30/09/1961)

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