Recursos ilimitados fazem a festa dos partidos enrolados com a lei

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

No ano passado, as mais de três dezenas de partidos políticos, que pairam como moscas sobre o Congresso Nacional, receberam R$ 738 milhões do Fundo Partidário. No ano anterior, o montante foi maior, da ordem de R$ 811,3 milhões. Não por acaso, as siglas que mais foram beneficiadas com esses recursos públicos integram também a lista das agremiações mais implicadas nas inúmeras denúncias levantadas pela Operação Lava-Jato e congêneres. Juntos, PT, PSDB, PMDB e PP ficaram com mais da metade da montanha de dinheiro.

A abundância de verba, derramada sobre os partidos, provocou, naturalmente, sobrevalorização das eleições, transformando as campanhas pelo país em empreendimentos de altíssimo custo, verdadeiros torneios milionários. Nessas disputas, o poder do dinheiro fala mais alto, deixando em segundo plano propostas políticas ou qualquer outro tema de interesse do eleitor. Mas ainda é pouco.

Na Câmara dos Deputados, tramita projeto de lei propondo a transformação do Fundo Partidário em Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD), que poderá contar com recursos de até 2% do Imposto de Renda da Pessoa Física, o que daria hoje algo em torno de R$ 3 bilhões. Apesar da dinheirama despejada, os partidos devem mais de R$ 120 milhões, entre multas eleitorais, dívidas previdenciárias e Imposto de Renda.

Graças ao poder constitucional para confeccionar leis, os políticos ensaiam aprovar agora uma medida para refinanciamento das dívidas em suaves prestações a perder de vista, espécie de Refis camarada. Para o contribuinte, transformado a cada quatro anos em eleitor compulsório, o preço a ser pago por voto, hoje, gira em torno de R$ 4. É preço altíssimo a ser pago por uma população pobre, ainda mais quando se verifica que esses partidos e principalmente seus políticos não entregam o que prometem. Pelo contrário, dão mau exemplo e, não raro, têm decepcionado o eleitor pelo comportamento antiético e até criminoso.

Somente as delações dos executivos da Oderbrecht deixaram claro que 415 políticos de 26 partidos estão envolvidos, de alguma forma, com os descaminhos da corrupção e com o recebimento de dinheiro de origem suspeita. Novamente PT, PMDB e PSDB aparecem no topo das agremiações citadas pela Odebrecht e que mais receberam recursos manchados.

Na lista manchada aparecem ainda siglas como o PP, DEM, PDT, PR e outras. Passadas estas primeiras fases de investigação e de apuração de responsabilidade feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, restará aos cidadãos a completa reformulação do atual modelo político, com a cassação do registro partidário das legendas verdadeiramente implicadas e de seus representantes, sob pena de virmos a repetir ad infinitum os mesmos erros, com prejuízos incalculáveis para o país.

 

A frase que foi pronunciada

“Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.”

Voltaire, filósofo

 

Uma beleza

» Entra PSDB, PT e PMDB, e a MEC AM continua com programação impecável. Isso é que é sintonia.

 

Novidade

» Segundo Paulo Baía, da UFRJ,  deve ser esperado em relação ao trabalho da procuradora-geral da República escolhida pelo presidente Temer: técnica jurídica e rigor nas decisões. Segundo o cientista político, o maior desafio será enfrentar a corrupção.

 

Absurdo

» O maior escândalo em termos de engenharia de tráfego é a saída do China in Box no CA do Lago Norte. Perigo constante, o certo é entrar na pista como se fosse na contramão. Se entrar para onde a curva leva, aí é acidente na certa.

 

Estranho

» Agora, com dias certos para faltar água, as contas chegaram depois de alguns meses de sacrifício da parte do consumidor. A Caesb não foi competente para proteger os mananciais que alimentam o Lago Paranoá, os consumidores recebem menos água por mês e pagam mais pela conta do que quando recebiam água todos os dias. Parece que tem cheiro de manobra nesse cálculo.

 

História de Brasília

Num raio de 40 metros, nenhum carro poderia estacionar e a passagem pela quadra 17 da Caixa Econômica ficou interrompida. Foi um tremendo sofrimento para o major Portugal, mas ele acha que a consagração ao presidente e ao governador de seu estado valeram por todas as dificuldades passadas nos dias de crise. (Publicada em 29.9.1961)

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