Brasília, criada para ser exemplo

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jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Ainda nos anos 1960, Brasília deu mostras para todo o Brasil e para o mundo de sua capacidade empreendedora e criativa de nossos profissionais. A construção de uma capital, no espaço de apenas um governo, com todas as dificuldades e limitações da época, foi acompanhada com admiração e até mesmo com um certo grau de ceticismo por muita gente. Eram outros tempos e naquela ocasião, era possível sentir, no próprio ar, um clima contagiante de forte otimismo e crença de que o país finalmente tinha entrado nos trilhos do desenvolvimento com democracia. Tudo parecia ser plenamente realizável, bastando, para isso, vontade e força.

Em 1964, a fase de otimismo cedeu lugar ao pragmatismo cartesiano castrista e Brasília ficou como que suspensa no ar por longos anos, como uma ilha cercada por um imenso continente adormecido. No plano ideal, Brasília seria disposta conforme concebeu seu idealizador. Lucio Costa, o inventor da capital, era um homem muito adiante de seu tempo. Quando pensou em Brasília, não quis criar uma cidade apenas no seu aspecto urbanístico.

Para ser uma cidade realmente revolucionária, dentro dos preceitos humanistas que professava, a futura capital deveria inovar não só no seu aspecto de espacial, mas, sobretudo, no seu ambiente social. Neste sentido, a cidade nova iria acolher e ser a casa do homem novo, fraterno, cordial e magnânimo. Para Lucio Costa, seu projeto para Brasília ia além de uma proposta de cidade. Era um projeto de nação, desbravador e feito nos moldes da tradição colonial. “Brasília, dizia ele, não é um gesto gratuito de vaidade pessoal ou política à moda da Renascença”… Testemunha a maturidade intelectual do povo que a concebeu, povo então empenhado na construção de um novo Brasil, voltado para o futuro e já senhor do seu destino.”

No clima de euforia daqueles anos, resultado, em parte, do fim da 2ª Grande Guerra, da industrialização crescente e do processo de urbanização do Brasil, a cidade que brotava do lápis de LC seria uma “cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas, ao mesmo tempo, cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de se tornar, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país”.

Talvez o maior exemplo da perseverança e ânimo que marcou aquela fase e que poderá servir de modelo para estes tempos de incertezas nos quais vivemos agora, seja o fato de, como diz seu inventor, “tudo aquilo, apesar da maquinaria empregada, foi feito com as mãos — infraestrutura, gramados, vias, viadutos, edificações, tudo à mão. Mãos brancas, mãos pardas: mãos dessa massa sofrida — mas não ressentida que é o baldrame desta nação”.

A frase que não foi pronunciada

“O que fazer com o direito de votar quando não há candidatos que nos representem?

Murilo Silva, 15 anos, pensando nas próximas eleições.

Quem sabe?

» Postado ao lado do Coral do Senado, o senador Jorge Viana não escondeu o entusiasmo com a música durante apresentação no Plenário pelo Dia Internacional da mulher. A senadora Vanessa Grazziotin cantou Clara e Ana do começo ao fim. O ex-senador Suplicy já cantou com o grupo.

Eles&Ela

» No cafezinho dos senadores, os banheiros trazem as seguintes plaquinhas: “SENADORES” e o outro “SENADORA”. É porque, à época, a única senadora da casa era Eunice Michiles.

Aplausos

» Presente no evento também estava a senadora Junia Marise, muito querida pelos funcionários.

Pianista

» Hoje é aniversário de Lígia Moreno. Nossa representante em concertos e cursos por todo o mundo.

Release

» Segundo pesquisa feita pela Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), 86% avaliam que o papel cultural das mulheres nas estruturas familiares ainda são fatores de interrupção de carreira. Para essa maioria, as mulheres arcam com uma parte desproporcionalmente maior das tarefas domésticas e, especialmente, na maternidade, inibe e reduz promoções e também as ambições femininas por cargos mais elevados. Para 78% , o fator maternidade ainda causa interrupções ou pausas nos planos de carreira para mulheres executivas.

Contrapeso

» Contratos abusivos são rejeitados pela Justiça. Mesmo que assinados pelas duas partes. O direito do consumidor ganha força. Planos de Saúde são os mais ousados. Recebem por meses pagamento de clientes que não fazem uso do plano e se recusam a cobrir o atendimento ou exames quando eles precisam.

História de Brasília

Quanto ao final de sua carta, seu Rogério, quero lhe dizer que tenho, dentro de mim, um aparelho que se chama desconfiômetro, que me faz saber onde meto o bedelho, e como fazê-lo. (Publicado em 23/9/1961)

Gestão em dieta

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Quando se verifica que mais da metade do orçamento do Distrito Federal é apoderado por menos de 7% da população, alguma coisa, com certeza, está fora da ordem Numa situação tão disparatada como essa, é óbvio que as finanças públicas, pelo lado das receitas, jamais se acertarão com as despesas, acumulando passivos sucessivos.

Para um orçamento, aprovado pela Câmara Legislativa para 2017, da ordem de R$ 28,7 bilhões, R$ 14,6 bilhões, ou 50,8% do total, serão destinados apenas para o pagamento com a folha de pessoal. Esse porcentual está muito acima do que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal quanto ao chamado limite prudencial, que é de 46,55%. Fosse o GDF uma empresa privada, a primeira medida e mais urgente para sanear as contas, devolvendo alguma racionalidade ao sistema, seria o corte ou enxugamento de despesas da folha salarial, a começar pelo pessoal que recebe os maiores proventos. Ou é isso, ou a empresa vai à bancarrota.

Não fosse o aporte de R$ 13,2 bilhões do Fundo Constitucional para custear segurança pública (R$ 7,8 bi); saúde (R$3,4 bi) e educação (R$ 2 bi), o GDF há muito teria fechado as portas por inadimplência. Em época de recessão profunda da economia, com a maioria dos estados da Federação em situação de insolvência flagrante, inclusive o próprio Distrito Federal, a decisão tomada agora pelo governador Rollemberg de propor um limite aos supersalários de servidores públicos soa razoável, embora insuficiente para sanar as finanças da capital.

Antes é necessário enxugar a máquina, cortando gastos. Ainda é necessário reconhecer que esta medida, embora acertada, surgiu tão somente em decorrência da forte pressão exercida pelas mídias sociais quando vieram à tona os altíssimos valores dos salários recebidos por funcionários das empresas públicas e dos órgãos do governo, muito acima do que manda o teto constitucional.

A bem da verdade, trata-se de escândalo de grandes proporções que não deveria se esgotar com a simples correção dos supersalários via emenda da Lei Orgânica do DF. O correto seria a devolução desses valores recebidos a mais, retroativo à época em que entrou em vigor a lei que estabeleceu o teto salarial para o funcionalismo público. Numa situação tão anormal como essa, não surpreende que o GDF chegue a gastar quatro vezes mais com segurança pública do que com educação. Quando a educação cívica falha, e a ética vira coisa do passado, só mesmo recorrendo a polícia para dar um corretivo.

A frase que não foi pronunciada

“Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e a não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista.”

Cora Coralina

Manifestação

» Por falar em mulher, um visitante do Congresso que tomava cafezinho na Câmara confessou que adoraria estar hoje na Praça dos Três Poderes para atender ao chamado da senadora Gleisi Hofmann. Mas não tinha a quem pedir que arrumasse a casa, fizesse o almoço ou levasse a filhinha para a creche.

Descaso

» Desde 1960 em Brasília, o leitor Trajano de Faria Neto, que agora mora no Noroeste, reclama do descaso e do abandono em relação à invasão na área do Parque Burle Max. O metro quadrado mais caro da cidade está sendo favelizada por invasões que misteriosamente não são combatidas pelo governo Rollemberg. Até assaltos estão se tornando comuns na área que foi vendida como nobre.

Tesouro Nacional

» Vera Siqueira divulga os museus da cidade e convida o leitor para navegar no portal www.museucapital.com.br

Sem explicação

» Quando um criminoso liga da cadeia, com um celular que deveria ser proibido, e pede resgate, passa o número de uma conta bancária para o depósito. O que os bancos, que anunciam lucros estratosféricos, fizeram para impedir essa prática? A pergunta foi feita por um estrangeiro querendo entender a responsabilidade civil no país.

História de Brasília

O que eu combato é isto. É fazerem relação de cargos para “distribuição gratuita” entre os amigos, afilhados e necessitados políticos. (Publicado em 23/9/1961)

Só Bartolomeu salva

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com Circe Cunha e MAMFIL

Decisão não tomada, diz o filósofo de Mondubim, é destino aceito. Com relação à crise hídrica que, vergonhosamente, vem assolando a moderna e planejada capital do país, a negligência e mesmo o conluio de seguidos governos, ao não tomarem para si a responsabilidade e a decisão estratégica de construir o imenso Lago São Bartolomeu, conforme previsto desde os anos 1960, decretariam, como destino certo para um contingente de 3 milhões de habitantes da grande Brasília, as mesmas agruras da escassez de água potável, que antes era conhecida apenas nas regiões desassistidas do semiárido do Brasil.

Esse lago, que nunca chegou a sair do papel, seria três vezes maior que o Paranoá, com uma área de aproximadamente 40 km² e se estenderia de São Sebastião até Planaltina. As águas que abasteceriam esse lago viriam dos rios São Bartolomeu, Paranoá, Pipiripau e Mestre D’Armas. Especialistas em planejamento e gestão ambiental são unânimes em reconhecer que Lago São Bartolomeu propiciaria abundante e prolongado fornecimento de água de excelente qualidade, a baixo custo de captação e tratamento.

Além disso, a localização do reservatório, num platô elevado e próximo às grandes áreas urbanas, facilitaria a distribuição da água por gravidade. Esse gigantesco espelho d´água contribuiria também para a formação de um microclima mais úmido na região, propiciando ainda ligação aquática entre localidades distantes e as atividades pesqueiras.

Ao Lago São Bartolomeu recairia a atividade de uma significativa produção de energia elétrica por meio de uma barragem com quase 30 metros de altura. Todo esse potencial estratégico ficou perdido e pode, sem dúvida alguma, entrar para o cálculo de outras ações ou omissões que resultaram na atual crise de abastecimento e de racionamento de água.

Ressalte-se que não é de todo descartada a possibilidade de, em algum momento, uma ação civil vir a cobrar do governo a construção imediata desse lago, conforme previsto originalmente no planejamento da capital, até por uma razão de segurança nacional, já que inviabilizar a capital pela falta de um insumo vital, como a água, é assunto da mais alta seriedade que pode comprometer o país como um todo.

Em meados dos anos 1980, quando os trabalhos de zoneamento finalmente ficaram prontos e foram divulgados, houve uma tímida intenção de se iniciar as obras. Mas, àquela altura dos acontecimentos, o Distrito Federal, por decisão até hoje discutível de um pequeno grupo, resolveu adentrar para o labirinto sujo da emancipação política, conforme brecha aberta pela Constituição de 1988.

A partir desse momento, passou a prevalecer a forte pressão de grupos locais, formados por políticos espertalhões, empresários gananciosos e grileiros acobertados por ambos, numa triangulação nefasta e predatória que conduziria à atual situação que experimentamos hoje. Trata-se aqui de um grande crime político-ambiental que não pode ser deixado de lado e esquecido e que, de alguma maneira, tem que ser revertido e devidamente apuradas as responsabilidades.

A frase que não foi pronunciada
“O muro que Trump ameaça construir entre os EUA e o México, separando terras que antes pertenceram, por direito, ao próprio povo mexicano, será o mesmo que , em pouco tempo. irá aprisioná-lo, afastando sua triste figura do restante da humanidade.”
Obama pensando no futuro de seu sucessor

Divulgação
» Hélio Socolik, professor de economia há cerca de 25 anos,dá aulas de alfabetização em matemática para adultos e jovens com dificuldades nessa área. As aulas em grupo são sem ônus. São realizadas na Igreja do Perpétuo Socorro, às terças-feiras e às sextas-feiras, das 18h às 20 horas. Interessados devem ligar para a igreja, 3248-0430, ou para mim, 3248-3577.

Leitor
» Caso continue a esperar sentado pelo cumprimento natural do dever pelas autoridades brasileiras, daqui a 100 anos, as águas continuarão carregando casas e vidas, como carregaram desde sempre. Essa massa de 200 milhões precisa sair da condição de gado manso e passar à ação efetiva. Mas, antes, os formadores de opinião precisam escrever que essa mudança se faz necessária. Parte da missiva é do leitor Pedro Cardoso da Costa.

Release
» Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, o Conselho Regional de Farmácia do DF dará atendimentos gratuitos na Praça Central do JK Shopping (Piso L1), amanhã, das 17h às 20h. O público feminino poderá receber orientações sobre o uso correto de medicamentos, principalmente anticoncepcionais, e sobre a prevenção do câncer de mama e do colo do útero, além de aferição de pressão arterial e de glicemia.

História de Brasília
O que eu combato é isto: é fazerem relação de cargos para “distribuição gratuita” entre os amigos, afilhados e necessitados políticos. (Publicado em 23/9/1961)

Analfabetismo ambiental e oportunismo político

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com Circe Cunha e MAMFIL

Com a redução progressiva dos níveis de água nos reservatórios que abastecem o Distrito Federal, o que vai aflorando à vista de todos é, além de velhos troncos de árvores retorcidas, a história de uma sucessão de crimes políticos e ambientais que resultaram numa gravíssima e crescente crise hídrica que ameaça inviabilizar o próprio futuro de Brasília.

“Quando a maré baixa é que descobrimos quem estava nadando nu”. A frase do megainvestidor americano Warren Buffett serve perfeitamente, como um traje de mergulhador, para o grave problema da escassez de água no DF.

Os níveis de água baixaram pondo a descoberto agora a aliança perversa que, por décadas, foi estabelecida entre o oportunismo político, a ganância empresarial, o analfabetismo ambiental e o descaso da própria população. Culpar o aquecimento global, os caprichos dos regimes de chuvas, o El Niño e outros fenômenos climáticos é tudo que podem fazer e querem os sujeitos desse crime anunciado para se livrarem do veredito severo das novas gerações e de todos aqueles que têm consciência da importância da preservação dos biomas para a vida humana.

A partir da década de 1980, com a emancipação política do Distrito Federal, tem início um acelerado processo de devastação e degradação do cerrado, para abrir caminho à ocupação urbana desordenada comandada por governantes e políticos locais em conluio com desembargadores, juízes e empreiteiros espertalhões.

Durante décadas, essa turma enxergou na invasão de terras públicas e particulares, mesmo aquelas protegidas por lei, como Área de Proteção Ambiental (APA), a moeda política e econômica ideal que permitiria a perpetuação do modelo: um lote, um voto.

Sob a batuta desses dirigentes inescrupulosos, governadores e deputados distritais criavam novos assentamentos e incentivavam a invasão de outros. Dando cobertura legal a essas autoridades, juízes e desembargadores concediam enxurradas de liminares, impedindo fiscalização e derrubadas de invasões.

No apoio logístico, a CEB e a Caesb vinham logo atrás, ligando, com presteza incomum, luz e água nos assentamentos irregulares, para dar a ocupação como fato consumado. Documentos de IPTU eram providenciados às pressas para dar alguma legalidade ao crime.

Grileiros e empreiteiros faziam a festa e a fortuna com a farra das terras. O que resultou desses anos loucos e irresponsáveis muitos, hoje, puderam perceber e sentir na pele. O assoreamento, a poluição e o soterramento de nascentes, o desmatamento de matas ciliares, a impermeabilização dos solos e outros danos irreparáveis ao meio ambiente foram o que ficou de herança da irresponsabilidade política que, por incrível que pareça, ainda persiste de modo velado e com a mesma força destruidora.

A frase que foi pronunciada

“Acreditar em algo e não o viver é desonesto.”

Mahatma Gandhi

Interação

» Por falar em água, a Caesb precisa abrir uma linha telefônica e configurar o WhatsApp para a população informar sobre vazamentos.

Voo

» Pela terceira vez, a Latan faz pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Brasília. Na semana passada havia fumaça no avião.

Talento

» Moema Craveiro Campos fez aniversário. Pianista e sanfoneira de dedos ágeis e graça que só ela tem. Feliz Ano Novo!

Menos imposto

» Atenção! Se você tem 60 anos ou mais será isento do IPTU. A lei diz o seguinte: O direito é garantido pela Lei Distrital 5638/2016, que modificou o inciso VII do artigo 5º da Lei Distrital 4727/2011, isentando do IPTU, até 31 de dezembro de 2019, “o imóvel com até 120 metros quadrados de área construída cujo titular, maior de 60 anos, seja aposentado ou pensionista, receba até dois salários mínimos mensais, utilize o imóvel como sua residência e de sua família e não seja possuidor de outro imóvel”.

Difícil

» Voltaram as invasões de residências na capital. Sem cerimônia, os bandidos pulam cercas, quebram vidros, amarram as pessoas, ameaçam e levam tudo o que foi conquistado pelo trabalho.

Orgulho

» Jeanne Maz, neuropediatra, comemora o doutorado de Chael Luigi de Souza Mazza, seu primogênito, que defendeu a tese intitulada “Inovação, desempenho e coprodução no setor financeiro”, estudo de companhias brasileiras de mercado aberto.

História de Brasília

Há, também, o caso de um senhor goiano, que, com um papel na mão, disse a um amigo nosso que entregaria ao senador José Feliciano aquele papel e que ali estavam todos os cargos da prefeitura. Terminou dizendo isto: o cargo do Ari Cunha, é uma questão de honra para o PSD de Goiás. (Publicado em 23/9/1961)

Saneando a Caesb a água volta a fluir

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Caso não sejam corrigidas, com presteza, todas as variáveis que concorrem para a crise hídrica que assola a capital do país, a primeira vítima desse flagelo anunciado será, sem dúvida alguma, o próprio governador Rodrigo Rollemberg, que poderá ter a carreira política encerrada de forma seca, definitiva e melancólica. Em relação à crise, nenhum número ou dado pode ser desprezado.

Na verdade, a maioria das variáveis quantitativas conhecidas até agora depõe contra o sistema de fornecimento de água e, objetivamente, contra a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). A começar pela folha salarial milionária da empresa. São mais de R$ 17 milhões mensais para pagar 2.500 funcionários.

A empresa, dirigida por um parente do governador, tem em seus quadros motoristas recebendo mais de R$ 20 mil mensais. Há funcionários cujos os penduricalhos incorporados ao salário-base chegam a perceber muito acima do que determina o teto constitucional. Uma pesquisa rápida nesses dados revela salários absurdos de R$ 33 mil, R$ 65 mil, R$ 95 mil. E, note-se bem, a fonte de pagamento desses servidores sortudos são as tarifas cobradas dos consumidores. Talvez resida nesse fato prosaico a razão de o brasiliense pagar o maior preço de todo o país pelo metro cúbico da água.

Ressalte-se que a Câmara Legislativa, a Caesb e a própria Adasa vão na contramão da economia quando cobram por faixas de consumo. De que adianta o consumidor economizar usando só 3 mil litros de água se terá que pagar por 10 mil litros? É o que diz a famigerada lei distrital. Nos dias de hoje, é um estímulo ao gasto.

Enquanto em São Paulo o metro cúbico custa ao consumidor R$ 1,30, em Brasília, pagam-se R$ 4. Os absurdos não param por aí. Somente nos últimos seis anos, por conta da demanda crescente, houve um aumento de 80% no preço da tarifa, isso sem contar com a taxa extra de 40% cobrada de quem consome acima de 10 metros cúbicos mensais, a título emergencial decorrente da crise, além, óbvio das multas por atrasos e outras cobranças abusivas.

A chamada tarifa social, que em São Paulo dá descontos de até 66%, em Brasília o valor cai para apenas 23%. Essas discrepâncias surreais só podem ter como explicação o fato de ser a Caesb uma empresa ungida com o poder do monopólio de distribuição desse insumo vital para mais 3 milhões de pessoas. Nem as leis soberanas do Código de Defesa do Consumidor têm poder sobre ela.

Qualquer ação judicial contra a companhia, como cobrança abusiva ou má prestação de serviço, só pode feita de modo indireto, por meio da Vara da Fazenda Pública, onde os processos são caros, morosos e 93% decididos em favor da empresa.

Trata-se, pois, de uma empresa devidamente blindada por legislação discutível e que, por isso, mesmo não teme e não dá a menor atenção para os consumidores. Pudesse a população de Brasília contar com uma Câmara Legislativa de credibilidade e com algum nível moral, bastaria a instalação de uma simples Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para solucionar, sem maiores traumas, a atual crise hídrica. Não seria demais afirmar que a fonte principal da crise hídrica se encontra alojada na própria empresa e no modo como está atualmente estruturada. Saneando a Caesb, a água volta a fluir.

A frase que foi pronunciada

“A probabilidade é de que, em 100 mil anos, ou teremos nos rebaixado a um barbarismo selvagem, ou então a civilização terá se desenvolvido além do imaginável, em colônias através do espaço sideral.”

Richard Dawkin

Bate-papo

» Uma parada na padaria Pães e Vinhos e um bate-papo com o senhor José Mario Campos Guimarães. Desde Epitácio Pessoa, quando instituiu a Missão Cruls, que se hospedou na casa de Salviano Monteiro Guimarães — onde hoje é o Museu em Planaltina —, até a morte estúpida e inexplicável da professora Stela dos Querubins Guimarães.

Economia e conforto

» Danniel Mosse era um aluno gênio do Colégio Objetivo. Hoje, ele está em Pittsburgh, comandando uma pequena empresa, a HiberSense. A equipe criou uma solução para controle de clima residencial. Trata-se de um termostato distribuído que cria uma zona de rede de sensores que controlam a temperatura, umidade, movimento do split, luz e pressão do ar. São formas simples ou complexas de deixar o meio ambiente totalmente agradável. Tem até um algoritmo de autoaprendizagem que lembra horários e temperaturas desejadas para cada cômodo da residência.

Segredo

» Se há uma coisa que ninguém no país pode botar defeito é no jardim da rede de shoppings dos Jereissatti. O patriarca é quem comanda o verde. Projetos, plantios, conservação, tudo passa por ele.

Embrapa

» Vale uma visita ao portal da Embrapa. Vários livros disponíveis para baixar. Desde o plantio de maracujás com centenas de perguntas e respostas até o serviço de atendimento ao cidadão, com vários esclarecimentos úteis.

Mais participação

» Uma novidade no cartão reforma que subsidia obras de conservação para pessoas de baixa renda: a senadora Ana Amélia quer todos os bancos oficiais envolvidos na ação, e não só a Caixa.

História de Brasília

Asneira, e asneira grossa. Porque se for este, o caso de honra do PSD de Goiás, jamais vou querer que o partido perca sua honra, e desde já ponho à disposição dele o meu cargo. (Publicado em 23/9/1961)

Eterna vigilância

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com Circe Cunha e MAMFIL

Há males que acontecem para que tenhamos presente na consciência o quão frágil são as circunstâncias da vida. Nas eleições americanas, não foi obra do acaso a chegada ao poder de um personagem que não se enquadra, de modo algum, nos moldes tradicionais da política dos Estados Unidos. Muito pelo contrário. A vitória de Trump se deu graças ao comodismo e ao cochilo de muitos americanos desiludidos com a classe política e que, simplesmente, não compareceram às urnas. Onde estava toda essa gente que agora protesta e que não deu voto algum? Perguntou a candidata derrotada pelo partido democrata, Hillary Clinton.

O descaso dos eleitores com o processo eleitoral resultou a vitória de um presidente que, agora, ameaça os direitos de muitos. Trump anunciou, entre outras medidas polêmicas, o aumento substancial das Forças Armadas, dando sinal verde para a velha corrida armamentista mundial, inclusive com a construção de novas ogivas nucleares. As indústrias bélicas estão em êxtase total. Mais armamentos, obviamente, significa o planejamento de novas guerras.
Para efetivar seu sonho belicista, o novo presidente vai retirar recursos de outras áreas, como a de proteção do meio ambiente. Os prejuízos decorrentes do afrouxamento da eterna vigilância vão repercutir negativamente em todos por muito tempo.

No Brasil, o mesmo fenômeno da displicência cívica se repete por décadas com repercussões negativas para todos indistintamente. Atrás do chamado voto útil, muitos eleitores escolhem aleatoriamente candidatos que, em pouco tempo, terão o nome estampado nas várias frentes de investigação policial, implicados em casos de corrupção e de desvio de recursos públicos. Todas as centenas de parlamentares citados nas recentes delações premiadas foram postas onde estão, por eleitores desatentos e pouco preocupados com as consequências do voto.
Elege-se quem subtrairá nossa carteira de dinheiro. Ao fim e ao cabo, os eleitores são corresponsáveis por quem indicaram ou pela omissão, inclusive, pelos corruptos que, alçados a postos de importância dentro da máquina do Estado, se utilizam da posição para delinquir e enriquecer.

O que ocorreu agora nos Estados Unidos se repete no Brasil e em todos os lugares onde não existe um comprometimento sério por parte dos eleitores. Em 1933, o mesmo fenômeno aconteceu na Alemanha. O voto popular guindou o nazismo para o comando daquele país, com as consequências que hoje conhecemos. Essa repetição sistemática de descaso dos eleitores, aqui e em todo o mundo, e em qualquer época, é a prova de que, ao longo de décadas, não aprendemos nada, não esquecemos nada, embora padeçamos das consequências de nosso cochilo, justamente naqueles momentos em que deveríamos estar em vigília máxima.

A frase que foi pronunciada

“Hillary Clinton cumpriu a promessa de revelar ao mundo os segredos dos ETs, guardados a sete chaves nos cofres da poderosíssima Nasa. E foi muito além… Apesar dos três milhões de votos de sobra, ela perdeu as eleições, mas conseguiu colocar um gigante ET na Casa Branca.”

Amarílio Carvalho, leitor

Release
» Segundo a Câmara Americana do Comércio, 95% das empresas acreditam em melhora nos resultados comerciais neste ano. Foram ouvidos 326 empresários e executivos durante Seminário Perspectivas Comerciais, Econômicas e Políticas. A maior esperança é que a reforma trabalhista ou a modernização da legislação trará impacto em médio prazo, tanto em retomada dos investimentos como também no volume de postos de trabalho.

Social
» Volta e meia aparece alguém dormindo de madrugada no paredão da Rodoviária perto do Conjunto Nacional. Justiça seja feita. O governo Rollemberg e a equipe do secretário de Desenvolvimento Social, Antonio Gutemberg Gomes de Souza, sempre resolvem o problema de forma eficiente e humana.

Nem leite nem barro
» No Setor de Mansões do Lago Norte, um morador postou no WhatsApp da rua o que aconteceu quando resolveu limpar o filtro que usava para limpar a água da Caesb antes que chegasse aos canos de casa. Puro barro. Depois dessa fase, a empresa coloca tanto químico que a água chega como leite.

Recife

» O que mais impressionou no carnaval deste ano foram os músicos do frevo tocando erguidos por um guindaste a 40m. Até o maestro da orquestra Aerogroove, pendurado por um guindaste, estava postado em frente à orquestra. Foi impressionante.

Tudo de novo
» O asfalto que chegou até a Cidade Ocidental não recebeu manutenção. Os estragos feitos pelos últimos dias de chuva fizeram com que várias partes da cidade voltassem ao tempo do barro.

Segredo
» Por excesso de cavalheiros, a turma Nova de Forró na CDMA, Asa Norte, está oferecendo desconto de 50% na mensalidade com a professor Pat Borges.

História de Brasília
Há, também, o caso de um senhor goiano, que com um papel na mão, disse a um amigo nosso, que entregaria ao senador José Feliciano aquele papel e que ali estavam todos os cargos da Prefeitura. Terminou dizendo isto: o cargo do Ari Cunha, é uma questão de honra para o PSD de Goiás. (Publicado em 23/9/1961)

A forma da reforma

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Se for comparada à uma guerra convencional, a reforma da Previdência Social, anunciada pelo governo Temer como única solução para evitar a falência do sistema em curto espaço de tempo, terá que enfrentar, daqui para frente, batalhas decisivas no céu, no mar e na terra e, ainda por cima, neutralizar os movimentos do tipo, quinta coluna, em que infiltrados na base de apoio trabalham diuturnamente para sabotar a proposta que tramita no Congresso. Pelo que vem se armando até aqui, essa reforma se constitui, sem dúvida, no maior desafio a ser vencido pelo atual governo, já que todas as administrações anteriores não tiveram a coragem política para enfrentar o problema que crescia de forma complexa a olhos vistos.

Para a maioria dos políticos envolvidos na questão, qualquer problema que ultrapasse o horizonte das próximas eleições tem que ser planejado com o máximo de cuidado, já que esse pode ser o ponto derradeiro de suas carreiras eletivas. Os 100 milhões de brasileiros que recebem benefícios ou contribuem para a Previdência outros milhões estão unidos com os que terão seu tempo de contribuição alargado pelo mesmo sistema, que é um dos maiores do planeta. Trata-se de uma superestrutura de seguridade social, de gestão complexa e com sérias repercussões na vida de toda a nação.

Para muitos políticos, esse é um vespeiro colossal de abelhas-africanas. Nas ruas, graças às redes sociais na internet, crescem as manifestações contrárias, em parte, motivadas pela falta de informações corretas. Os sindicatos ameaçam a proposta do governo com greves e paralisações gerais por todo o país. Na Câmara alta, o senador Paulo Paim (PT-RS) recolheu número mais do que suficiente para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa, visando passar um pente-fino e esmiuçar a real situação financeira da Previdência Social. Para o senador, somente um inquérito dessa natureza pode garantir se o sistema precisa, de fato, de uma reforma, nos moldes propostos agora pelo governo.
Caso o Palácio do Planalto consiga esvaziar a CPI, Paim estuda a ampliação para uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), envolvendo também a Câmara dos Deputados no processo de investigação da Previdência. Para algumas centrais sindicais, é preciso que antes de propor essa reforma, o governo se empenhe em cobrar dívidas de empresas e mesmo de estatais que já somariam mais de R$ 400 bilhões.

Os sindicalistas argumentam sobre a possibilidade de o governo alienar os mais de 6 mil imóveis da Previdência para cobrir os rombos. Para essa confusão, a própria Justiça tem contribuído ao conceder mais de 500 mil auxílios-doença. Nessa gigantesca estrutura, os números são superlativos. Nem o próprio INSS sabe, ao certo, qual o montante de dinheiro que se esvai pelo ralo das fraudes. Pelo volume recuperado legalmente a cada ano, cerca de R$ 1 bilhão, dá para se ter uma ideia do quanto a Previdência perde com a corrupção e com as mais diversas irregularidades. É esse gigante de pés de barro que ninguém imagina que possa vir ao chão com o peso da sua frágil grandeza.

A frase que não foi pronunciada

“2017 será o ano de fantasias e máscaras por todos os meses.”

Rei Momo

Teatro Dulcina

» Continua o imbróglio administrativo sobre a eleição do Conselho de Curadores da Fundação Brasileira de Teatro. Na 7ª Vara Cível de Brasília, o despacho da juíza determinou a imediata suspensão do Conselho por atos que ensejam dúvidas quanto à probidade.

Release

» Por falar em TJDFT, é aguardada a 7ª Semana Nacional Justiça pela Paz em Casa, marcada para o período de 6 a 10 de março. O evento, idealizado pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e se estenderá por todo este mês no TJDFT. A solenidade de abertura será no auditório da Casa da Mulher Brasileira, das 17h às 19h, no dia 6, com a palestra “Os diversos aspectos que levam mulheres a permanecerem em relações violentas”, com a professora Laura Frade.

Sem reconhecimento

» O leitor Carlos Luiz Secundo nos conta que com 26 anos de uso de um plano assistencial à saúde patrocinado pela CEB, os ex-empregados da empresa, hoje cerca de 2.400 aposentados, pensionistas e cônjuges, estão prestes a perder o Plano de Saúde, pois a Companhia Energética de Brasília (CEB), alega não suportar as despesas decorrentes. A situação do grupo de aposentados e pensionistas, muitos deles pioneiros de Brasília e da CEB, é dramática, pois a grande maioria possui doenças crônicas, muitas delas adquiridas no dia a dia laboral.

Paz interior

» Constantemente, pelo Facebook, um anúncio chama a atenção. O fone Flare Audio. Nada de ouvir com perfeição. Trata-se de um aniquilador de som. Viver no silêncio. O que parece assustador já é científico. Pessoas com a audição prejudicada preferem desligar o aparelho auditivo 70% do dia. Por isso, o tal fone vende como água.

História de Brasília

Muita gente pensa como eu, mas as conveniências fazem com que se calem. E o defeito de interpretação tem me causado muitos aborrecimentos. Outro dia, um goiano me apresentando a outro, o fez com estas palavras: “Este aqui é o famigerado colunista”. (Publicado em 23/9/1961)

Ética partidária

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com Circe Cunha e MAMFIL

Continuaremos no reino do faz de contas e da fantasia democrática, enquanto não houver uma reforma política séria que, entre outras providências urgentes, elimine a maioria das legendas de aluguel e feche a torneira do dinheiro público para qualquer atividade partidária, obrigue essas agremiações a se submeterem ao pente fino da Receita Federal.

Argutos conhecedores das brechas e da malemolência das leis, os partidos, logo nos primeiros dias, após o término da ditadura, entraram numa espécie de degeneração ideológica progressiva e acabaram por se transformar no que são hoje: clubes exclusivos, comandados por uma elite de plutocratas, disfarçados de lideranças políticas, que se utilizam do chamado presidencialismo de coalizão apenas para negociar posições privilegiadas na máquina do Estado e passam a saquear o erário.

É dessa forma, em poucas linhas, como se processa, por meio dos partidos, a democracia em nosso país. Não é por outra razão que temos convivido, pacífica e historicamente, com um flagrante contraste entre dirigentes cada vez mais ricos e uma população que se arrasta num eterno estado de penúria material. Sintomaticamente, é possível ainda verificar que a grande maioria desses abastados dirigentes políticos amealhou verdadeiras fortunas apenas ocupando sucessivamente funções públicas ou a elas designando prepostos. Obviamente, a porta que dá acesso a esse mundo fabuloso dos negócios se situa bem no interior das legendas e é franqueada apenas aos seus dirigentes.

Uma análise mais acurada sobre esses prodígios sibaritas e a origem de seus tesouros não resistiria à primeira linha. Dessa forma, não soa estranho que todos os atuais partidos, sem exceção, com assento no Congresso, não tenham punido nem com nota de reprimenda, nem com o afastamento provisório, nenhum de seus integrantes implicados, quer no escândalo do mensalão, quer na Operação Lava-Jato.

Os partidos simplesmente ignoram e relevam as decisões da Justiça, mesmo aqueles casos em que seus filiados estão condenados e presos em cadeias públicas. Como tem sido demonstrado, ao longo do tempo, por diversos exemplos, a maioria das legendas partidárias considera a desobediência às orientações do partido, relativas às votações de matérias de interesse, como crime passível de expulsão. Votar com a consciência e contra questões fechadas pelos dirigentes das legendas é crime mais gravoso do que desviar recursos públicos. Nesses casos ,a fidelidade partidária acaba por se confundir, de forma perigosa, com aquelas juras de sangue feitas comumente entre membros de uma mesma gangue criminosa.

A frase que foi pronunciada

“Seu voto cuidará da sua carteira.”

Dona Dita acompanhando votações no Congresso

Preto no branco

» Segundo a ONU e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), as empresas deixam de pagar R$ 500 bilhões ao Estado brasileiro: 27% dos impostos são sonegados ou evadidos, e 13% do PIB é a mesma quantia que sai da Previdência Social.

Medicamentos

» Um boletim da OMS publicado neste ano mostra a dificuldade de acesso a medicamentos que foram testados na população da América Latina. Fora do alcance dessa mesma população, 12 desses medicamentos custam cinco vezes mais que o salário mínimo.

Póstuma

» Amigo da professora Neusa França, o governador Rollemberg lhe deve uma homenagem: executar o hino Oficial de Brasília nas escolas públicas.

Racismo

» Aconteceu ontem em Tannenbush, cidade bairro de Bonn, na Alemanha. Na Farmácia DM os funcionários acusaram uma negra de furto. Revistaram-na e não encontraram nada. Chamaram a polícia, que a levou para a delegacia. Não encontraram nada e a liberaram sem pedir desculpas.

Nova Odebrecht

» Mônica Odebrecht é a única da família que pode dar continuidade aos negócios da família.

Agende-se

» O maestro Jorge Antunes apresenta, de sua autoria, a ópera O Espelho. Baseada no conto de Machado de Assis, trata-se de duas almas: a interior e a exterior. A estreia será no Theatro São Pedro, em São Paulo, em 15 e 17 deste mês, às 20h, e 19 de março, às 17h. Venda pelo site www.compreingresso.com.

Lucidez

» Vale a pena buscar na internet a entrevista do sempre ministro Almir Pazzianotto no programa Roda Viva, sobre o desemprego pelo mundo, e os 12 milhões de desempregados no Brasil, além do subemprego. Ele fala sobre a insensibilidade diante do sofrimento dessa população, que vive sem dignidade. Políticas públicas para sanar esse problema precisam ser prioridade.

História de Brasília

Muita gente pensa como eu, mas as conveniências fazem com que se calem. E o defeito de interpretação tem me causado muitos aborrecimentos. Outro dia, um goiano me apresentando a outro, o fez com estas palavras: “Este aqui é o famigerado colunista”. (Publicado em 23/9/1961)

Fedor político

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com Circe Cunha e MAMFIL

Reportagem especial trazida no fim de semana pelo Correio mostra, por meio de diálogos captados por escutas autorizadas pela Justiça, que, tão logo foi deflagrada a Operação Drácon, uma agitação feroz e atabalhoada — semelhante àquela que se observa quando um veneno é aplicado num conjunto de baratas — tomou conta dos bastidores da Câmara Legislativa.

O conteúdo dos diálogos, ao qual o jornal teve acesso exclusivo, revela que, além das articulações nervosas e de última hora para tentar livrar os envolvidos no caso, houve a preparação ardilosa de uma contraofensiva, de modo a buscar brechas para reverter a situação. Atacar para se defender foi a primeira tática escolhida às pressas pelos cinco membros da Mesa Diretora da Casa, afastados, compulsoriamente, pela Justiça, sob a acusação de venda de emendas para o pagamento de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Os alvos do contra-ataque cego passaram a ser, na sequência, o governador, a quem os deputados debitavam a origem das investigações, e os adversários políticos instalados na própria Câmara Distrital. Passou-se, então, à fase seguinte dos conchavos, para a escolha de uma alegação crível e uníssona que levasse a opinião pública e a própria polícia a engolirem a falsa narrativa da perseguição política.

Passado o susto inicial, em ato contínuo, começaram a recorrer à razão para se livrar de grossa encrenca com Justiça que se avizinha e contrataram um batalhão de advogados, especialistas em filigranas e com fácil trânsito entre os juízes. Os áudios apenas confirmam o que a sociedade, principalmente aquela composta por pessoas informadas, sempre soube: a Câmara Distrital tem sido, desde sua fundação, um valhacouto de indivíduos que se utilizam do importante papel de representantes políticos da população para se locupletar e delinquir tranquilamente sob o manto protetor indecente da imunidade parlamentar.

Com sua sequência ininterrupta de escândalos somada ao alto custo para mantê-la em funcionamento, os brasilienses chegaram à conclusão que a Câmara Legislativa há muito perdeu capacidade de atuar em defesa dos legítimos interesses da população, tendo se transformado, desde os primeiros dias, numa espécie de clube fechado para o atendimento exclusivo de seus 24 associados e, pior, com sérios prejuízos econômicos para os exauridos contribuintes.

O deputado Chico Vigilante resumiu o quadro atual dessa legislatura quando afirmou: “Uma quadrilha, investigada na Operação Drácon, se instalou na Câmara Legislativa e usou da política do gambá, que é tentar espalhar o fedor”. O mau cheiro, deputado, advém justamente do tipo de política que tem sido praticada por esta Casa desde sempre. É o fedor político.

A frase que foi pronunciada

“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”

Jules Michelet

Pós carnaval

» Um concurso com mais de 82 mil vagas é esperado para esse ano. Já sancionado pelo presidente Temer, o orçamento garante o certame do IBGE — Censo 2017. Para Bruno Malheiros, coordenador do R.H., enviará em março o pedido do concurso para o Ministério do Planejamento. Quem conquistar a vaga, trabalhará no Censo Agropecuário com um salário médio de R$ 7 mil.

Em QAP

» Sem data para conclusões, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos nada divulgou ainda sobre as investigações da queda do avião em que viajava o ministro Teori Zavascki. A resposta sobre o assunto virá da Polícia Federal.

Mãos à obra

» UniCeub recruta alunos voluntários para alfabetizar adultos. Uma pena a universidade ter acabado com o curso de pedagogia. Por falar no assunto, estão abertas vagas para curso grátis de alfabetização de adultos no Lago Sul, Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em frente ao Gilberto Salomão, às segundas e às quartas-feiras, das 18h às 20h. Interessados devem ligar para 99906-0236, Beth, ou 98407-3396, Regina. Para outros endereços e horários, ligar para 99956-5750, falar com Emílio.

Puxado

» Conversa no espaço de alimentação do UniCeub terminou em uma sonora gargalhada. É que os alunos dos últimos semestres do curso de direito disseram que estão como os presos. Anotando o X na parede os dias que ainda faltam para a formatura.

Release

» Música é coisa séria, mas nem sempre. O professor Bohumil Med, músico profissional, que viveu quase todas as formas da música, acrescentou às suas experiências a profunda pesquisa de muitos anos, para apresentar, em livro bem-humorado, o lado pitoresco dessa arte. Conta histórias e fofocas, faz críticas e elogios focados em toda a classe, sem poupar compositores nem sequer maestros. Para os leitores mais eruditos, oferece estudos sobre Diabolus in Música, força mística dos números na música, notas coloridas e elogio ao silêncio.

História de Brasília

Não tenho má vontade contra os goianos, seu Rogério. Ao contrário. E posso afirmar ainda: eu me dei melhor com os goianos que com os paulistas, e gosto de ambos, com a mesma intensidade. (Publicado em 23/9/1961)

Blindando o que bem merece

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com Circe Cunha e MAMFIL

Calcula-se que existam hoje no Brasil entre 22 mil e 45,3 mil pessoas com foro privilegiado nos Três Poderes da República. Trata-se de contingente fabuloso que tem tratamento fora dos padrões, que lhe garante julgamento especial nas ações penais, mesmo para crimes comuns. Essa situação não encontra paralelo no mundo civilizado.

É a nossa jabuticaba jurídica, feita sob medida para garantir a secular igualdade desigual entre os brasileiros. São os fidalgos, blindados por estatuto obsoleto, espécie de armadura de argolas metálicas ostentada apenas pelos nobres nas batalhas. À plebe, bastava a própria pele como escudo.

Em tempos de Lava-Jato e outras investigações levadas a cabo pelo Ministério Público e a Polícia Federal, a questão do foro por prerrogativa de função ganhou contorno ainda mais preocupante, já que os indícios dos crimes de corrupção parecem conduzir os agentes da lei diretamente para os grandes figurões do Estado. Inexplicavelmente, criamos instrumento legal que garante a impunidade apenas para os protagonistas do maior escândalo da nossa história. Para os restantes, a lei basta.

Analisado com maior racionalidade, o mecanismo de blindagem jurídica deveria se ater aos objetos, e não aos sujeitos. Antes blindar a máquina e as empresas públicas da sanha dos partidos e dos políticos do que dar a eles o direito de delinquir. Qualquer medida contra a corrupção e a impunidade deve partir do fim do foro.

Os procuradores que cuidam das muitas investigações em curso são unânimes em afirmar que a prerrogativa de função é hoje o principal entrave ao combate à corrupção. As estatísticas reforçam essa ideia. Enquanto os tribunais superiores praticamente não condenaram nenhum envolvido nos recentes escândalos (entre 2011 e 2016, apenas 0,74% dos processos foram concluídos), a primeira instância conta com mais de 30 ações penais, 150 inquéritos abertos, 80 mandados de prisão e mais de 220 de busca e apreensão. Tudo isso sem contar os milhões de dólares repatriados que estavam escondidos no exterior. Houvesse antes a preocupação do legislador da Carta de 88 em vedar o acesso das ingerências de cunho político-partidário na máquina pública, principalmente nas estatais, o país, seguramente, não estaria atravessando a atual crise.

Segundo o ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e estudioso do tema Vladimir Freitas, “houve, a partir de 1988, alargamento do número de autoridades com direito ao foro. A Constituição aumentou muito o número de juízes e municípios. As Constituições estaduais, que foram promulgadas em seguida, também ampliaram o foro para autoridades locais, como comandantes da Polícia Militar, delegados e outros”. Foro é festa.

» A frase que não foi pronunciada

“Mais do que amor, do que dinheiro, do que fé, do que fama, do que justiça, deem-me a verdade.”

Henry David Thoreau (1817-1862), poeta e ensaísta norte-americano

Utilidade pública

» Pouco investimento em campanhas que esclareçam ao consumidor sobre furtos e outros crimes cibernéticos. No DF, há a Divisão de Repressão aos crimes de Alta Tecnologia, a DICAT. Mas o atendimento direto ao público deve ser feito em qualquer delegacia de polícia. O e-mail da DICAT é dicat@pcdf.df.gov.br

GDF

» Com a ajuda das mídias sociais, a Secretaria do Território e Habitação do DF elabora, segundo a chamada, um dos mais importantes instrumentos do planejamento urbano e ambiental do DF: O zoneamento ecológico e econômico (ZEE). É só colocar o nome do secretário Thiago de Andrade no Google que o caminho para a participação aparece.

» História de Brasília

Razão demais. Tem, e muita. Já mostrei a carta ao chefe de reportagem, Adirson Vasconcelos. Taguatinga é fonte de muitas notícias. (Publicado em 23/9/1961)