Estatais interessam apenas aos políticos

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Circe Cunha com MAMFIL

Se não tivesse vindo a óbito ainda na infância, a estatal Brasil 2016, criada no governo Lula para preparar a cidade do Rio de Janeiro para a realização das Olimpíadas a exemplo de outras, como a Hemobrás, ou estaria na mira da Justiça, envolvida em casos de corrupção, ou teria gerado um sobrepreço gigantesco para a realização dos jogos. A criação e a manutenção de estatais interessam sobretudo aos políticos, principalmente àqueles que apregoam a tese de que o Estado deve ser o maior indutor do desenvolvimento.

Atreladas aos infindáveis recursos do Tesouro Nacional, as estatais não operam com a lógica cartesiana do mercado. Termos como competitividade, excelência técnica ou produtividade, ou são desconhecidos nesse meio, ou simplesmente desconsiderados como conceitos inúteis. Blindadas por legislação própria e com o dinheiro farto, sugado dos contribuintes, as estatais tinham, nos governos militares, uma certa razão lógica que se prendia aos conceitos de nacionalismo e fortalecimento do Estado, próprios do pensamento castrense.

Com a chegada ao poder dos partidos autoproclamados de esquerda, a existência e a multiplicação das estatais ganharam, além contornos ideológicos típicos desse matiz político, uma razão bem prática: hospedar simpatizantes e apoiadores em cargos estratégicos, de forma a obter vantagens e carrear para os cofres desses partidos o máximo possível de recursos sob o disfarce de doações.

Pesquisa feita pelo Instituto Teotônio Vilela mostra que as 41 empresas estatais criadas entre 2003 e 2015 deixaram, por baixo, um passivo de mais de R$ 8 bilhões. De acordo com a ONG Contas Abertas, as mais de 100 estatais, somadas as empresas de economia mista, movimentam, anualmente, algo em torno de R$ 1,4 trilhão.

É nessa fabulosa montanha de dinheiro que residem os interesses dos partidos e não em ideias vagas de desenvolvimento nacional ou soberania. Para assegurar o controle e a expansão desse nicho de riquezas, é comum que as esquerdas apregoem constantemente o alarme de que os imperialistas do Norte estão de olho nesses recursos.

Curioso observar que esses partidos recorrem as mesmas táticas de convencimento de algumas igrejas pentecostais quando ameaçam com a danação eterna aqueles crédulos que não pagaram o dízimo cobrado.

A Petrobras é o caso mais emblemático e didático capaz de explicar o enorme interesse que esses partidos têm pelo comando dessas empresas. A lista de empresas estatais que dão prejuízos bilionários e estão sob investigação por crimes é extensa e não tem sido fácil simplesmente eliminá-las. Pelo menos enquanto existir contribuintes ou fiéis crédulos de que essa é a única fórmula ou salvação para de erguer um país próspero ou ir para o céu, livrando o Brasil da sanha dos imperialistas, ou seja, do capeta.

A frase que foi pronunciada

“A filosofia progride não ao se tornar mais rigorosa, mas ao se tornar mais imaginativa.”

Richard Rorty, autor de Filosofia e o espelho da natureza

Responsabilidade civil

Nem o Estatuto da Criança nem o Estatuto da Pessoa com Deficiência nem a determinação do TCU nem ação judicial e nem mesmo a Constituição são suficientes para resguardar as pessoas que usam medicamento de alto custo. Uma saga para cumprir todas as formalidades e um desrespeito ao não receber o remédio. GDF precisa honrar o compromisso com essa parte sofrida da população.

Obrigação constitucional

Para dar dignidade e vida com qualidade a um paciente com fibrose cística são suficientes

$ 11 mil por mês. Para o governo que arrecada sem parar, é muito pouco. Para uma família assalariada, é impossível. Dinheiro não falta aos cofres públicos. O problema é a falta de gestão pública. Saem as emendas para a Saúde nas quais os recursos são usados para o pagamento de vigilantes. É preciso organizar e dar transparência às verbas destinadas ao Fundo Constitucional para Educação, Saúde, Transporte e Segurança. Simples assim. Quanto entrou e quanto saiu e em que foi usado.

Nova dinâmica

Quem passa pelo problema dá a solução. Fernando Gomide sugere que o governo acompanhe pelo CPF a identificação dos pacientes que recebem o medicamento de alto custo. Automaticamente. Qual é a quantidade necessária e a data para buscar. Isso é o mínimo que se espera de um governo que está sempre atento em como arrecadar mais. Só quantidade de dinheiro é insuficiente. Urge a qualidade no uso da verba.

Celebração

Leonel Peleja de Souza Oliveira e Terezinha Célia Kineipp Oliveira transbordaram de felicidade na formatura do filho Mateus, novo advogado da cidade.

História de Brasília

Em Brasília a coisa se inverte. Os “patrões” são os donos dos sindicatos, acostumado à ociosidade proveitosa, tanto assim, que compareceram à manifestação sem ser convidados, e apareceram de última hora, para se infiltrar entre os trabalhadores, e conseguirem uma audiência com o presidente da República. (Publicado em 13/9/1961)

Apatia popular enfraquece a força do direito do consumidor

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Circe Cunha com MAMFIL

Apatia popular enfraquece a força do direito do consumidor

Por alguma razão, que apenas o estudo do comportamento poderá explicar, o cidadão brasileiro pouco demonstra conhecer o poder que tem como força de mudança. Apesar da revolta com os maus-tratos no campo consumerista, há pouca luta ou manifestação para dar fim aos abusos. O próprio Estado não tem cumprido as regras impondo às reguladoras a obrigação de honrar a missão estipulada.

Para que servem as agências reguladoras? Na prática, elas funcionam como cúmplices, quando deveriam fiscalizar as normas disciplinadoras para o setor regulado, na maioria das oportunidades, apenas atestam. Sem esperança, o consumidor não acredita na solução de problemas dados por agências reguladoras. São inúmeras as oportunidades em que o consumidor abre mão da dignidade e da liberdade, preceitos que são garantidos pela Constituição.

Um quilo de tomate por R$ 8, um quilo de feijão mais caro do que 5 quilos de arroz, carne, peixe, gasolina e por aí vai. A tevê a cabo define o que você assistirá. Os contratos com operadoras de celular obrigam fidelização para ter vantagens (que não existem). O próprio GDF cobra de proprietários de salas comerciais pela água que não é consumida, como estabelecido em uma lei distrital, que vai contra todas as regras do Direito do Consumidor. Definitivamente, não há igualdade de forças. Há severas restrições ao se tratar do exercício da dignidade e da liberdade na relação jurídica de consumo.

Ao olharmos pelo retrovisor, o modelo de Justiça comutativa fracassa no processo histórico e econômico. Daí o esforço para equilibrar as desproporções: Defensoria Pública, juizados especiais, delegacias do direito do consumidor, Ministério Público. Ainda é tímida a força popular no exercício da cidadania, fortalecendo a liberdade e a dignidade com a criação de associações de consumidores criadas com o mesmo fundamento dos sindicatos. Para defender os interesses de quem propulsa a mola mestra da economia, as ferramentas estão aí.

A frase que foi pronunciada

“Sim, o consumidor é rei. Mas há muitos reis que são cegos.”

Ishikawa, engenheiro de controle de qualidade

Efetivos

Mais segurança na Universidade de Brasília com o policiamento ostensivo. Os policiais militares estão sempre presente afastando estupradores e evitando o furto de carros. Era o certo a fazer.

Litro de luz

Por falar em UnB, os postes de energia solar com garrafas PET instalados no Sol Nascente são um sucesso. Até hoje, a CEB não chegou por lá. O lado bom é que a ausência do Estado está conscientizando a comunidade a replicar a tecnologia.

Higiene

Faz tempo que a imprensa não registra ação da vigilância sanitária em restaurantes, mercados e lanchonetes da cidade. Agora, os food trucks também precisam ser fiscalizados.

Procon

Até 30 de setembro, o Procon está recebendo inadimplentes para renegociação das dívidas com bancos ou instituições financeiras.

Novidade

As medidas para desburocratizar rotinas, por meio de mudanças no direito tributário, Código Tributário Nacional e processo administrativo fiscal, ainda não chegaram à população.

Antes e depois

“Eventual decisão da Câmara dos Deputados pela admissibilidade do processamento do impeachment — de caráter essencialmente político, como sublinhado pelo acórdão do STF — em nada condiciona ou vincula o exame do recebimento ou não da denúncia popular pelo Senado Federal, visto que essa etapa já se insere no conceito de ‘processamento’ referido na Constituição, de competência privativa do Senado”. Como diz o mote da Band, em 20 minutos, tudo pode mudar. E mudou.

História de Brasília

Ali está expresso o pensamento de Brasília. Um técnico para a prefeitura. A ausência de política, na escolha do novo prefeito, para que as obras não parem, não tenham soluções políticas, resoluções de conchavos, apadrinhamentos, protecionismo ou compadrio. (Publicado em 13/9/1961)

O preço do impeachment

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Enquanto não for dado um ponto final no impeachment de Dilma Rousseff, toda a máquina pública, incluindo a enorme infraestrutura a cargo do Estado, prosseguirá a passos lentos, com enormes prejuízos para o país e para a estrutura governamental e principalmente para os brasileiros. Todos aguardam, sob suspense, o retorno à normalidade institucional. Até agora, o governo interino de Michel Temer tem se limitado a adotar medidas que permitam, ao menos, não causar ruídos com o Congresso. Para tanto, tem tomado cautelas que, aos olhos da opinião pública, parece que o governo está a reboque das vontades do Legislativo. Prosseguem na interlocução entre os poderes, os mesmos problemas enfrentados desde a volta da democracia.

Os eternos ruídos de composição de uma base confortável de apoio continuam a requerer contrapartidas que afrontam e contrariam o desejo da nação, já claramente expressos nas gigantescas manifestações de rua. No rol de ações do governo interino, tem sido comum encontrar medidas que contradizem o bom senso. Temer está literalmente andando sobre cascas de ovos.

De um lado, acena com um pacote de bondades, aumentando salários de parte do funcionalismo, que a rigor já tem bons salários e estabilidade funcional, coisa impensada para a maioria dos brasileiros. De outro, a busca pelo retorno a racionalidade na economia, tem obrigado o governo a fazer cortes em investimentos.

Somente para as universidades federais, há um corte previsto nas verbas de investimentos 15%. Para as 63 federais, esses cortes acontecem justamente quando as universidades estão em meio à séria crise financeira e fazem reduções em vários programas importantes.

Depois de 13 anos de uma gestão, no mínimo, desastrosa, a reconstrução sustentável e duradoura do país só poderá vir se for assentada em bases sólidas, principalmente se apoiadas em uma educação séria e comprometida. Esse foi o primeiro passo nos países desenvolvidos.

A frase que foi pronunciada

“A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, assim como a verdade é dos sistemas de pensamento.”

John Rawls, professor de filosofia de Harvard

Volume

A área técnica do Tribunal Superior Eleitoral que está pesquisando as notas emitidas durante a campanha de Dilma Rousseff não conseguirá entregar o relatório na data definida. O prazo vai ser estendido para 22 de agosto.

Unanimidade

Atendimento na Secretaria do Núcleo de Prática Jurídica do Uniceub, no Setor Comercial Sul, recebe nota 10. Presteza, agilidade e cordialidade. Nossos cumprimentos à equipe: Caio Gomes Rocha, Clóvis Rodrigues e Jadismar Rodrigues.

Panorama

Jornais alemães deram, nesta semana, destaque para alguns assuntos dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Os profissionais das notícias ficaram impressionados com o número de lugares vazios nos estádios, o comportamento da torcida brasileira e algumas impressões sobre o Canecão. Outro assunto muito comentado foi o acidente de carro do técnico alemão de canoagem Stefan Henze. Spiegel e Badische Zeitung comentaram sobre os problemas no sistema de saúde do país.

Grupos

“Jornadas do ser”, com Margarita Morales, voltam à capital em 30 de agosto. Às 19h, no Brasília Shopping. Crescimento pessoal e experiência única. Vale conhecer.

Vencida

Piadinha em clima de Olimpíadas no Brasil. Ligam da operadora de celular avisando que a conta venceu. Descolado, o cidadão com o dinheiro separado para pagar a conta brinca com a atendente. Venceu? Então dá uma medalha de ouro para a conta.

História de Brasília

Aquela manifestação foi organizada pelos construtores de Brasília, pelos engenheiros, arquitetos, e não pelos sindicatos, porque eles, jamais conseguiriam reunir tamanha multidão. (Publicado em 13/9/1961)

Lula, Lula, Lula

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Poucos dias antes de ser preso pela segunda vez, por causa de acusações da Operação Lava-Jato, José Dirceu recebeu um repórter em sua residência. Naquela ocasião, já pressentia que seu retorno ao cárcere era iminente e seu destino estava, de alguma maneira, definitivamente selado. Depois de uma longa entrevista, perguntado se guardava alguma mágoa com relação ao ex-presidente Lula, que ajudara a eleger e o abandonara à própria sorte, Dirceu mirou o vazio distante, refletiu por uns segundos e reagiu entoando pausadamente o nome do antigo companheiro de luta por três vezes, Lula… Lula… Lula… e não disse mais nada.

Havia naquela resposta reticente e aparentemente sem muito sentido um universo de explicações ocultas com pelo menos três décadas de muitas histórias. Pouca gente, como ele, teve a chance de conhecer de perto o antigo dirigente sindical. Por certo, os meses que passara meditando na cela gelada de Curitiba deram a José Dirceu a oportunidade de fazer um balanço sincero sobre a qualidade dessa amizade e que consequências essa aproximação e intimidade trouxeram para sua vida.

Dirceu, mais do ninguém, pôde comprovar na própria pele e na alma que, ao ligar seu destino ao de Lula, sua vida experimentaria uma verdadeira revolução. Com o antigo companheiro de jornada, conheceu tanto o toque afrodisíaco do poder, do prestígio e da bajulação, quanto do abandono, do esquecimento e do menosprezo público. Condenado a 23 anos e 3 meses de prisão, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dirceu colhe os frutos amargos de uma árvore que ajudou a plantar.

Zé, como é chamado na prisão, é hoje um nome apagado no Olimpo político. Nem mesmo o ex-presidente faz qualquer referência a ele publicamente, talvez para evitar que as pessoas estabeleçam qualquer relação entre os dois. Zé… Zé… Zé, o que fizestes de tua vida? Deve ele se questionar, entre uma leitura e outra nas longas noites vazias, deitado em seu catre sem conforto. De qualquer forma, é espantoso notar que todos aqueles que pertenceram ao núcleo próximo ao ex-presidente ou já se encontram presos ou estão na mira da Justiça, aguardando vaga nas celas. Com certeza, muitos desses antigos cortesãos, em suas noites de angústia e espera, devem entoar o mesmo mantra: Lula…Lula…Lula.

A frase que foi pronunciada

“Vaca de presépio? O PT está mais é para raposa no galinheiro. “

Antonio Carlos Pannunzio

Reconhecimento

Kátia Marques, Edineide das Neves e Graça Roque. Esse trio merece destaque pela competência no atendimento ao público. São servidoras públicas com boa vontade, conhecimento e educação. Sem enganar quem precisa de orientação, se não sabem a resposta, dizem que não sabem. Esse é o perfil que se espera de todas as telefonistas. Um exemplo a ser seguido. Os cumprimentos da coluna às telefonistas da Universidade de Brasília.

Inédito

Por falar em reconhecimento, depois da dissertação de mestrado de Dib Francis sobre a pianista, compositora e concertista Neusa França. Recortes de um universo musical, agora é a vez de Alexandre Dias garimpar as preciosidades deixadas por Neusa. Em 1957, dr. Oswaldo, o marido, resolveu comprar um gravador de rolo para registrar os saraus que sempre aconteciam na casa da família, no Rio de Janeiro. Baden Powell, Jacob do Bandolim, Lamartine Babo e Radamés Gnattali eram os parceiros de Neusa na cantoria. Parte desse tesouro está sendo disponibilizado no YouTube por Alexandre.

Realidade

Jovens humanizados resolveram ajudar os idosos no transporte público. Como a lei exige que andem nos ônibus sem pagar, os motoristas não param para quem tem cabelos brancos. É comum ver rapazes e moças nas paradas, dando sinal para o ônibus. Colocam o pé no primeiro degrau e aguardam o embarque dos anciãos. Depois liberam o ônibus com um tapa na lataria ouvindo o xingamento do motorista até a porta fechar.

Dupla

Homens não vão ao médico porque trabalham mais que as mulheres. A frase dita pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, vai contra todas as ondas do tempo. O fato é que mesmo com as bobagens, ele está ganhando notoriedade. O povo gosta do que está acontecendo. A filha posta nas mídias sociais as respostas para os impropérios do pai. De qualquer forma, se ele não colar no cargo, a deputada Maria Victoria, a filha, tem tudo para decolar.

Dia V

Na sexta feira, seria o aniversário de Vitor filho de Isabella Simões. Mas ele não resistiu à meningite. Depois do mergulho no sofrimento, Isabella sentiu que Vitor também tinha a missão de um defensor público. Seria como a mãe, um agente de transformação da sociedade. E assim foi. Isabella criou o portalinvite.com.br/diav/ para as doações que são revertidas para uma creche que dá assistência a filhos de garis. Todos ganharam o Vitor de presente no aniversário dele!

História de Brasília

Aquela reunião, presidente, não era dos sindicatos. E posso até afirmar que os presidentes (donos) dos sindicatos, em seus carros de luxo não transportaram um único candango. (Publicado em 13/9/1961)

Temporada de caça

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Com Circe Cunha com MAMFIL

Está aberta a temporada de caça aos registros partidários de três das principais legendas do espectro político nacional. Outras poderão vir naturalmente na sequência, dependendo dos esclarecimentos que chegam paulatinamente à tona com as investigações da Operação Lava-Jato. Por enquanto estão na alça de mira da Justiça Eleitoral o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido Popular (PP). Trata-se de fenômeno único em todo mundo democrático Ocidental. O aprofundamento das investigações poderá levar de roldão ainda o PSDB e o DEM. Caso isso se confirme, estariam lançadas as pedras da fundação da reforma político-partidária, por imposição da realidade criminosa que tomou conta de nosso sistema representativo.

O movimento de abate na política teve início oficial com a decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, que pediu a instauração de processo de cassação de registro de funcionamento do PT, com base, no que aponta, em fraudes gravíssimas nas eleições de 2010 e 2014. Para o ministro, existem também indícios de fraude processual dentro do próprio TSE, durante a presidência de Dias Toffoli.

Mendes considerou misterioso o sumiço do Ofício nº 1.240, expedido em 10 de setembro de 2015, pelo ministro João Otávio, corregedor-geral da Justiça Eleitoral do Brasil, que pedia, na ocasião, a cassação de registro do PT, por fraudes na escrituração contábil. Com o desaparecimento providencial do documento, ficou suspensa não só a indicação da legenda, como evitou a prisão imediata dos três últimos tesoureiros do partido.

Na sequência, a ministra Maria de Assis Moura, do TSE solicitou também a abertura de investigação eleitoral contra o PP, o PT e o PMDB, com base nas delações premiadas da Operação Lava-Jato. Todos esses partidos teriam recebido propinas, disfarçadas de doações eleitorais e, pior, lavado esses recursos por meio do próprio Tribunal Eleitoral. No parecer, a ministra afirma: “Uma vez comprovadas tais condutas, estaríamos diante da prática de crimes visando a conquista do poder e/ou sua manutenção, nada muito diferente, portanto, dos períodos bárbaros em que crimes também eram praticados para se atingir o poder”.

Para os ministros da Corte, o TSE não pode fechar os olhos diante de tantos e perigosos indícios que vêm sendo revelados. Curioso observar que o afundamento da gigante Petrobras no mar de lama da corrupção levará consigo, para o fundo do abismo políticos de destaque no cenário nacional, grandes empresários da construção, partidos diversos e todo um sistema de gestão do Estado, que se acreditava correto. Nesse abraço de afogados, está por enquanto, a salvação do país. O que essa experiência ensina é que o poder está com o eleitor.

A frase que não foi pronunciada

“Atenção, senhor Aedes aegypti: zika, chigungunha e dengue, só quando as Olimpíadas terminarem.”

Razão provável para o assunto ter caído no esquecimento.

Oportunidade

Por falar nisso, o GDF anuncia o Refis-N. Oportunidade para honrar as dívidas não tributárias com o governo. Estão fora multas de trânsito, débitos com a CEB e Caesb.

Merecimento

Em pauta, a isonomia salarial entre polícias. O governador Rodrigo Rollemberg esteve com o presidente Michel Temer para tentar encontrar uma solução para o assunto. Cortes no supérfluo e fiscalização efetiva no gasto público com punição para maus gestores. A receita não tem mistério. Só precisa ser servida com vontade política.

Missa

Bela homenagem do dr. Daher ao amigo Ivo Pitanguy. A missa no Lago Sul foi repleta de agradecimentos e orações.

Sprout

Parece um lápis normal. Mas na ponta há um compartimento do tamanho de uma borracha com sementes. A criança usa o lápis e, quando estiver curtinho, espeta a ponta num vaso com terra. A ideia genial é patenteada. Foi desenvolvida por alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Atenção

Funcionários de operadoras de celular, bancos, planos de saúde e outros campeões de reclamações dos consumidores começam a se dar conta de que obedecer à chefia para mentir aos clientes é crime. Os tribunais têm sido rígidos em causas dessa natureza.

Team USA 2020

Criançada da Liga de Connecticut joga futebol nos Estados Unidos e tem o seguinte reconhecimento dos técnicos: brasileiros têm talento e criatividade, e americanos, resistência. Tanto faz, meninos ou meninas.

História de Brasília

No fim da história mandou convidar 10 “autênticos trabalhadores”, segundo expressão do seu representante, e foram mais de 10, porque os donos dos sindicatos se meteram e tumultuaram a situação. (Publicado em 13/9/1961)

Um modelo esgotado

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Com a aprovação do relatório do senador tucano Antônio Anastasia instaurando, de fato, o julgamento derradeiro do impeachment contra Dilma Rousseff, e com a data, também já definida pela Câmara dos Deputados, para a sessão que decidirá sobre a cassação do peemedebista deputado Eduardo Cunha, dois dos maiores processos políticos, envolvendo lideranças do Poder Executivo e Legislativo, entram na reta final de definição.

É preciso aplainar os primeiros trechos do extenso terreno político à frente, abrindo, também, as possibilidades para que o país avance, mais ligeiro, rumo às reformas urgentes e necessárias. Resta ainda, em todo esse processo político, o desfecho para a volumosa quantidade de denúncias levantadas pela Operação Lava-Jato.

No entanto, é possível que, no decorrer da citada investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, fique demonstrado que o veio da corrupção se estende ainda mais profundamente terra adentro. Nesse caso, será preciso aguardar mais um pouco até que todos os envolvidos nos episódios sejam publicamente conhecidos e alcançados pela lei. Cumpridas essas etapas, terá chegado o momento de reconhecer, com franqueza, a falência do modelo que conduziu o país para a maior crise de todos os tempos. Ao governo interino, caberá a importante tarefa de chegar, sem maiores traumas, até as próximas eleições, fazendo os ajustes necessários para deter a queda dos indicadores da economia.

O ano de 2016 não terá passado em branco, se for reconhecido que ele marca o ponto de partida para a reestruturação e modernização profunda de nosso modelo de democracia. A libertação do ciclo secular de crises só será possível se forem abandonados os antigos modelos, principalmente aqueles que favorecem apenas a cúpula do Estado. O problema com a reforma política — a mais necessária, por isso chamada a mãe de todas as reformas — é que ela não poderá ser levada a bom termo enquanto não for esclarecida a participação de cada parlamentar nos episódios de desvios de dinheiro público investigados pela Operação Lava-Jato.

Só um Congresso totalmente isento e ilibado poderá empreender reformas políticas verdadeiras. Por enquanto, ficam as certezas de que o atual modelo partidário, com uma infinidade de legendas de aluguel, não serve mais e é danoso, como não serve mais o instituto da prerrogativa de foro, da nomeação política de membros para a Alta Corte. Nossa triste experiência demonstrou que, quanto maior o Estado, com grandes empresas estatais, maiores e mais fáceis são os casos de corrupção.

Mostrou-nos ainda que governos moldados com características do tipo populista arruínam a economia. Ensinou-nos também que modelos políticos importados, tipo bolivariano, não servem sequer para os países que o inventaram. Os brasileiros aprenderam, a duras penas, que o apoderamento da máquina do governamental por um partido político é extremamente nefasto para os interesses da nação e para os negócios de Estado.

Graças à crise sem precedente, ficamos mais experientes e precavidos contra a cantilena demagoga. A população que foi às ruas deixou isso bem claro. Urge a implementação completa da lei contra a corrupção e da ficha limpa. Os brasileiros têm pressa e sabem bem que o tempo não espera por ninguém.

A frase que foi pronunciada

“De repente todo mundo virou especialista em Educação.”

Rosilene Corrêa, do Sindicato dos Professores, em crítica à coluna

Explicação

Caso haja curiosidade do leitor em saber onde se iniciou essa lide com o Sindicato dos Professores, o ponto conflitante foi a opinião da coluna de que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o pensamento de uma categoria — como grupo fechado em torno de um sindicato — do que o pensamento de pais, alunos e educadores.

Alvo

Para atestar o que disse a coluna, basta visitar as salas de aula nas escolas públicas no turno noturno para atestar que vários professores adotam o discurso contra a imprensa, contra patrões, contra disciplina. Isso é fato. E mais: antes de o sindicato apoiar o governo com a ideia de horário integral, é preciso ouvir pais e mestres.

Na prática

Como valorizar o professor com o estímulo da adoção do período integral, se com uma sala de aula de cada período com 40 alunos por meio expediente, os professores batem recorde em atestados médicos por exaustão? Se não defende hoje, vai defender com a aplicação do período integral? Será que o sindicato vai batalhar para que a escola atenda as exigências dos mestres, como turmas menores e salas decentes? E o plano de saúde para os professores?

História de Brasília

O sr. João Goulart decepcionou, ontem, pela primeira vez, a população de Brasília, deixando de aparecer para os trabalhadores que o esperaram quase duas horas, em pé, para ver pelo menos uma saudação do presidente da República. (Publicado em 13/9/1961)

Que venham os anos

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Ocorre com as cidades o mesmo processo de transformação que atinge os humanos. Ambos experimentam os fenômenos naturais que marcam cada estágio da vida. Assim como as pessoas, as cidades nascem, crescem, envelhecem e morrem. A diferença é que, para a maioria das urbes, o tempo é generoso e lento, dilatando seus dias ao longo de incontáveis gerações. Não deixa de ser simbólica a presença, em frente à sede do governo local, de uma réplica em bronze da loba Capitolina amamentando Rômulo e Remo.

Presente do governo italiano à nova capital do Brasil, a figura mítica faz alegoria à fundação da cidade eterna de Roma em 753 a.C . Para alguns brasilienses, a loba romana representa, na verdade, o lobo-guará, o maior canídeo da América e que, por coincidência, é o animal símbolo da capital.

Elegemos um animal selvagem como símbolo da cidade e, por algum contrassenso, cuidamos para que ele figure na lista de espécies ameaçadas de extinção. Especialistas consideram que, no máximo em 100 anos, não haverá mais nenhum exemplar desse lobo correndo livre pelos campos do cerrado. O que fazemos com as espécies à nossa volta, reproduzimos com a própria cidade que nos abriga.

Para os padrões de tempo de uma cidade, Brasília poderia ser classificada como uma criança, embora já apresente problemas típicos de uma metrópole da terceira idade. O que fazer para não extinguir também a ideia original que possibilitou a Brasília ser reconhecida pelo mundo como patrimônio cultural da humanidade?

Trata-se de um problema que teremos que solucionar ao longo dos anos, a cada novo governo, a cada novo Pdot. Que venham os anos e, com eles, a sabedoria para reconhecer que o que temos agora é tão valioso quanto a própria Roma, cidade eterna.

A frase que foi pronunciada

“Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.”

Madre Teresa de Calcutá

Com a palavra

Uma carta do leitor João Maria diz que “quem traduziu a frase de Hillary Clinton, estampada na coluna, misturou pronomes de tratamento e deu à palavra “mesma” a conotação pronominal. Estaria, assim, no original?”

O leitor

A frase era a seguinte: “Leve a crítica a sério, mas não como algo pessoal. Se houver alguma verdade na mesma, irás aprender com ela; caso contrário, ignore-a.” Hillary Clinton. O que queremos neste espaço é justamente fazer o que disse dona Hillary. Com pronomes misturados e tudo.

Dia dos Pais

No domingo, o JK Shopping levará, entre as 13h e as 14h, na Praça da Alimentação, um show do grupo Samba e Poesia, composto por André Gomes, Gustavo Ribeiro, Bruno Lustosa, Guinho Dias e pelo cantor Otacílio Sá. No repertório, o grupo faz uma homenagem a dois grandes artistas que representaram momentos diferentes na história da música, Cartola e Jorge Aragão.

Cidadania

Basta escrever no Google ecidadania e Senado. Ali, o internauta pode sugerir projetos, acompanhar leis e se comunicar com a Casa.

Nova cultura

Séria em tudo o que faz, principalmente na atividade legislativa, a deputada Mara Gabrilli é relatora e o senador Dário Berger, presidente da comissão mista, que recria o Ministério da Cultura. Vamos ver como será abordado o Ecade.

História de Brasília

Um dia feliz para dona Júlia Kubitschek. Aquele a quem a senhora ainda hoje chama de “menino” é, para todo o país, o homem. E a ele, os nossos parabéns pelo aniversário natalício. (Publicado em 12/9/1961)

Crise aérea

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Qualquer análise sobre os desdobramentos econômicos do país tem que levar em conta, além da redução no consumo de itens básicos, como alimentos, luz e combustível, os indicadores que apontam para a retração significativa na movimentação de passageiros e cargas pelos aeroportos brasileiros. Os problemas enfrentados pela aviação nacional vêm de longa data e são bastante conhecidos.

Com o agravamento da crise, acentuou-se de forma preocupante a diminuição do número de passageiros em cerca de 6%, assustados com o valor oscilante das tarifas aéreas, que é até pequeno, se comparado com o recuo de cerca de 40% na oferta de voos entre o Brasil e os EUA, principal destino dos brasileiros. Muitas cidades brasileiras perderam a ligação aérea direta com os EUA, como Recife, Porto Alegre e Salvador. Também Brasília e Belo Horizonte, em breve não terão mais ligação direta com a América do Norte.

Se há uma crise no número decrescente de passageiros, pior ainda são os problemas enfrentados no setor de transporte aéreo de cargas. Para se ter uma ideia, a Varilog, maior empresa do setor, viu diminuir o volume de cargas de 211 mil toneladas, em 2006, para 13,4 mil toneladas de janeiro a maio deste ano. A diminuição nos volumes de cargas transportadas foi acompanhada também pela redução na quantidade de viagens corporativas. Só nos primeiros meses deste ano houve um recuo de 3,6%.

Em 2015, as viagens corporativas responderam pelo incremento de 725.589 empregos diretos e indiretos. O impacto dessa redução na economia foi da ordem de R$ 70 bilhões. A crise afastou também muitas companhias aéreas que deixaram de operar no Brasil, como a Japan Airlines, a Singapore Airlines e outras. A Embraer, orgulho nacional e que emprega mais de 17 mil funcionários, anunciou um plano de demissão voluntária (PDV) e cortes de custos para poupar US$ 200 milhões e fazer frente a séria crise no setor.

O problema com o esfacelamento de um nicho econômico tão sensível como o setor aéreo nacional, com consequente redução de passageiros, de cargas, fuga de empresas estrangeiras e demissões em empresas nacionais, como a Embraer, é que, ao afetar drasticamente o desenvolvimento do país, deixa sequelas que levam anos para ser recompostas novamente, e com isso compromete ainda mais o esforço para a dura retomada do crescimento.

A frase que foi pronunciada

“A maratona para desviar a atenção do povo tá braba!”

Grito de um amigo para o outro na chapelaria do Senado

Andamento

Sobre a eleição da UnB, ficaram três chapas. Engenheiro eletricista, Ivan Marques de Toledo Camargo é professor da instituição desde 1989. Professor Ivan não tem partido. Aliás, o programa dele é acadêmico e não político. Denise Bomtempo, ex-decana, sem partido, e Márcia Abraão, ex-decana também estão na disputa.

Feito

Por incrível que pareça, o Partido dos Trabalhadores conseguiu o feito inédito de unir o PSol, PSTU, PDT, PCdoB. Por enquanto, esses partidos formam a frente dos sem cargos no governo federal e GDF e devem apoiar a professora Márcia.

Atenção

Quem mostrou insatisfação com a retirada das faixas com menções políticas foi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Cláudio Lamachia. Ou o país é livre ou não é. O comitê Olímpico não pode desrespeitar a Carta Magna.

Para

Mas os olhos da Universidade de Brasília estão voltados mesmo, e com bastante atenção, para o senador Cristovam Buarque. Que debate sobre as eleições será sustentado por ele, ninguém sabe.

Chamar

Pessoal do Ministério da Cultura deve usar os efetivos da casa para ocupar os cargos vagos deixados pelo governo anterior. Concurso mesmo, nada.

História de Brasília

São 5 bilhões de cruzeiros, já vencidos, que a Novacap terá que pagar. É o resultado da política do sr. Jânio Quadros, que autorizava, e o ministro Clemente Mariani não pagava. (Publicado em 12/9/1961)

Isso é o Brasil

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DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Se é difícil para os estrangeiros entender o Brasil, para a população que aqui vive e que, em sua maioria é composta por trabalhadores de baixa renda, é perda de tempo buscar sentido racional para o que acontece no dia a dia, principalmente com relação à escalada dos preços. Mesmo para os padrões americanos e europeus, os valores cobrados por diárias de hotéis e restaurantes de categoria média no Brasil são extremamente mais elevados do que os preços dos mesmos serviços no exterior. São inúmeros os impostos e tributos que incidem sobre todos os bens de consumo indiscriminadamente. No ciclo fechado dos impostos, o único beneficiário direto é o governo ou, mais precisamente, a gigantesca máquina administrativa do país que absorve o grosso da renda.

Além disso, o povo brasileiro não exerce a cidadania como outros povos. Associações ou institutos, até agora, ninguém foi capaz de unir a população para cobrar do Estado o cumprimento de suas obrigações. Na década de 1960, sem Twitter, Facebook ou Whatsapp, as donas de casa conseguiam se mobilizar propondo boicote instantâneo aos produtos com preços abusivos ou a estabelecimentos com atendimento a desejar. Hoje, curiosamente com todo esse aparato tecnológico, o máximo.

Difícil explicar em qualquer língua que, apesar de possuirmos enormes jazidas de petróleo e contarmos como uma empresa com grande expertise na exploração, refino e distribuição desse mineral, temos o combustível mais caro e misturado do planeta. Como fazer entender outros povos quando afirmamos possuir o maior rebanho de bovinos e frangos do planeta, se, nos supermercados, esses são artigos só podem ser comprados por uma minoria?

Impossível que os estrangeiros entendam que somos celeiro do mundo e temos milhões de quilômetros quadrados de terra perfeitamente agricultáveis, exportando grãos diversos para todos os cantos do planeta e nas gôndolas dos supermercados e nas feiras de rua o quilo do feijão, que é o alimento básico da população, chega a custar cerca de US$ 6 (mais de R$ 18).

Qual a explicação para o fato de possuirmos 7.491 quilômetros de litoral e 200 milhas náuticas de mar territorial e termos produção e consumo irrisório de pescado e derivados do mar? Como explicar os preços exorbitantes desses produtos para o consumidor? Como pode encontrarmos no mercado peixes vindos da China? Pior. Como um povo que vê nos artigos da Constituição, da Carta Magna do próprio país, artigos que lhe garantem o direito à saúde, ao transporte e à educação e, apesar de ter que buscar plano de saúde, escolas particulares e usar o próprio carro por falta da mobilidade, reage com samba e futebol?

Nossos cientistas precisam deixar o Brasil para poder trabalhar e desenvolver projetos. Quem entende isso? Somos a “Pátria Educadora” que não educa. Que permite campanhas comerciais, novelas, programas totalmente deseducativos. Nada foi feito efetivamente contra as baixarias na televisão. Talvez porque baixaria já não seja a mesma coisa. Valores e preços são substantivos que se misturam.

As mesmas interrogações se repetem para tudo o que produzimos e consumimos. Se repetem também para a complacência ao saber que há corrupção no samba, no futebol, na educação, na saúde, no transporte e, mesmo assim, a troca de informações nos meios eletrônicos se resumem a piadas ou, no máximo, colheres batendo em panelas. Melhor resumir essas questões com a frase enigmática: isso é o Brasil.

A frase que foi pronunciada

“Os estrangeiros, eu sei que eles vão gostar, tem o Atlântico, tem vista pro mar. A Amazônia é o jardim do quintal e o dólar deles paga o nosso mingau.”

Raul Seixas

Até quando?

Por falar nisso tudo, a Secretaria de Educação do DF ainda não adotou nas escolas o livro Faço, Separo, Transformo, de Marcelo Capucci e Marcos Linhares. tem gente em Londres que já se interessou. Precisa ser assim? Nunca vamos valorizar os nossos escritores, atores, músicos, cientistas, pintores, escultores…

História de Brasília

Estão falando muito em moratória para o comércio em Brasília. Será um descalabro. Basta que a Novacap pague suas dívidas, e o comércio de Brasília funcionará que é uma beleza. (Publicado em 12/9/1961)

Dinheiro público

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com Circe Cunha e MAMFIL


Dinheiro público é sagrado,
pelo menos, deveria sê-lo. Fossem respeitados os limites para os gastos do governo, obviamente não seriam necessárias a adoção de medidas emergenciais e paliativas como o aumento de impostos e muito menos de arrocho fiscal. Houvesse esse temor reverencial aos recursos retirados dos cidadãos, nada do que ocorre hoje, inclusive o lento processo de impeachment, estariam em pauta.

Leis claras e objetivas deveriam ser erigidas para blindar o dinheiro público das razias dos governantes. Leis que penalizassem os infratores na exata medida de seu desatino. Se para cada real desviado, correspondesse um dia de prisão e multa equivalente, o caminho da probidade estaria facilmente aplainado.

Em maio deste ano, o ainda governo Dilma, através do decreto 8.456, cortava 22% ou R$ 70 bilhões do Orçamento da União, para fazer frente aos desajustes profundos nas contas públicas. Essa medida em si já sinalizava, para além do núcleo fechado do governo, que alguma coisa de muito séria estava acontecendo com os recursos da União.

O chamado “corte na carne”, anunciado fora de tempo e contexto, por uma equipe econômica já sem crédito e complemente rendida aos caprichos da presidente, causou mais surpresas do que contrariedades. Por esta época, o país já vivia sob o clima pesado por conta dos sucessivos escândalos que brotavam de dentro do governo. Embora não se conheçam os detalhes internos que levaram a adoção desse decreto, o certo é que ele marcou de forma indelével as relações da presidente com seu partido. A adoção dessa medida deixou claro que as promessas de campanha não só não seriam cumpridas, como não seriam cumpridas nenhum outro planejamento prévio, inclusive o Plano Plurianual.

A bandeira do partido da presidente que pregava a redução sustentada das desigualdades sociais e econômicas, fora irremediavelmente rasgada, Restava a presidente o apoio constrangido de sua base de apoio. Os corte atingiram em cheio os Mínistérios do Desenvolvimento agrário (53%), da Educação (23,7%), da Pesca e Aquicultura ((78%), além das Secretarias de Promoção da Igualdade Racial (56%) e Direitos Humanos (56%). A redução significativa dos investimentos nas áreas sociais, deixou a presidente suspensa no ar, segura apenas pelo pincel. Diante da encruzilhada de cortar em áreas sociais e sobreviver no cargo, Dilma optou pela segunda hipótese, conseguindo ainda uma sobrevida no governo, mas já era tarde.

A profanação do dinheiro público, pela má gestão desses recursos e, principalmente pelos inúmeros episódios de corrupção que a Nação vai tomando conhecimento, selaram o destino de Dilma. Os episódios que resultaram no seu afastamento, resumidas nas chamadas pedaladas fiscais, representam apenas uma gota d’água no oceano das tribulações experimentadas e induzidas por um governo de triste memória.

A frase que foi pronunciada:

“ Só criei o SBT porque as portas estavam fechadas para mim.”

Silvio Santos, dando a dica para quem precisa conhecer o próprio valor.

Hoje

Vale visitar o templo budista na entrequadra 315/316 Sul. Volta a quermesse que já se tornou tradição na cidade. Monge Sato e equipe mantém a organização, clima de paz e a delícia da cozinha japonesa.


Ah ta!

Agora é lei. Todos os alimentos perto do vencimento devem ser doados pelos supermercados a instituições de caridade. O que acontece é que o mercado diminui o preço justamente desses produtos, que ainda caro são desovados nos carrinhos das donas de casa que sempre estão em busca de ofertas para manter o equilíbrio das finanças domésticas.

Leitora

Sobre a falta de pediatras no hospital do Gama. Não conheço a realidade daquele hospital, mas constato o caos na pediatria em Brasília de forma geral.

Recentemente, a pediatria do hospital Alvorada ( particular e ligado ao grupo AMIL ) fechou as portas e a reabertura está nas mãos da justiça. Nesta semana, fala-se do fechamento da pediatria do HRAN, (um dos principais e bons hospitais públicos da cidade).
Alega-se que esta especialidade da medicina não demanda muitos procedimentos e acaba tornando pífio e inócuo o retorno financeiro. Apenas sobrecarrega fisicamente os hospitais.
No entanto, a questão permanece. Seja no Gama, no Plano Piloto, em qualquer parte. A pediatria cuida do futuro. Há pediatras – e muitos – querendo fazer seu trabalho. Mas como, se o futuro está cada vez mais longe? Ana Maria

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Para os que gostam de caça e pesca, vejam este resultado de fim de semana no nosso Dick Shaw, do Informador: 5 pacas, uma capivara e 80 quilos de Tucunaré. Superou o recorde de “conversa de pescador”, que pertencia, até então, ao Auristelio Ponte.(Publicado em 12/09/1961)