Investidores estão cada vez mais preocupados com recessão global, diz UBS

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A preocupação entre grandes investidores globais em relação à recessão mundial nos próximos 12 meses aumentou, passando de 49% para 60% no primeiro trimestre de 2020, conforme pesquisa do UBS sobre o sentimento dos investidores, divulgado nesta quarta-feira (29/04). 

 

Conforme o levantamento trimestral realizado pelo banco suíço junto a grandes investidores, a pandemia da Covid-19 como a  principal preocupação dos entrevistados. A doença causada pelo novo coronavírus afetou o estilo de vida de 96% dos pesquisados.

 

Regionalmente, a confiança no curto prazo com a própria região caiu em relação ao levantamento anterior. Na Ásia, por exemplo, o otimismo passou de 71% para 55%; na América Latina, de 60% para 49%; e, nos Estados Unidos, de 68% para 30%. Na Suíça, o recuo foi de 47% para 28%. Apenas no Brasil, o otimismo encolheu de 68% para 44%, abaixo da média na região.

 

Globalmente, o otimismo com mercado de ações passou de 65% para 45%. Contudo, 47% dos investidores esperam manter seus investimentos nas bolsas nos próximos seis meses, enquanto 37% planejam investir mais. Além disso, 23% acreditam que agora é um bom momento para comprar ações, e outros 61% veem uma oportunidade de compra se as ações caírem entre 5% e 20%.

 

De acordo com o estudo, quase metade dos grandes investidores espera manter suas carteiras de ações no mesmo nível nos próximos seis meses e 37% desejam investir mais, de acordo com pesquisa trimestral do banco. 

 

Apesar da piora das previsões de curto prazo, 70% dos 4.108 investidores e empresários de 14 mercados estão otimistas quanto às perspectivas econômicas para os próximos 10 anos para sua região. 

 

 

Piora nas projeções para o Brasil

 

O UBS acaba de revisar as projeções para o Brasil e passou a prever retração de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB), neste ano, com um cenário pessimista com um tombo de 10% na atividade e queda expressiva na arrecadação. Devido ao aumento das despesas em função do “orçamento de guerra” no combate à Covid-19, o banco prevê o rombo das contas públicas chegando a 10,4% do PIB no cenário base e a 12% no cenário pessimista. Para 2020, a previsão é que o deficit primário fique entre 3,3% e 4,3%, do PIB. O cenário traçado pelo UBS prevê o resultado primário apenas em 2030. Desde 2014, as contas do governo fecham no vermelho.