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Você sabe o que te impede de ser aprovado em um concurso público?

Publicado em Concursos

Elvis Costa* – Pare um pouco para pensar e contabilize: De quantos concursos públicos você já participou? Tem noção do dinheiro que já foi gasto com inscrições, cursinhos preparatórios e até viagens para locais de prova longínquos? Para quantos concursos você acha que de fato estudou? E, agora, em quantos você já foi aprovado, classificado e/ou nomeado? E aí, a conta bateu?

 

De acordo com Deodato Neto, professor do IMP Concursos, o principal problema é a falta de foco e planejamento. “Hoje o grande problema do ‘concurseiro’ sem foco é que ele só vai estudar quando sair o edital. Isso faz com que os cursos preparatórios fiquem lotados, porém a quantidade de alunos realmente preparados é muito pequena.”

 

O professor explica que o ideal para alcançar a aprovação é que seja dedicado pelo menos de um ano a um ano e meio, somente para os conteúdos básicos de concursos, como: português, raciocínio lógico, informática, Lei Orgânica do Distrito Federal, entre outras. Após esse período, o candidato vai ter um domínio dessas disciplinas básicas e poderá focar nos conteúdos específicos do concurso de interesse.

 

Além disso, é necessário ter um foco. Dedicar-se só na área administrativa, policial, jurídica, por exemplo, pois cada área de atuação tem um conhecimento especifico e é mais interessante dominar o conteúdo de uma área, do que ter noções básicas de várias.

 

Deodato aponta que outro erro cometido pelos “concurseiros” é que eles gostam de assistir aula, e hoje, isso não é o que faz diferença, é preciso pegar a base com a aula e depois estudar dentro dos parâmetros do edital e por questões da banca organizadora do concurso em questão.

 

“Estudar para concurso não tem segredo, não conheço ninguém que não tenha estudado de verdade e não passou, mas para isso você tem que ter uma rotina de estudos, um planejamento, ter professores gabaritados que não façam você perder tempo em matérias sem sentido e que realmente foquem no que vai cair na prova” aconselha Deodato.

 

Principais erros:

  • Falta de foco e perspectiva;
  • Começar a estudar só quando o edital é publicado;
  • Estudar para várias carreiras de áreas diferente;
  • Falta de planejamento;
  • Falta de rotina de estudos;
  • Falta de bons profissionais de educação;
  • Falta de pró-atividade em estudar por conta própria.

 

Menos é mais

“Vejo que muitos alunos acreditam que estudar em quantidade significa alcançar a aprovação, como se fosse uma causa e consequência. Dormindo mal, estudando por 12 horas, não praticando atividades físicas, acham que isso vai trazer a aprovação e para a maioria isso não traz resultados,” avalia Elias Santana, professor de gramática do Gran Cursos Online.

 

Para Elias, antes de focar em dicas de conteúdo, é necessário aprender a estudar qualitativamente, ou seja, avaliar se o tempo de estudo é aproveitado. “Cada ser humano tem uma forma diferente de aprender, alguns conseguem manter a concentração por 12 horas, alguns conseguem se concentrar por três horas, então é fundamental que a pessoa saiba isso para que o estudo dela seja aproveitado,” explicou.

 

Segundo o professor, os candidatos costumam ignorar diversas atividades cotidianas em prol dos estudos e lembra que há estudos comprovados de que uma atividade física regular faz o desempenho cerebral aumentar e o nível de ansiedade diminuir, utilizando apenas 30 minutos ou uma hora do dia, no máximo.

 

A receita básica para que o candidato consiga alcançar bons resultados:

 

  • Estude de forma qualitativa;
  • Durma bem;
  • Alimente-se bem;
  • Pratique atividades físicas.

 

Matéria obrigatória

O que todo concurseiro tem certeza é que a prova vai cobrar língua portuguesa. A disciplina é praticamente obrigatória em concursos de todas as carreiras e em todo país. “Em gramática, os candidatos estudam na ordem errada, e se estudado na ordem errada, é automaticamente incompreensível,” afirmou Santana. Para ele, a ordem de estudo a ser seguida é a seguinte:

 

Morfologia > Sintaxe do período simples > Sintaxe do período composto = Base/sustentação dos demais conteúdos > Pontuação do período simples e composto> funções do “que” e do “se” > crase > colocação pronominal > concordâncias > regências.

 

Também há conteúdos de gramática que podem ser estudados separadamente, ou seja, não dependem de uma base para sustentação: Acentuação, processo de formação de palavras e morfologia verbal.

 

O professor ainda avalia que provas que exigem análise de texto causam certa frustração nos candidatos, mas o conteúdo, em tese, é muito simples. O segredo é treinar respondendo a questões de análise de texto, pois o candidato precisa aumentar a sensibilidade dele para isso. Segundo o especialista, os alunos têm preguiça de treinar o texto e isso atrapalha a aprovação.

 

Conselho: Defina a banca de foco e faça uma prova inteira de análise de texto, uma vez por semana.

 

Redação

O professor assegura que ler Machado de Assis não vai fazer a aprovação chegar mais rápido. “Lendo Machado de Assis você vai estar lendo para adquirir conhecimento, conhecer literatura. Mas você não quer seu texto igual ao dele, pois isso não te ajudará em um concurso. Leia jornais, revistas, periódicos, que tem linguagem objetiva, contemporânea e clara.”

 

Tatyana e Larissa
Tatyana e Larissa

Alcançando a aprovação

Larissa Maciel Diniz, 25 anos, é formada em direito e já participou dos concursos do Ministério da Fazenda (2014), STJ (2015), Anvisa (2016) e Hemocentro/DF (2017) até alcançar a aprovação na 2° posição no concurso do Tribunal Superior do Trabalho – (TST 2017).

 

Segundo Larissa, a aprovação só se tornou possível porque ela mudou a forma como se preparava. Ela conta que passou dois anos estudando sem métodos, apenas lendo, fazendo exercícios que os professores mandavam. Não revisava, nem tinha hora fixa e esperava conseguir resultados dessa forma. Em 2016, ela começou a encontrar, na internet, conteúdos com dicas de pessoas que já foram aprovadas e de pessoas que ensinavam sobre técnicas de estudo.

 

“Eu mudei [a forma de estudar] porque eu comecei a ver, lendo esses conteúdos e meus resultados anteriores, que o que eu fazia não me levaria muito longe. Era preciso ainda muito mais esforço e usar alguns métodos adequados para evoluir melhor. Uma coisa era estudar para escola, faculdade e outra completamente diferente era estudar para concurso”, afirma Larissa.

 

A partir dessa consciência, a concurseira começou a estudar cerca de seis horas por dia, de segunda a sábado, dividindo mais ou menos uma hora para cada matéria, com intervalos curtos entre as mudanças de disciplina. Passou a responder muitas questões, elaborou um sistema de revisões, além de ler muita jurisprudência e “lei seca”, como descrita na Constituição.

 

Com essas mudanças, Larissa conseguiu ser aprovada no Exame da Ordem dos Advogados, no concurso para o Hemocentro/DF, em que saiu na lista de aprovados, e no (incrível) 2° lugar do TST.

 

Outra pessoa que conseguiu a sonhada vaga foi Tatyana Kovaleva Modesto, russa que mora no Brasil há mais de 10 anos. Ela começou a estudar em 2015 e, no mesmo ano, passou em 28° colocação no concurso da Telebrás. Em 2017, foi aprovada no 10° lugar do concurso da Terracap para o cargo de técnico administrativo. Após isso, Tatyana fez em torno de 20 provas de diversos concursos até ser classificada, em 2° lugar, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

 

A aprovada ressaltou que sempre gostou de estudar e que pelo estudo das matérias de direito aprendeu muito sobre o Brasil. Algo que ela considera essencial para qualquer estrangeiro, pois dá mais noção sobre o país em que está vivendo. Para conseguir ter domínio nos conteúdos previstos no edital do tribunal, Tatyana percebeu que fazer a prova sem ter estudado todas as disciplinas não é indicado. No começo da jornada como concurseira, ela dedicava em torno de três horas aos estudos, durante cinco dias por semana, enquanto trabalhava como autônoma e fazia graduação à distância em letras – português. A partir de 2017 ela passou a dedicar, no mínimo, oito horas por dia à preparação, sempre utilizando videoaulas, fazendo resumos, respondendo provas de concursos anteriores e simulados.

 

Tatyana afirma que só conseguiu um bom desempenho na prova devido a sua dedicação diária e da persistência. “Percebi que o fato de terminar o estudo da matéria não significa o domínio completo dela, pois as bancas sempre inovam. Não se pode ficar acomodado achando que já sabe tudo, sempre temos que buscar aprimorar o conhecimento em outras fontes. Eu adquiri livros e cursos específicos de outros professores. A principal ideia é não desistir e ter ciência de que o caminho ao sucesso é feito de derrotas.”

 

 

* Estagiário sob a supervisão de Anderson Costolli