CBNFOT181020152039 Thiago Regis Vasconcelos/Divulgação

Calor pra cachorro

Publicado em comportamento

por Camila Costa, do Correio Braziliense

 

O ditado popular “está calor pra cachorro” nunca foi tão apropriado quanto nos últimos dias. Brasília tem alcançado temperaturas recordes e não são apenas as pessoas que sofrem. Os cães também penam com o clima. Algumas raças, inclusive, precisam de cuidados extras para sobreviver a essa época do ano, como as dos buldogues inglês e francês. Por serem braquicefálicos, ou seja, terem aquela carinha com aparência de amassada, eles têm obstruções respiratórias superiores. O problema se agrava com as altas temperaturas e essas raças são as principais candidatas a sofrerem “ataques de calor”, que podem ser fatais para o animal. Veterinários recomendam sombra e água fresca a esses e aos demais animais domésticos.
O mercado de produtos para pets tem algumas opções, como tapetes gelados e sapatinhos para não queimar as patas no chão quente. Os tapetes, por exemplo, são uma ótima opção para os cachorros de apartamento ou para os que vivem em locais que não têm chão frio. Na internet, o tapetinho é vendido até por R$ 119. Mas nem sempre é preciso desembolsar muito. Tem gente usando a criatividade. Caso do advogado Thiago Regis Vasconcelos, 28 anos. Ele tem dois buldogues franceses: Tobias, 7 meses; e Nicole, 1 ano e 2 meses. Na casa dos três, as invenções para conter o avanço da temperatura não têm limites. Tobias gosta de ficar em frente ao umidificador e de tomar água de coco para se refrescar. “O mais comum é dar frutas congeladas. Também encho balões com água e congelo para pôr na vasilha de água. Eles adoram. Às vezes, na hora do banho, em vez de secar com secador, apenas passo a toalha para que fiquem um pouco úmidos”, conta Thiago.
Carinho

A grande preocupação quando se fala de bichos e calor é por conta da chance de hipertermia. Como os cães não transpiram, a respiração é a única forma de controle da temperatura do corpo. Em épocas como a de agora, em que o calor é grande, porém, o ar quente e úmido prejudica esse mecanismo. Assim, o cachorro fica ofegante na tentativa de intensificar a troca de calor. E, assim como os de focinho curto são mais prejudicados com isso, os obesos também são. Grande e mais idoso, Kiko, da raça boxer, está com 8 anos. A dona, Clara Cunha da Silva, 32, precisa ajudar o amigo a se manter fresco. Segundo ela, a primeira medida foi fechar a casinha. “Deixamos ele na varanda, apenas com alguns panos e almofadas, mas onde corre ar”, justifica.
Em raças com mais pelo é indicada a tosa. Em uma pet shop do Sudoeste, os serviços de tosa e banho aumentaram significantemente nos últimos dois meses. Clientes que só levavam uma vez à clínica, hoje, já levam duas vezes. “Foi justamente por conta desse calor todo. Muita gente opta por esse tipo de serviço porque ajuda bastante na hora de aliviar a quentura”, explica o funcionário da pet shop Caio Santos, 29.
Segundo o médico-veterinário Robespierre Ribeiro, todas as raças devem ser monitoradas e receber os cuidados devidos. Em geral, água à vontade, em abundância e evitar atividades intensas ao ar livre em horário de alta temperatura. “Já atendi cachorros que não resistiram em caminhar em um horário muito quente, ou seja, tem que evitar exposição direta. É preciso manter hidratado, com temperatura baixa; tosar é bastante indicado e, em casos extremos, molhar o animal mesmo”, detalha o médico.