No Dia do Jornalista, meu presente é a carta datilografada ¿ com selo e cheia de cola ¿ de um leitor que entrou na máquina do tempo

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No Dia do Jornalista, o meu maior presente é uma carta datilografada – repito, datilografada, com selo e cheia de cola no envelope – enviada pelo maior patrimônio da nossa profissão: o leitor. Há um mês, assino no caderno Superesportes do Correio Braziliense uma coluna batizada pelo amigo Braitner Moreira de Máquinas do Tempo. O texto de estreia falava do Budapeste Honvéd e da seleção da Hungria.

Para minha surpresa, uma semana depois, chegaria um presente antecipado do Dia do Jornalista na minha bancada na redação. Era um envelope com o nome do rementente: Othon Leonardo, um torcedor rubro-negro de 77 anos morador da Asa Sul. Na coluna, entre outros temas, eu lembrava que o Honvéd, com Ferenc Puskas e companhia, esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1957, para uma série de amistosos contra o Flamengo, o Botafogo e um combinado Flamengo/Botafogo.

Não tenho ideia da audiência do texto, mas a carta do seu Othon Leonardo fez valer cada linha do texto de O Grande Hotel Budapeste, título da coluna publicada em 13 de março deste ano. Na carta, o carioca fanático pelo Flamengo diz: “Tive a felicidade de estar presente nos dois primeiros jogos, com apenas 20 anos de idade”, testemunhou o aposentado.

Fiquei emocionado. Peguei o telefone e liguei para seu Othon Leonardo. Do outro lado da linha ele demonstrou surpresa e mergulhou de vez no túnel do tempo. Foram 20 minutos falando do Honvéd e do Flamengo. Curioso, ele queria o resultado da partida em que Botafogo e Flamengo jogaram juntos contra o Honvéd. Foi assunto para mais de metro…

O bate-papo continuou até que, antes de dizer tchau, seu Othon Leonardo se despediu cheio de dedos. “Olha, desculpa por não mandar um e-mail ou essas coisas que vocês usam hoje aí, esse negócio de redes sociais, né, mas eu não sei mexer com nada disso. Eu prefiro a minha maquininha de escrever. Obrigado por ligar pra mim”, disse.

Eu é que agradeço, seu Othon Leonardo. Meu inesquecível presente do Dia do Jornalista de 2015 anda comigo pra cima e pra baixo dentro da minha inseparável mochila. É o meu prêmio!