Ninguém o ama, ninguém o quer

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Você gosta de ouvir um redondo não? Ninguém gosta. Nem os bebês. Dizem que a criança que escuta muitos nãos nos primeiros meses de vida grava a negação na mente. Aí, Deus a acuda. Candidata-se ao título de adulto infeliz. Para alegria do psicólogo, claro.
 
O leitor e o ouvinte também têm horror a esse advérbio. Fazem tudo para ignorá-lo. Muitas vezes, passam batido por ele. Aí, valha-nos, Senhor. O recado é lido pelo avesso.
 
Para evitar traumas e distorções, fuja do não. Use uma linguagem positiva. Diga o que é, nunca o que não é. Não chegar na hora é chegar atrasado. Não ser necessário é ser dispensável. Não vir à aula é faltar à aula.
 
Dizer o que não é soa pouco objetivo, impreciso, hesitante. Dá a impressão de que se está fugindo do compromisso de afirmar. Como escapar do não? Reescreva a frase mantendo a idéia. Quer ver?
 
Ele não acredita (duvida) que o professor chegue a tempo.
 
O presidente diz que não fará (nega) alterações no programa de
privatização.
 
Os políticos não sabem (ignoram) que fazem parte do Estado.
 
Não se lembrou (esqueceu-se) do recado.
 
Os laboratórios não podem (só podem) fabricar os novos remédios se não (se) pagarem royalties.
 
Não é possível (é impossível) reparar os erros passados.
 
A lei não altera (mantém) a situação dos aposentados.
 
O servidor público não é mais (deixou de ser) servidor.
 
Dá trabalho chegar à forma positiva? Às vezes dá. Mas vale a pena. O que se escreve com esforço se lê sempre com prazer. Lembre-se disso antes de desanimar.