Priorizar a quem de direito

Publicado em Íntegra

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Num país em que as prioridades da população andam sempre a reboque dos interesses de pessoas e grupos poderosos, não é de se estranhar que um guarda de trânsito, travestido na nova nomenclatura como agentes de trânsito, em início de carreira, receba um salário maior do que o de um professor universitário, em regime de dedicação integral e em fim de carreira.

Distorções dessa ordem existem em grande quantidade e deixam pistas de que a organização do Estado brasileiro, tal como se acha na atualidade, aponta para um futuro de incertezas e caos. Países, como o Japão e a Coreia do Sul, que tomaram a educação como farol a ser seguido, dão provas de que a única porta para o desenvolvimento humano e material de uma nação é por meio do ensino.

Em nome de prioridades que não se sabe exatamente quais são, passamos a considerar normal que um auxiliar técnico tenha remuneração maior do que a de um cientista ou pesquisador altamente capacitado e requisitado por todos os laboratórios do mundo. Não se trata aqui de desmerecer o trabalho dos profissionais de nível médio, mas sim de colocar as coisas no seu devido lugar. Num mundo racional moderno, não se pode negar, existe uma hierarquia que é dada pelo volume de conhecimento científico e preparo intelectual que um indivíduo tem e sua capacidade em resolver problemas de alta complexidade e que dizem respeito à existência da sociedade.

Esse é, por exemplo, o caso dos biólogos que trabalham em busca de vacinas e outros remédios contra doenças como zika, chicungunha, febre amarela e outras parasitoses, que provocam milhares de vítimas todos os anos. Como é possível a um país, no mundo atual, onde o maior capital é o conhecimento e a tecnologia, não prestigiar e incentivar seus pesquisadores e mestres. Para muitos, uma solução simples, capaz de pôr termo a essas disparidades, que fazem com que um copeiro do Poder Judiciário ganhe mais do que um cirurgião da rede pública, seria estabelecer como teto salarial para o funcionalismo público, o salário de um professor de universidade pública, tomando, definitivamente, a educação como parâmetro máximo da nação.

Nossa encruzilhada à frente é escolha nossa.  Ou se remunera bem os bem preparados, ou prosseguiremos trilhando caminhos distantes do mundo civilizado. Tão importante quanto o combate às desigualdades entre ricos e pobres, das quais o Brasil é campeão mundial, é buscar a valorização de nossos professores, pesquisadores e cientistas, colocando esses cérebros nacionais onde eles sempre deveriam estar: no alto da cabeça.

 

A frase que foi pronunciada

“Considerados pela lei brasileira como menores, são eles que estupram, matam, sequestram, põem fogo em ônibus. Nunca confundiram uma escopeta com chupeta.”

Senador Magno Malta

 

Comissão

» Dada a partida para a reforma do Código Penal. A CCJ do Senado começou a convidar magistrados, representantes do MP, procuradores, juízes, advogados defensores e delegados Polícia Federal e  da Polícia Civil. Professores de direito penal têm importantes contribuições e devem fazer parte do grupo.

 

Tipificar

» Por falar em Código Penal, o crime de assédio sexual que ocorre, há anos, no transporte público foi tipificado em dois projetos no Senado. Marta Suplicy e Humberto Costa apresentaram redação que dará a ferramenta necessária para os juízes enquadrarem os criminosos devidamente.

 

Simples assim

» Tanto na ponta do lápis quanto no balanço financeiro, o horário de verão é um embuste que arrebenta a saúde dos trabalhadores e atinge o rendimento dos alunos, afetando a aprendizagem. No Japão, segundo a Agência Ansa, o grupo denominado Associação Nacional de Pesquisa do Sono, se pronunciou contra a medida: “Dizemos não. É um atentado contra a saúde física e psicológica da população”.

 

No escuro

» Ontem, no programa do compadre Juarez, ele bateu na mesma tecla que essa coluna vem batendo. A falta de iluminação pelo Catetinho e pistas adjacentes tem colocado motoristas em alto risco de acidentes, principalmente em tempos de chuva.

 

História de Brasília

Este mesmo sr. Cerejo foi quem, interpelado por um funcionário sobre o que faria com a Superquadra 305, que deveria ser reservada aos funcionários da autarquia, disse simplesmente isto: “Não movo uma palha. O GTB que tome conta”. (Publicado em 5/10/1961)

Plástica cirúrgica em partidos decrépitos

Publicado em ÍNTEGRA

 Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

“Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilhas de couro velhas; se o fizer, as vasilhas se rebentarão, o vinho se derramará e as vasilhas se estragarão. Pelo contrário, põe-se vinho novo em vasilhas de couro novas; e ambos se conservam.” Mateus 9:16-17

Considerada, com muita razão, a mãe de todas as reformas, a política, pela qual a nação anseia, ainda não foi gestada pelos representantes da população no parlamento. Razão para isso existe de sobra do ponto de vista dos políticos com assento no Congresso. Fosse confeccionada sob medida, seguindo o gosto da população, a tão pretendida reforma política provocaria verdadeira revolução nos partidos e no modo como é feita a representação política, a começar pelas próprias eleições.

Por mais de uma ocasião, e as pesquisas de opinião assim indicam, a sociedade brasileira tem demonstrado desencanto com a classe política e com os respectivos e diversos partidos que desfilam nos horários gratuitos do rádio e da tevê. As investigações levadas a cabo pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, ao revelar a ponta do iceberg da corrupção endêmica, aumentou, ainda mais, o desalento da população com seus representantes políticos. A situação chegou a tal ponto que não raro assistimos a agressões verbais e mesmo físicas quando algum político é avistado em ambiente público.

De fato e com razão, os brasileiros não se sentem representados à altura. Para muitos, o caminho natural para pôr termo à crise, que poderia levar a desfecho sem maiores traumas, seria o afastamento dos citados nos casos de corrupção, abrindo espaço para a acomodação da crise até o novo pleito. Com a aproximação das eleições de 2018 para a Presidência, para os governos estaduais e para a composição do próprio Congresso, a reforma política ganhou novo e pragmático ímpeto. Acontece que as mudanças, mesmo cosméticas, estão ocorrendo diante da rejeição popular.

Pesquisa apresentada há pouco pelo Instituto Ipsos mostra que apenas 6% dos eleitores se sentem representados pelos políticos e respectivos partidos. Essa descrença, na avaliação dos cientistas políticos, acaba por contaminar a própria percepção sobre a democracia e o modelo brasileiro de representação. A mesma pesquisa mostra, ainda, que 81% dos entrevistados apontam o sistema político atual como o principal problema a ser enfrentado. Pior: a pesquisa indica que 94% dos entrevistados afirmam que os políticos que estão no poder não representam a sociedade. São eleitos que não representam os eleitores. De fato, há enorme lacuna entre o que quer o povo e o que entregam os políticos.

Nesse caso, costura-se uma reforma capaz apenas de cobrir os rasgos que operações como a Lava-Jato deixaram sobre o tecido político nacional. Obviamente que uma reforma política cerzida pelos próprios personagens que a sociedade enxerga como aldrabeiros e maus alfaiates, não terá o condão de produzir o tal modelo com que os brasileiros há muito sonham. Espertos e prevenidos como são, os políticos com assento do Congresso trataram logo de começar a reforma, cuidando de garantir um financiamento público bilionário para as próximas campanhas, aprovando projeto que, segundo o senador por Brasília, Cristovam Buarque, é um verdadeiro cheque em branco.

Para não dizer que a reforma política não vem sendo feita, teve início, nos partidos, repaginação geral dos logotipos das legendas, inclusive com a mudança dos nomes. O PTN virou Podemos, o PT do B virou Avante, o PSDC é agora Democracia Cristã. O PEN pretende adotar o nome Patriota. Até o velho PMDB ensaia retornar à sigla MDB, quando o partido fazia a diferença. Mudar o rótulo sem alterar o conteúdo. É com essa estratégia que os políticos contam para se manterem onde sempre estiveram.

 

A frase que foi pronunciada

“O dinheiro de trapaça servirá para pagar pedágio no caminho para o inferno aqui na terra.”

João Dantas, na internet, provavelmente pensando na Lava-Jato e em outras operações da Polícia Federal

 

História de Brasília

Na reunião do sr. João Goulart com os presidentes dos IAPs, o sr. Cerejo, do IAPI, respondendo a apelo do presidente, disse que era de seu inteiro interesse a transferência para Brasília do IAPI e foi o que mais se manifestou interessado no assunto. (Publicado em 5/10/961)

Desigualdade à brasileira

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

 

 

Relatório intitulado A distância que nos une. Um retrato das desigualdades brasileiras, apresentado agora pela Oxfan, organização não governamental especializada em encontrar soluções para problemas como pobreza e injustiça e que atua em mais de 100 países, mostra claramente por que nosso país prossegue sendo o campeão mundial da desigualdade.

Para muitos especialistas, esse é um dos principais gargalos a ser resolvido pelo Brasil ao longo do século 21 caso nosso país pleiteie algum lugar entre as nações desenvolvidas. Para se ter uma ideia desse problema, em nosso país, apenas seis pessoas têm riqueza  equivalente ao patrimônio de mais de 100 milhões de brasileiros mais pobres. Outra comparação mostra que 5% dos brasileiros mais ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95% da população.

O problema toma ainda uma dimensão mais preocupante quando se verifica que a desigualdade em nosso país não só tem aumentado ao longo dos anos, mas apresentado uma característica de persistência, mesmo em face dos tímidos projetos adotados pelo governo nas últimas três décadas. Thomas Pikkety, do Instituto World Welth & Income Database, recentemente, apresentou dados mostrando que mais de a metade da renda nacional está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos. Para Zeina Latif, economista-chefe da XP investimentos, a desigualdade no Brasil decorre do mau funcionamento do Estado, que produz injustiça social e baixo crescimento da renda. “Forçar a mão na tributação da elite pode incentivar a fuga de capitais e a queda do investimento, enquanto o paternalismo estimula a evasão escolar e desincentiva a procura de trabalho e o empreendedorismo”, avalia a economista.

A Oxfan enxerga o problema como tendo sua origem no sistema tributário regressivo, que pesa muito sobre os mais pobres e a classe média. A discriminação de raça e gênero que promove a violência cotidiana contra mulheres e negros, negando a eles direitos básicos, além da falta de espírito democrático e republicano do nosso sistema político, que concentra poder e é altamente propenso à corrupção. Para a diretora da Oxfan Brasil, Katia Maia, não existe solução mágica. A saída, diz ela, é trazer a sociedade civil organizada para participar mais ativamente dos processos de reforma tributária e política, pressionando o Executivo e o Legislativo para que façam reformas que beneficiem a sociedade.

Para o economista Naercio Aquino Menezes, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, a educação é o maior redutor da desigualdade. “Se você aumenta a educação, os anos de estudo, você reduz a desigualdade. Isso é bem claro. Se você aumenta a quantidade de pessoas com ensino médio, a diferença salarial entre quem tem ensino médio e quem tem ensino fundamental cai. Se você aumenta o ensino superior, mais do que o médio, a diferença entre o superior e o médio cai. Então, quanto mais você aumenta a oferta para o nível de cima, com relação ao de baixo, a desigualdade diminui. Esse é um meio bom de distribuir renda, porque você aumenta a educação das pessoas, elas se tornam mais produtivas e, ao mesmo tempo, você reduz a desigualdade e a pobreza. Acho que esse é o melhor caminho”, avalia.

 

A frase que foi pronunciada

“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.”

Michel Foucault, filósofo

 

Mobilidade

» Persiste ainda no Congresso a intenção de muitos parlamentares em mutilar o projeto que estabelece o serviço de Uber, 99 e Cabify, na contramão do que tem manifestado a população, aliviada com o fim da exploração longeva praticada pelo cartel dos taxistas, que tinha no serviço não a melhora e a eficiência no transporte urbano de passageiros, mas um meio de extrair do usuário até o último centavo. PLC 28 desperta mobilização nacional via mídia social para barrar o projeto.

 

Release

» Produtos genuinamente brasileiros serão apresentados aos participantes da Expoalimentaria, até 29 de setembro, em Lima, no Peru. Com apoio da Secretaria Especial de Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Sead), oito cooperativas nacionais vão compor o estande Brazil — Family Farming. O menu inclui iguarias da Amazônia, como o bacuri, açaí, buriti, jambo e muruci. Além do café feminino de Minas Gerais e sabores do Pará, como geleias e licores.

 

Manobra

» “Eis que, de repente, depois de um maremoto nos gabinetes, com direito a reviravolta de filme, na relatoria, o projeto surge das profundezas do oceano, não como um peixe grande que já era, mas como um verdadeiro monstro marinho, enorme e cheio de dentes. Esse é o substitutivo atualmente em discussão” protestou o senador Telmário Mota,  sobre a tramitação a  jato do projeto que rege o financiamento de campanha.

 

História de Brasília

Um baiano foi visitar o gabinete do primeiro-ministro Tancredo Neves  e saiu horrorizado. Diz que, na feira do Jequié, há muito menos gente. (Publicado em 5/10/1961)

 

Cultura é tão necessária como o ar

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Por menor que seja a contribuição do indivíduo para a melhora nas condições de vida de uma cidade, todas as pessoas têm importância e um papel a desempenhar na humanização dos espaços públicos. Nesse sentido, recolher um papel deixado no chão da praça é tão importante e necessário quanto ser o responsável pela administração de toda a praça.

Todos igualmente são responsáveis pela existência de sua cidade, pois ela é apenas o prolongamento natural da casa de cada um e, portanto, pertence a todos sem distinção. O que faz uma cidade um lugar melhor para viver é a união dos esforços de todos. É assim na maioria das grandes cidades do mundo.

Ocorre, no entanto, que algumas pessoas, por suas ocupações profissionais ou amor ao que fazem, acabam por se tornar mais relevantes dentro de uma cidade do que outras. A razão dessa importância é que, sem o trabalho delas, a cidade se torna apenas um lugar limpo e seguro, mas sem a efervescência da vida. O que caracteriza uma cidade viva é que nela pulsa um coração que congrega diferentes grupos que cultivam o saudável hábito de manter viva a cultura. Neusa França, Celina Kaufman e Lúcia Garófalo eram essas pessoas que amavam o que faziam, e a cidade ganhava muito com isso.

São as diversas manifestações culturais que, dando identidade a uma cidade, fazem dela um lugar não apenas para morar, mas para se viver com plenitude. Graças ao trabalho de Neusa, Celina e Lúcia, e também de muitas pessoas que, às vezes, de forma anônima e sem o devido reconhecimento, nos permitem distinguir aquelas cidades que são apenas um lugar físico no espaço a abrigar pessoas, daquelas que são um corpo coletivo e social de civis que tem na cultura seu traço em comum mais importante.

Dessa forma, quando assistimos ao fechamento de espaços públicos dedicados às artes, como galerias, museus, teatros ou o falecimento de agitadores culturais, mecenas, produtores, realizadores e outros agentes de cultura é que nos damos conta de que sem esses lugares e, principalmente, sem o trabalho dessa gente altruísta vamos ficando como abandonados num deserto inóspito. Mais do que qualquer partido ou político fantasiado de uma ideologia que sabemos falsa, a cidade necessita de espaços dignos e de agentes da cultura. Feiras, exposições, musicais, teatros, cinema e outras realizações que festejam a raça humana. É disso que temos fome e necessitamos para viver, além de lutar pela sobrevivência.

 

A frase que foi pronunciada

“A diferença é o amor pelo que se faz.”

Lúcia Garófalo, herança deixada para a cidade

 

Release

» Se for a São Paulo, antes de ir a qualquer restaurante, consulte sobre os vencedores apontados pela Veja São Paulo Comer & Beber 2017. O evento aconteceu na Casa Charlô, na capital paulista, onde 42 categorias gastronômicas foram premiadas. Entre os grandes vencedores da noite, Oscar Bosch (Tanit), escolhido Chef do Ano; Rodrigo Aguiar (Rios), eleito Chef Revelação; Márcio Silva (Guilhotina), Bartender do Ano; Esquina Mocotó, como Restaurante Brasileiro; Rubaiyat na categoria Carnes; D.O.M., como Cozinha de Autor; Fasano, melhor Italiano; Bistrot Parigi, melhor Francês; e Carlos, melhor Pizzaria. O destaque foi para o maître Ático Alves de Souza (Parigi), que, aos 90 anos, arrancou aplausos efusivos dos presentes pela qualidade do trabalho.

 

Manutenção

» Parquinhos infantis e PECs precisam de manutenção. As faixas de pedestres também precisam de reforço antes das chuvas.

 

Invasão

» Ninguém entende como é que, justamente na quadra de parlamentares, na 309 Sul, pode ter tantos quiosques ilegais instalados bem na entrada. Agefis precisa agir por ali.

 

Peso e medida

» Para quem acorda cedo, força motriz desse país, o horário de verão é mais do que um martírio. É um prejuízo à saúde. Trabalhadores que pegam trem, barca, ônibus, canoas por este país afora estão sujeitos à vontade humana de mandar na luz do sol controlando os ponteiros dos relógios. É desumano com alguns, e relaxante para quem curte um uísque no fim da tarde.

 

História de Brasília

Já que falamos em interurbano, as telefonistas continuam ganhando 10 mil cruzeiros mensais para o trabalho intensivo durante oito horas, e até mais. São sacrificadas com seus horários, e às vezes dispõem de apenas 15 minutos para almoço, que é feito na própria mesa telefônica. (Publicado em 5/10/1961)

Quando mimar mata

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

É comum observar que, em tempos de crise, não só no Brasil, mas em grande parte do mundo, aumenta sensivelmente o número de pessoas que buscam no ato derradeiro do suicídio uma solução para pôr termo {as suas incertezas com relação ao futuro e ao desalento com o presente. A atual crise experimentada, há anos, pelos brasileiros e considerada, por muitos, como a maior, mais duradoura e profunda de toda a nossa história, tem papel importante e influência direta no aumento de casos de suicídio que vêm sendo registrados em todo o país. De acordo com dados divulgados agora pelo Ministério da Saúde, nos últimos 4 anos, o número de suicídios no Brasil cresceu 12%. Trata-se de problema extremamente grave e que requer a adoção de medidas urgentes para que não se torne, como no restante do planeta, uma epidemia mundial.

Em Brasília, ano passado, foram registrados 191 casos de suicídio, sendo que esse número não reflete a realidade da capital, uma vez que muitos desses casos  sequer são registrados. O tabu sobre o assunto é norma geral. As ocorrências são comuns tanto nas áreas centrais da capital quanto nas regiões administrativas ao redor do Plano Piloto.

A Secretaria de Segurança Pública e o Corpo de Bombeiros não costumam divulgar os dados por diversas razões, a principal é que esse tipo de notícia acaba servindo de incentivo para pessoas em crise. No entanto, é consenso entre os profissionais de psicologia que encobrir assunto de tamanha gravidade, ou o deixando de lado, não s’ao a melhor forma de tratá-lo, pois é, sem dúvida, um problema de saúde pública nacional e mundial.

Para alguns especialistas na questão, o melhor é tratar o suicídio como um problema de enfermidade que deve ser encarado, sem medos ou receios. No entanto, é preciso salientar que a divulgação dos casos não é o que mais interessa. O mais importante é tornar público os locais de apoio, como os chamados Centros de Valorização da Vida (CVV). O CVV, que completa 55 anos, realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas. O número do telefone é 144.

No Senado, o papel das mídias sociais em relação ao bullying e ao suicídio é tema de debate em CPI. Como representante do CVV, Antonio Carlos Braga contou que agora é possível a comunicação também por chat, por meio do computador ou do celular. Essa modalidade de comunicação teve a busca de 30 mil pessoas no ano passado. Em todo o país, são mais de 2 mil voluntários. Por ano, eles recebem mais de um milhão de ligações por ano. A função dessas pessoas é ouvir e apoiar quem está predisposto ao gesto extremo. Um dado interessante trazido por pesquisas é a depressão infantojuvenil. Mais da metade dos contatos foram feitos por jovens entre 13 e 19 anos. Um terço deles falando em suicídio. Alerta aos pais que não impõem limites. Filhos gostam de ser cuidados, e não comprados.

* Com dados do Jornal do Senado

 

A frase que não foi pronunciada

“Quantas pessoas que se quiseram suicidar se contentaram em rasgar a própria fotografia!”

Renard Jules

 

Vai que cola

» Sem cerimônia, na Vargem Bonita, em frente à padaria, um aventureiro, certo da impunidade, começou um quiosque com jeitinho e, agora, achou melhor alvenaria. Está lá a invasão para quem quiser ver.

 

Futuro macabro

» O professor Nagib Nassar nos envia um texto com profunda preocupação em relação aos transgênicos Bt. A presença desse transgênico coincide com o sumiço das abelhas, que se alimentam do pólen da florada. A produção não só do mel está comprometida, mas a cultura alimentícia de forma geral, como maior produtor mundial que é o nosso país. “Estamos olhando silenciosamente à destruição do nosso meio ambiente e ecossistemas, e andando como cegos para uma catástrofe que nos levará ao fim.”

 

Turista

» De volta a Brasília, Marta Peña suspira, lembrando o tempo em que o Palácio do Planalto tinha as janelas sem cortinas. Não havia medo ou culpa. Todo governo honesto deveria se descortinar.

 

Segredos

» Marcos Vinícius Melo nos conta que desistiu dos livros eletrônicos. Soube que é possível para a editora saber quanto tempo passou em cada página, quantas vezes acessou o livro, de onde lia e outras informações que o fiel livro de papel mantém secretas.

 

Fortaleza

» Ao ser questionada quando saiu do carro em uma vaga para deficientes, Lilian Lima explicou com paciência. Tem fibromialgia, usa carro adaptado e tem autorização do Detran.

 

Sem audição

» Por falar em deficiência, a jurisprudência entende que as pessoas surdas podem, sim, marcar a alternativa de deficiente físico ao preencher as inscrições de concursos.

 

Primeiro passo

» Lisieux Nidimar Dias Borges, mestre em direito privado pela PUC mineira, defende o testamento particular em Braile. Em seu artigo, a advogada lembra que a pessoa com deficiência visual, capaz, alfabetizada e que tenha conhecimento na escrita Braile tem todo o direito de produzir seu testamento de modo particular. Tecnologia e ações de inclusão do Estado não faltam.

 

História de Brasília

Os telefones de Brasília estão dando linha cruzada com a maior facilidade. Do equipamento, não é, que bem o sabemos. É dos melhores. Quando a ligação é interurbana, então, as linhas cruzadas aumentam assustadoramente. (Publicado em 5/10/1961)

Repórteres à antiga

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

No próximo 11 de novembro, completará 33 anos o assassinato do jornalista investigativo do Correio Braziliense e da Rádio Planalto Mário Eugênio. Na época do crime, o país vivia seus últimos momentos sob o governo militar e a abertura política, anunciada havia tempo, despontava como certeza no horizonte. O sentimento corrente era de que havia chegado ao fim o período em que a verdade dos fatos era apresentada de acordo com os interesses de grupos poderosos.

Como repórter responsável pela cobertura policial, Mário Eugênio testemunhou, bem de perto, a tênue fronteira que separa os maus policiais dos criminosos em geral. Era justamente nesse limbo que garimpava as melhores reportagens investigativas da época, fazendo da própria profissão um ideal de vida, e onde angariou, além de uma legião de admiradores, um sem-número de inimigos de morte. Era, literalmente, na corda bamba que Mário Eugênio exercia seu trabalho, oscilando entre agentes da lei e bandidos da mais alta periculosidade.

Quem o conheceu de perto fala de um profissional vaidoso e muito seguro de si, mas que apresentava interiormente uma angústia disfarçada, própria daqueles que por conhecer a realidade cruenta de perto e os personagens que desfilam de cada lado da história, pressentiam que também poderiam vir a se transformar em personagem dos noticiários e crônicas policiais.

Naqueles tempos, o trabalho de repórter policial exigia do profissional, dedicação e disposição integrais. Correr atrás da notícia significava justamente isto: sair da zona de conforto e ir em busca das notícias. Para um trabalho dessa natureza, as fontes de informações seguiam os mesmos modelos empregados pelos policiais, ouvindo testemunhas e informantes, perseguindo suspeitos, fazendo campanas, espreitando e observando.

Seguindo os mesmos procedimentos da polícia, os repórteres investigativos buscavam também, entre os criminosos, indivíduos dispostos a relatar fatos vistos e ouvidos em troca de algumas vantagens. Era do contato com esses chamados X9 que muitas pistas relevantes eram levantadas. A diferença entre o policial e o repórter estava apenas no tipo de arma usada. Em último caso, um gravador e a máquina fotográfica. Mas, aconselhado por pessoas próximas, Mário Eugênio comprou uma arma de fogo que passou a trazer sempre consigo e cujo o único tiro foi disparado acidentalmente dentro da redação do Correio.

Era um trabalho de risco que muitas vezes colocava o profissional diante das piores situações. Quem se aventurava em ser repórter investigativo aprendia logo cedo que o pior tipo de bandido, que poderia aparecer pela frente era aquele que, usando da própria farda e do distintivo de policial, cometia todo o tipo de crime. Para tipos dessa natureza, sabia-se: não há limites ou ilicitudes que não possam ser praticadas para atingir determinados objetivos.

Foi justamente nessa área de penumbra que separa a lei da ilegalidade que Mário Eugênio topou de frente, quando estava perto de concluir uma reportagem que mostrava a existência de um poderoso grupo de extermínio instalado dentro dos órgãos de segurança da capital e que reunia policiais civis e militares.

Foram sete tiros de uma arma de caça, própria para abater elefantes, que atingiram a cabeça do repórter por trás, calando a voz do jornalista que apresentava o programa de rádio Gogó das Sete, famoso e popular naquela ocasião. Calaram a voz do repórter, mas não da opinião pública e de outros órgãos de imprensa, que passaram a acompanhar o caso de perto até chegarem ao mandante do crime, identificado como sendo o então secretário de Segurança, Lauro Rieth, e o delegado Ary Sardella, que coordenava a Polícia especializada à época. Foi graças às investigações paralelas efetuadas pelos profissionais do Correio Braziliense que os autores desse crime foram revelados, o que rendeu ao jornal o Prêmio Esso de Jornalismo em 1985.

 

A frase que foi pronunciada

“Se você deve, tome cuidado bicho. Vai virar notícia.”

Mário Eugênio, apoiado pelo Correio Braziliense

 

Vai que cola

» Sem cerimônia, na Vargem Bonita, em frente à padaria, um aventureiro, certo da impunidade, começou um quiosque com jeitinho e, agora, achou melhor alvenaria. Está lá a invasão para quem quiser ver.

 

Terras

» Nota da Comunicação Social da Terracap esclarece que a Operação Sacerdote trata de um ex-diretor e que a solicitação de investigação foi feita pela própria agência. A Operação Sacerdote começou quando um cidadão protocolou um questionamento sobre o Lote n.º 8 , Conjunto 6, do Setor de Mansões Dom Bosco, na região do Lago Sul. A dúvida era se havia o direito de compra. Como o lote não existia, a Dema foi comunicada. Forma simples de desmascarar os grileiros.

 

Estranho

» O que não deu para entender da nota é o aviso de que, no próprio site da Terracap, qualquer cidadão pode consultar sobre as ocupações irregulares ou presencialmente na área do atendimento. E essa informação veio no mesmo parágrafo de que a empresa adota uma postura rígida de combate ao parcelamento irregular do solo. Seria mais coerente mapear as áreas com invasões impedidas pela Terracap.

 

História de Brasília

O Departamento de Promoções dos Diários Associados de Brasília vai começar a campanha pelo ajardinamento das quadras de Brasília. Ajude como puder. Faça o seu jardim. (Publicado em 5/10/1961)

Escolas refletem o mundo exterior

Publicado em ÍNTEGRA

 

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Na pesquisa mais recente, com mais de 100 mil alunos de 34 países, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil desponta como o primeiro colocado no ranking da violência escolar. Trata-se aqui de um indicativo global de grande importância, e que diz muito sobre o tipo de sociedade que estamos preparando para nos suceder no futuro próximo.

Um giro pelas escolas públicas das principais capitais brasileiras dá uma mostra da situação de abandono e descaso com que a questão da educação é tratada por seguidos governos. Buscar uma explicação racional para a violência recorrente, entre alunos e entre eles e professores, torna-se desnecessário, uma vez que as escolas, bem ou mal, reproduzem intramuros, o mundo exterior. Só no estado de São Paulo, de longe o mais rico do país, todos os dias dois professores registram boletins de ocorrência, relatando agressões dentro de sala de aula. Em Brasília a situação não é diferente. O mais curioso é que a questão da violência dentro das escolas não escolhe regiões centrais nem periféricas. Todas, de igual maneira, registram os mesmos e tristes casos.

De acordo com a OCDE, 12,5 dos professores brasileiros confessaram ter sido vítimas de violência ou de intimidação de alunos, pelo menos uma vez por semana. O problema da violência contra o professor, por seus aspectos mais profundos, acaba por repercutir diretamente em todo o sistema de educação, criando profissionais desmotivados, com sérios problemas de saúde física e mental. Não raro, eles pedem afastamentos prolongados ou mesmo desligamento da instituição.

A questão de exercer a autoridade, fundamental para o desenvolvimento de todo o amplo e laborioso processo ensino e aprendizagem, requer, de antemão, do professor, enfrentar o dilema de como exercitá-la, numa sociedade impregnada pelos mais diversos tipos de violência, e em que a autoridade é vista como elemento indutor da agressividade. Além disso, há tolerância extrema de muitos pais para o comportamento impróprio dos filhos. Se a escola entra em contato, a reação é abarcar a criança como se educar fosse um castigo que não pode pesar mais ainda na balança da ausência. Pais omissos e ausentes compensam o peso na consciência com a permissividade. Há também uma boa gama de pais que não educam por preguiça. Educar é uma tarefa contínua, habitual, trabalhosa e compensadora.

Existem educadores, como Júlio Groppa Aquino, que não negam a existência de um certo quantum de violência produtiva na relação professor-aluno, e que esse elemento se torna condição sine qua non para o funcionamento e efetivação da instituição escolar. É sintomático observar, contudo, que são as escolas, onde a disciplina é levada a sério e as mais leves faltas não são toleradas, são justamente aquelas em que o rendimento escolar é mais significativo e os próprios alunos sentem maior confiança e segurança.

No processo ensino-aprendizagem, o fator disciplina é essencial. Disciplina, por sua vez, só se obtém com o exercício da autoridade. Ocorre que a autoridade, ao ser exercida de modo efetiva, acaba resultando em conflitos de interesses que, normalmente, entre nós, descambam para a violência. Esse é dilema atual de nossas escolas públicas, inseridas e imersas até o pescoço numa sociedade extremamente violenta e desigual.

 

A frase que foi pronunciada

“O PMDB sempre foi um partido que respeitou as opiniões divergentes internamente.”

Eunício Oliveira, presidente do Senado

 

Ficar de qual lado?

» Por falar em opiniões divergentes, foi uma cena impressionante. Pousado o avião, os passageiros se postaram em fila, aguardando a abertura a porta da aeronave para sair. Romero Jucá, no mesmo voo, enquanto se preparava atraiu a ira de petistas que o xingavam gritando palavras de baixo calão. O passageiro ao lado ofereceu o lugar para que o senador voltasse a se sentar. Ele respondeu: “Não precisa, não. Isso é democracia”.

 

Acontecendo

» Chega uma boa nova da Emater. Segundo o coordenador de Gestão Ambiental da Emater, Sumar Ganem, “23.500 mudas da Granja do Ipê estão prontas para plantio no próximo período chuvoso, reflorestando 16 hectares de áreas importantes para a proteção hídrica”. No período de 2012 a 2016, 323.750 mudas de árvores nativas do cerrado foram plantadas, por meio do projeto Produtor de Água, no Pipiripau, em Áreas de Preservação Permanente (APP) de propriedades participantes do programa. “Sem a proteção da vegetação, o escoamento superficial torna-se intenso, fazendo com que a água da chuva atinja rapidamente a calha do rio. E, nos períodos de estiagem, o corpo d’água vai minguando, podendo até secar”, explica o coordenador.

 

História de Brasília

E pelo que vejo, pelo que ouço e pelo que a gente tem conhecimento, parece que foi sem resultado esta campanha, porque é capaz de surgir uma solução barganha sem goiano, o que será muito pior. (Publicado em 5/10/1961)

Quando o que está em jogo é o trabalho

Publicado em ÍNTEGRA

21

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Não fosse pela atuação destemida da Agefis, praticamente todo o quadrilátero do Distrito Federal estaria tomado de invasões e de construções irregulares, o que tornaria inviável o próprio funcionamento da capital. Sabotada e pressionada por todos os lados, a Agefis tem sido, desde a sua criação, praticamente a única instância pública a empreender um combate sem tréguas à indústria das invasões que tomou de assalto o Planalto Central tão logo foi proclamada a duvidosa maioridade política da capital, transformando, de uma hora para outra, as terras e os espaços públicos em capital político para aventureiros de toda a ordem.

A partir dos anos 90, teve início o maior processo de ocupação irregular de terras públicas de todos os tempos, encabeçado pela dobradinha formada por espertos dirigentes políticos em conluio com empreiteiros gananciosos e dispostos a tudo pelo lucro fácil. Graças à ação da dupla de oportunistas, o Distrito Federal começou a conhecer de perto o flagelo urbano, antes restrito a outras cidades brasileiras. A despeito dos inimigos poderosos que angariou contra si, a Agefis, somente nos últimos dois anos, conseguiu a façanha de reincorporar ao patrimônio público mais de 21 milhões de metros quadrados que haviam sido ocupados de forma irregular.

“O fato de ter um parcelamento irregular do solo bagunça qualquer cidade, tira a qualidade de vida dos moradores. Cidade não é só casa. É hospital, é escola, é transporte, é delegacia. A gente precisa desses serviços. E, quando há grilagem, a população não tem acesso a isso porque não foi planejado”, avalia Bruna Pinheiro, diretora-presidente da Agefis. Por incrível que pareça, é junto a outros órgãos públicos que a Agefis tem encontrado os maiores obstáculos à realização de seu trabalho.

Liminares concedidas em grande quantidade por parte de alguns membros da Justiça descompromissados com o futuro da capital têm facilitado a vida dos invasores. Também é na Câmara Legislativa que estão alguns dos detratores da Agência de Fiscalização.

Depois da tentativa frustrada da deputada Telma Rufino (PROS) de diminuir os poderes da Agefis, impedindo as derrubadas de invasões, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) teve negado, na Vara de Meio Ambiente, pedido para a suspensão de operações da Agefis para demolir construções em áreas irregulares. Sabiamente o magistrado Carlos Frederico Maroja de Medeiros indeferiu a tentativa populista de negociar terras por votos, ressaltando que “a decisão de aceitar o pedido do PTB implicaria, além da revogação da necessidade de prévio licenciamento para o erguimento de edificações no DF,  assunção de riscos de danos severos à ordem e à segurança de toda a sociedade, o que não pode ser sequer cogitado por um magistrado responsável e consciente de seu papel social, principalmente quando Brasília vive uma crise hídrica e um preocupante deficit ambiental por causa da expansão urbana desordenada e predatória .

Com a aproximação das eleições, os políticos locais que tinham no modelo consolidado “um lote, um voto” vão ter que encontrar outro chamariz para atrair eleitores. Quem sabe inovando com propostas de respeito ao bem público, ou de maior consideração com as futuras gerações de brasilienses. Apesar de não ser o hábito, pode ser boa ideia.

 

A frase que foi pronunciada

“ Mais vale escrever errado o que é certo do que escrever certo o que é errado.”

Patativa do Assaré

 

Temor

» Mais uma nota sugerida pelo amigo Álvaro Costa. O troféu da Copa do Mundo está viajando pelos países até chegar a Moscou ano que vem. Só há um país na América Latina em que o troféu não passará. Adivinhou qual? Pois é: o Brasil. O motivo, não declarado pela Fifa: medo de o troféu ser roubado, como o foi a Taça Jules Rimmet, que foi derretida e nunca mais se falou nada sobre o assunto.

 

IBDfam

» Hoje, às 19 horas, na QL 10, Conj8, Casa 20, no Lago Sul, o IBDfam promove a palestra Convenções sobre o procedimento nas ações de família, com Rafael Calmon. R$ 10 a entrada.

 

História de Brasília

Quando me refiro aos mineiros, vai a propósito do fato de dizerem que eu fiz campanha contra os goianos. Estão cometendo uma injustiça. Fiz campanha contra a solução barganha para a Prefeitura de Brasília. (Publicado em 5.10.1961)

Seus lamentos, seu voto

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960 ;colunadoaricunha@gmail.com ; com Circe Cunha  e Mamfil

Passa o tempo e, como um espanador, vai varrendo da memória fatos que convêm ser resgatados. Foi pelo Decreto Legislativo nº 348, de maio de 2005, que a Convenção das Nações Unidas instituiu uma data contra a corrupção. Parece mais uma daquelas regras estapafúrdias ditadas para a plateia que, inerte, não reage.

Passados menos de 30 dias, naquele mesmo ano, vídeo mostrando o recebimento de propina nos Correios dava largada para o que seria, até então, o maior escândalo da História da República. Registre-se a responsabilidade do então deputado Roberto Jefferson. O mensalão, que para os envolvidos não existiu, levou à beira do precipício do impeachment o então presidente Lula. Salvo pela intervenção e ascendência do ex-presidente Fernando Henrique sobre as oposições (que temia a repetição de tão desgastante processo para a jovem democracia), Lula escapou.

A seu jeito, já naquela época, sacudiu a poeira, pôs a culpa nos companheiros, fez papel de vítima de práticas inaceitáveis e, contrariando as previsões, terminou o mandato e ainda se elegeu no pleito seguinte. O fim dessa novela do submundo da política todos conhecem.

Ironias e sarcasmos à parte, o fato é que os percalços advindos de todo o processo rumoroso do mensalão não serviram de lição. Ao contrário. A expertise adquirida com as estripulias do mensalão serviram apenas para o aperfeiçoamento do modus operandi do petrolão e tantas outras operações com nomes criativos.

Corrigidas as falhas — e trata-se apenas de uma infraçãozinha em um grande esquema sistêmico  corroendo de cima a baixo toda a República. As raízes dessa degeneração têm origem muito antes do Fórum de São Paulo. Começou em 1989. A queda do Muro de Berlim, naquele ano, soterrou, entre escombros e ferros retorcidos, grande parte das utopias que ainda insistiam em dividir o mundo, com muros e cercas de arame farpado.

Numa sátira da história, o que restou daqueles velhos sistemas foi recolado. Passou a vicejar na América Latina, para onde migrou. Sob o uniforme colorido do populismo, o que era ideologia se transformou em demagogia. O que era teoria política se tornou propaganda e marketing milionários. Mas, em essência, o DNA da dissipação social e da submissão às verdades do partido permaneceu.

O falso muro separando compatriotas não era mais feito de concreto armado. Em seu lugar foram erguidos preconceitos do tipo “nós contra eles”, elite branca, somos perseguidos e por aí vai. A cada dia novas revelações aumentam a agonia dos mesmos de sempre e sinaliza para a possibilidade de o país se reorganizar de forma que os eleitores recebam pelo que votam.

 

A frase que foi pronunciada

“Se algum dia forem surpreendidos pela angústia ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho.”

Edson Queiroz

 

Sereia

» Por falar em Edson Queiroz, em 29 de setembro, no Theatro José de Alencar, o Sistema Verdes Mares outorga o Troféu Sereia de Ouro à biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, ao arquiteto José Liberal de Castro, ao médico José Huygens Parente Garcia e ao ministro do STM José Coêlho Ferreira.Os candidatos são: José Coêlho, Maria da Penha, Liberal de Castro e Huygens Garcia.

 

TED abusivo

» Segundo o Bacen, por utilizar o Sistema de Transferências Financeiras Interbancárias, mesmo se a transação não tiver sucesso, a tarifa de R$ 9,40 é devida. Se o cliente errou o número da agência, por exemplo, na transferência, o valor não chega à conta do destinatário, mas é retirado da conta do emitente. Resumo: serviço pago, mas não realizado.

 

Prático

» Táxis parados ocupam uma faixa no aeroporto, e passageiros que chegam e saem ficam sem espaço para se movimentar. Seria natural que os interessados em táxis atravessassem a rua e pegassem o carro parado do outro lado da pista.

 

O canto da chuva

» Mais estranho que não chover é a falta do canto das cigarras em Brasília. Nesta época, o som odiado por muitos era o que chamava a chuva. Torçam pela volta das cigarras.

 

História de Brasília

Dr. Niemeyer. Era tempo de acrescentar ao plano uns sanitários nas passagens para pedestres. Assim, elas não teriam aquele aspecto tão desagradável. Foram construídas para a Suíça e são usadas pelos brasileiros. (Publicado em 5.10.1961)

Direito e justiça fariam um belo par

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Repercussões e discussões sobre a Operação Lava-Jato há muito tomaram conta do país. Há uma perspectiva pairando no ar de que as megas investigações venham, finalmente, a promover, senão o aperfeiçoamento no nosso modelo político, ao menos a eliminação da parte problemática, introduzindo elementos mais de acordo com momento atual. Nas salas de aula, principalmente nas faculdades de direito espalhadas por todo o Brasil, a discussão é quase diária e decorre, em parte, do grande protagonismo da Justiça, especialmente dos promotores e advogados de defesa que militam diretamente neste caso.

O próprio curso preparatório para a prova da OAB, sobretudo, mostra que os futuros advogados têm muito a aprender com todo esse caso, pela riqueza de detalhes apresentados a cada instante. O que diz a lei, em que se omite, doutrinas, jurisprudências, a hermenêutica. Entre todas as questões postas à análise, nenhuma tem sido mais barulhenta e necessária do que a questão da ética versus o desempenho profissional de cada um. Nesse ponto, os debates têm alcançado níveis de discussões para lá de mal-educados.

Dia desses, um professor de cursinho que, no afã impensado de ressaltar a performance dos advogados de defesa, lançou um repto aos alunos ao afirmar que para os advogados de defesa, obter a liberdade de um réu claramente culpado era como um prêmio a ser comemorado, conferindo ao profissional um certo status perante seus pares, já que, por suas habilidades técnicas em conduzir o caso, seria capaz de provar o improvável, permitindo a liberdade a alguém que feriu os princípios legais. Questionado pelos alunos se essa teoria não seria equivalente também à condenação de um inocente de fato, obtida por um promotor qualificado, o mestre se esquivou.

Questões como essas, em que advogados se põem a serviço de indivíduos e grupos poderosos, têm sido suscitadas durante o desenrolar da Lava-Jato e acabam por atrair outras questões como a igualdade de todos perante as leis e a própria imparcialidade da justiça ao julgar ricos e pobres . Para a população em geral que vem acompanhando cada caso apresentado pela imprensa, a questão de condenar inocentes e absolver culpados tem sido presente em nossa sociedade desde o Brasil colonial.

A diferença é que hoje, grande parte dos brasileiros já tem em mente que somente com a condenação de todos os envolvidos neste caso e em outros, em que houve desvio de recursos públicos, será possível virar essa página vergonhosa de nossa história, libertando a nação e absolvendo a imagem de nosso país diante do mundo,  famoso justamente pela impunidade que sempre conferiu aos malfeitores com poder.

 

A frase que não foi pronunciada

“A justiça é o direito do mais fraco.”

Joseph Joubert, ensaísta francês, nascido em maio de 1754

 

Detalhes

Contabilizadas as fotos da posse de Raquel Dodge, conclui-se que o sorriso simpático da procuradora sobressaiu em meio às autoridades. Todos estavam espontaneamente mais sisudos.

 

Saldo

Dias positivos para quem preza pela paz no trânsito. No fim de semana, o Detran retirou das ruas mais de 100 condutores alcoolizados.

 

D21

Continua a repercutir a ideia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sobre a pauta participativa. “É importante que a opinião da sociedade faça parte da nossa agenda”, diz o presidente. Karel Janecek é o matemático que criou o método de votação Democracia 2.1. A ideia é a de que quem vota deve dizer o que quer e também o que não quer. O D21 foi utilizado pelas prefeituras de Nova York, Praga e pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. Para conhecer mais é só procurar pela pautaparticipativa.leg.br.

 

Felicidade

A comunidade de Planaltina foi beneficiada com a inauguração do Centro Olímpico e Paralímpico depois de quatro anos de obras. São 4 mil pessoas que poderão fazer, semanalmente, qualquer uma das 15 modalidades oferecidas.

 

Em discussão

Em Pernambuco, o Conselho Regional de Medicina Veterinária cobrava registro dos pet shops. O procurador da República Alfredo Falcão Junior expediu documento suspendendo a exigência do CRMV. Para o procurador, o comércio de animais vivos não é atividade relacionada à medicina veterinária e, portanto, não tem a obrigatoriedade de registro perante o CRMV-PE nem da contratação de profissionais veterinários.

 

História de Brasília

A Rádio Nacional, por ser do governo, precisa ter mais responsabilidade em seu noticiário. Queremos nos referir à notícia divulgada, segundo a qual a Interpol estava atrás do dr. Penido, notícia esta desmentida pela própria Interpol.(Publicado em 07/07/1961)