Sou uma defensora ferrenha das séries brasileiras. Tudo isso porque acompanho os seriados norte-americanos há muitos anos e tem sido interessante ver o Brasil começando a se posicionar nesse mercado. Concordo que ainda temos um longo caminho pela frente, mas, ao poucos, algumas produções tem conseguido se firmar.
Então, cá estou, novamente, tentando convencê-los a abraçar mais uma produção brasileira. E tenho que admitir, que, dessa vez, não deverá ser um papel muito difícil. A partir desta sexta-feira (6/7), a Netflix lança a sua primeira série de comédia produzida no Brasil. É a atração Samantha! e já é possível dizer que essa é a melhor produção original da plataforma feita no Brasil — o Próximo Capítulo teve acesso a primeira temporada completa — e os motivos para isso vocês descobrem a seguir!
1. A temática dos anos 1980
A Netflix já tinha mostrado em suas outras produções que entendeu que a tal da nostalgia tem tido um papel importantíssimo no engajamento do público do serviço de streaming. E a plataforma elegeu os anos 1980 como o seu principal fator nostálgico. O período está em atrações de sucesso como Stranger things e Glow. E, agora, também em Samantha!.
A série acompanha a história da protagonista Samantha, papel de Emanuelle Araújo, uma mulher que ficou famosa nos anos 1980, ainda quando era uma criança, à frente de um programa televisivo comandado pelo grupo mirim Turminha Plim Plom. Se Simony era a estrela do Balão Mágico no Brasil real dos anos 1980, na ficção, esse papel cabia a pequena Samantha.
Apesar da história se passar nos dias de hoje, o que não faltam são flashbacks dos anos 1980 mostrando a vida da estrela mirim e, claro, os absurdos e bizarrices desse período na televisão brasileira — que também é muito bem retratado no ótimo filme Bingo — O rei das manhãs (leia aqui nossa crítica sobre o longa-metragem).
2. Ser uma comédia 100% brasileira
A comédia é um dos gêneros preferidos do público brasileiro e isso pode ser notado tanto no cinema como na televisão. Os filmes e séries que seguem esse estilo costumam ser bem recebidos pela audiência, então apostar no humor foi um grande acerto para a Netflix, que já havia se arriscado em sua primeira produção brasileira ao apostar em uma ficção científica — saiba mais aqui sobre 3%.
Mas esse não é o único mérito do fato de Samantha! ser uma comédia. Outro ponto de destaque é o fato do seriado ser uma típica comédia brasileira. Afinal de contas, ela poderia tentar ser uma sitcom americana. Só que não é. Está lá o estilo brasileiro de fazer humor, com temas e piadas nacionais. No máximo dá para comparar que a produção acompanha uma família disfuncional, um dos maiores clichês americanos.
3. Um bom elenco
É preciso destacar a força do elenco. Emanuelle Araújo defende sua personagem de uma forma extremamente verdadeira, que faz com que o espectador sinta empatia pela protagonista que consegue ser ao mesmo tempo engraçada, malvada, fútil, egoísta e amorosa — e a atriz mirim Maria Eduarda, que faz a versão criança, nem se fala então. A boa química com Douglas Silva, que interpreta o ex-marido Dodói, um ex-jogador de futebol que deixa a prisão e volta à vida de Samantha, também é um destaque. Sem deixar de mencionar o queridinho do momento: Daniel Furlan (destaque em Lady night e Choque de Cultura), que interpreta Marcinho, o empresário aproveitador da protagonista.
Os atores mirins também têm seus espaços muito bem desenvolvidos e defendidos na telinha. Brandon, vivido por Cauã Gonçalves, para mim, já integra a lista de melhores personagens crianças de séries de comédia ao lado de Sheldon de Young Sheldon e Max de Fuller House. Totalmente fora do padrão, o filho de Samantha faz de tudo para agradar a mãe e esse jeito até “esquisitão” rende ótimas cenas. Sabrina Nonata é outra que está bem na pele de Cindy, a filha que é o oposto de Samantha e que traz os debates mais atuais à trama.
4. Debater temas atuais
Por ser uma comédia, Samantha! poderia abusar de apenas de um humor pastelão, mas não é isso que a produção faz. A atração se propõe a debater temas atuais e bastante conectados ao Brasil. Diferentes formas de preconceitos, os problemas ligados às redes sociais e tudo que envolve a fama estão entre os assuntos abordados na série, de forma leve, mas com um tom de crítica que acrescenta.
5. Ter uma música chiclete para chamar de sua
É impossível assistir Samantha! e não ficar com a música Abraço infinito, o hit da Turminha Plim Plom, na cabeça. E como não quero ficar sozinha nessa, entre no vício assistindo ao vídeo abaixo e cante: “Era um disco multicor, um disco voador, brilhante, lindo de se ver…”
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