Meio século depois de lançar seus dois primeiros discos, Yusuf Islam, que à época era conhecido como Cat Stevens, está fazendo arrumações na prateleira afetiva e lança The Laughing Apple, com algumas canções da época. O álbum traz também músicas que não chegaram a ser lançadas; e a presença de velhos companheiros – o guitarrista Alun Davies e o produtor Paul Samwell-Smith – garante um aura atemporal.
Blackness of the Night, do álbum New Masters (1967), abre o disco com a proposta de trazer arranjos mais simples, como nos primeiros tempos. Se a voz está menos maleável, ganha em profundidade, numa canção que se mostra incomodamente atual. “Sou um fugitivo, a comunidade me expulsou para este mundo ruim/ Estou começando a duvidar/ Estou só e não há ninguém ao meu lado/ Na escuridão da noite”.
Outra canção de New Masters que reaparece é Northern Wind, com um belo arranjo de cordas e uma interpretação vocal (incluindo um coral) bem mais adequado ao tema – é uma canção sobre a morte de Billy, the Kid.
Da safra recente, Do not blame se destaca. Uma melodia simples, medieval, com uma letra algo filosófica, pacifista. “Não culpe a criança, não culpe os homens/ Não nos culpe, não culpe a eles…/Não culpe o mundo, não culpe o tempo…Porque no final eles vão culpar você”, canta ele, com a desconcertante reflexão de quem retoma o fio da meada de uma carreira que parecia ter sido abandonada em nome da religião.