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Dia do Trabalhador: sonha com uma vaga no serviço público? Entenda o “perfil” das principais bancas
Segundo especialistas ouvidos pelo Papo de Concurseiro, conhecer o perfil das principais bancas organizadoras facilita o caminho até o tão desejado cargo público
Nesta segunda-feira (1º/5) comemora-se o Dia Internacional dos Trabalhadores. Data oriunda de uma uma greve de trabalhadores ocorrida em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. Dentre as reivindicações estava a de jornada de 8 horas diária. No Brasil, a data foi oficializada 38 anos depois, em 1924 — embora haja registros de manifestações operárias desde o fim do século 19.
Atualmente, o impacto no equilíbrio entre vida profissional e pessoal ainda é muito relevante, dois terços dos brasileiros (64%) afirmaram que não aceitariam um emprego se acreditassem que traria impacto neste equilíbrio, como aponta uma pesquisa da Randstad. Outro ponto destacado no levantamento foi que 96% dos brasileiros consideram importante a estabilidade no emprego. Com isso, é compreensível que o serviço público seja o desejo de muitos.
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Contudo, quem começa essa caminhada sabe que é um processo difícil e que pode demorar anos para conquistar a tão sonhada vaga. Segundo especialistas ouvidos pelo Papo de Concurseiro, conhecer o perfil das principais bancas organizadoras facilita esse processo. “A banca do concurso é como a professora na escola: é ela que escolhe como as questões serão cobradas. O estilo da banca varia. Algumas são mais diretas na cobrança, algumas criam textos enormes. Algumas usam estudos de caso, enquanto outras querem mais a literalidade da lei. É isso que o candidato deve conhecer”, afirma Fernando Mesquita, diretor de mentoria e coach do Gran Cursos.
O professor José Trindade, do IMP Concursos, também acrescenta que “mais importante do que qualquer dica, para o candidato conhecer bem o estilo de cada banca, é essencial que ele treine a realização de questões elaboradas por essa banca — apenas o exercício regular fará o candidato compreender e se acostumar ao perfil de cada organizadora”.
Conheça as características das principais bancas:
FGV
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) é uma banca tradicional e o nível de exigência é considerado difícil. A formulação padrão de provas é o modelo múltipla escolha, com 5 opções em cada item, com 70 a 80 questões. Costuma ter textos longos e complexos, com a utilização de termos técnicos e metafóricos. Já a prova discursiva pode ser estruturada em modelo de questões, com o máximo de 60 linhas para cada pergunta. Também pode incluir redações sobre tópicos contemporâneos.
Para Trindade, “A FGV costuma elaborar provas mais cansativas, com questões mais longas, com enunciados maiores. Isso termina por exigir do candidato uma melhor gestão do tempo e um maior preparo psicológico para combater o cansaço durante a prova. Além disso, as questões costumam apresentar muitos casos concretos, para que a análise seja feita à luz da situação prática apresentada, o que exige um nível um pouco mais elevado de interpretação e de raciocínio”.
Cebraspe
O Cebraspe elabora questões mais diretas, objetivas, predominantemente seguindo o modelo do “certo ou errado”. Trindade destaca que “exige atenção redobrada, pois cada palavra pode ser determinante para a correção ou incorreção da assertiva”. Ademais, as provas desta organizadora contam com uma dificuldade a mais, o fato da banca utilizar o fator de correção um erro anula um acerto.
Levantamento do Gran Cursos acrescenta que o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) já esteve à frente de uma série de certames como PF, ABIN, TCU e AGU e que “também é conhecido por ter provas extensas e questões complexas, que envolvem bastante interpretação de texto. É comum que seja apresentada uma ‘situação problema’ que será base para uma série de questões seguintes”.
IADES, AOCP e Cesgranrio
Segundo levantamento do Gran Cursos, a formulação padrão de provas do Instituto Americano de Desenvolvimento (IADES) é o modelo múltipla escolha, com 5 opções em cada item. Com textos que costumam ser longos e cansativos. Outro ponto de atenção são as disciplinas de Língua Portuguesa e Raciocínio Lógico, que costumam ter um grau maior de complexidade. Já para matérias do Direito, o principal ponto de cobrança ainda é a Lei Seca. Também é considerada uma banca oscilante porque suas provas variam muito e tendem sempre a contextualizar os itens com a realidade do cargo ofertado.
Sobre a banca AOCP, vale considerar que é uma banca de dificuldade média, com questões do tipo múltipla escolha e sem penalização por chute. A banca não tem o costume de fazer “pegadinhas” nas provas. Além disso, os enunciados costumam ser objetivos e curtos.
“As bancas IADES, AOCP e Cesgranrio seguem, guardadas as peculiaridades de cada uma, modelos semelhantes: questões de múltipla escolha (salvo algumas exceções, como é o caso da prova da Polícia Penal do DF, em 2022, elaborada pela AOCP no modelo ‘certo ou errado’) mais diretas, com enunciados e alternativas mais concisos, trazendo como principal dificuldade uma maior necessidade de conhecimento específico dos textos dos dispositivos legais”, resume o professor do IMP Concursos.
FCC
A Fundação Carlos Chagas é uma banca de peso no mundo dos certames. É conhecida por estruturar provas de nível médio, com itens de múltipla escolha. Além disso, também é considerada “decoreba”, especialmente no que diz respeito a questões da matéria de Direito. As principais recomendações para dominar o perfil da banca são: resolver muitas questões e provas passadas; iniciar a resolução da prova do fim para o início (as questões mais difíceis costumam ficar no início); não deixar o estudo da lei de seca de lado; praticar a escrita para avaliações discursivas.
Já o professor José enfatiza as mudanças de abordagens adotadas pela banca atualmente. “Passou a exigir conhecimentos ligados à jurisprudência dos tribunais superiores e a alguns aspectos doutrinários. Os enunciados não são tão grandes quanto os elaborados pela FGV, mas às vezes podem gerar certa confusão na cabeça do candidato que quiser lê-los de forma mais afobada”.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes