Conhecido como o mês das noivas, maio celebra amores, promessas e, claro, vestidos que encantam gerações. É nesse cenário de romantismo e tradição que se destaca o atelier de Fernando Peixoto, responsável por transformar a arte da costura em poesia visual. Referência na capital por criar peças únicas, feitas sob medida, com olhar apurado e mãos habilidosas, ele se tornou o nome por trás dos vestidos mais desejados da cidade.
O atelier nasceu em 1995, com a participação e presença da mãe e da irmã de Fernando. “Na época, eu trabalhava em uma loja de um estilista em Goiânia, quando decidi sair e abrir meu próprio negócio. Minha mãe, costureira, foi a primeira profissional do nosso atelier, e minha irmã, que é minha sócia até hoje no atelier de Goiânia, atendia as clientes e fazia as provas”, ressalta o sócio-fundador.
Ele recorda que, inicialmente, as atividades começaram em uma sobreloja, onde, com apenas uma máquina de costura, eram confeccionadas todas as peças. Após três décadas de atuação, Fernando possui duas unidades em operação: uma no Lago Sul e outra em Goiânia. Em ambos locais, o estilista informa que preza pelo atendimento exclusivo e pela personalização das peças oferecidas.
Para atingir o seu objetivo de ter uma entrega impecável para cada cliente, Fernando conta com cerca de 50 colaboradores. “Em alguns finais de semana, temos até quatro casamentos”, indica o sócio-fundador Em média, há uma produção de 15 vestidos de noiva por mês, 10 vestidos de debutantes e cerca de 30 roupas de festa. Segundo o sócio-fundador do atelier, cada peça envolve reuniões, provas e escolha cuidadosa dos materiais.
Na prática, o processo criativo de um vestido sob medida começa a partir de uma entrevista com a cliente para entender as suas referências e desejos. “Analiso o corpo dela, faço o desenho e escolhemos os materiais juntos. Depois, aplicamos a técnica de construção. Sempre digo que moda de noiva não é apenas tendência – é sonho, e no sonho tudo é possível”, afirma.
O estilista acredita que o diferencial do atelier está justamente nesse atendimento personalizado. “O vestido é criado sob medida, desde a escolha dos tecidos até os menores detalhes”, explica. Para que a peça final esteja à altura do que foi pedido, Fernando inicia as provas com cinco meses de antecedência, o que permite ajustes finos e tranquilidade para a noiva. “Cada vestido carrega uma história. Não é apenas uma peça no cabide”, complementa.
Fernando comenta que é completamente apaixonado pelo que faz. Para ele, todos devem escolher uma profissão que dominem e que amem, porque vão viver aquilo todos os dias. “Priorize o cliente, se capacite sempre, seja o melhor no que se propõe a fazer. Observe o mercado e os concorrentes, e encontre seu diferencial. Isso faz toda a diferença”, aconselha.
Memórias afetivas
Filho de costureira, Fernando cresceu observando a sua mãe trabalhar com a tradicional máquina de pedal. Para completar a renda de casa, ela costurava para algumas confecções de Goiânia. Com forte presença familiar na sua escolha profissional, o primeiro emprego do estilista foi em um atelier de alta costura em Brasília. “A escolha aconteceu naturalmente”, comenta.
Entre as memórias especiais, ele também recorda com carinho do primeiro vestido que costurou. “Antes mesmo de abrir o atelier, costurei o vestido de noiva da minha irmã com o auxílio de uma colaboradora que fazia bordados”, diz. O aperfeiçoamento, de acordo com o estilista, veio com o tempo, especialmente após entrar na faculdade de moda.
Desde essa época, ele não parou mais de estudar: com intercâmbios e cursos fora – inclusive em Paris –, Fernando continuou buscando atualização constante. “Hoje, por exemplo, estou lançando a coleção ‘Flowers’ com uma estética mais minimalista, focando em corselets mais limpos e estruturados. Isso só é possível com estudo e conhecimento dos tecidos, que evoluem cada vez mais com a tecnologia”, aponta.
No que diz respeito ao atendimento nas lojas, Fernando ressalta que tem várias histórias especiais, no entanto, uma marcou o estilista recentemente. “Uma noiva que casou em janeiro era devota de São José e queria um vestido princesa que homenageasse o santo. Criamos desenhos de lírios, símbolo de São José, e aplicamos em seda pura com efeito 3D. Quando apresentei o vestido, ela se emocionou. Aquilo foi feito exclusivamente para ela. Eu trabalho para tornar essa experiência memorável”, pontua.
Três perguntas para Fernando Peixoto, sócio-fundador do Fernando Peixoto Atelier:
Quais foram os principais desafios no início da carreira?
A falta de dinheiro e conhecimento técnico. Fui muito intuitivo e corajoso. Por ter trabalhado com um estilista conhecido em Goiânia, algumas pessoas hesitavam em me contratar no início. Fazia um vestido e demorava meses até o próximo. Comecei com vestidos de daminhas, festas de 15 anos, e aos poucos ganhei a confiança das noivas. Foi um processo de conquista e perseverança.
Como era o cenário da moda quando você começou?
Totalmente diferente. Não existia internet. Acompanhávamos os desfiles por revistas como Manequim Noivas, anuários de moda e os especiais da revista Caras. Eu assinava a revista espanhola Hola para acompanhar os casamentos de celebridades. Os lançamentos eram mais espaçados, com tempo para apreciar cada coleção. Hoje, a velocidade é outra. Tudo é mais dinâmico, quase em tempo real. Antigamente, o processo era mais artesanal; hoje, é mais rápido e voltado ao prêt-à-porter.
Como você descreveria a identidade do seu atelier?
Sem falsa modéstia, considero meu atelier o mais bonito de Brasília, e me vejo como o melhor estilista porque acredito muito no que faço. Entrego roupas com excelência e vivencio os sonhos das clientes. Capto o que elas desejam e faço o desenho ali mesmo, passando o orçamento com segurança. Somos reconhecidos pelos vestidos bordados, volumosos, com estilo princesa — glamourosos e cheios de detalhes. É a nossa assinatura.