Força na tigelinha de água

Publicado em Deixe um comentárioSem categoria

por Ailim Cabral, da Revista do Correio

Diante da baixa umidade registrada no inverno candango, os donos de pets precisam ficar atentos. A regra de ouro para os humanos é a mesma para felinos e caninos: reforçar o consumo de líquidos

Cilmara Bezerra e a mascote Maia: a cadelinha tem problemas dermatológicos a cada estação seca. Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Distrito Federal (Anclivepa-DF), Bruno Alvarenga dos Santos explica que os gatos costumam beber menos água que os cães e precisam de um estímulo maior. Uma dica é ligar uma torneira ou mangueira e oferecer água corrente aos bichanos nos momentos mais secos do dia.

O especialista também recomenda que a alimentação dos animais tenha mais elementos pastosos e líquidos. “Além de alimentar cães e gatos com aquelas pastinhas, podemos fazer picolés com elas, para os dias mais quentes. É só misturar o alimento com água e colocar nas forminhas de gelo. Além de eles comerem mais e melhor, divertem-se e fogem um pouco da prostração”, diz Bruno.

De acordo com Josélio Moura, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, é preciso ter um cuidado extra com as mascotes de pequeno porte. “Elas costumam ingerir uma quantidade menor de líquidos e podem sofrer desidratação se não houver a ingestão reforçada nesta época, em que Brasília tem a umidade relativa do ar muito baixa”, reforça. Os idosos e os filhotes também fazem do grupo de risco.

A auxiliar de veterinária Cilmara Bezerra, 38 anos, abriga 44 gatos e 13 cachorros e conta ter cuidados especiais com todos eles durante o período da seca. “Sempre coloco gelo na água deles: além do frescor, eles fazem disso uma brincadeira. Também coloco soro fisiológico no focinho e nos olhos dos cachorros, e faço nebulização quando eles têm dificuldade para respirar”, detalha.

Cilmara oferece lar temporário para muitos bichos. Como protetora, tenta proporcionar os mesmos cuidados dispensados a crianças pequenas. Nessa triagem, encaminha os doentinhos ao veterinário. Esse é o caso de Maia, uma vira-lata de 2 anos que apresenta problemas de pele toda vez que a umidade baixa.

Maia tem feridinhas pelo corpo causadas pela desidratação. Apesar de usar um xampu especial e protetor solar, os machucados sempre reaparecem nesta época do ano. “Os veterinários passam remédios e dicas para amenizar, mas não tem jeito. É só a estiagem chegar que ela começa a ter tudo de novo”, afirma.

Alguns animais mais sensíveis podem apresentar condições mais sérias. Olhos secos e vermelhos, sangramentos no focinho, e problemas de pele como o de Maia não são resolvidos apenas com a ingestão de líquidos. Não hesite em levar os amiguinhos ao veterinário. “Além das visitas de rotina, os donos devem procurar também profissionais especializados, como veterinários oftalmologistas e dermatologistas”, completa Bruno.

O período mais seco, além de todos os problemas já citados, traz mais um perigo: a proliferação de parasitas. Portanto, o controle de pulgas e carrapatos não pode ser deixado de lado.

Dicas:

Oferecer água fresca aos pets. No caso dos cães, é interessante congelar água dentro da vasilha para que ela fique fria por mais tempo. Para os gatos, vale comprar uma fonte de água corrente ou deixar uma torneira da casa gotejando.

Preparar picolés para os pets. Eles podem ser feitos com frutas, legumes e pastinhas de ração.

Escolha bem os horários de passeio. Prefira o início da manhã e o fim da tarde. Nada de expor a mascote ao sol a pino.

Invista em banhos de piscina (cuidado com a quantidade de cloro) ou no lago. Os banhos no pet shop não são a mesma coisa, pois o xampu e o sabão removem a oleosidade protetora da pele e dos pelos. Banho de verdade, no máximo uma vez por semana.

Experimente borrifar água nos cachorros ao longo do dia. Os gatos não gostam desse carinho!

Coleiras e remédios que repelem carrapatos e pulgas não podem faltar neste período do ano.

Excesso de fofura

Publicado em Deixe um comentárioSem categoria

da Revista do Correio,

Os donos devem observar de perto o sobrepeso de cães e gatos. Na maioria das vezes, o problema está associado a alterações hormonais

Jack chegou a pesar 34kg. A dona, Letícia, ficou preocupada quando percebeu que ele estava mancando. Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

À primeira vista, ter um animal gordinho é pura fofura, mas a obesidade diminui a qualidade de vida e impacta na longevidade do animal. O problema é comum entre cães e gatos e pode acarretar outras doenças. “Animais obesos ficam mais propensos a desenvolver diabetes, problemas vasculares, artrose e males ortopédicos, com consequências para a locomoção”, explica a veterinária Laís Maia.

Em geral, a obesidade decorre do desequilíbrio entre a energia gasta e a acumulada. Porém, podem existir outras causas. Doenças endócrinas costumam se revelar com um ganho súbito de peso. “O hipotireoidismo, por exemplo, está muito relacionado à obesidade em animais. O tratamento é simples e, geralmente, traz bons resultados”, tranquiliza o médico veterinário Claudio Roehsig.

O hipotireodismo se caracteriza por uma desordem hormonal, resultante do funcionamento inadequado da glândula tireoide. Essa glândula é responsável pela regulação de diversas funções do corpo, inclusive o metabolismo. “Os sintomas são falta de apetite, pouca atividade, exaustão e, principalmente, o ganho rápido de peso. Por causa da doença, tudo que o animal ingere fica acumulado. Falta energia para brincar, correr, fazer exercícios”, exemplifica Roehsig.

O beagle Jack, 7 anos, chegou a pesar 32kg (o peso ideal é 15kg). Há um mês em um “plano fitness”, o cãozinho já perdeu quase 4kg. “Jack sempre foi gordinho, mas ele começou a ganhar peso muito rápido, roncar e ter problemas para andar. Sempre ficava ofegante durante as caminhadas”, relata a corretora de imóveis Letícia Aguiar, 32 anos, dona do animal.

O que mais chamou a atenção de Letícia foram as dores nas articulações. “Ele passou a mancar. Levei imediante ao veterinário. Lá, foi constatado que o Jack estava com uma inflamação devido ao peso”, conta. Não deu outra: o beagle foi diagnosticado com hipotireoidismo. “O Jack veio com dificuldade para caminhar. Depois da confirmação da doença, começamos a fazer o tratamento e a suplementar os hormônios”, detalha Claudio Roehsig, que atende o pet.

Jack segue firme e forte no tratamento. “Ele faz fisioterapia, hidroterapia, eletroestimulação, toma os remédios e faz caminhadas curtas”, conta Letícia Aguiar. De acordo com ela, o cão sempre comeu corretamente. “Ele é alimentado com ração light e nunca foi totalmente sedentário. É um cão de apartamento, mas dá um passeio ao fim do dia”, garante. Roehsig está otimista com o beagle. “A perda de peso foi muito clara, pois o tratamento começou há apenas 45 dias. Ainda não está 100%, mas ele está se recuperando muito bem”, avalia o profissional. A hidroesteira é um recurso bastante eficiente para casos como o do cãozinho. “É uma ginástica de baixo impacto, assim, o pet pode fazer sem machucar as articulações”, ensina.

O peso ideal depende da raça e do tamanho do animal. Existe uma tabela que ajuda a determinar se o bicho está ou não na faixa correta. “Além disso, podemos apalpar os ossos: quanto maior o volume de gordura, mais peso o cão tem. Também podemos verificar pela silhueta do animal. Ele tem que ter aquela ‘cinturinha’”, descreve Laís Maia, veterinária. A ansiedade também pode fazer com que o cão exagere na comida. “Muitos donos tentam suprir a ausência com petiscos. Isso não resolve”, alerta Maia. “A quantidade ideal de comida deve ser avaliada com um especialista em nutrição animal ou com o médico veterinário”, indica Fernanda Torrecillas, veterinária.

Existem muitas opções de ração no mercado. O dono deve observar a quantidade de proteínas e não economizar. Renove as porções duas ou três vezes por dia. “Lembre-se de que os filhotes têm uma necessidade nutricional maior, pois ainda estão em fase de crescimento”, conclui Fernanda.

Você sabia?

Gatos da raça manx são os mais predispostos à obesidade. Segundo alguns estudos, os gatos sem raça definida também engordam mais facilmente, em comparação com os de raça.

Felinos comem em pequenas quantidades, mas várias vezes ao dia.

Castração x obesidade

O animal pode engordar após a castração. A baixa produção de hormônio diminui o metabolismo e, consequentemente, o animal vai ter tendência a ganhar peso. Existem, no mercado, rações especialmente desenvolvidas para os castrados. “O bicho vai ter que compensar o ganho de peso com uma dieta”, confirma o veterinário Rafael Souza.

Males decorrentes da obesidade:

Diabetes

Constipação

Lipidose hepática

Doenças vasculares

Problemas ortopédicos

Que nem o Garfield

Gastão vai ter que brincar muito se quiser voltar a ser esbelto.

 Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Pesando quase 12kg, Gastão, um gato sem raça definida de 4 anos, ganhou muito peso por causa do sedentarismo. “Além da falta de exercícios, teve a castração. A alimentação, porém, sempre foi muito controlada”, explica a dona dele, a geóloga Nathália Freitas, 29 anos. Agora, ele passa por uma reeducação alimentar, com apenas uma xícara de ração por dia.

Segundo Nathália, o felino está se adaptando bem. “Ele passeia, e principalmente brinca com todo mundo. Antes, ficava muito cansado e sem ânimo para nada.” Além de Gastão, moram mais dois filhotes na casa. Todos se dão muito bem. “Os menores acabaram incentivando ele a brincar”, conta a dona.

Segundo a veterinária Flávia Melo, os gatos não têm mais propensão à obesidade do que os cães. Os hábitos da casa, sim, fazem diferença. “Os donos de cães normalmente mantêm uma rotina diária de exercícios, o que não acontece com os donos de gatos”, aponta a especialista em felinos. O melhor jeito de fazê-los “queimar as gordurinhas” é com brincadeiras. Por isso, invista em brinquedos de escalar e naquelas varinhas que eles adoram.

Nos felinos, a avaliação do sobrepeso é feita com apalpação de costelas e quadril, além da observação da cintura – se o animal estiver no seu peso ideal, as costelas e o quadril não são visíveis, mas são facilmente palpáveis.

Dormindo com o pet

Publicado em Deixe um comentárioSem categoria

Por Ailim Cabral, da Revista do Correio

O hábito de dividir a cama com cães e gatos é comum a muitas famílias. Especialistas explicam que, com o devido cuidado, a prática não oferece nenhum perigo aos donos

Dona de nove gatos, Ana Teresa compartilha a cama com eles: “São como meus filhos”   Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Hora de dormir. Banho tomado, pijama vestido, dentes escovados, cobertores, edredons e animais na cama. Animais? Isso mesmo. Para alguns apaixonados por seus bichos de estimação, eles também são companheiros de quarto. A prática, adotada por cerca de 23% das famílias brasileiras, segundo pesquisa da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), é cada vez mais comum. As pessoas criam laços fortes com os pets, passam a enxergá-los como membros da família e é normal que os “pais” queiram dormir com seus “filhos”. É assim que a professora Ana Teresa França, 44 anos, pensa. Com nove gatos em casa, afirma que eles têm a liberdade de subir na cama e dormir com ela. “Todos têm uma noite agitada, cada um tem seu horário de dormir. Eu me deito e eles vão se revezando, se acomodando na cama”, conta. Ana foi dona de um cachorro por muitos anos e o cão não recebia tratamento diferente do dado hoje aos bichanos: ele também dividia a cama com a professora. “Os meus animais são como meus filhos, meus bebês, e gosto de estar próxima deles em todos os momentos. É um carinho poder dormir com todos.” Ana Teresa sempre conviveu com bichos de estimação e acredita que permitir que eles durmam na cama é uma questão muito pessoal. Para ela, as preferências do dono e a do animal precisam ser levadas em consideração. Na opinião da professora, animais que têm mais espaço para correr e vivem soltos em quintais vão querer um espaço quentinho para dormir, mas podem não se sentir confortáveis dentro do quarto, privados da liberdade que têm durante o dia. “Nesses casos, o pet pode preferir a própria cama, fora do ambiente onde o dono dorme”, acredita. Já os animais que vivem dentro de apartamentos ou espaços mais limitados, como os gatos, estão habituados a ficar nos ambientes domésticos na companhia constante do tutor e gostam de estar próximos deles na hora do descanso. Quanto à questão da higiene, muito abordada por pessoas que não gostam de dividir o sono com os pets, Ana afirma não ter dificuldades. “Os meus animais são limpos. Se você cuida da saúde e da higiene do animal, não precisa ter preocupações com eles em cima da cama”, completa. As mascotes da professora tomam banhos semanais e nunca saem de casa. A veterinária Heloísa da Costa Menezes corrobora as impressões de Ana Teresa. A profissional explica que, no caso de animais bem tratados, com a vermifugação e vacinação em dia e com a higiene adequada, não existe contraindicação. “Tudo depende da saúde e da limpeza do bicho e, se isso está ok, não há problema em compartilhar a cama com o dono”, afirma.

Por questão de higiene, Luciana não

deixa os cachorros subirem na cama:

“Cada um no seu espaço”foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Heloísa acrescenta que o fato de não permitir ao pet subir na cama não previne as zoonoses — doença transmitidas de animais para seres humanos e vice-versa — de contaminarem o tutor. “O animal que está doente corre o risco de transmitir o problema mesmo que não tenha acesso à cama ou ao quarto do dono. O foco é cuidar da saúde deles, independentemente do espaço que o bicho ocupa na casa”. O cuidado deve ser tomado também no caminho inverso. O dono que estiver doente, com alguma enfermidade que possa contaminar os pets, deve evitar contato direto enquanto durar a indisposição. O infectologista Alexandre Cunha é categórico e sucinto ao afirmar que não existem riscos para os humanos. “É simples, se o animal for bem cuidado e a pessoa não tiver alergias, não existe nenhum problema. No caso da pessoa que tem alergia, o indicado é que ela não tenha animais”, acrescenta. O veterinário Josélio Moura afirma que não existe regra geral sobre o tema, mas explica que o ideal é o animal ter o próprio espaço. Isso porque, até mesmo pela questão da disciplina, o pet precisa saber que não é o chefe da família. “É necessário avaliar a saúde do humano e do animal, não havendo riscos de dano à saúde de nenhum dos dois, não há problema”,afirma. Para os proprietários que não abrem mão de dormir com os pets, Josélio recomenda mais atenção aos cuidados de higiene. “É importante fazer a escovação dos pelos e dar banhos constantes, além de sempre checar a saúde do animal”, destaca. Apesar de não existir uma contraindicação por parte dos profissionais de saúde, a estudante Luciana Cesário Braga, 24 anos, não permite que seus cachorros durmam na cama com ela. Atualmente, a jovem vive com o vira-lata Rodolfo, que dorme em sua própria caminha enquanto aguarda um lar definitivo. Luciana está cuidando do pet enquanto ele não encontra uma família que possa adotá-lo. Ela sempre teve cães, desde criança, e adotou o hábito da mãe, de não permitir que o animal suba em sua cama. “Ela não deixava porque achava anti-higiênico e creio que internalizei isso. Pode ser um risco para a gente e para o animal, por causa das doenças”, afirma. A estudante acrescenta que não tem nojo dos bichos, brinca e os abraça sem problemas, mas acredita que os passeios podem acumular muita sujeira nas patinhas e no pelo deles. “Não acho bacana ficar todos os dias lavando as patas do cachorro, pode não secar direito e causar algum problema de saúde, como fungos. O ideal é deixar cada um no seu espaço”, diz. Privilegiados Cerca de 55% dos animais de famílias brasileiras têm o privilégio de dormir dentro de casa. Entre eles, a divisão fica assim: 23% ficam com os donos na cama 12% têm o próprio quarto 11% ficam na sala 9% dormem em lavanderias ou banheiros Fonte: Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal

Fique ligado

Cuidados que devemos ter para dividir a cama com os pets Nos dias em que o animal passear, é preciso fazer a higienização das patas Escove os animais mais peludos semanalmente Dê banhos semanais no pet Troque o jogo de cama frequentemente Verifique a higiene do animal depois que ele fizer as necessidades e, somente depois, deixe que eles subam na cama Mantenha a vermifugação e a vacinação do bichinho em dia Leve o animal ao veterinário para checapes periódicos ou sempre que notar comportamentos estranhos Caso alguma das pessoas com as quais o animal dorme apresente doenças que a mascote pode pegar, evite a proximidade.

Dupla dinâmica

Publicado em Deixe um comentárioSem categoria

da Revista do Correio

Dizem que ter dois pets é melhor do que um, porque eles se fazem companhia e dão menos trabalho. Será mesmo?

Keyla Queioz, com as filhas Beatriz e Victoria e as mascotes Charlote e Chanel: alegria em dobro.Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press

Sair de casa e deixar o animal de estimação sozinho pode ser um momento difícil. Dependendo da rotina do dono, isso significa um dia inteiro de isolamento. Adquirir um outro pet é uma opção para proporcionar companhia e melhorar o bem-estar dos bichos. A veterinária Gisele Cunha explica que algumas mascotes podem apresentam comportamentos ansiosos em momentos de solidão. Como exemplo, ela cita o lamber excessivo das patas, que chega a provocar lesões (a chamada dermatite acral). A destruição de objetos para chamar a atenção dos donos é também frequente. “A introdução de outro animal pode amenizar esses problemas. Os cães nasceram para conviver em grupo”, aponta Gisele. O novo membro da família precisará de um tempo para se integrar. Deixe os animais se conhecerem, sem pressa. “Quando dá errado, a culpa, geralmente, é dos humanos, que criam expectativas, geram uma tensão”, avisa a veterinária. Ela afirma que é normal existirem alguns desentendimentos. “Muitas vezes, prender o focinho e rosnar são apenas expressões de hierarquia. Sempre vai ter um que quer ser ‘chefe’.” Gisele também recomenda ter cuidado para que o pet mais velho não se sinta desprezado. “Não pode dar a impressão de que ele deixou de ser amado. Tem que continuar dando atenção exclusiva para ele em alguns momentos. Por exemplo, passeando sozinho”, recomenda. A família da dona de casa Keyle Queiroz, 39 anos, ficava apreensiva em deixar sozinha Charlote, uma shih tzu de 1 ano e meio. “Ela fazia uma cara de triste. Não sei quem ficava mais ansiosa, ela ou a gente”, descreve Keyle. Quando os pais de Charlote tiveram uma nova ninhada, a família enxergou uma oportunidade. “Não pensamos duas vezes, ficamos com uma das filhotes, a Chanel”, revela a estudante Beatriz Queiroz, 17, filha de Keyle. Ela lembra que a família até se privava um pouco de sair para não deixar Charlote isolada. Elas levavam paninhos com o cheiro da filhote para casa, a fim de que Charlote começasse a se acostumar. O resultado foi positivo: hoje, elas brincam, dormem juntas, fazem companhia uma à outra. Mas cada uma tem o seu espaço. Não dividem cama, vasilha e comida. De vez em quando, ambas visitam o restante da família. Inclusive, o aniversário de um ano da ninhada de Charlote teve direto a festa com a presença dos pais e de outras três irmãs dela. O bufê incluiu caninos. “Foi maravilhoso”, define Keyle. A próxima festa deve ser ainda maior, pois vai incluir as irmãs mais novas, da ninhada em que Chanel veio ao mundo. Além da opção de adquirir um novo amigo, o adestrador e comportamentalista canino Fernando Bosco aconselha a promover o enriquecimento ambiental: como colocar brinquedos, ossos e esconder a comida em diferentes lugares. São atividades para praticar na ausência do dono, que diminuem a ociosidade. Não é preciso gastar muito, eles se divertem com pouco. “Uma simples garrafa pet pode ser o melhor presente para um cachorro”, indica Fernando. A preocupação com espaço não é determinante, desde que haja saídas com o animal. “É preciso ter uma rotina de atividade física diária”, aponta o adestrador, que aconselha três saídas diárias — duas breves e uma mais longa, para deixar o cachorro se exercitar. Também vale se planejar financeiramente. Os gastos podem dobrar: aumenta a quantidade de vacinas, de ração etc. Segundo Fernando Bosco, os cachorros podem apresentar ansiedade quando ficam sozinhos, principalmente se o dono der “excesso de mimo”, o que deixa o animal dependente. “Eles podem ter comportamentos destrutivos, automutilação, latir muito”, enumera. “É importante tratar o animal como animal, e eles são muito bem cuidados assim. É comum a ‘humanização’ do cachorro resultar em dependência em relação ao dono”, alerta. Também não se pode exagerar nas despedidas ou no momento de retornar à casa. Aja com naturalidade. O cachorro percebe o comportamento diferente do dono e fica ansioso. A escolha do novo companheiro Especialista em comportamento canino, o adestrador Fernando Bosco recomenda adquirir animais de portes e idades compatíveis. Assim, há menos chance de eles se machucarem. “Além disso, filhotes têm muita energia”, pontua Fernando, e podem acabar incomodando um cão velhinho, que gosta de ficar quieto. O temperamento do novo morador precisa ser levado em conta. Avalie se ele é ciumento, se gosta de interagir com outros animais, se é agitado. Um profissional pode ainda realizar testes para identificar a dominância. A convivência entre dois dominantes ou dois submissos traz complicações adicionais. No primeiro caso, eles vão ter disputas e, no segundo, eles podem copiar comportamentos indevidos um do outro. “Um cão dominante ajuda a dar segurança, equilíbrio para a matilha. Dois submissos podem ser inseguros e latir muito, por exemplo”, explica Fernando. O adestrador aconselha a castrar os animais, mesmo que não seja um casal. O procedimento contribui para evitar brigas.”Não é remédio para agressividade, mas pode ajudar a diminuir. Nas fêmeas, traz estabilidade hormonal e controlar mudanças de comportamento que ocorreriam no cio”, explica Fernando. Mas não existem regras determinantes, é possível que o relacionamento dê certo apesar das diferenças. A companhia pode até ser de outra espécie, um gato, por exemplo. Nesse caso, são os felinos que “mandam” na relação. “Se o gato não se sentir à vontade, por ser uma presa, ele tende a fugir. Mas cães e gatos podem conviver em harmonia”, afirma Fernando. O vira-lata Luke se deu muito bem com dois gatinhos. Eles foram adotados pela família da servidora pública Rosana Baioco. Em janeiro, o filho mais velho dela, Estevam Silva, 25 anos, encontrou três filhotes de gato dentro de uma caixa de papelão na rua. Ele levou para o apartamento da família, que seria um lar temporário, mas virou definitivo. Eles ficaram com dois gatos, Stacey e Júnior, o terceiro foi para outra pessoa. “Acabei me apegando”, justifica Rosana. E o cachorro Luke também gostou dos novos amigos. “Eles se adaptaram; aparentam estar felizes. O Luke é muito cuidadoso com os gatos”, revela a servidora. Ela lembra que não houve tanto sucesso quando Luke teve a companhia de filhotes de cachorro, que ficaram na casa de Rosana até serem adotados. Com 11 anos, Luke prefere um ambiente tranquilo. “Ele ficou nervoso. Os filhotes ficavam em cima, perturbavam demais ele”, descreve. Rosana destaca ainda que os felinos dão pouco trabalho. “Eles mesmos se limpam e não precisam sair para passear.” Rosana recomenda que as pessoas prefiram adotar um novo pet em vez de comprá-los. “Há animais de vários portes e comportamentos para adoção. As entidades de proteção aos animais conseguem indicar a melhor opção para cada pessoa”, incentiva. Keyla Queioz, com as filhas Beatriz e Victoria e as mascotes Charlote e Chanel: alegria em dobro Dizem que ter dois pets é melhor do que um, porque eles se fazem companhia e dão menos trabalho. Será mesmo? Sair de casa e deixar o animal de estimação sozinho pode ser um momento difícil. Dependendo da rotina do dono, isso significa um dia inteiro de isolamento. Adquirir um outro pet é uma opção para proporcionar companhia e melhorar o bem-estar dos bichos. A veterinária Gisele Cunha explica que algumas mascotes podem apresentam comportamentos ansiosos em momentos de solidão. Como exemplo, ela cita o lamber excessivo das patas, que chega a provocar lesões (a chamada dermatite acral). A destruição de objetos para chamar a atenção dos donos é também frequente. “A introdução de outro animal pode amenizar esses problemas. Os cães nasceram para conviver em grupo”, aponta Gisele. O novo membro da família precisará de um tempo para se integrar. Deixe os animais se conhecerem, sem pressa. “Quando dá errado, a culpa, geralmente, é dos humanos, que criam expectativas, geram uma tensão”, avisa a veterinária. Ela afirma que é normal existirem alguns desentendimentos. “Muitas vezes, prender o focinho e rosnar são apenas expressões de hierarquia. Sempre vai ter um que quer ser ‘chefe’.” Gisele também recomenda ter cuidado para que o pet mais velho não se sinta desprezado. “Não pode dar a impressão de que ele deixou de ser amado. Tem que continuar dando atenção exclusiva para ele em alguns momentos. Por exemplo, passeando sozinho”, recomenda. A família da dona de casa Keyle Queiroz, 39 anos, ficava apreensiva em deixar sozinha Charlote, uma shih tzu de 1 ano e meio. “Ela fazia uma cara de triste. Não sei quem ficava mais ansiosa, ela ou a gente”, descreve Keyle. Quando os pais de Charlote tiveram uma nova ninhada, a família enxergou uma oportunidade. “Não pensamos duas vezes, ficamos com uma das filhotes, a Chanel”, revela a estudante Beatriz Queiroz, 17, filha de Keyle. Ela lembra que a família até se privava um pouco de sair para não deixar Charlote isolada. Elas levavam paninhos com o cheiro da filhote para casa, a fim de que Charlote começasse a se acostumar. O resultado foi positivo: hoje, elas brincam, dormem juntas, fazem companhia uma à outra. Mas cada uma tem o seu espaço. Não dividem cama, vasilha e comida. De vez em quando, ambas visitam o restante da família. Inclusive, o aniversário de um ano da ninhada de Charlote teve direto a festa com a presença dos pais e de outras três irmãs dela. O bufê incluiu caninos. “Foi maravilhoso”, define Keyle. A próxima festa deve ser ainda maior, pois vai incluir as irmãs mais novas, da ninhada em que Chanel veio ao mundo. Além da opção de adquirir um novo amigo, o adestrador e comportamentalista canino Fernando Bosco aconselha a promover o enriquecimento ambiental: como colocar brinquedos, ossos e esconder a comida em diferentes lugares. São atividades para praticar na ausência do dono, que diminuem a ociosidade. Não é preciso gastar muito, eles se divertem com pouco. “Uma simples garrafa pet pode ser o melhor presente para um cachorro”, indica Fernando. A preocupação com espaço não é determinante, desde que haja saídas com o animal. “É preciso ter uma rotina de atividade física diária”, aponta o adestrador, que aconselha três saídas diárias — duas breves e uma mais longa, para deixar o cachorro se exercitar. Também vale se planejar financeiramente. Os gastos podem dobrar: aumenta a quantidade de vacinas, de ração etc. Segundo Fernando Bosco, os cachorros podem apresentar ansiedade quando ficam sozinhos, principalmente se o dono der “excesso de mimo”, o que deixa o animal dependente. “Eles podem ter comportamentos destrutivos, automutilação, latir muito”, enumera. “É importante tratar o animal como animal, e eles são muito bem cuidados assim. É comum a ‘humanização’ do cachorro resultar em dependência em relação ao dono”, alerta. Também não se pode exagerar nas despedidas ou no momento de retornar à casa. Aja com naturalidade. O cachorro percebe o comportamento diferente do dono e fica ansioso. A escolha do novo companheiro Especialista em comportamento canino, o adestrador Fernando Bosco recomenda adquirir animais de portes e idades compatíveis. Assim, há menos chance de eles se machucarem. “Além disso, filhotes têm muita energia”, pontua Fernando, e podem acabar incomodando um cão velhinho, que gosta de ficar quieto. O temperamento do novo morador precisa ser levado em conta. Avalie se ele é ciumento, se gosta de interagir com outros animais, se é agitado. Um profissional pode ainda realizar testes para identificar a dominância. A convivência entre dois dominantes ou dois submissos traz complicações adicionais. No primeiro caso, eles vão ter disputas e, no segundo, eles podem copiar comportamentos indevidos um do outro. “Um cão dominante ajuda a dar segurança, equilíbrio para a matilha. Dois submissos podem ser inseguros e latir muito, por exemplo”, explica Fernando. O adestrador aconselha a castrar os animais, mesmo que não seja um casal. O procedimento contribui para evitar brigas.”Não é remédio para agressividade, mas pode ajudar a diminuir. Nas fêmeas, traz estabilidade hormonal e controlar mudanças de comportamento que ocorreriam no cio”, explica Fernando. Mas não existem regras determinantes, é possível que o relacionamento dê certo apesar das diferenças. A companhia pode até ser de outra espécie, um gato, por exemplo. Nesse caso, são os felinos que “mandam” na relação. “Se o gato não se sentir à vontade, por ser uma presa, ele tende a fugir. Mas cães e gatos podem conviver em harmonia”, afirma Fernando. O vira-lata Luke se deu muito bem com dois gatinhos. Eles foram adotados pela família da servidora pública Rosana Baioco. Em janeiro, o filho mais velho dela, Estevam Silva, 25 anos, encontrou três filhotes de gato dentro de uma caixa de papelão na rua. Ele levou para o apartamento da família, que seria um lar temporário, mas virou definitivo. Eles ficaram com dois gatos, Stacey e Júnior, o terceiro foi para outra pessoa. “Acabei me apegando”, justifica Rosana. E o cachorro Luke também gostou dos novos amigos. “Eles se adaptaram; aparentam estar felizes. O Luke é muito cuidadoso com os gatos”, revela a servidora. Ela lembra que não houve tanto sucesso quando Luke teve a companhia de filhotes de cachorro, que ficaram na casa de Rosana até serem adotados. Com 11 anos, Luke prefere um ambiente tranquilo. “Ele ficou nervoso. Os filhotes ficavam em cima, perturbavam demais ele”, descreve. Rosana destaca ainda que os felinos dão pouco trabalho. “Eles mesmos se limpam e não precisam sair para passear.” Rosana recomenda que as pessoas prefiram adotar um novo pet em vez de comprá-los. “Há animais de vários portes e comportamentos para adoção. As entidades de proteção aos animais conseguem indicar a melhor opção para cada pessoa”, incentiva.