Pequenos e frágeis

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da Revista do Correio

Ideais para apartamentos e pequenos espaços, os cães mais compactos tendem a apresentar mais problemas de saúde

Gigi, tem algumas doenças características de cães pequenos. foto Arquivo Pessoal

 

Fofos, compactos e frágeis. Os cães pequenos são os preferidos por quem mora em apartamento. São companheiros e cabem em qualquer lugar, mas, apesar dessas qualidades, os menores também têm problemas específicos de saúde e comportamento. Em termos de estrutura física, podem sofrer mais com impactos de acidentes. “O cão pequeno está suscetível a mais fraturas. A queda, muitas vezes, pode ser fatal”, explica Laís Maia, veterinária que trabalha na área de fisioterapia.

No entanto, a recuperação pode ser um pouco mais rápida. “Depende muito de cada animal e de como o dono cuida, mas, para o bicho menor, não faz tanta diferença andar com três patas em vez de quatro, por exemplo. Já o cachorro grande sente mais dificuldades em se adaptar durante a recuperação”, afirma.

O veterinário Claudio Roehsig explica que, no caso de filhotes, as consequências tendem a ir além das fraturas. “Ele pode sofrer um traumatismo craniano e, no caso de atropelamentos, os menores podem sofrer com problemas na coluna”, afirma.

A chihuahua Gigi sofreu um acidente com apenas cinco meses. “Aconteceu enquanto a gente dava uma papinha para ela. Ela pulou do colo e ficou dura no chão”, conta a administradora Beatriz Santos, 36 anos. A cadela foi encaminhada diretamente para o veterinário onde fez um radiografia. Felizmente, Gigi não chegou a ter fraturas ou sequelas. “Foi mais um susto. Quando a vimos jogada no chão, pensamos o pior”, afirma Beatriz.

Apesar do episódio com final feliz, esse não é o único problema de saúde da cadela. Segundo a administradora, a chihuahua tem outras Gigi. “Agora, ela foi diagnosticada com colapso na traqueia e desvio da patela das duas patas traseiras”, explica Beatriz Santos. A cadela terá que passar por uma cirurgia para corrigir o problema das patas.

Além da chihuahua, a família cuida de Mel, uma foz paulistinha de 5 anos, perfeitamente saudável. “Tivemos ainda um pinscher, mas esse cachorro morreu por hidrocefalia”, conta Beatriz. De toda forma, a administradora elogia os animais. “As duas cadelas são ótimas em termos de comportamento, mesmo com esses problemas. A Mel é mais ciumenta, já a Gigi, mais calma, e adora ouvir música clássica”, revela.

Segundo o médico-veterinário Claudio Roehsig, outro problema comum de raças pequenas e principalmente de animais com o focinho curto é a hidrocefalia — o acúmulo de água no cérebro. “O tipo primário ocorre quando já existe uma variação anatômica, que obstrui o fluxo de drenagem do líquido cefálico”, explica Roehsig, que é neurologista veterinário.

Ainda segundo o profissional, trata-se de alteração congênita do animal — quando ele nasce com esse defeito no sistema. A hidrocefalia secundária é quando a deficiência aparece por conta de outra doença. “Pode surgir em virtude de uma inflamação ou tumor, por exemplo”, explica o especialista. Nesse caso, o mais eficiente é tratar não a hidrocefalia, mas a causa da enfermidade que causou acúmulo de líquido no cérebro.

Foi esse problema que complicou o estado de saúde da pinscher Raika. Ela morreu há um ano no meio depois de uma briga com outro animal. Antes do episódio, a cadela convivia com um dreno na cabeça por conta da hidrocefalia. A doença foi descoberta por acaso. “Um piscineiro a machucou com uma ferramenta. Ela teve convulsão e foi parar no hospital. Lá, descobrimos o excesso de líquido no cérebro”, conta a aposentada Nelma Wanzeller, 54 anos, que era dona do animal.

Não existe nenhuma forma de prevenir a hidrocefalia e o único tratamento é mesmo colocar um dreno. “Implantamos uma válvula, que drena o líquido do cérebro até o abdômen. E possível levar uma vida normal”, destaca Roehsig.   Temperamento   O comportamento do animal é dividido da seguinte forma: 50% é determinado pela raça e 50% pelo ambiente. Os pets menores podem ser mais temperamentais por conta da criação. “A maioria mora em apartamento. Então, muitas vezes, são tratados como as crianças da casa, com muitos mimos e, por isso, tendem a ser mais sensíveis”, explica o adestrador Délcio Gomide. Mas o profissional garante que os cães menores são tão capazes de aprender quanto os animais de porte grande.

Para o adestrador, as atividades de agility são as mais indicadas. Trata-se de uma prova de superação de obstáculos, inspirada no hipismo. Essa prática requer grande concentração e habilidade, quanto mais ágil for o bicho, melhor. E os pequenos levam vantagem. “Por conta do tamanho, podem ser mais rápidos e espertos. Eles são leves e isso facilita o deslocamento durante um percurso”, explica Gomide.

Os cães menores também têm a capacidade de guarda e são corajosos. “Eles podem ter a iniciativa de proteger o dono, latem e tentam avançar quando se sentem ameaçados.”, explica o adestrador Délcio Gomide.   Agradecimentos

Clínica Veterinária Convet

Gomide Adestramento de Cães

Surdez canina

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da Revista do Correio

A falta de audição, seja congênita, seja adquirida, exige algumas adaptações para que o animal possa levar uma vida normal

foto:Arquivo Pessoal. Bichos. Cadela Luna, que nasceu surda.

Os cachorros aprendem a se virar instintivamente. Surdos ao nascer, é apenas por volta dos 21 dias que eles realmente passam a escutar. É nesse momento que começam a interagir mais com o ambiente e também deixam evidente se há alguma deficiência, como a falta de audição. Assim que um problema como esse é descoberto, os donos devem começar um trabalho de adaptação para que o pet possa superar a deficiência ou desenvolver mais os outros sentidos.

A privação da audição pode ser congênita ou adquirida. Diversos fatores provocam o problema que pode acompanhar o cãozinho para o resto da vida. A dálmata Luna foi adotada quando tinha cerca dos 3 anos. A dona, Bárbara Ferreira, foi avisada de que a deficiência era de nascença. “Existem algumas raças que têm surdez definida geneticamente”, esclarece o médico-veterinário Juliano Veiga. O problema atinge 30% dos dálmatas. A raça apresenta um gene autossômico dominante e problemas de pigmentação incompleta ao redor dos olhos e do focinho que determinam o problema. Bárbara conta que, para compensar a dificuldade em ouvir, Luna aguçou o olfato. A cadela percebe os cheiros mais rapidamente do que o seu outro cachorro. Além disso, tem mais sensibilidade ao toque e é mais carinhosa. O veterinário Marcelo Conte explica que os cães surdos de nascença têm mais facilidade para serem treinados com a linguagem de sinais.

No caso da deficiência adquirida, a otite é uma das principais causas. Quando não é tratada corretamente pode provocar danos irreversíveis aos nervos responsáveis pela audição. Intoxicação por uso inadequado de medicamentos, infecções virais — como cinomose e cushing — e acidente vascular cerebral também resultam na deficiência. Além disso, a idade é outro fator que contribui.

O vira-latas Beethoven tinha várias complicações devido à velhice, entre elas a falta de audição. “Primeiro ele ficou cego, depois surdo. Era guiado pela nossa voz até que um dia parou de responder aos comandos. Levamos ao veterinário e foi detectada a nova privação”, narra Amanda Gama. A partir daí, os hábitos da família dela mudaram. “Beethoven começou a dormir no quarto, pois tínhamos medo de algo chegar perto dele à noite e ele não conseguir se defender. Oferecíamos água a ele de 30 em 30 minutos e a ração três vezes por dia. Tínhamos que dar tudo na boca dele. Passeávamos duas horas por dia para que os ossos não atrofiassem, pois ele não levantava mais.” Aos 17 anos, em 2010, ele morreu.

Marcelo garante: não há cura para a surdez canina relacionada à idade. O especialista dá dicas para identificar a incapacidade. “Eles passam a não responder comandos verbais, balançam a cabeça com frequência, dormem em demasia, acordam ou reagem agressivamente quando tocados, atendem aos chamados somente se estiverem de frente para o proprietário.” É importante observar o comportamento do animal e, se houver qualquer suspeita, deve-se marca consulto com um veterinário para passar por um exame clínico com otoscópio, testes com barulhos, hemograma para identificar infecção, radiografia ou tomografia para detectar tumores.

Neguinha foi uma cadela abandonada na rua, em estado grave. Diagnosticada com a doença do carrapato, ficou internada e recebeu longo tratamento. Chegou na casa de Nicolina Amorelli há 2 anos, para passar uma temporada antes de ser doada. Mas Nicolina se apaixonou por ele e resolveu adotá-la.

 A cadelinha se juntou a duas cachorrinhas que já moravam com a dona, por isso, a proprietária identificou alguns comportamentos incomuns e concluiu que a nova mascote era surda. “Ela não latia e era bem quieta. Quando eu chamo para comer os biscoitos, Neguinha não vem. Tenho que ir balançar a casinha para ela sair. Apesar disso, tem uma vida normal”, relata.

O veterinário Juliano Veiga alerta que seguir orientação médica é importante. “Consulte sempre um veterinário para saber se é preciso começar um tratamento. Não é bom fazer isso por conta própria”. Ele também adverte sobre a prevenção, proteção na hora do banho, limpezas periódicas e atenção com a higiene dos ouvidos para evitar infecções.   Doença viral   Trata-se de uma doença multissistêmica, altamente contagiosa e severa nos cães e em outros carnívoros. O vírus é eliminado por todas as secreções e excreções do corpo, mas é instável no ambiente, por isso procura um novo hospedeiro.   Raças que têm maior propensão à surdez:   » Dálmatas

» Boxer

» Akita

» Beagle

» Cocker spaniel

» Maltês

» Pastor-alemão

» Poodle

» Schnauzer

» Rottweiller

» São Bernardo  

Sem pulgas, mas com coceira

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da Revista do Correio

Na maioria das vezes, o coçar excessivo é sinal de problema dermatológico. O pet pode estar sendo vítima de alergias desencadeadas por fungos e bactérias

O gato persa Emílio teve um piodermatite, doença causada por um fungo oportunista, que se instala em períodos de baixa imunidade do animal. Foto Zuleika de Souza/CB

Uma coceirinha inocente pode significar mais problemas do que se imagina. Geralmente, os donos de pets associam a coceira a pulgas e carrapatos. Mas não é bem assim. “Esse comportamento pode ter vários motivos: alergia, alimentos, fungos, bactérias, dermatites etc.”, explica o veterinário Carlos Muniz. Segundo o profissional, a coceira excessiva pode ferir a pele do animal. Uma vez abertas, as feridas são porta de entrada para fungos e bactérias, com consequências perigosas.

O primeiro passo é levar o bicho ao consultório. É fundamental diagnosticar o problema do animal. Se for o caso, com uma biópsia. O tratamento pode ser medicamentoso, com antibióticos e antifúngicos, mas também envolver alimentação.

Fungos podem deixar o animal com cheiro ruim e confundir os donos. Um dos mais comuns em cães é a malassezia. “Esse fungo ataca principalmente no ouvido e provoca um cheiro forte. As pessoas pensam que o odor é no bicho inteiro, mas ele se concentra somente no ouvido”, explica Carlos Muniz. De acordo com o veterinário, são necessários banhos terapêuticos, remédios e xampus especiais para recuperar o bem-estar da mascote.

Outro problema muito comum é a dermatite atópica. “Acomete cães e gatos geneticamente predispostos. Por uma deficiência na barreira cutânea, o animal fica vulnerável a invasão de agentes ambientais, microorganismos e irritantes”, explica o médico veterinário Emanuel Quintela. A doença provoca hiper-reatividade da pele, com aparecimento de coceira e lesões secundárias. A dermatite atópica ainda pode vir acompanhada de uma asma ou de rinite alérgica. A doença não tem cura.

A yorkshire Princesa tem 7 anos e sofre com a dermatite atópica. Desde os 4 meses de idade, ela vem sofrendo com problemas de saúde, principalmente na pele. O principal sintoma foi a coceira. “Ela sempre se coçou o tempo inteiro. Até hoje faz isso. Uma vez, coçou-se tanto que chegou a levar pontos na pálpebra”, conta a empresária Adriana Rodrigues, dona da cadelinha. E ela garante que Princesa nunca teve pulgas ou carrapato. “Sempre deixei ela limpa e evito até mesmo levar em petshops. Sou muito cuidadosa quanto a isso”, garante.

Com o desenvolvimento de alergias e a imunidade baixa, a cadelinha perdeu a visão. “Ela teve catarata e glaucoma. Os veterinários se espantaram porque ela é muito jovem ainda. Mas foi um problema que puxou o outro. Ela sempre coçava muito a região dos olhos”, conta. A yorkshire está sempre entrando em novos tratamentos para ter uma qualidade de vida melhor. “Atualmente, ela faz hemoterapia”, diz Adriana.

Apesar de ter uma saúde delicada, Princesa leva uma vida normal. “Sou uma ‘mãe’ muito zelosa e ela é muito feliz. Gosta de passear, brincar e é muito carinhosa”, afirma a empresária. Na casa, tem outro pet. Nick, um yorkshire da mesma idade e perfeitamente saudável.

Prevenção

*Manter o pet limpo.

*Não deixar o bicho molhado (eles podem ser alvo de fungos).

*Limpar o ambiente com produtos apropriados.

*Observar se o animal está se coçando em excesso.

*Visitar periodicamente o veterinário.

E os felinos felpudos?

Ao contrário do que muitos pensam, gatos raramente têm pulgas ou carrapatos. A infestação só acontece quando os bichanos têm acesso à rua, ou com cachorros. “É difícil acontecer. Só quando o gato está muito debilitado”, esclarece o veterinário Vitor Benigno, especialista em gatos. Em compensação, gatos são mais propensos a ter dermatites. “Eles podem ter dermatites alérgicas, alergias alimentares, alergias gerais, fungos e sarna. Carrapato é muito raro mesmo”, reforça. Os mais peludos têm uma predisposição para desenvolver problemas de pele. “Com uma camada de pelos enorme, apesar de fazerem a própria higienização, eles estão expostos a fungos e bactérias.”

Há três meses, o persa Emílio, de 1 ano, teve piodermatite. O gato se coçava o tempo inteiro até chegar ao ponto de assustar a dona. “Ele estava se coçando muito. Puxava tanto o pelo que chegava a arrancar”, lembra a advogada Ruchele Bimbato, 39. Emílio foi tratado com remédios e banhos terapêuticos, mas não escapou da tosa. “Ele estava com várias feridas. Ficou se escondendo atrás dos móveis. Parecia que estava com vergonha”, relata a dona.

A piodermatite é uma infecção causada por fungos, que deixam a pele ferida e com pus. “Ela ocorre quando a imunidade do animal está baixa. Nesse momento, o fungo se aproveita para se instalar na pele do animal”, explica Vitor Benigno.

Emílio ainda está em fase de recuperação. “Ele toma banho em um petshop especializado em gatos. Além disso, usa um xampu especial antifúngico”, aponta Ruchele. Atualmente, o gato e a dona levam a rotina normalmente. Segundo a advogada, o que mudou foi a forma de cuidar do felino. “Eu já era atenciosa, mas, agora, de olho em todos os sinais.”

Em nome da segurança

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Todo cuidado é pouco quando os bichinhos precisam de cirurgia. Observar com cuidado o local da operação é crucial para que tudo dê certo.

Késsia e Leandro pesquisam muito antes de levar seus bichinhos, Bill e Virgínia, ao  veterinário (foto Zuleika de Souza/CB/DA Press)

Por Gláucia Chaves, da Revista do Correio

Submeter o animal de estimação a uma cirurgia é sempre um estresse, tanto para os tutores quanto para os bichos. Mesmo procedimentos cirúrgicos simples, como a remoção de tártaro dentário, envolvem riscos. Além de possíveis complicações inerentes aos procedimentos, os donos devem estar preparados para dar toda a assistência necessária ao animal no pós-operatório. Para evitar dores de cabeça e consequências negativas para seu pet, os profissionais alertam: é importante pesquisar sobre o veterinário e sobre o local em que a cirurgia será feita.

José Carlos Maranhão, médico veterinário do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, explica que a primeira providência é verificar (de preferência, pessoalmente) as condições de assepsia. Limpeza, o uso de materiais descartáveis e a existência de aparelhos específicos para a esterilização dos materiais cirúrgicos que serão usados são alguns pontos importantes a observar.

Aprovado o ambiente cirúrgico, o próximo passo é tirar todas as dúvidas. Vale perguntar o que vier à cabeça: quanto tempo demorará a cirurgia, como ela será feita, quais devem ser os cuidados com o bichinho após o procedimento, enfim, tudo que deixe o dono tranquilo. “É importantíssimo saber quais serão as condições de tratamento no pós-operatório”, frisa Maranhão. “Os donos devem perguntar se o local fornecerá curativos, medicamentos, antibióticos, anti-inflamatórios ou o que mais for preciso para que a cirurgia corra bem. É obrigação do local dar assistência antes, durante e depois do procedimento.”

Outro aspecto primordial antes de escolher o local em que seu animal será operado, de acordo com o veterinário, é saber que tipo de anestesia será adotado no procedimento. “Recomendo fortemente que seja a inalatória. Com a intravenosa, o animal corre mais riscos, como ter problemas respiratórios ou cardiológicos”, justifica.

A médica veterinária Cláudia Godoi de Oliveira, proprietária do Hospital Veterinário São Francisco, ressalta ainda a importância de levar em consideração o protocolo adotado pelo veterinário antes de confiar o bichinho a ele. “O ideal é que o animal passe por uma consulta pré-operatória, em que o veterinário irá fazer o exame de sangue para verificar o risco cirúrgico do paciente”, detalha. Nesse primeiro hemograma completo, os médicos avaliarão as condições gerais de saúde do pet: se ele está com anemia, infecção, como estão as plaquetas (células responsáveis pela coagulação do sangue) etc.

Exames para verificar a saúde dos rins e do fígado também são altamente recomendados, uma vez que a anestesia será metabolizada nesses órgãos. Os exames são simples e, geralmente, ficam prontos no mesmo dia. “Se o animal tem 4 anos ou mais, pedimos também um eletrocardiograma”, completa a veterinária. Caso o bicho já tenha problemas cardíacos, também é feito um ecocardiograma. Lembrando: esse é o protocolo geral para cirurgias consideradas simples. Se o caso do animal for mais sério (como uma cirurgia para a retirada de tumores, por exemplo), o ideal é que o profissional avalie em que pé está o câncer. Nesses casos, é pedida uma radiografia de tórax e/ou abdominal para que o profissional avalie se há metástase.

As medidas são essenciais para que o pet se recupere totalmente. Somente a partir dos resultados apresentados os veterinários (e os donos) podem sentir-se realmente tranquilos para realizar a operação. Escolhido o local e autorizada a cirurgia, vem a parte dos donos: Cláudia Godoi relembra que, por menor que seja a intervenção, há um protocolo que deve ser seguido para que a operação seja bem-sucedida. “Deixar o animal em jejum é extremamente importante, porque o animal não vai levantar o braço para avisar que quer vomitar”, completa a médica. “Se ele vomitar anestesiado, pode sufocar com o próprio vômito. O animal pode também aspirar o líquido, que irá para o pulmão, podendo ocasionar edema pulmonar.”

Antes de levar o bicho à mesa de operações, a veterinária recomenda ainda que o animal vá de banho tomado e tosado, para minimizar os riscos de infecção. Providenciar a roupinha cirúrgica ou o colar elizabetano antes da operação também ajuda, já que o animal precisará deles assim que o procedimento acabar. O proprietário deverá, ainda, ter condições de trocar os curativos e dar os medicamentos necessários para completar a recuperação da mascote. “Se não for possível fazer isso, talvez seja melhor optar por um hospital veterinário, em que o animal geralmente fica internado por 48 horas após a cirurgia.”

O casal Leandro Scapellato Cruz e Késsia Fernandes (32 e 26 anos, respectivamente), fez bem o dever de casa antes de escolher o local mais apropriado para Bill ser castrado. Bill é um pug e, como todos os cães dessa raça, tem focinho curto. A característica faz com que o animal não tenha resistência para aguentar a anestesia intravenosa — informação que o funcionário público já havia pesquisado previamente. Ao levar o animal no pet shop para orçar a operação, Leandro e a fotógrafa estranharam não haver a opção de o procedimento ser feito com anestesia inalatória. “O veterinário disse que ‘achava’ que Bill aguentaria sem essa anestesia”, relembra Késsia.

Insatisfeito e inseguro com relação ao primeiro profissional consultado, Leandro escolheu outra clínica, mais equipada. “Vários veterinários recomendaram a anestesia inalatória, que é a mais segura para os animais.” O hábito de buscar informações foi, para Leandro, a atitude que garantiu que tudo corresse bem. “Perder um animal que é parte da família por uma bobeira, por falta de informação, não é uma possibilidade”, completa Késsia.

Virgínia, a vira-lata do casal, quase passou por um perrengue no veterinário. Por já ter sido adotada com certa idade, a cadela tinha severos problemas dentários. Késsia e Leandro procuraram, então, um veterinário para fazer a limpeza de tártaro da pet. A recomendação era que o animal deveria ser levado em jejum, pela manhã, e que o procedimento teria acabado à tarde. Às 13h, horário marcado para os tutores buscarem Virgínia, nada tinha sido feito ainda: os profissionais nem mesmo sabiam o que a cadela estava fazendo ali. “Nos deram uma desculpa técnica a respeito da castração que ela faria”, relembra Leandro. “Avisei que o procedimento não era esse, mas acabou que fizeram a limpeza de qualquer jeito. E se eu tivesse demorado a buscá-la?”, questiona.

Das experiências, ficou a lição: hoje, Leandro e Késsia não abrem mão de pesquisar cada detalhe sobre o local, o veterinário e sobre seus próprios animais. “É importante saber, por exemplo, se o bicho tem alguma alergia”, completa Késsia. “Descobrimos que o Bill tem alergia a alguns medicamentos e temos tudo anotado, para emergências.” Para Leandro, além das pesquisas, a visita ao local também ajuda a dar tranquilidade. “O ideal é nunca optar apenas pela economia. Sempre terá quem faça mais barato, mas a que preço?”

Fique de olho

Mesmo com todos os cuidados, às vezes a cirurgia pode não dar certo. Nesses casos, o corpo do animal fala:

Observe a temperatura corporal do bichinho. Hipotermia (corpo gelado) pode ser um sinal de hemorragia interna.

Mucosas hipocloradas (mais brancas que o normal) também podem ser um indício de hemorragia, pois podem indicar que o animal está perdendo sangue.

Outro sintoma de hemorragia interna pode ser o aumento do abdômen após o procedimento.

Temperatura corporal muito alta e secreção excessiva dos pontos podem significar infecção.

Caso após a cirurgia não seja feito um controle de soro para eliminar o anestésico do corpo do animal, é possível que o bichinho desenvolva insuficiência renal e crises de hipertensão (mais comum em animais que passaram por anestesia intravenosa).

Fontes:

José Carlos Maranhão, médico veterinário do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau;

Cláudia Godoi de Oliveira, médica veterinária do Hospital Veterinário São Francisco

Sem pânico no consultório

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da Revista do Correio

Ninguém gosta de ir ao médico. Muito menos os pets. O estresse causado durante uma consulta ao veterinário, muitas vezes, gera consequências futuras. O bicho pode ficar em pânico e demonstrar vários tipos de comportamentos anormais — desde fazer xixi a atacar as pessoas. “Geralmente, o medo vem de algum trauma, uma internação, ter ficado longe do dono ou até mesmo maus-tratos”, explica o adestrador Francisco Júnior. Ainda segundo o profissional, é preciso fazer um treinamento para recuperar o bem-estar emocional da mascote.

Mas nem sempre a recuperação de algum trauma é fácil. “O treinamento é complicado porque, muitas vezes, não sabemos a origem”, explica o adestrador. Normalmente, o trabalho é focado na ressocialização do animal. “Quando um cão tem medo do banho no pet shop, a gente coloca outro cachorro tranquilo ao lado tomando banho também. Assim, o animal associa aquela imagem como um momento sereno e se acalma”, explica. Francisco Júnior também diz que o mesmo procedimento pode ser feito com a roupa de veterinário — caso o animal tenha medo do profissional. “A gente pode colocar um jaleco e brincar com o cachorro, mostrando para ele que aquela pode ser uma situação boa.”

         Zico costumava ficar assustado durante as consultas: treinamento para se    

                tranquilizar. Hoje mais comportado, Foto Zuleika de Souza

O border collie Zico tem apenas 9 meses e não gosta nem um pouco das visitas ao pet shop. “Já aconteceu de ele fazer xixi dentro do consultório de tão nervoso”, conta a dona do animal, Clarissa Lemgruber. Desde que nasceu, o cão sempre se consulta com o mesmo profissional — o veterinário Emanuel Quintela. Mesmo assim, ainda não se acostumou. “Para segurá-lo, precisava de várias pessoas”, conta.

O cachorro ainda tem outros medos. “Ele é medroso em casa também. Não gosta da chuva, dos barulhos e, principalmente, do veterinário”, conta a dona do animal. Atualmente, ela passa pelo adestramento para socialização. Zico apresenta melhoras, mas, segundo a tutora, ainda vai precisar de mais aulas. “Ele é muito inseguro e apegado a mim e ao meu pai”, explica.

Os pequenos são geniosos. O temperamento do animal depende muito do ambiente de casa. Mas os menores têm como característica serem mais tempestuosos. “Eles são muito bravos. Costumam ficar muito no colo, dentro de casa, e, por isso, acreditam que têm mais direitos e ficam agressivos em um consultório”, explica o adestrador Francisco Júnior. Esse é o caso de Nick, um yorkshire de 8 anos. “O Nick é muito ligado à dona, então, se ela saísse de perto dele no momento da vacina, ele ficava completamente descontrolado”, conta o veterinário Rafael Souza — que atende o animal há um ano.

Dona do bichinho, a estudante Alice Soares, 18 anos, confirma que ele costuma dar muito trabalho. “Sempre foi muito desconfiado. Ele mordia, latia, arrancava a coleira”, conta. Segundo a jovem, ter um veterinário fixo surtiu efeito positivo. “Ele pegou confiança”, afirma. Atualmente, o pequeno já vem se comportando bem durante as visitas.”

O médico veterinário Rafael Souza atesta que os menores realmente dão mais trabalho. “Se tiverem que fazer um tratamento, por exemplo, os cães pequenos tendem a se revoltar mais. Eles são mais mimados e apegados aos donos”, afirma. Hachi é um shih tzu de 4 anos que chegou a morder o pescoço da mãe do veterinário, Ana Lúcia Souza. “Aconteceu quando eu ia dar uma vacina nele. A minha mãe estava com ele no colo e eu fui aplicar uma injeção por trás, aí ele a atacou”, conta.

        Com medo de uma vacina, o shih tzu Hachi chegou a morder Ana Lúcia, mãe

                         do veterinário Rafael Souza.Foto Zuleika de Souza

“Ele também já mordeu uma pessoa do banho e tosa”, afirma a dona do animal, Sandra Freitas, 53 anos, aposentada. O cachorro melhorou naturalmente o comportamento, quando pegou confiança nas pessoas da clínica. A tutora do animal conta que, em outros consultórios, o cãozinho não era tão bem tratado. “Alguns veterinários pegavam ele com muita força para vacinar. Isso contribuiu para que ele ficasse estressado”, afirma. Além disso, a aposentada garante que o tratamento que Hachi recebe agora é fundamental para aplacar o medo dele. “Toda vez que ele vai lá, é uma festa. Tem petisco, dão carinho e atenção”, conta.

Rafael Souza dá dicas para evitar conflitos. “A pessoa tem consciência do temperamento do animal. Se sabe que ele é mais agitado e menos social, pode ligar antes para saber se haverá outros animais na clínica”, explica. Passear com a mascote antes da visita ao consultório também pode ser positivo. Assim, o bicho chega mais relaxado para as consultas.

Agradecimentos

Clínica Veterinária Dom Bosco

Clínica Veterinária Asa Sul

Parque Dog