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Bom pra cachorro: Estudiosos estão certos de que os pets podem compreender bem mais do que simples comandos humanos. Eles entendem os significados da fala do dono e até programas de tevê, feitos para eles
Chegar em casa e ver sapatos, sofás e paredes destruídas é uma cena muito comum para muitos tutores. Grande parte desses incidentes é resultado da ansiedade causada pela separação e a solidão durante o dia. Pensando em como acabar com episódios como esse, a Ease TV foi concebida para ser um entretenimento para os pets. A primeira televisão do Brasil feita para animais tem uma programação especial, desenvolvida para entreter os bichinhos o dia inteiro. O conteúdo é pensado para acalmá-los durante a ausência do dono. Na tela, aparecem as referências do mundo animal, como sons de uma savana africana e imagens de cachoeiras ou de humanos brincando com pets, por exemplo. A tese seria a de que os sons de filmes e atrações para humanos são barulhentas demais — com muitos gritos, tiros, por exemplo —, o que deixaria os animais ainda mais agitados.
Manuela Lima, 33 anos, descobriu o serviço pelo Instagram da Estopinha, figura famosa nas redes que tem como tutor Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal. “Queria que meus cachorros (Paolo Guerrero, Tuca, Jaspion e Graveto) tivessem entretenimento e ficassem menos ansiosos. Dizem que a programação, baseada em estudos, é agradável e interessante para eles. Achei a proposta interessante”, afirma a economista, que é assinante há três meses.
A grade de programação apresenta opções variadas: pet relax, para o animal relaxar e descansar; pet food, que estimula uma alimentação saudável; pet activity, que incentiva exercícios; pet nature, para instigar instintos e as lembranças da ancestralidade selvagem; pet with pet, com vídeos que encorajam um relacionamento amigável com outros animais; e o my pet, em que os tutores enviam vídeos de seus filhotes para serem transmitidos pelo canal.
O serviço existe há mais de um ano e tem mais de 5 mil assinantes. “A Ease TV, inspirada da Dog TV, um canal americano com mais de 1 milhão de assinantes e tem presença mundial”, afirma Tiago Albino, diretor executivo da Marq System, empresa de tecnologia responsável pela inovação.
Para quem acha que os cães e gatos não entendem nadinha das atrações, engana-se. “Os animais são capazes de interagir, sim, com a tevê. Utilizar o audiovisual para diminuir a ansiedade que o bicho sente por estar sozinho em casa é uma proposta muito válida. A grande questão é que não pode ser qualquer imagem”, explica Edilberto Martinez, veterinário comportamental.
“Os cães, por exemplo, enxergam 70 a 80 quadros por segundo, mas a televisão comum passa só 60 no mesmo período de tempo. Assim, eles assistem a nossos programas como se fossem uma apresentação de slides. A programação para bichos aumenta esse número, às vezes, ultrapassando 100 quadros por segundo”, acrescenta.
Eles compreendem
Produtos com conteúdo pensado para animais estão ganhando força. Pesquisadores da Eötvös Loránd University, na Hungria, desvendaram um pouco mais sobre como cães entendem o mundo e afirmam: eles não são muito diferentes do ser humano.
Esse é o primeiro estudo a investigar a forma como a fala é processada no cérebro dos caninos e mostra que os melhores amigos do homem se preocupam muito com o que e como dizemos.
“Durante o processamento da fala, há uma distribuição bem conhecida de trabalho no cérebro humano. O hemisfério esquerdo processa o significado das palavras, e o direito, a entonação. O homem analisa não apenas separadamente o que dizemos e como dizemos, mas também integra os dois tipos de informação para se chegar a um sentido unificado. Nossos resultados sugerem que os cães também podem fazer tudo isso e que eles usam mecanismos cerebrais muito semelhantes”, afirma o pesquisador Attila Andics, do Departamento de entologia da Universidade Loránd Eötvös, Budapeste. Isso mostra que, se um ambiente é rico em discurso, como é o caso dos locais em que vivem os cães de família, palavras podem ganhar sentido na cabeça dos bicho.
Os pesquisadores treinaram 13 cachorros para que eles ficassem completamente imóveis em um aparelho de ressonância magnética, um método não invasivo. Os especialistas mediram a atividade cerebral dos cães enquanto escutavam palavras do treinador. “Eles ouviam as palavras de aprovação, com entonação vibrante; palavras de aprovação em entonação neutra, e também palavras de conjunção neutra, sem sentido para eles. Nós olhamos para as regiões do cérebro que diferenciavam o significado das palavras com e sem sentido”, explica Anna Gábor, umas autoras do estudo.
Foi observado que o elogio ativa o centro de recompensa dos cães — região do cérebro que responde a todos os tipos de estímulos de prazer, como comida, sexo, carícias, música. É importante ressaltar que isso acontece apenas quando cães ouvem as palavras de agradecimento com entonação vibrante. “Isso mostra que um elogio pode muito bem funcionar como uma recompensa, mas funciona melhor se as palavras vêm com uma entonação que demonstre isso. Os cães não só distinguem o que dizemos e como dizemos, mas também podem combinar o dois, para uma interpretação correta do que essas palavras realmente significam”, explica Andics.
Os resultados do estudo também podem ajudar a tornar a comunicação e a cooperação entre cães e tutores ainda mais eficientes. “Nossa pesquisa lança nova luz sobre o surgimento de palavras durante a evolução da linguagem. O que torna palavras exclusivamente humanas não é uma capacidade neural especial, mas nossa invenção de usá-las”, Andics explica.
(da Revista do Correio)
Bazar solidário: Com a morte da protetora Suzane Faria, há dois anos, quatro gatinhos dividem o dia a dia num hotel à espera de uma nova família. Dificuldade de encontrar adotantes angustia o grupo Salvando Vidas, que vai promover bazar especial para custear despesas com os animais
(por Kátia Marsicano, especial para o Blog Mais Bichos)
Dizem que os olhos são a janela da alma. Mas, quando os olhos são felinos, certamente, a janela conduz a um universo muito mais profundo e transparente. Esta é a certeza que se tem quando nos deixamos hipnotizar pelo olhar de Tati, Lia, Daniel e Manoel. Há dois anos, pode-se dizer que eles só têm uns aos outros. Amanhecem e anoitecem juntos, procurando entre si o conforto que supra a ausência de quem mais os amava.
A psicóloga e protetora Suzane Faria os tirou da rua, cuidou, alimentou e fez tudo o que podia por eles – e por tantos outros – até ser vencida por um AVC que deixou, entre tantas consequências, a presença insubstituível na vida dos animais que dependiam dela.
Os quatro gatinhos que esperam há tanto tempo pela adoção passam longe do padrão utilitarista da grande maioria das pessoas que querem adotar. Não são filhotes fofinhos e brincalhões, não têm raça, não dão status e muito menos requerem cuidados especiais em pets de classe média. Pelo contrário. Precisam de doses extras de amor. São lindos e serenos adultos, que carregam em suas histórias as marcas do sofrimento que enfrentaram nas ruas e agora a dor de não ter uma família.
Desde que Suzane morreu, em março de 2014, estão hospedados em um hotelzinho, na região do Jardim Botânico. Hoje, a proprietária Beta Jabor é a pessoa que mais conhece a personalidade de cada um. “São comportamentos bem diferentes”, conta ela. “A Tati é muito carente, ao contrário do Manoel, do Daniel e da Lia, que são mais reservados e preferem observar a gente à distância”. O resultado é a convivência solitária que, apesar de todos os esforços, tem se prolongado muito. O que deveria ser temporário aos poucos parece se consolidar, determinando o destino dos quatro a uma vida sem lar.
Tati, por exemplo, uma escaminha totalmente sociável e meiga, tem cistite idiopática, uma doença normalmente causada por situações de estresse e que levam o bichinho a sentir dor na hora de urinar. Lia, a frajolinha recatada, não é menos sensível. Chegou a ser adotada por uma família mas a adoção não se consolidou e ela foi devolvida ao hotelzinho. O resultado foi perda de peso e uma severa falta de apetite que se estenderam por vários meses até ela se recuperar.
Manoel (pretinho) e Daniel (tigrado) são tranquilos, mas precisam de tempo. Do tempo felino. Porque, como diria Arthur da Távola, em sua Ode ao gato, eles não se relacionam com a aparência – vêem além, por dentro e pelo avesso. Relacionam-se com a essência. Os dois requerem dedicação e muito afeto sincero até serem conquistados e adquirirem a confiança em um novo ambiente e com pessoas diferentes.
Doçura – Além dos quatro gatinhos que vivem no hotel, outra que também está à espera de uma oportunidade de ser adotada é a Cris. Diagnosticada com Felv, o vírus da leucemia felina, encontrou acolhimento em um lar temporário especial. Dócil e meiga, não desenvolveu a doença e está totalmente saudável e pronta para viver em uma família definitiva.
Angústia – Para Maria José Veloso -, ou Zezé, como é mais conhecida -, e Claudia Helena Guimarães, as companheiras de Suzane na proteção animal, fundadoras do grupo Salvando Vidas Protetores Independentes, o sofrimento e a angústia são constantes, principalmente pela impotência na luta pela busca de adotantes para os gatinhos. Encontrar pessoas dispostas a assumir a responsabilidade e abrir um espaço no coração e na vida para os bichinhos é como um sonho que se renova diariamente, apesar dos momentos de desânimo.
“Às vezes, me sinto devendo à minha amiga”, diz Zezé, que tem dedicado toda a renda da sua atividade de pet sitter e parte do salário para pagar a hospedagem e as despesas com ração, areia, medicamentos, vacinas, exames e consultas veterinárias. São mais de R$ 1.800,00 mil por mês, que, infelizmente, são dispendidos sem a colaboração das doações que durante muito tempo eram feitas para ajudar os animais. Regularmente, o grupo recebe apenas R$135,00. “O Salvando Vidas, por conta de toda essa situação está com suas atividades bastante limitadas, mas estamos sempre orientando as pessoas que nos procuram, encaminhando animais para castração, enfim, é o que podemos fazer neste momento”, afirma Cláudia. “Os bazares continuam sendo realizados para arrecadação de recursos, por isso todo apoio é muito bem-vindo”. Para quem não puder se candidatar a adotar um dos gatinhos, qualquer forma de ajudar está valendo: desde contribuições financeiras a doações de ração e areia. Além das despesas com os gatinhos, ainda está pendente o pagamento de dívidas em clínicas parceiras que atendiam os animais.
Para o ano novo que se aproxima, momento em que todos desejam o que há de melhor e renovam as esperanças, Cláudia e Zezé esperam apenas uma coisa: uma vida feliz para Tati, Lia, Manoel, Daniel e Cris. Se Deus quiser…
Serviço:
Bazar e Tarde de Tortas – Dia 3 de dezembro, das 9h às 17h, no salão de festas do Bloco H, da 215 Norte
Para conhecer Tati, Lia, Manoel, Daniel e Cris, contribuir financeiramente ou doar ração e areia.
Cláudia – cadi.hmg@hotmail.com
Zezé– veloso43@hotmail.com
Kátia – katiamarsicano@gmail.com
Saúde Pet: Com a ajuda de uma impressora 3D, defensores dos animais criam próteses de bicos, dentes e cascos
O filme The Avengers: os vingadores (2012) conta a história de heróis que salvaram os seres humanos da destruição causada pelo deus nórdico Loki. O grupo Animal Avengers não luta contra um vilão tão poderoso, mas também enfrenta uma batalha nobre: resgatar animais silvestres com próteses 3D.
O grupo surgiu em 2013 e é formado por quatro veterinários, um designer e um dentista forense. “Nosso primeiro ‘paciente’ foi a tartaruga Freddy. O animal foi resgatado de uma queimada e seu corpo foi duramente atingido pelas chamas. O casco foi dilacerado: sobrou apenas uma carapaça que tinha a consistência de uma casquinha de ferida. Nós conseguimos projetar um novo casco para ele, foi um sucesso”, relata Paulo Miamoto, um dos Avengers e professor de odontologia da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Miamoto explica o procedimento passo a passo: “Primeiro, escaneamos um bicho saudável e o nosso paciente. Assim, podemos fazer as comparações e as projeções. Em outro momento, o nosso designer modela digitalmente a prótese. Por fim, imprimimos o objeto em uma impressora 3D, que normalmente é feito de plástico PLA”.
O plástico usado é extraído da cana, o que barateia o preço das próteses. “Eu uso minha impressora particular, que custou R$ 3.800, um ótimo investimento. O nosso material é leve, barato e resistente — o quilo custa de R$ 140 a R$ 150. O bico de um tucano gasta somente 100g. A peça demora cerca 50 horas para ficar pronta”, afirma o pesquisador.
Apesar de a inovação ser acessível, é importante ressaltar que nem todos os animais podem se beneficiar da técnica. O grupo realiza uma análise minuciosa para verificar se o paciente conseguirá resistir à cirurgia e se o problema relatado está em áreas do corpo em que não há perigo de infecções. Regiões com uma grande quantidade de vasos sanguíneos têm risco de contaminação e podem ser muito sensíveis. Até o momento, os casos solucionados pelos Avengers foram de fraturas de bico e de perda de dente ou casco.
Quem vê o tucano Zazu passeando serelepe não imagina todo o sofrimento que ele passou. Em março deste ano, o tucano-toco foi resgatado de um quintal em uma casa na Quadra 15 do Park Way. Ele foi encontrado com uma fratura na parte superior do bico. Veterinários do Zoológico de Brasília se mobilizaram para salvar a ave, que corria o risco de morrer devido à dificuldade em se alimentar.“Esse seria um animal eutanasiado, ou seja, sacrificado, pois ele não conseguiria comer sem ajuda de humanos. Precisávamos encontrar uma solução que desse uma vida independente para ele”, conta Rodrigo Rabello, veterinário do zoo e também Avenger.
“A cirurgia tem os riscos de qualquer outra e é feita com anestesia geral. A recuperação dos animais é quase imediata: em 24 horas, eles se acostumam e passam a se alimentar normalmente. Porém, infelizmente, não podem mais ser reintroduzidos na natureza, pois são casos pioneiros e não sabemos o que pode acarretar na vida deles”, alerta Rabello. O veterinário pede cautela no momento de definir se o animal precisa ou não de uma intervenção. “Não é simplesmente fazer uma prótese — animais que estão bem-adaptados com suas limitações físicas não precisam”, ressalta.
Parceiros na luta
Os Avengers não são os únicos a usar técnicas de impressão 3D na recuperação de animais. A ONG Instituto Vida Livre, que trabalha pelo resgate, reabilitação e soltura da fauna silvestre na região da Mata Atlântica, também comprou a ideia. “O instituto desenvolve muitos trabalhos em conjunto com o Ibama. Eu sou engenheiro de produção e, quando recebemos o caso da tucana Tieta, resolvi mobilizar os colegas para projetar um novo bico. O risco da cirurgia era grande, pois o espécime era idoso”, conta Roched Seba, diretor da ONG e coordenador do projeto.
Tieta é uma das vítimas do tráfico, ela foi resgatada de uma feira de venda ilegal de animais silvestres. “A cirurgia foi um sucesso e ela conseguiu se recuperar rapidamente. Recebemos muitos animais na mesma situação. Neste momento, estamos com um periquito em uma condição semelhante. Estamos planejando como será a reconstrução do bico dele, respeitando as peculiaridades da espécie”, relata Seba.
“Nosso próximo passo é passar o conhecimento adiante. A ideia é que essas técnicas sejam popularizadas e que outros profissionais possam aprimorar as próteses. Estamos planejando um evento de três dias, em São Paulo, que contará com a participação de profissionais de diversas áreas. Provavelmente, ocorrerá em novembro”, convida Paulo Miamoto.
Agora é lei: pet shops do DF deverão instalar equipamentos de áudio e vídeo em 90 dias.
Nos últimos anos, diversos casos de violência dentro de pet shops deixaram donos de cães e gatos receosos de entregar o animal na loja. Para evitar o transtorno, o governador Rodrigo Rollemberg sancionou o Projeto de Lei nº 801, de autoria do deputado Julio César, que torna obrigatória a instalação de sistemas de monitoramento de áudio e vídeo em estabelecimentos comerciais destinados à exibição, tratamento, higiene e estética de animais domésticos, como pet shops e clínicas veterinárias. Agora, os estabelecimentos têm 90 dias para se adaptar às normas.
A veterinária Marcella Pinho, 23, cria os cachorros Wood Stock e Sofia Tuayla como se fossem filhos. Devido a pelagem, o casal de poodles vai frequentemente ao banho e à tosa e, em algumas dessas vezes, voltaram para casa com ferimentos. O primeiro caso ocorreu quando Wood, hoje com 10 anos, era filhote.
“Nós o mandamos para o banho em uma loja perto de casa e, quando ele voltou, não deixava ninguém tocá-lo, o corpo estava todo dolorido”, relata. Por falta de câmeras no pet shop, Marcella nunca conseguiu descobrir o que aconteceu.
Anos depois, o cachorro foi a outro pet shop para ter o pelo tosado, mas voltou para casa com o corpo cheio de feridas. Algo parecido também ocorreu com a poodle Sofia, que, durante o período de amamentação, teve o mamilo cortado em sessão de tosa. “Nos dois casos a desculpa foi a mesma: a lâmina da máquina estava muito afiada e, por isso, meus cachorros acabaram feridos. Perdi a confiança. Quando os levo para a tosa, prefiro gastar mais tempo e ficar acompanhando o procedimento”, conta.
Novos gastos
Agora, as câmeras deverão ser instaladas no local específico onde ocorre o tratamento, a higiene ou a estética dos animais. Segundo a lei, o sistema de monitoramento será acessado por meio de senha pessoal e intransferível, entregue ao responsável pelo animal. A norma trará novos custos para donos de pet shop.
Graça Souza, 45 anos, é proprietária do De Petti, na 108 Sul, e conta que há 10 anos tem câmaras no estabelecimento, mas está preocupada com o gasto extra para fazer a transmissão. “Temos cinco câmeras. O cliente pode ficar em uma sala assistindo pela TV o procedimento. O sistema proposto é bem mais moderno, e trará custos altos”, relata.
O pet shop Amigãozião, em Samambaia, também tem câmeras, mas no mesmo formato do De Petti: apenas para arquivo da empresa. Mauricio Reis, proprietário da loja, discorda da lei. “Nós já fazemos o monitoramento para o cliente. Meu serviço de câmera foi instalado para garantir que todos meus funcionários estejam trabalhando corretamente.” Os estabelecimentos que não se adaptarem à nova regra estarão sujeitos a notificação, multa entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, interdição parcial ou total do estabelecimento, cassação de licença e alvará de funcionamento, entre outras penalidades. O prazo para a instalação das câmeras é de 90 dias a partir de ontem.
A biografia do Bono não tem ponto final para nós, mas ele precisava dizer adeus a vocês, leitores.
No começo, ele não gostava de abraço. Mas, aos poucos, entendeu que quem nasce buldogue não tem muita opção. Está fadado a ser agarrado por toda a vida. Bono, o ser que assina o blog Mais Bichos, era feito de excessos. Fofura, doçura, pele, dobra. Não havia a menor chance de ser retribuído com comedimento. Tornou-se uma criatura irresistível. Impossível não lhe apertar. Poderia ter vivido uma vida preguiçosa e cheia de mordomia, alternando o lugar do soninho entre o sofá de couro marrom, o pé da nossa cama e a casinha azul na varanda. Mas a vocação de repórter lhe deu asas. Deu no que deu. Neste blog aqui, por exemplo.
Só não esperávamos que as asas o levassem tão cedo para farejar notícias em outras paragens. Foi-se um anjo. Podemos vê-lo agora correndo com os carneirinhos e ficamos torcendo para que as nuvens lhe sejam o colo quentinho e o abraço apertado, aos quais se acostumou em casa. Por aqui, já não haverá o olhar terno na hora da chegada e o triste na hora da partida. Sim, buldogues também são exímios na arte de despedaçar corações. Com ele, aprendemos que saudade tem feição. A cada viagem, a cada momento de separação para uma simples ida ao trabalho, ele mostrava todo o seu potencial de nos arrasar. Mas a volta era renascimento. Bastava ouvir uma voz conhecida para se jogar no chão à espera de carinho. Bastava ver um estranho para querer ser amigo. Bastava ver outro cão para enlouquecer de vontade de brincar.
A pata sempre estendida era uma marca, assim como o queixo apoiado no colo de qualquer um que chegasse em casa – o que nos levava a morrer de vergonha das visitas que saíam com as calças babadas -, as mordidas que não eram mordidas, os beijos que não eram lambidas, só encostadinhas de leve com a boca, a respiração profunda como quem dizia “Ufa! Chega por hoje”. Em casa, era quase uma perseguição. Sempre no encalço de alguém. Bono Blue, você vai nos matar de saudade.
Chegou cheio de pompa e pedigree – papel que nunca fomos buscar porque nunca importou. Um Old English Blue legítimo, embora raspa do tacho e em promoção. Foi amor à primeira vista. Filho de Betty Blue com outro americano de estirpe. Acabou tornando-se o único integrante que leva os dois sobrenomes de uma família inventada e feliz. Tornou-se um Gentil Tajes. Mistura de cearense com gaúcho. Gremista, preguiçoso, politizado, avesso a fotos para nosso desespero, e ainda assim o mais fotogênico dos cachorros. Roncava tão alto que dava para ouvir a distância, tinha um senso de humor peculiar no face; tornou-se, na rede social, o alterego de uma dupla de jornalistas que perdeu faz tempo a vergonha de amar um cachorro como se fosse filho.
Já não teremos a conta salgada no orçamento do mês, com banhos, hidratantes, ômega 3, remédio pra transplantado, ração para alérgico, lencinhos umedecidos manipulados com camomila, talquinho Granado de bebê, colírio e tudo que faz parte de um arsenal para um cachorro atópico. Não teremos a casa lotada de pelos, o sofá babado, os sutiãs surrupiados para a casinha, as meias virando bolas, a carinha pidona para qualquer migalha que ousasse cair da mesa. Teremos, sim, o inventário de lembranças deliciosas para uma vida. Queria ter lhe dado mais manga, cenoura, picanha e pelo menos um chocolate inteiro. Se soubéssemos da brevidade de sua vida, teria cometido mais umas algumas irresponsabilidades.
Na madrugada de domingo, quando chegamos do plantão, Boninho estava a pleno vapor. Às duas da manhã, trouxe os brinquedos para a sala, deu três corridinhas e alguns pulinhos – o máximo que tinha paciência. Foi dormir seguindo o ritual de obediência de toda noite. Quando ouvia a palavra casinha, se retirava como entrou, em silêncio. O nosso lorde inglês tinha um quê de monge budista. Na segunda, logo cedinho, comeu, correu pro quarto e surtou ao ver coleira, um sinal de que iria para a creche brincar com os amigos e voltar cheiroso e exausto. “Como assim, hoje é feriado”?, deve ser pensado. Assim foi. Brincou, brincou, brincou e morreu – preferimos achar que foi de alegria. Antes de subir, certamente pairou pelo céu de Brasília, e só foi depois de ter a certeza que levaria com ele o mandato do Eduardo Cunha (#foracunha #tchauquerido).
Comentava mais cedo, na reunião de editores, que tinha sonhos insistentes em que ele falava comigo. Logo ele, que nem latia…
No fundo, ele nos disse muitas e muitas coisas. Levaria um tempão para traduzir em palavras os sentimentos que ele nos despertava. Só sei que era coisa muito boa de sentir, que era duradouro, forte e genuíno. Tivemos o cuidado de não humanizá-lo, respeitando sua natureza sempre. Tolos, nós. Acabou que foi ele que nos tornou mais humanos.
Rip, Bono Blue (25-11-2010/12-9-2016)
AGRADECIMENTOS
Eu, Cristine Gentil, e Luís Tajes, e os irmãos do Boninho, Fernanda, Taís, Tomás, Gabriel e Paula, não podemos deixar de agradecer a seus primos, tios e avós pelo carinho. A todos os médicos e cuidadores dele: Dr. Sidney, Dr. Mário, Dr. Gustavo Seixas; Dra. Talita Borges. Mais recentemente, Dra. Lorena, que fez de tudo para salvá-lo – seque as lágrimas, doutora. Você é 10! Ao hospital Veterinari, pela acolhida tão profissional num momento de dor. Aos amigos da Kinder Borges, que tanto o mimaram. Aos incansáveis da Pousada Pet, por toda a diversão que puderam proporcionar ao Bono em seus últimos meses de vida.
Agradecemos também ao Correio Braziliense, pela ousadia de ter um cão-repórter. Não é para qualquer um. Que venha uma matilha!
Valeu!
O Blog Mais Bichos decreta luto oficial por alguns dias – quiçá meses e anos pro nosso coração cheio de saudade. Mas não morre com o Bono este projeto. A bandeira da defesa animal nunca ficará a meio mastro. Aguardem novidades.
Na madrugada da Segunda-Feira, quando retornamos pra casa após mais um do plantão, gravamos o último vídeo do Bono. acho que foi uma despedida:
(Da Revista do Correio)
Desde criança, Orcileni Arruda recolhia os animais na rua. Ela queria amparar e encontrar lares para os bichinhos abandonados. Até que um dia, a casa dela ficou pequena demais para tamanha generosidade. Foi então que, em 2005, decidiu procurar um espaço mais amplo e, assim, oferecer mais conforto aos cães e gatos resgatados, além de poder expandir o projeto. Nascia assim a Associação Protetora dos Animais Abrigo Flora e Fauna.
A instituição recebe qualquer animal em situação de risco que, em sua maioria, são vítimas de abandono e maus-tratos. Hoje, um total de 500 animais vivem na chácara do Gama, sendo 350 cães e 150 gatos. No entanto, devido à grande demanda, o acolhimento preferencial é dado a filhotes desamparados e a fêmeas prenhas, paridas ou idosas.
Quando o filhote chega ao abrigo, logo é encaminhado para feiras de adoção. Assim, ainda pequenos, terão mais chances de serem adotados. Os mais velhos passam por uma quarentena para criar um histórico na instituição, uma vez que não se sabe nada sobre a vida dele. O próximo passo é a vacinação e castração para que, então, eles possam ser encaminhados para novos lares.
Todos os sábados, a associação realiza uma feira de adoção. Orcileni comenta que, a partir dessas ações, muitos dos animais conseguem encontrar uma nova família. O problema, segundo ela, é que as pessoas tendem a dar preferência aos filhotes, deixando para trás os mais velhos.
Viviane Pancheri é professora de educação artística e decidiu ir a um desses mutirões com o intuito de ajudar e ter contato com os animaizinhos abandonados. “Chegando lá, vi que os cachorrinhos estavam separados em várias áreas e a que mais me chamou atenção foi a dos mais debilitados. Fui lá, e Bimba logo veio pedir carinho. Eu me apaixonei por ela e não resisti. Adotei”, conta a professora.
Bimba já foi conhecida como Dolly, uma cadelinha de 2 anos muito fraquinha, que não tinha muitas chances de encontrar um novo lar. “Ela era muito magrinha e desnutrida, precisava de uma atenção maior para se alimentar. Lutava para viver e eu pensava que ela ficaria no abrigo para sempre”, relembra Orcilene. Mas todos se enganaram, e a cadela, hoje chamada de Bimba, ganhou uma família cheia de amor e carinho.
A cadelinha já teve cinomose — doença contagiosa que pode acometer vários órgãos e levar a óbito —, além de sofrer de doença do carrapato e de uma anemia muito grave. Quando adotada, Bimba foi levada ao veterinário, passou por diversos exames e está em tratamento. Felizmente, a resposta com medicamentos está sendo muito positiva. “É legal as pessoas verem que, apesar de ser um cão adulto, ela é supereducada e não me dá trabalho nenhum. Ela é bem carinhosa, um bebezão”, derrete-se Viviane. Para ela, vale a pena se conscientizar de que os animaizinhos mais velhos também precisam de amor e anseiam por um novo lar.
Além de organizar as feiras de adoção que acontecem semanalmente, o abrigo conta com o trabalho de três funcionários, responsáveis por tarefas básicas, como alimentar os cães e os gatos, além de limpar o terreno. Orcileni ainda tem uma equipe que a auxilia na divulgação das ações da associação. Eles ainda precisam se mobilizar para buscar recursos, doação de rações, bem como estabelecer novas parcerias para manter os gastos da instituição.
O auxílio que vem de fora também é de extrema importância. “No último domingo de cada mês, estamos abertos para visitas que nos ajudam muito de diversas formas. Elas dão banho e alimentam os bichos, além de doar ração e medicamentos. Esse é o único dia em que tudo fica limpo e organizado de verdade”, alegra-se. Nessa ocasião, o Abrigo Flora e Fauna fica aberto o dia inteiro para receber qualquer um que esteja disposto a ajudar. “São pessoas muito bacanas, que realmente colocam a mão na massa. Abrimos as portas para elas possam conhecer de perto a realidade do abrigo”, comenta a fundadora.
Como ajudar
» Além dos dias predefinidos de visitação,
a associação tem um ponto fixo para receber qualquer tipo de doação. Fica localizado na SQS 108, ao lado do petshop Di Petti.
» A ajuda de doações de ração é essencial e faz grande diferença no dia a dia. Ali, são consumidas quase cinco toneladas de comida todos os meses.
» O abrigo também precisa de medicamentos, como vermífugos, repelentes e antipulgas, além de produtos de limpeza.
www.abrigofloraefauna.org.br
“Estavam paralisados”, diz frei que fotografou cachorros assistindo à missa
(por Ana Karina Giacomelli do Diário Gaúcho)
Uma cena inusitada, que aconteceu na Capela da comunidade Nossa Senhora das Graças, da Paróquia São Judas Tadeu, em Porto Alegre, chamou a atenção dos fiéis que participavam da missa no domingo, dia 1º de maio.
Frei Irineu Costella realizava a cerimônia quando viu quatro cachorros parados na porta da igreja acompanhando o sermão. Naquele momento, o religioso pediu para que os fiéis olhassem também. O frei Gilmar Zampieri, que acompanhava a celebração, conseguiu fazer um registro dos animais.
— A cena foi emocionante. Eles estavam muito atentos, bem disciplinados. Não entraram na igreja, não latiram, não atrapalharam em nada. Estavam paralisados, sem fazer um movimento sequer — disse Gilmar.
O religioso explica que, durante as missas, os cães costumam ficar em um pátio separado, para não atrapalhar as pessoas que frequentam a capela.
— Nesse dia, eles conseguiram se soltar e foram direto para a porta da igreja. Foi um acontecimento simbólico. Se isso acontecesse em qualquer outro ambiente não chamaria tanto a atenção. É uma cena para se refletir — salienta.
Frei Gilmar conta que a imagem fez sucesso no Facebook:
— Recebi muitas mensagens e manifestações carinhosas. As pessoas ficaram bastante comovidas com a situação. Todos se encantaram com a foto — relata.
Libertação animal
O zelo pelos animais é tão forte que frei Gilmar lançou um livro sobre o assunto, em parceria com o frei Luiz Carlos Susin. Com o título A vida dos outros — Ética e teologia da libertação animal, a obra apresenta, de uma maneira simples, uma nova visão do relacionamento dos seres humanos com os outros seres animais.
Os frades abordam o sofrimento dos animais de circo, zoológicos, touradas, rodeios, farra do boi e outros onde a dor está presente em mutilações, privações e maus-tratos diversos, e dos bichos usados como cobaias em testes e pesquisas.
Em um trecho da obra, os religiosos enfatizam:
“Os animais são os outros dos humanos, que apelam, a seu modo, para a nossa consciência moral e religiosa. Uma ética e uma teologia inspiradas pelo ‘princípio compaixão’, pelo ‘princípio libertação’ e pelo ‘princípio cuidado’ não podem ficar indiferentes ao sofrimento e morte de nenhuma criatura inocente. Os animais, os ‘outros do humano’, são criaturas inocentes em permanente sofrimento e morte, esperando compaixão, libertação e cuidado.”
Uber leva cães que estão à espera de adoção até a casa de pessoas interessadas
(de animais e companhia via ANDA)
Para debater a importância da adoção de animais, três empresas se uniram para lançar a ação UberPET, levando cachorrinhos disponíveis para adoção até as casas das pessoas que pediram carros através do aplicativo para serviço de motorista particular.
A iniciativa já foi realidade em anos anteriores nos Estados Unidos, e aconteceu no Brasil pela primeira vez.
A ação foi uma parceria entre Uber, DogHero (plataforma de hospedagem domiciliar que seleciona o melhor anfitrião para cuidar do animal na ausência do tutor) e Instituto Luisa Mell (que cuida de animais de rua, abandonados ou vítimas de maus-tratos).
Os usuários do Uber que participam da ação ainda conseguem um desconto de R$ 30 na primeira hospedagem pela DogHero – basta fazer um cadastro no site. O motorista levará até o interessado, sempre aos domingos, de 2 a 3 cães para brincar durante 15 minutos. E, caso goste de um deles, a pessoa pode realizar a adoção na sua casa mesmo, com a ajuda de promotores que acompanham os animais.
(Por Cristine Gentil , do Blog Mais Bichos))
Ela cresceu no interior de Naranjito, no Paraguay, em um sítio, cercada por animais. Teve coelho, gato, cachorro, porco, vaquinha. “Também capivara, galinha manca, que inclusive voltou a andar normal porque eu fazia ‘fisioterapia’, peixes. Tentei ter formigas, mas elas escaparam; minhã irmã e eu tivemos besouros, com casinha e caminha (risos). Tentei até ter um urubu, mas minha mãe não deixou!”, relata. Essa paixão toda por animais é descrita pela fotógrafa Ana Paula Grillo.
Rodrigo Hilbert responde as críticas por ter matado filhote de ovelha em programa de TV
O apresentador usou sua conta no Facebook para responder as críticas que recebeu após abater filhote de ovelha na TV.
Leia:
“Oi, gente! Em primeiro lugar, respeito as opiniões de todos vocês.
Venho de uma família grande, igual a muitas outras nesse Brasil, que tem como tradição plantar e criar o próprio alimento que consome. Foi com esse espírito que a nova temporada do “Tempero de família” se ergueu, com o objetivo de documentar a vida desses pequenos produtores, que cultivam e criam para o auto consumo. Não tínhamos a intenção de incitar qualquer violência contra animais, mas apenas de registrar o dia-a-dia desses trabalhadores que lutam para criar e alimentar suas famílias. No entanto, por também respeitar aqueles que se manifestaram contra as cenas exibidas no programa, retiraremos as imagens em questão do episódio.
Vou levar isso tudo como um aprendizado. Ao mostrar o abate do animal em uma pequena fazenda, eu acreditava estar chamando a atenção para se conhecer a procedência dos alimentos, para se entender como é a cadeia produtiva do que consumimos. No entanto, qual não foi a minha surpresa ao perceber que, ao invés de passar uma mensagem de conscientização sobre o que comemos, vi surgir o ódio de muitos por mim. Entendo todos aqueles que defendem o amor aos animais. Mas acredito também que possamos fazer isso sem estimular xingamentos ou acusações, e, sim, promovendo a conversa entre todos nós. Se queremos um mundo melhor, vamos começar incentivando o diálogo pacífico e respeitoso.
Reforço as minhas desculpas verdadeiras a quem tenha se sentido ofendido.
Um beijo,
Rodrigo”