Arthur Lira trava pautas do governo na Câmara

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Afastado do Planalto desde o episódio do convite à médica Ludhmilla Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reata suas pontes com a oposição e justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Sergio Moro suspeito no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Essa foi a leitura política da decisão de colocar em pauta apenas propostas relacionadas à pandemia, que será detalhada, ainda hoje (24/3), em nova reunião de líderes. A medida veio acompanhada de apelos para que se deixe de lado a ideologia e a política, a fim de dar mais foco à vida das pessoas.

A decisão de Arthur Lira joga para escanteio propostas da pauta ideológica do governo e põe uma parte do PP em distanciamento regulamentar. Na hipótese de o eleitorado seguir noutro sentido em 2022, o partido terá uma ala pronta para aportar no barco oposicionista e puxar os náufragos. Num cenário de 3.251 mortes por covid registradas em 24 horas e panelaços nos três minutos do pronunciamento presidencial, a maioria dos partidos prefere o distanciamento social do governo.

O voto da modulação

A argumentação da ministra Cármen Lúcia foi considerada um ponto de partida para evitar que a suspeição de Sergio Moro no caso do ex-presidente Lula sobre o triplex sirva para derrubar toda a Lava-Jato. Muitos vão tentar, mas os ministros consideram que não dá para dizer que a Petrobras era um convento e tudo o que foi apurado era “perseguição política”.

O aniversário da “gripezinha”
Hoje, completa um ano que o presidente Jair Bolsonaro foi à tevê dizer que, “pelo seu histórico de atleta, seria uma gripezinha” e que a pandemia ia passar “brevemente”, defendendo a volta à normalidade, isolando-se apenas os idosos. Agora, diante do pronunciamento de defesa das vacinas, seus aliados esperam que ele tenha ajustado completamente o discurso.

Olha o foco I
O ajuste do discurso do presidente Jair Bolsonaro em defesa das vacinas trará mudanças, também, na oposição, que se dedicará de forma mais incisiva à cobrança de uma ação mais firme do governo no combate à pandemia. A ideia é proliferar que, enquanto Bolsonaro diz que defende as vacinas, o Ministério da Saúde revisa, para baixo, a disponibilidade de imunizantes no curto prazo.

Olha o foco II
Entra nesse roteiro, ainda, a exposição das responsabilidades do Ministério da Saúde na distribuição de medicamentos. Para refrescar a memória, as declarações de Bolsonaro, tais como a “não será comprada”, em referência à CoronaVac, quando desautorizou o então ministro Eduardo Pazuello.

Muita calma nessa hora
Os petistas viram a decisão sobre a suspeição de Sergio Moro como uma “decolagem autorizada” para Lula rumo a 2022. Porém, esse plano de voo ainda será avaliado. Neste momento grave da covid no Brasil, muitos consideram que não dá para sair por aí em pré-campanha.

O ajuste Supremo/ A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de rejeitar a ação do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão dos estados de decretar toque de recolher e lockdown, terá total respaldo do plenário do STF, caso haja um recurso por parte do Poder Executivo.

Depois dos economistas…/ O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) vai se dedicar a preparar a lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia da covid-19.

Três Hiroshimas/ Em 6 de agosto de 1945, a bomba que os Estados Unidos jogaram sobre a cidade de Hiroshima dizimou cerca de 80 mil pessoas. Ao final daquele ano, esse número já estava em 140 mil, em decorrência da radiação. “A covid, aqui, já matou o equivalente a mais de três bombas de Hiroshima”, comenta o ex-deputado Miro Teixeira.

Enquanto isso, no Planalto…/ A discreta posse a toque de caixa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê foi a preparação da reunião de hoje de manhã de Bolsonaro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF, Luiz Fux, e governadores. Bolsonaro sabe que será cobrado por uma ação mais incisiva. E, se vier pedir o fim do lockdown, vai ouvir que será feito, quando houver segurança de atendimento médico e vacinas em todo o país. O dia promete.

No rastro dos economistas/ Em live com José Sarney e Michel Temer, o MDB lançará manifesto com críticas às ações do governo de combate à pandemia e cobrará medidas para vencer a crise sanitária e econômica, a pior que o partido já viu em toda a sua história. O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) também prepara uma lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia.

Lira e Pacheco são aconselhados a ignorar falas contra o lockdown

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Esse é o principal conselho que os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, têm recebido em reuniões informais que discutem sobre como proceder diante das falas de Jair Bolsonaro contra o lockdown determinado em vários estados para tentar conter a taxa de transmissão da covid-19 — índice que, no Distrito Federal, chega ao patamar de 1,32, conforme o governador Ibaneis Rocha anunciou, ontem (4/3), em entrevista ao CB.Poder. Lira, porém, chegou a cogitar um apoio incondicional ao presidente nesse campo, mas mudou de ideia e acabou seguindo o aviso de seus conselheiros. Afinal, foi eleito para ajudar a votar o projeto econômico do governo e não para ir contra a ciência.

Até os aliados de Bolsonaro acreditam que ele passou do tom ao criticar as medidas, ao dizer que “chega de mimimi”, e por aí vai. Mas não dá para confundir essa posição com qualquer perspectiva de afastamento do presidente. Se alguém for por esse caminho, levará todo o grupo de centro de volta ao colo presidencial. Qualquer atitude nesse sentido transformará o presidente em vítima e não resolverá o problema principal do atendimento hospitalar e da redução da taxa de transmissão, de forma a tirar a pressão sobre o sistema de saúde.

Corra, Lira, corra

A ordem na Câmara é votar os dois turnos da PEC Emergencial em, no máximo, duas semanas e aprovar na íntegra o texto que veio do Senado. Afim de evitar qualquer fatiamento, a ideia é fechar no discurso de que essa emenda constitucional, na íntegra, é crucial para aprovar o auxílio emergencial. A preços de hoje, avisam aliados do presidente, não há ambiente para fatiar a proposta.

Hora da escolha
Com o limite de R$ 44 bilhões para o pagamento de auxílio, o governo definiu a seguinte estratégia: se a oposição quiser aumentar o valor, o número de beneficiários será menor.

Menos, presidente, menos
Em discurso, ontem (4/3), Bolsonaro disse que o Brasil é o país que mais vacinou. Não é bem assim. Está em sétimo em números absolutos. E, eis que os tucanos acrescentam: se não fosse a CoronaVac, que o governador João Doria conseguiu trazer para produzir no Brasil, a situação estaria pior.

Livre para vetar
O governo foi contra a aprovação do projeto de socorro ao setor de eventos, de forma a deixar aos parlamentares o seguinte aviso: vetos virão.

Em suaves prestações
As doses da Janssen e da Pfizer não chegarão ao Brasil na velocidade que o governo deseja. A perspectiva é ter um volume alto até janeiro de 2022. Nesse sentido, tem razão o governador Ibaneis, quando diz que a doença veio para ficar e ainda levará um tempo para que o mundo tenha uma oferta abundante de imunizantes.

Lista quádrupla/ Com a abertura de uma nova vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o anúncio da aposentadoria de Nefi Cordeiro, a escolha de dois novos ministros será feita pelo presidente da República com base em uma lista de quatro nomes. A eleição dos quatro será presencial. E ainda não tem data prevista. Diante da pandemia, vai demorar.

Liberou geral/ O DEM está com dificuldades de fechar uma posição de bancada na Câmara e no Senado. Para manter a turma unida num cenário que vai de Ciro Gomes a Jair Bolsonaro, as últimas votações foram no sentido de liberar.

Eles estão todos bem/ Frederick Wassef leva a vida numa boa. Nas vésperas do lockdown no DF, aproveitava o fim de tarde no Setor Hoteleiro, num quiosque de churrasquinho que costuma reunir apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Ele e uma morena eram os únicos sem máscara.

Por falar em Wassef…/ O senador Flávio Bolsonaro, o 01, pode até ter o apoio do pai, do advogado e lá vai. Mas, na equipe do presidente, a coisa é diferente. Flávio é visto, com todo o respeito, como o “carioca esperto”. Aliás, Bolsonaro tem dito, em relação à pandemia, que as pessoas devem encarar os problemas. O mesmo vale para compras de mansões e rachadinhas, que precisam ser esclarecidas.

Pandemia faz ressurgir a política dos governadores

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Sem uma resposta incisiva do Ministério da Saúde e diante da troca de farpas com o presidente Jair Bolsonaro por causa das medidas de isolamento social, os governadores passaram a se virar sozinhos. Nos últimos dias, eles, muitas vezes, combinaram entre si a transferência de pacientes de UTIs, sem passar pelo governo federal. Agora, falta apenas a última etapa, a compra de vacinas sem o crivo do Executivo federal.

Esses movimentos indicam que a tendência é deixar o governo do presidente Jair Bolsonaro de lado no quesito pandemia e tocar a vida com o Congresso e as emendas impositivas ao Orçamento, que são de liberação automática. O presidente da Câmara, Arthur Lira, por exemplo, que até aqui estava focado na pauta da PEC da Imunidade, sentiu a oportunidade de tentar se recuperar, colocando a pandemia no topo das prioridades como, aliás, deve ser.

Quanto ao presidente Jair Bolsonaro, a resistência ao distanciamento social, necessário em caso de UTIs lotadas, pode lhe custar apoios. Alguns governadores aliados não entendem essa insistência do presidente em não admitir que, diante da ausência de vacinação e testes em massa, não há saída.

Pula a Segunda Turma

Depois de a Segunda Turma arquivar denúncia contra Arthur Lira e deputados do PP, quem conhece o ministro Edson Fachin garante que o que puder seguir direto para o plenário do Supremo, assim será. A outra denúncia contra Lira aceita pelo ministro será o teste.

A ordem é distensionar

Arthur Lira e o PP com inquérito arquivado, PEC Emergencial caminhando para aprovação, ainda que desidratada em relação às desvinculações orçamentárias pretendidas pela equipe econômica. Enquanto isso, Rodrigo Pacheco segura a CPI da Covid-19. Está tudo dominado.

Ponto frágil e dois pesos

O senador Flávio Bolsonaro e seus negócios ainda são vistos como o maior ponto de fragilidade do discurso do presidente para uma possível campanha reeleitoral. Afinal, quem reclamou do financiamento do BNDES para a compra do avião do empresário Luciano Huck não pode aceitar que um filho compre uma mansão financiada a juros camaradas por um banco público.

Por falar em Flávio…

O fato de 01 comprar uma mansão milionária em Brasília deixou muito político local desconfiado de que o senador pretende ficar mais tempo na capital do país. Ser candidato, porém, não está nos planos. Pelo menos, ainda. Com mais seis anos de mandato, o que Flávio queria, segundo seus aliados, era um local discreto, longe dos holofotes. Agora, diante da publicidade e das desconfianças que pairam sobre a negociação, essa privacidade foi para o ralo.

Curtidas

Uma live para dois/ A promoção do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em live capitaneada pelo presidente do DEM, ACM Neto, é para tentar calar, de uma vez por todas, as críticas de que o ex-prefeito de Salvador esteja aliado ao presidente Jair Bolsonaro. Além, obviamente, de colocar o ex-ministro numa vitrine neste momento em que o Brasil chega ao pior momento da pandemia.

Semana da Mulher/ No embalo do Dia Internacional da Mulher, a juíza Renata Gil, primeira mulher a presidir a Associação dos Magistrados Brasileiros, entrega hoje aos presidentes da Câmara e do Senado um pacote de propostas para combater a violência contra a mulher. Os índices desse tipo de agressão seguem em alta, apesar de avanços importantes, como a Lei Maria da Penha. Por isso, a AMB quer medidas de prevenção, como tornar crime a violência psicológica e a perseguição (“stalking”) contra a mulher. O nome do pacote é “Basta!”.

Crime autônomo/ “O objetivo do ‘Pacote Basta!’ é impedir que o feminicídio ocorra, com a contenção dos agressores já nos primeiros sinais de violência psicológica ou perseguição”, explica Renata Gil. Outra medida proposta pela AMB aos congressistas é transformar o feminicídio em um tipo autônomo de crime. Hoje, é uma qualificação do homicídio. Se a proposta for aprovada, os condenados por feminicídio serão punidos com penas mais elevadas e condizentes com a gravidade da transgressão, explica a magistrada.

Arthur Lira tentará tirar reforma tributária de Aguinaldo Ribeiro

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A reunião entre os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, com os relatores da reforma tributária nas duas Casas não serviu para que Lira e o deputado Aguinaldo Ribeiro fizessem as pazes. Na Câmara, é dada como certa a substituição de Aguinaldo nessa relatoria, caso a reforma seja votada, primeiro, no Senado. Há quem diga que Aguinaldo só será mantido nessa vitrine se o presidente do PP, Ciro Nogueira, pedir.

Aos poucos e com muita paciência, Lira dará um jeito de afastar todos aqueles que tentaram lhe puxar o tapete, dentro do bloco original do Centrão. No caso de Aguinaldo Ribeiro, só tem um probleminha: o deputado já está nessa relatoria há algum tempo e sabe onde aperta o calo de cada setor e por dentro de onde é possível buscar acordos. Tirar por mera vingança poderá soar como um capricho que só atrasará a aprovação do texto.

Lula permanecerá “pendurado” na Justiça

As esperanças do PT, de lançar Lula como candidato em 2022, têm tudo para morrer na praia. Entre as conversas na área jurídica, as apostas são de que ele conseguirá a anulação da sentença dentro do processo do triplex no Guarujá, mas não o do sítio de Atibaia. Nesse cenário, Fernando Haddad será o candidato.

O ponto frágil é a saúde

O pedido da CPI da covid-19 no Senado é visto pelo governo como o maior ponto de fragilidade no Congresso hoje. Paralelamente, ainda tem a questão das vacinas, na qual o presidente Jair Bolsonaro fez questão de mostrar que está ao lado da Anvisa. Inclusive, nessa pressão do líder do governo, Ricardo Barros, sobre “enquadrar” a agência.

Se quebrar o acordo…

O PSL não pretende tirar a deputada Bia Kicis da indicação para a Comissão de Constituição e Justiça. O partido não tem interferido nas outras bancadas para dizer quem deve ser o postulante para compor este ou aquele colegiado. Além disso, há, entre os bolsonaristas, a certeza de que Bia está sofrendo uma campanha contra porque é aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro.

… vai ter troco

Líderes de outros partidos avaliam que se alguma legenda quiser concorrer contra Bia terá problemas, porque essa escolha das comissões técnicas é regimental. Até o carnaval, porém, há muita água para rolar sob a ponte.

CURTIDAS

Ela levou a melhor/ Depois da briga, do ano passado, em torno da Presidência da Comissão Mista de Orçamento, a deputada Flávia Arruda, do PL-DF, ficará com o cargo, conforme acordo já firmado entre os partidos. Elmar Nascimento, que era o nome defendido, em 2020, por Rodrigo Maia e liderou a ala contra Baleia Rossi, será agraciado em outra posição mais à frente.

E o combustível, hein?/ A reunião para tratar de preço de combustível, hoje (5/2), foi exigência do presidente Jair Bolsonaro. É uma forma de ele sinalizar aos caminhoneiros que está ao lado deles, mesmo que não resolva o problema da categoria.

DEM vai ficar rachado mesmo/ Com a tese da fidelidade partidária, muitos interessados em acompanhar Rodrigo Maia, caso ele saia do DEM, devem recuar. É que o mandato de eleições proporcionais pertence ao partido.

Por falar em DEM…/ Maia tem sido procurado por integrantes do partido, num esforço para que reflita sobre os erros que cometeu no processo e dê um tempo antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro. Não tem adiantado muito. O pote de mágoas continua cheio.

Simone Tebet pode estar de saída do MDB

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O script de parte do MDB rumo à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi pré-agendado ainda em dezembro. Um grupo decidiu aproveitar essa disputa de 2021 para dar o troco ao que considerou uma traição de Simone Tebet ao partido, em 2019. À época, quando ela se lançou candidata contra Renan Calheiros (MDB-AL), mas, na última hora, abriu mão da disputa e apoiou Davi Alcolumbre (DEM-AP). Agora, foi traída por Alcolumbre, que preferiu um candidato de seu próprio partido, o DEM, e é traída pelo MDB, numa manobra que estava acertada desde que os emedebistas anunciaram que ela seria a candidata. Na época, depois da vitória de Alcolumbre, ela anunciou, inclusive, que deixaria o MDB.

Não será surpresa se Simone Tebet seguir para o Podemos, do senador Álvaro Dias (PR), o partido que cresceu e anunciou apoio à sua candidatura.

Embolou geral

Arthur Lira (PP-AL) cresceu tanto em apoios que está difícil acomodar todos nos cargos da Mesa Diretora. Um pedaço do DEM, para trocar de banda, quer a primeira secretaria. O PSL quer a primeira vice-presidência. Aí, lascou. A primeira vice já estava oferecida ao deputado Marcelo Ramos (AM), do PL. Valdemar Costa Neto não quer que seu partido abra mão do cargo. Apoiou a candidatura de Lira desde o início, como quem compra um apartamento na planta. E quer que o projeto inicial seja mantido.

O apê ficou pequeno
A primeira secretaria, uma sala nobre, já estava reservada ao Republicanos, outro partido que chegou cedo ao bloco do Centrão e deu lastro à candidatura de Lira. Os bastidores fervem.

Ficamos assim
A demissão do assessor que andou sondando sobre impeachment no Congresso foi um gesto do vice-presidente Hamilton Mourão para com Jair Bolsonaro. Mas não resolveu o mal-estar entre ambos.

Brasil acima de tudo
O principal projeto das Forças Armadas para 2021 é se firmar como instituição de Estado, e não de governo. Porém, mantendo a boa convivência e harmonia com o Executivo.

Um gesto vale mais que palavras/ A presença do chanceler Ernesto Araújo na viagem de Bolsonaro a Sergipe foi um recado direto a quem aposta na queda do ministro de Relações Exteriores. “Esse é meu, não sai”, tem dito o presidente.

A saia justa de Neto/ O presidente do DEM, ACM Neto, está com um problemão para resolver: a bancada rachou de vez e, nesse sentido, vai se enfraquecer. Se apostar em Bolsonaro e o governo ruir mais à frente, voltará aos tempos de Fernando Collor, em que apostou no governo e só se recuperou quando surgiu Fernando Henrique Cardoso precisando de lastro para aprovar o Plano Real.

Veja bem/ A diferença é que, em 1993, no governo Itamar Franco, o PFL (hoje DEM) tinha uma bancada de mais de 100 deputados. Hoje, tem um quarto dessa força e ficará menor se não juntar os cacos da disputa pela Presidência da Câmara.

Hoje tem convescote pró-Lira/ O deputado será homenageado, hoje (29/1), pela bancada do agronegócio, com um coquetel na sede do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos. Até ontem, no final da tarde, 130 deputados já haviam confirmado presença.

Pandemia e toma-lá-dá-cá, os desafios de Arthur Lira

dep. Arthur Lira (PP-AL).
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Coluna Brasília-DF

A campanha do deputado Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara começa a enfrentar problemas. Na seara do toma-lá-dá-cá, cresce a revolta do baixo clero. Na ideológica, entrou a pandemia. No quesito “o que Maria leva”, deputados começam a reclamar de um dos coordenadores da campanha, Domingos Neto (PSD-CE), ex-relator-geral do Orçamento.

Um grupo esperava receber emendas extras, mas acredita que o relator-geral foi na linha do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Para o Ceará, algo em torno de R$ 400 milhões, sendo R$ 157 milhões para a cidade administrada pela mãe do deputado.

E, nesse momento de necessidades vitais para a área de saúde, não há muito o que fazer para atender aos deputados insatisfeitos, no quesito restos a pagar. Para completar, os tropeços mais recentes do presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia não ajudam Arthur Lira.

Nas últimas reuniões, como a que houve com a bancada paulista, o governador João Dória (PSDB), por exemplo, aproveitou para dizer que a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à Presidência da Câmara é um seguro contra o negacionismo, que toma conta do governo e de seus aliados.

Aliás, vale lembrar, os aliados de Bolsonaro chegaram ao disparate de gravar um vídeo defendendo o tratamento precoce e tirando máscaras, nesse momento em que os pacientes lotam os hospitais, ao ponto de o país viver a tragédia da falta de oxigênio em Manaus.

Maia, o traído

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nunca imaginou que fosse viver uma situação dessas. Depois de brigar por Elmar Nascimento (DEM-BA) para presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO), Maia vê Elmar se tornar um líder da campanha pró-Arthur Lira dentro do Democratas. O baiano não se conforma por não ter sido escolhido candidato do bloco “Câmara Independente”.

Compadres rompidos I

Arthur Lira tem ainda o apoio de Alexandre Baldy (PP-GO), compadre de Rodrigo Maia. Lira só não utiliza o avião da família de Baldy na campanha, porque a aeronave está em manutenção.

Compadres rompidos II

Baldy apoiou Maia nas três eleições, mas não apoia Baleia Rossi, porque o MDB é adversário do PP em Goiás. Baldy não tinha como deixar de apoiar o próprio partido nacionalmente. Maia não está, sequer, falando com o amigo Baldy, padrinho de Felipe, filho caçula do presidente da Câmara.

Curtidas

Sem vida fácil/ Se o governo passou esses dois anos meio cabreiro por causa de Rodrigo Maia, é porque ainda não conhece a fundo o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Aliás, ali, no Senado, quem vencer não será um passeio para o presidente Jair Bolsonaro. Simone Tebet (MDB-MS) é conhecida por uma postura independente.

Vem por aí/ Deputados com experiência e partidários do diálogo político vão montar o bloco do velho clero. É que a turma mais nova, em especial nos partidos mais ligados ao governo, tem se mostrado muito radical e avessa às conversas e às reuniões políticas. Até fazem, desde que o interlocutor concorde com eles. Em política, quem não sabe ceder em algum ponto, perde.

Frota na lida/ Em pleno almoço da bancada federal paulista com João Doria e o candidato a presidente da Câmara pelo bloco “Câmara Independente”, Baleia Rossi, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) foi de mesa em mesa, anunciando aos desavisados que será candidato ao comando da Casa e pedindo votos.

Que sirva de alerta/ No fim do ano passado, a população de Manaus foi às ruas contra as medidas de distanciamento social. O governo atendeu. Agora, o povo voltou, clamando por oxigênio. Por mais que muitos estejam cansados das regras de distanciamento social, do #fiqueemcasa, do #usemascara, o momento não é de fingir que a pandemia acabou. Mesmo quem já teve a doença, deve se cuidar, uma vez que há casos de reinfecção.

Ampliação do Bolsa Família: Governo precisa escolher um caminho entre dois abismos

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Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

A ampliação do Bolsa Família como alternativa ao auxílio emergencial é um debate em curso no governo federal e no Congresso Nacional, mas sem saída satisfatória à vista. Considerando as possibilidades orçamentárias, um reforço no programa assistencial conseguiria agregar 300 mil famílias ao contingente de 14,2 milhões já atendidas – um acréscimo pouco superior a 2%. É preciso levar em conta, ainda, as limitações do Bolsa Família ante a desigualdade estrutural na sociedade brasileira. Como salientou o economista Marcelo Neri ao Correio, o governo precisa escolher um caminho entre o abismo social e o abismo fiscal. Especialistas recomendam que o reforço do Bolsa Família passa necessariamente pelo corte de gastos, redução de privilégios e revisão de prioridades na política social. Está colocado, portanto, mais um desafio para este início de ano. De resto, a discussão está atrasada, pois ainda em 2020 havia preocupação sobre o cenário seguinte ao estado de calamidade pública, findo em 31 de dezembro.

Fome

A inflação dos pobres acumulada em 2020, de 6,3%, foi a mais alta dos últimos oito anos, segundo divulgou a Fundação Getulio Vargas. O preço dos alimentos é o maior responsável pelo pique inflacionário. A situação se torna mais dramática para quem dependia de auxílio emergencial. Segundo o Datafolha, em 2020, mais da metade dos beneficiados concentrou a maior parte da ajuda recebida do governo na compra de alimentos.

Manifesto

O Conselho Federal da OAB e outras entidades ligadas ao exercício da advocacia divulgaram nota conjunta de desagravo à Justiça Eleitoral, em reação aos sucessivos ataques que põem em suspeita a lisura das eleições no Brasil. Graças à Justiça Eleitoral, alegam os advogados, o país conseguiu interromper as sucessivas fraudes ocorridas desde a República Velha. As urnas eletrônicas e a biometria durante o processo eleitoral garantem, segundo as entidades, uma “organização impecável, com resultados imediatos e verificados, com ampla fiscalização de todos os interessados, especialmente os partidos e a imprensa”, argumentam.

Bico de pena

Criada em 1932, a Justiça Eleitoral procurou eliminar práticas nefastas, como o conhecido voto de cabestro. Até então, como descreve Victor Nunes Leal no clássico “Coronelismo, enxada e voto”, eleitores eram conduzidos à seção eleitoral para assegurar a vitória dos protegidos dos coronéis. Em caso de votação desfavorável, cabia aos mesários adulterar os resultados. Com o avanço da tecnologia, as urnas eletrônicas puseram fim a esse flagelo eleitoral. E, até prova em contrário, mostrou-se um equipamento seguro para garantir o sigilo e a segurança do voto.

Destempero

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), foi às redes sociais para, mais uma vez, criticar duramente o presidente Jair Bolsonaro. O deputado chamou o chefe do Executivo de “covarde” por atribuir, segundo a revista Veja, ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a responsabilidade pela demora no programa de vacinação. “Bolsonaro: 200 mil vidas perdidas. Você tem culpa”, escreveu, ainda, Maia. “Não vou dar palanque para ninguém”, rebateu o presidente, em rápida declaração.

“Bolsolira”

Padrinho da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara, Rodrigo Maia também partiu para cima de Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo Planalto. O demista disse ouvir cada vez mais o parlamentar ser chamado de “Bolsolira”, tal o compromentimento do candidato com o Executivo. É uma reação aos ataques de Bolsonaro contra Maia. Na véspera, o presidente criticou a aliança entre Maia e PT, dizendo tratar-se de “duas coisas muito parecidas”

Outros poderes

A refrega entre Maia e Bolsonaro, tendo como pano de fundo a eleição para a presidência da Câmara, também procura envolver outros Poderes. Durante a semana, Maia afirmou que as críticas de Bolsonaro à legitimidade das eleições constituem um “ataque gravíssimo” ao Tribunal Superior Eleitoral.

Momento grave

A tensão em Brasília só aumenta, em um momento delicadíssimo. A pandemia ultrapassou os 200 mil mortos. Estados como o Amazonas enfrentam um colapso sanitário. Busca-se uma saída para atender os milhões de brasileiros desassistidos após o fim do auxílio emergencial. O orçamento de 2021 ainda não foi aprovado, e a economia ainda está extremamente fragilizada. Mais do que nunca, é
preciso entendimento ao invés de conflito.

Sempre elas

Na semana em que o Instituto Butantan deu prova do nível de excelência do trabalho de pesquisa no Brasil, vale lembrar um dado importante: 71% do corpo científico da instituição é formado por mulheres.
É quase a eficácia da CoronaVac.

Dinheiro do FNDE pode virar moeda de troca na eleição da Câmara

Raspa do tacho
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Coluna Brasília-DF

Todo fim de ano, os parlamentares lotam as antesalas palacianas à espera de respostas sobre a liberação de emendas extras na última hora. Este ano, às vésperas da posse de prefeitos, não está muito diferente, apesar da pandemia. É a expectativa de que o governo vá para o “tudo ou nada” para eleger o deputado Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara.

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Uma das maiores apostas para essas liberações de última hora é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), comandado pelo PP do senador Ciro Nogueira (PI). Afinal, é uma das instituições que mais têm dinheiro para distribuir diretamente às escolas e municípios. Neste mês, por exemplo, só o Programa Nacional de Alimentação Escolar repassa R$ 393 milhões. Em janeiro, há outros R$ 401 milhões previstos. A população que fique de olho vivo na aplicação desses recursos.

Bolsonaro enterra Lira na oposição

O tuíte do presidente Jair Bolsonaro, debochando da tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff, provocou uma união em solidariedade à petista por parte de adversários do PT — leia-se DEM e PSDB — e de um ex-aliado, o MDB. E justamente no momento em que o PT define seu caminho na eleição para presidente da Câmara.

Lira tenta conter o estrago

Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro ajudou o seu candidato Arthur Lira no campo da fisiologia, cargos e emendas. Mas atrapalhou onde esse toma lá dá cá não surte efeito. Lira, que se posicionou de forma mais genérica a respeito do episódio de desrespeito à ex-presidente Dilma, está praticamente rouco de tanto dizer que, sob sua gestão, a Câmara será independente. E vai continuar dizendo até o dia da eleição, em fevereiro. É a forma de tentar angariar votos da esquerda.

O desafio do PT

O trabalho na bancada do Partido dos Trabalhadores, hoje, é mais no sentido de contar os votos. Não dá para fazer parte de um bloco e ter uma dissidência maior do que o compromisso de compor uma chapa. Nos bastidores, deputados repetem que é complicado começar um casamento com traições. O objetivo é chegar a uma maioria expressiva dos 53 votos do partido a favor da eleição de Baleia Rossi.

O que separa

Vai afastar a oposição quem colocar 2022 nessa roda da disputa pela Presidência da Câmara, como fez o atual presidente, Rodrigo Maia, por exemplo, ao dizer, em entrevistas, que essa união pode ser um ensaio. Os petistas podem até apoiar Baleia Rossi como forma de impor uma derrota a Jair Bolsonaro. Mas não querem saber de união com o DEM nem com o MDB, em 2022.

Bruno Reis e as mulheres/ Com 10 mulheres em seu primeiro escalão, o prefeito eleito de Salvador, Bruno Reis (DEM), chama a atenção entre os gestores municipais e jogará holofotes sobre a sua administração. Na largada do governo da presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, eram nove ministras.

Por falar em prefeitos eleitos…/ O ranking da consultoria Bytes sobre o uso do Twitter pelos prefeitos das capitais que tomam posse, nesta sexta-feira, coloca o prefeito reeleito, de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), como o líder em número de seguidores, com 1,6 milhão. Na segunda posição, ficou Eduardo Paes (DEM), que governará a cidade do Rio de Janeiro pela terceira vez, com 805,8 mil. Em terceiro, está o pernambucano João Campos (PSB), do Recife, com 422 mil, na frente de Bruno Covas (PSDB), que comanda o terceiro maior orçamento do país e foi o mais citado em artigos de sites de mídia.

O novato/ O quinto lugar em número de seguidores coube a João Henrique Caldas (PSB), o JHC, prefeito eleito de Maceió, um estreante na administração municipal, assim como João Campos. Sinal de que o Twitter não é privilégio do centro-sul e esses prefeitos também podem se preparar para o diálogo direto com o contribuinte nas redes sociais.

Enquanto isso…/ O presidente vai criando frases polêmicas para alimentar seu público nas redes sociais. O problema, dizem aliados de Bolsonaro, é que, até aqui, as frases presidenciais renderam mais efeitos colaterais do que as vacinas contra a covid-19 aplicadas pelo mundo afora. Arthur Lira que o diga.

Oposição trabalha para consolidar nome de Baleia Rossi na disputa pela Presidência da Câmara

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Brasília-DF, por Denise Rothenburg
Passada a etapa, na semana do Natal, de apresentação de candidaturas a presidente da Câmara dentro do bloco que reúne o centro e as oposições, o jogo pela disputa da Presidência da Casa passa, agora, ao período em que cada bancada trabalhará para consolidar o nome de Baleia Rossi. Pelo menos, esse foi o entendimento de grande parte dos integrantes da reunião de ontem.
Até aqui, só o PDT havia apresentado um nome, o do deputado Mário Heringer. Mas, como ninguém falou mais nada, tampouco os petistas, essa fase é considerada vencida. A ideia, agora, é consolidar Baleia Rossi como o nome de todo o bloco e passar à formação da chapa. “Agora, haverá uma reunião com cada bancada. A nossa ficou para quarta-feira”, anuncia a líder do PCdoB, Perpétua Almeida.

Agora vai I

Ao dizer a seus apoiadores, antes de embarcar para o Guarujá (SP), que estava com “a outra chapa” para o comando da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro facilitou a vida da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e de outros dirigentes partidários que têm dificuldades em aceitar um nome com o apoio explícito do presidente da República.

Agora vai II

Com o compromisso de que respeitará a proporcionalidade, Baleia Rossi dá ao PT a primeira escolha do cargo da Mesa Diretora – seja a primeira vice-presidência, seja a Primeira Secretaria. São os cargos mais cobiçados do comando da Casa.

Não tem troco sem nota

A avaliação geral nos partidos de oposição é a de que Bolsonaro, lá na frente, cobrará a fatura de Arthur Lira, o nome do PP e do bloco do Centrão. E, como recebeu todo o apoio do Planalto, Lira, por mais jogo de cintura que tenha, não terá como dizer não à pauta de costumes e a outros pedidos que forem feitos pelo Poder Executivo.

Mais fácil

Com Baleia Rossi, avaliam muitos oposicionistas, será mais fácil obter CPIs, por exemplo. Baleia, com o compromisso firmado desde já, não terá como negar pedidos da oposição que estejam bem fundamentados dentro do regimento interno.
E o Witzel, hein?/ A suspensão do processo de impeachment não mudará o destino do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Vai atrasar, mas, politicamente, não surtirá efeito.
Moro na área/ O ex-ministro da Justiça Sergio Moro (foto) saiu do governo, vai morar fora do país, mas não pretende deixar de lado o contraponto a Jair Bolsonaro. Ontem, por exemplo, foi direto, ao comentar que vários países já estão vacinando contra a covid-19, perguntando “se tem presidente em Brasília, quantas vítimas temos que ter para o governo abandonar o seu negacionismo?”.
Oferta & demanda/ Ao dizer que cabe ao laboratório produtor de vacina vir atrás do governo, para pedir registro, o presidente Jair Bolsonaro deixa de lado uma regra básica da economia: a oferta de vacinas ainda é escassa e a demanda é alta. Por isso, quem pediu e negociou primeiro já levou algum lote.
As andanças de Baleia/ A reunião de Baleia Rossi com o PCdoB ficou para amanhã para que a presidente do partido, Luciana Santos, possa comemorar o aniversário hoje, sem pausas para agendas políticas. Ontem, por exemplo, a líder do partido, Perpétua Almeida, teve que dar uma pausa nas comemorações do aniversário para participar da reunião dos oposicionistas com Baleia.

A lógica da eleição tirou a oposição de Lira

A lógica da eleição tirou a oposição de Lira
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados e do Senado ganhou, nesta reta final de 2020, um contorno bem diferente daquele que marcou a corrida de fevereiro de 2019 e se tornou uma armadilha para o candidato do PP, Arthur Lira (AL).

Neste momento, está em jogo quem comandará o Legislativo na preparação das eleições de 2022, o que terminou por afastar do candidato do PP todos aqueles partidos que não desejam seguir com o presidente Jair Bolsonaro daqui a dois anos.

Lá atrás, os candidatos que caminhavam numa trilha mais governista e num cenário sem reeleição, caso de Davi Alcolumbre (DEM-AP), tinham mais chances de sucesso, por se tratar de um governo novo e com muita expectativa de poder e o discurso da nova política.

Agora, diante de um pleito sem reeleição e, com cada um querendo armar o próprio jogo para o futuro, pesa o discurso de impor uma derrota a Bolsonaro. Lira já percebeu e, não por acaso, ontem, citou que tanto Baleia Rossi (MDB-SP) quanto Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) integram a base do governo. Se Lira conseguir vencer essa nova lógica, aumenta suas chances de sucesso. Se essa lógica prevalecer daqui a 44 dias, terá problemas.

Ramagem sob pressão

O diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que negou ter produzido relatórios para ajudar Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das rachadinhas, passará momentos de tensão por causa da investigação pedida pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Há quem diga que ele terá que “matar essa no peito”, de forma a preservar o presidente da República nesse episódio.

Vai ter briga

O clima vai esquentar no PSB entre o líder, Alessandro Molon (RJ), e o deputado Júlio Delgado (MG). Júlio tem uma carta assinada por 15 deputados do partido pedindo uma reunião da bancada para discutir a posição em relação à eleição à Presidência da Câmara. “Não dei cheque em branco para que ele adotasse a participação no bloco do Rodrigo. Aliás, não dou cheque em branco para ninguém”, diz Delgado à coluna.

Será turno único

A montagem de dois grandes blocos na disputa pela Presidência da Câmara indica que não haverá segundo turno na eleição. Daí, a pressão daqui para frente será junto aos partidos e parlamentares que têm, lá, seus votos e falam em lançar candidaturas avulsas ou partidos que costumam marcar posição –– leia-se PSol.

Nadou de braçada

A imagem de João Doria recebendo as 2 milhões de doses da CoronaVac, no aeroporto, e a imagem de um transporte para as vacinas com a bandeira do Brasil, a marca do governo de São Paulo e a inscrição “vacina dos brasileiros”, deixou muita gente irada dentro do governo. Mal ou bem, Doria até aqui agiu e soube faturar, para irritação de seus adversários.

Curtidas

Um artista na cúpula da PGR/ O sub-procurador-geral da República, Antônio Carlos Bigonha, termina este ano tão difícil com muito a agradecer. Na mesma data em que foi nomeado secretário de Relações Institucionais do Gabinete da Procuradoria-Geral da República, chegou às plataformas musicais seu mais novo álbum, Saudades do Amanhã, com Dori Caymmi, Jorge Helder e Jurim Moreira. Motivos para brindar não faltam.

A volta de Moro/ Com as denúncias de ajuda da Abin a Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas, o ex-ministro Sergio Moro aproveita para voltar à ativa em suas redes sociais: “A verdade, e não a propaganda, prevalecerá”, escreveu.

O tempo esquentou/ A deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) puxou o coro contra o líder do PP, Arthur Lira, na sessão plenária da Câmara: “Começou muito mal, Arthur Lira. Tentar colher a palavra nossa é inaceitável”.

Muita calma nessa hora/ A viagem de lazer de Bolsonaro ajuda a tirar de cena frases polêmicas, por exemplo, a de virar um “jacaré” se tomar a vacina da Pfizer, ou culpar Rodrigo Maia pela não aprovação do 13º do Bolsa Família –– algo que havia sido pedido pelo governo. Quanto ao jacaré, vai para o anedotário, mas o caso de culpar Maia e a negação das vacinas, cruciais para a volta à normalidade, deixaram a área econômica de cabelo em pé. É o presidente distante de sua própria equipe, responsável pelas contas públicas.