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Enganou-se quem achava que o primeiro troca-troca partidário de 2016 seria dentro do PT. O primeiro movimento é do senador Ricardo Ferraço, que anunciou hoje seu desligamento do PMDB e ainda chamou o governadordo Espírito Santo, Paulo Hartung, para tomar esse mesmo caminho. Ferraço não definiu para onde ir, mas não etá descartado o ingresso no PSDB. Veja a íntegra da nota:
Nota do senador Ricardo Ferraço
Informei esta manhã ao líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira, e ao presidente regional do PMDB no Espírito Santo, deputado federal Lelo Coimbra, o meu desligamento do partido.
Tomei esta decisão a despeito de minha sintonia com a legenda no estado, liderada pelo governador Paulo Hartung, que, desde a sua última administração, vem realizando profundas e positivas mudanças das quais fui e sou parceiro, além de ser um exemplo de gestão pública e de práticas políticas.
Deixo bons amigos e companheiros no PMDB capixaba, com os quais tenho grande apreço e pretendo continuar tendo as mesmas respeitosas relações. A postura digna da legenda no estado se compara a das representações no Rio Grande do Sul, de Pedro Simon, em Pernambuco, de Jarbas Vasconcelos, e em Santa Catarina, do saudoso Luiz Henrique da Silveira, entre outras. A independência e a coragem foram e são as suas marcas.
Mas, infelizmente, a grande mudança que precisamos e devemos realizar no país não será feita pelos nossos estados, mas, sim, no plano nacional. Apelei reiteradas vezes ao PMDB que deixasse a aliança liderada pelo PT e pela presidente Dilma Rousseff na Presidência da República, em nome de suas grandes tradições, notadamente na luta pela redemocratização de nosso país.
Tenho defendido que o partido abandone o quanto antes essa aliança política responsável pela atual derrocada política, moral e econômica do Brasil, com graves consequências sociais. Ingenuamente, cheguei a acreditar que esse afastamento se daria, mas o que temos visto é a insistência na manutenção da aliança espúria, sem perspectivas de novos rumos.
É chegado o momento de buscarmos a união de forças para derrotar de vez esse projeto de poder que tanto mal faz ao nosso país e às futuras gerações.
Com os meus sinceros cumprimentos aos colegas do PMDB, particularmente os do Espírito Santo, continuarei lutando em outras trincheiras por dias melhores para todos, resgatando a honra na política, a justiça social e o desenvolvimento. Como disse o pensador Thiago de Mello, não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar.
Ao expor essa minha convicção, desejo sinceramente que o governador Hartung possa refletir sobre ela e tomar igual decisão de deixar o PMDB.
Vitória, 15 de janeiro de 2016
A sanção do Orçamento de 2016 sem vetos foi lida pelos parlamentares como mais um aceno da presidente Dilma Rousseff aos congressistas para essa temporada de votação do impeachment e da CPMF, com o seguinte recado: tudo o que está previsto poderá ser cumprido desde que se aprovem as receitas do imposto do cheque. E, óbvio, a manutenção de Dilma no poder.
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Só tem um probleminha: interessados em agradar os prefeitos, os deputados têm colocado como condição para votar a CPMF a destinação de metade da receita para estados e municípios. Ocorre que, se for para cumprir tudo o que está no Orçamento, a tal divisão não será tão equânime como prometido aos prefeitos nesse ano eleitoral. Para o governo, porém, se a discussão for apenas definir a parcela que vai para cada nível da Federação já será meio caminho andado.
O mais amigo
Que Léo Pinheiro que nada. Na Bahia, todos apontam Ricardo Pessoa, da UTC, como o empreiteiro que tem uma relação bem mais estreita com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Pessoa não mencionou nada a respeito de Wagner em seus depoimentos.
Segunda chamada
O fato de Ricardo Pessoa não ter mencionado o nome de Jaques Wagner nos primeiros depoimentos não tirou esperanças dos oposicionistas em relação ao ministro. Há quem lembre de Júlio Camargo, que só mencionou Eduardo Cunha numa segunda rodada.
Discurso
O vice-presidente Michel Temer já tem as linhas gerais do discurso que levará aos estados em sua campanha para permanecer no comando do PMDB. Pregará unidade e harmonia. Quem estiver em outro projeto que venha com chapa completa para concorrer contra ele.
Por falar em Michel…
Ele determinou ao seu grupo que não se meta na disputa pela liderança do partido na Câmara. É a senha para tentar angariar o apoio do Rio de Janeiro ao seu projeto.
CURTIDAS
Lavagem do Bonfim/ Considerado um dos testes de popularidade dos políticos baianos, a caminhada de 8km que antecede a lavagem do Bonfim tinha ontem algumas faixas de partidos. O PV, por exemplo, colocou lá “um jeito diferente de fazer política”.
Só deu ele/ Quem acompanhou a festa considera que ACM Neto (DEM) só perde a eleição se fizer alguma besteira. A olho nu, na caminhada, ninguém suplantou o herdeiro de Antonio Carlos Magalhães.
Respingos/ A disputa entre o líder do governo na Câmara, José Guimarães (foto), e os irmãos Ferreira Gomes, Cid e Ciro, está cada vez mais acirrada. A disputa vai terminar sobrando para a presidente Dilma Rousseff que, dia desses, havia dito que não brigaria com Cid Gomes em hipótese alguma.
Restrito/ Os on-lines dos jornais impressos ficaram de fora do café da manhã de hoje com a presidente Dilma Rousseff. A regra foi quem estava no primeiro, em 7 de janeiro, não estaria no segundo. A estratégia do governo é falar para todos os segmentos, um de cada vez.
Que ninguém espere um acordo no PMDB. Nem tão cedo. Da reuniões de hoje, tirou-se apenas mais dúvidas e mais briga. Da data da eleição até o universo de eleitores, não há entendimento. Há quem deseje que os ministros possam votar para tirar dos suplentes o direito de voto. ocorre que um suplente, no exercício do mandato, tem todo o direito de votar. Esse lenga-lenga vai prosseguir até fevereiro. podem apostar.
Sobre Sarney
O ex-presidente José Sarney terá que se submeter a uma cirurgia para colocação de uma placa no ombro. Ele caiu hoje pela manhã na casa de veraneio da família na Ilha de Curupu (MA) e teve microfraturas no ombro direito. Ainda não decidiu onde fará a cirurgia, se em São Luís, em brasília ou em São Paulo. O mais provável, dizem familiares, é que ele opte por São Paulo.
O ex-presidente José Sarney foi levado hoje de manhã para o hospital em São Luís, onde passa por radiografias para saber se fraturou o ombro. Sarney caiu hoje cedo no banheiro de sua casa, na Ilha de Curupu. Machucou o cotovelo e ombro. A previsão da família é a de que ele retorne a Brasília na próxima segunda-feira.
Alguns deputados foram sondados para o cargo de primeiro vice-líder de Leonardo Picciani (PMDB-RJ), com a perspectiva de assumir o cargo quando Eduardo Cunha deixar a Presidência da Câmara. A proposta chegou aos ouvidos do presidente da Casa, que era contra Picciani e, a partir de agora, jogará todas as suas bruxarias políticas contra o ex-aliado.
Corra, Dilma, corra!
O governo está com tanta pressa nas nomeações que algumas têm dispensado um pente-fino mais rigoroso de antecedentes. Um caso foi o de Rodrigo Rodrigues, de Mato Grosso, nomeado para o Departamento de Gestão da Saúde Indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
QI
A indicação de Rodrigues foi feita pelo líder Leonardo Picciani, com o apoio do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) e de dois senadores mato-grossenses: Wellington Fagundes (PR) e Blairo Maggi (PMDB).
Por falar em Picciani…
Os opositores do atual líder peemedebista consideram que as chances de vitória aumentaram, porque, no ano passado, Picciani obteve sete votos em Minas Gerais. Desta vez, não repetirá a façanha.
Se está ruim…
A presidente Dilma Rousseff diz que o problema da Petrobras foi o preço do petróleo, o PT aponta a Lava-Jato, mas, pior mesmo, dizem especialistas, será quando a justiça americana decidir ressarcir os investidores. A acusação é a de que a empresa escondeu problemas hoje desvendados com as investigações, causando prejuízos aos investidores pelo mundo afora, em especial aos americanos, onde corre a ação. O julgamento está marcado para começar em 19 de setembro deste ano.
Nem tanto
O PT criou em seu site a pergunta “Quer voltar ao passado?”, mencionando vários indicadores que apontam o aumento do poder de compra do salário-mínimo nos governos Lula e Dilma. Um deles, o preço da gasolina, entretanto, coloca o litro, em janeiro de 2016, a R$ 3,76. Em Brasília, o litro da gasolina está na faixa de R$ 3,89.
Fantasia: Abajur apagado/ O deputado Izalci (foto), opositor implacável ao governo petista, foi à cerimônia de sanção do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação ontem de manhã no Planalto. Ele trabalhou por cinco anos em favor da nova legislação no Congresso, daí a presença. Mesmo assim, saiu de perto na hora das fotos. Não há celebração que o coloque lado a lado com Dilma. Sabe como é, em festa de governo petista, tucano esconde o bico.
Pós-Momo/ A ordem entre os deputados de oposição do PMDB é deixar a eleição do líder do partido para a terceira semana de fevereiro, ou seja, depois do carnaval. A ideia é aproveitar esse período para tentar desgastar Picciani.
Para depois/ A ida de José Carlos Bumlai ao hospital para a realização de exames, por causa de sangramento na urina, deve adiar a acareação entre ele e o lobista Fernando Baiano prevista para amanhã.
Simbolismo nos EUA/ Interessada em reforçar a necessidade de maior controle na venda de armas de fogo nos Estados Unidos, a primeira-dama Michele Obama deixará um assento vazio hoje no box que lhe é destinado para acompanhar o State of the Union, tradicional discurso feito todos os anos pelos presidentes americanos no Congresso desde George Washington. O gesto será feito em memória das pessoas assassinadas por armas de fogo no país.
Nesta primeira semana útil do ano, ninguém no mundo político tem dúvidas de que a Lava-Jato vai dar o tom desse universo em 2016 num salve-se quem puder pior do que o de 2015, porque o cerco começa a se fechar. Até a retomada do Congresso, a série de troca de mensagens entre Leo Pinheiro, o executivo da OAS preso, e autoridades estará no decanter, bem como as demais citações que envolvem os ministros palacianos.
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No Planalto, tudo é visto como um ataque especulativo e seletivo sobre os principais ministros de Dilma Rousseff, em especial Jaques Wagner, da Casa Civil, que começou a refazer as pontes com o Congresso. No PMDB, entretanto, há quem veja nos trechos dos vazamentos uma tentativa de deixar Michel Temer em baixa. Com ambos no desgaste, preserva-se Dilma enfraquecida, sem condições de aprovar a CPMF para salvar a economia. Aí estão a largada de 2016 e a ótica de parte de seus atores políticos.
Relações perigosas
Quem coordenou o processo de transferência da área financeira da Petrobras do Rio de Janeiro para Salvador foi João Carlos Ferraz. Lembrou-se do nome? Ferraz foi o primeiro presidente da Sete Brasil, indicado por Sérgio Gabrielli. Fez delação premiada no ano passado, se comprometeu a devolver R$ 3 milhões e repatriar
US$ 1,9 milhão.
Nova forma I
Os generais do deputado Leonardo Quintão na batalha pela liderança do PMDB decidiram tirar de cena o governo Dilma. Na maioria das conversas, dizem que não se trata de uma briga pró-Dilma nem do Anti-Dilma e, sim, um movimento contra o atual líder, Leonardo Picciani. Há quem diga que Picciani não trata dos interesses da bancada e sim do Rio de Janeiro em sua relação com o governo.
Nova forma II
A mudança de discurso dos adversários de Picciani é vista como um teste para o próprio governo Dilma. É que, se ganhar corpo, é sinal de que o impeachment realmente perde fôlego entre os peemedebistas. A ver.
Por falar em Quintão…
As dificuldades para conseguir um candidato único dentro do PMDB mineiro são consideradas insanáveis.
Isso porque, ali, há uma aliança entre PT e PMDB, e os peemedebistas ligados ao governo Pimentel — leia-se: Dilma Rousseff — não querem dar asas a qualquer movimento contra Dilma no Congresso.
E o Cid, hein?/ Ao fim de entrevista, enquanto tirava selfies com jornalistas, alguém quis saber da presidente Dilma o que ela achava da proposta de Cid Gomes (foto), de voltar ao PDT. Dilma fez uma expressão de que a proposta era uma bobagem e riu: “Não vou brigar com o Cid Gomes, ele pode falar o que quiser que eu não vou brigar com ele. No tempo que convivemos aqui, percebi que é uma pessoa bem-intencionada”.
TQQ/ É assim que técnicos da Petrobras chamam o presidente da empresa, Aldemir Bendine. Há quem diga que ele, muitas vezes, faz a semana parlamentar: terça, quarta e quinta.
Riquinho/ Ah, é assim que advogados da Petrobras chamam o diretor financeiro, Ivan Monteiro. Os advogados da companhia deram o apelido porque consideram que Ivan tem aversão a contenciosos com governos estaduais ou a União. Prefere pagar o que a União pede, sem discutir as dívidas.
O imponderável/ Leo Pinheiro está fora da cadeia, respondendo em liberdade, mas, se voltar para a prisão, é bem possível que termine contando o que sabe.
O café da manhã da presidente Dilma Rousseff com os jornalistas deixou uma série de recados a vários setores. À Força-tarefa da Lava Jato, críticas sobre o vazamento seletivo, com frases do tipo, não dá para ter dois pesos e duas medidas. Ao Tribunal de Contas da União, que avalia os acordos de leniência de empresas que tiveram seus executivos enroscados na investigação, ficou o “pune-se pessoas, não se destrói empresas”. À oposição, uma observação: “É preciso ter responsabilidade” e mencionou ainda que não dá para apostar no quanto pior, melhor. À base aliada, está posta a agenda do governo de curto prazo: Desvinculação de Receitas da União (DRU), CPMF, e as medidas provisórias em tramitação no Congresso. Quanto perguntada se é possível investir politicamente nessa pauta com um processo de impeachmment tramitando no Congresso, Dilma é clara ao dizer que a CPMF é um aprioridade e “não dá para o país ficar parado esperando se vai ou se não vai” (votar o impeachment).
O foco do governo é tentar estabilizar a economia, de forma que o país consiga voltar a crescer. Ela não antecipa que medidas adotará para isso, mas cita a necessidade de reforma da Previdência para melhorar as perspectivas para as próximas décadas. Embora seja ano eleitoral, ela considera que o país precisa enfrentar essa reforma, em especial, a revisão da idade mínima. Ela faz questão de frisar que não se mexe em quem já está no sistema é sim para o futuro. Ela descartou também qualquer atitude no sentido de usar as reservas cambiais para financiar o crédito. “Nunca tratamos disso”, afirmou. A impressão que ficou é a de que este ano Dilma pretende falar mais, se apresentar mais para pontuar as propostas de governo, até para deixar clara a visão do governo sobre os fatos.
Dilma não avança o sinal na defesa de ninguém em relação à Lava Jato ou qualquer investigação. Quando perguntada sobre denuncias envolvendo seus ministros, respondeu assim: “Poucos governos tiveram uma relação tão clara e tão explícita na garantia de investigação para todas as questões. Devo ter sido virada do avesso. Podem continuar me virando. Sobre a minha conduta não paira nenhum embassamento, nenhuma questão pouco clara”, disse Dilma.
As duas horas de conversa entre o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o vice-presidente Michel Temer podem ser resumidas assim: Sem salvar a economia, os dois se afundam, PT e PMDB. Dilma e Temer. Portanto, em vez de ficar brigando, o mais sensato é tentar baixar a poeira pós-eleitoral de 2015 e colocar os pingos nos iis, antes que as eleições municipais atropelem tudo. O governo precisa do PMDB para tentar salvar o que ainda resta da economia nacional. E o PMDB, leia-se Temer, precisa do governo para continuar sendo… o PMDB. É por aí que a banda vai tocar. Foi um primeiro contato depois dos movimentos de confronto do ano passado. As chances de acordo existem e interessam aos dois lados. Vejamos os próximos passos.
Ao abrir a reunião com Eduardo Cunha ao jornalistas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, deixou o deputado tão constrangido quanto ficou o senador Antonio Carlos Magalhães, em 1993, no governo Itamar Franco. O senador prometeu levar a Itamar documentos, na verdade um dossiê contra o então ministro Jutahy Júnior, adversário do senador baiano. Itamar abriu o encontro com o senador a todos os jornalistas e na hora deu conhecimento do conteúdo dos “documentos”, que não passavam de recortes de jornais. ACM ficou com cara de tacho. Algo parecido com a expressão de Eduardo Cunha, ao ver os repórteres entrando na sala de Lewandowski. Saiu de lá com uma certeza: Se quiser seguir com o impeachment antes da publicação do acórdão, terá que seguir à risca o que diz o voto do ministro Barroso. Mais um dia difícil para o presidente da Câmara nessa reta final de 2015. O deputado agora, vai passar o fim de ano pensando nas estratégias para 2016. Se forem iguais as de 2016, as chances de sucesso são praticamente nulas.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acaba de chegar ao Congresso. Ele me disse que não irá esperar a publicação do acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre rito do processo de impeachment para entrar com os embargos de declaração. “Não é comum, mas vou apresentar os embargos em 1 de fevereiro”, afirmou. “Faremos esses embargos de acordo com os votos dos ministros, que já são conhecidos”. Cunha está nesse momento reunido com o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que fez a defesa da Câmara na sessão do STF da última quarta-feira.