Categoria: coluna Brasília-DF
Bancada bolsonarista no Senado vai mirar em Alexandre de Moraes, em 2023
A decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de rejeitar a petição da campanha do presidente-candidato Jair Bolsonaro (PL) sobre as inserções e, de quebra, ameaçar quem pede a investigação, vai fermentar o terceiro turno das eleições. A intenção da campanha é ir a todas as instâncias para cobrar que a Justiça Eleitoral investigue se, realmente, houve favorecimento à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na seara do Judiciário, espera-se uma chuva de recursos.
Os militares, porém, não aceitam nada que resvale para fora das “quatro linhas da Constituição”. Ninguém quer saber de adiamento das eleições ou coisa que o valha. Daí, o fato de o presidente dizer que ganhará no domingo quem tiver mais voto na urna (ah!, e urna eletrônica). Até aqui, venceu a cautela e a atuação dentro das regras do jogo. O país e o mercado agradecem.
A linha de Lula
A campanha do ex-presidente vai aproveitar o embalo do pedido da campanha de Bolsonaro sobre as inserções para reforçar o discurso de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara “maldades” contra os trabalhadores. A ordem, agora, é só falar de economia, imposto de renda e aposentados.
Te cuida, Xandão
O fato de Alexandre de Moraes ter dobrado a aposta contra o pedido da campanha de Bolsonaro, jogando o caso para dentro do inquérito das milícias digitais no STF, acirrou a nova bancada bolsonarista no Senado. Após as eleições, a pressão para fazer tramitar o impeachment do ministro vai crescer. Seja quem for o presidente eleito.
Alhos e bugalhos
No TSE, há quem diga que o documento entregue à Corte não separou o que foi divulgado em streaming (canal de rádio na internet) e na concessão, ou seja, na frequência radiofônica. Na web, não há obrigatoriedade de veiculação das inserções. Nas rádios, sim.
PG na defesa/ Paulo Guedes está rouco de tanto dizer que não irá rever direitos trabalhistas. Em Belo Horizonte, ao conversar com empresários, afirmou com todas as letras sobre o vazamento de um documento do ministério, que chegou a ser estudado, mas nunca foi levado avante: “Tem pica-pau nessa arca”.
Presença da Justiça/ A presença do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao lado de Bolsonaro na coletiva, e o chamamento dos militares ao Planalto, foi vista como uma perspectiva de tensão institucional depois das eleições. Independentemente de quem vencer.
Cadê o respeito à democracia? / Duas mulheres, na faixa de 40 e poucos anos, caminhavam no Eixão como fazem todos os domingos. A diferença é que, no último, houve manifestação pró-Lula. Quando voltavam para casa, atravessando o eixinho, passou um carro com adesivos de Bolsonaro com duas mulheres e dois homens. O motorista reduziu a marcha e os ocupantes do veículo gritaram “petistas, maconheiras, prostitutas”. Detalhe: elas não tinham adesivos na roupa ou algo que as identificasse como eleitoras de Lula. E se fossem, não dá o direito a ninguém de desrespeitá-las. Isso tem que acabar.
Por falar em Lula…/ A entrevista de Lula à Rádio Clube FM e ao CB.Poder é hoje, às 8h. Acompanhe também nas redes do Correio. E, amanhã, sai no impresso deste mesmo Correio.
Violência de Roberto Jefferson vai reabrir a discussão sobre CACs
O caso Roberto Jefferson (PTB) reabrirá a discussão pelo aperto na fiscalização das armas dos CAC’s (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) no Congresso. Depois que Roberto Jefferson atingiu policiais que foram prendê-lo no último domingo, as associações e federações de policiais federais querem promover esse debate. A avaliação é a de que há um ponto cego entre o que deve ser fiscalizado pelo Exército e pela PF. Não dá, por exemplo, para um sujeito sob investigação e em prisão domiciliar, como era o caso de Jefferson, manter granadas em casa. A ideia é não esperar sequer a chegada de 2023.
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Falta combinar com uma parte expressiva da bancada do governo, que ampliou o acesso às armas. Porém, depois de dois policiais feridos, a bancada da bala, formada basicamente por representantes da categoria, tende a apoiar uma lei mais clara e mais rigorosa na fiscalização e punição.
O foco é a economia
Nesses últimos dias, a campanha de Lula pretende centrar o foco na economia para sair da armadilha do discurso de costumes que centralizou o debate nas primeiras semanas desse segundo turno. A avaliação é a de que, se Lula conseguir colar em Bolsonaro a imagem de que é um candidato a serviço do mercado, a fim de cortar benefícios dos trabalhadores, o petista consegue reduzir a diferença em São Paulo.
… e a coalizão
Lula tem dito a todos os interlocutores e em entrevistas, que seu governo não será uma administração do PT. Vem na linha de tentar quebrar a resistência ao partido, que, embora tenha uma legião de seguidores, também tem uma grande rejeição.
Recordar é viver
A turma de Bolsonaro continuará na linha da má gestão dos fundos de pensão, como a entrevista com aposentado exibida no horário eleitoral, o discurso das igrejas e na tecla de que Lula não foi inocentado. Apostará ainda na tese de que quem concedeu o Auxílio Brasil de R$ 600 é quem terá condições de manter esse valor.
A prova de fogo das pesquisas
Quem estuda a fundo todas as pesquisas de intenção de voto, caso da Vector Consultoria, fez um levantamento das pesquisas disponíveis em 15 estados para mostrar a seus clientes que, nessas semanas em que o debate esteve centrado na pauta de costumes, o presidente Jair Bolsonaro ampliou mais as suas intenções de voto do que Lula. Portanto, avalia a Vector, a eleição, a preços de hoje, está empatada.
Zema na área/ Quem colocou na roda o tema das aposentadorias e dos fundos de pensão das estatais foi o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, que está trabalhando os municípios mineiros em favor da reeleição de Bolsonaro.
Eles querem é espaço/ Parlamentares do União Brasil e do PP descartam uma fusão. Ou vão partir para uma federação, ou ficarão no bloco parlamentar. A tendência hoje é o bloco que, tradicionalmente, não tem tirado espaço de liderança dos partidos integrantes.
Por falar em federação…/ Alguns aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira, já pediram aos partidos que façam uma análise do regimento da Câmara à luz da instituição das federações partidárias. A intenção é avaliar se dá para tratar cada partido da federação isoladamente na hora de distribuir as comissões técnicas da Casa.
Cadê o Power Point?/ A entrevista de Fábio Wajngarten e do ministro Fábio Faria na porta do Alvorada para denunciar que rádios estariam colocando mais inserções para Lula do que para Bolsonaro deixou a desejar. Faltou um kit para a imprensa, com detalhes sobre as 154 mil inserções a mais que Lula teria tido neste segundo turno, gráficos e o nome das rádios que burlaram a legislação eleitoral. Não houve um material explicativo para a grave denúncia. Aliás, a porta do Alvorada também não é um comitê de campanha, né?
Ações de Roberto Jefferson podem ter causado múltiplos danos a Bolsonaro
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
Apesar dos esforços da campanha bolsonarista, o faroeste caboclo promovido por Roberto Jefferson trouxe sérios danos à estratégia de Jair Bolsonaro de virar todas as expectativas para este domingo. A sequência de crimes cometidos pelo ex-deputado contém um extenso rol de ilícitos, e o candidato à reeleição terá de enfrentar esse desgaste na semana decisiva da eleição.
Roberto Jefferson desafiou a lei, ao jogar granadas e disparos contra agentes da Polícia Federal. Pôs em xeque a política armamentista estimulada pelo governo, porque demonstrou que não existe o menor controle sobre o uso de armas no Brasil. E, por fim, reproduziu o discurso do ódio contra o Judiciário, ao dirigir termos inaceitáveis a uma mulher e ministra do Supremo Tribunal Federal.
O candidato à reeleição pode tentar, quantas vezes quiser, tentar se desvincular desse episódio lamentável. Mas é muito difícil reduzir tantos danos em tão pouco tempo. É certo que a campanha de Lula aproveitará o episódio, de várias formas, para convencer eleitores indecisos a não votar em Bolsonaro. Em seu ato tresloucado e criminoso, Roberto Jefferson extrapolou os limites da lei e externou ao limite do intolerável as bandeiras defendidas pelo bolsonarismo.
Se havia alguma intenção de mudar o rumo da eleição, o tiro saiu pela culatra.
Sarney vota Lula
Em carta aberta, o ex-presidente José Sarney declarou o voto a Lula no próximo domingo. “O voto em Lula — que já tem seu lugar na História do Brasil como quem levou o povo ao poder e como responsável por dois excelentes governos — é voto pela democracia, pela volta ao regime de alternância de poder, pela busca do Estado de Bem-Estar Social. A diferença é clara”, escreve Sarney.
Interesses escusos
No texto, o ex-presidente condena o chamado Orçamento secreto, prática nefasta que contaminou o bom funcionamento do Congresso. “O atual contrato “secreto” entre o Executivo e o Legislativo, fixado em valores agigantados diante dos parcos recursos do Orçamento da República, é campo privilegiado para os interesses escusos”, lamenta o ex-presidente.
Destino do Brasil
Por fim, Sarney define o significado deste segundo turno para a história do país. “No próximo domingo, o eleitor decidirá se vota pelo fim da democracia ou por sua restauração. Esse voto não é para quatro anos de governo: é um voto para o destino do Brasil.”
Cenário sombrio
Ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles deu um diagnóstico sombrio sobre as contas públicas. “Na minha avaliação, o tamanho do buraco deixado é mais próximo de R$ 400 bilhões, estimado por entidades independentes, do que dos R$ 150 bi que o governo está falando”, disse em entrevista à GloboNews.
Vacina, sempre
No Dia Mundial de Combate à Poliomielite, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi às redes sociais para lembrar a importância da vacinação. “Em setembro, a OMS declarou o Brasil como país de muito alto risco para pólio devido à dificuldade no acesso aos postos, falta de campanha nacional e escassa vigilância do vírus”, alertou a apoiadora de Lula.
Convicto
Coordenador da campanha de Jair Bolsonaro, o ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, está convencido de que tem um material robusto para denunciar o suposto desequilíbrio nas inserções eleitorais em rádios. “Eu tenho 22 anos de experiência exatamente nisso. Sou pioneiro na pesquisa e auditoria de mídia no Brasil. A campanha não poderia estar melhor servida”, disse. O TSE aguarda.
Sabatinas do Correio
Nesta semana eleitoral decisiva, o Correio programou sabatinas com os candidatos à Presidência da República. Na quinta-feira, é a vez de Lula. Às 8h, ao vivo, o petista participa do Podcast do Correio, na Clube 105FM, com transmissão em todas redes sociais do Correio Braziliense, e exibição na TV Brasília, às 13h10.
Campanha de Bolsonaro vai se fazer de vítima no caso da Jovem Pan
Quando o remédio é demais, vira veneno. A censura à Jovem Pan News será usada como um ativo da campanha de Jair Bolsonaro (PL) para se colocar como uma vítima e tirar do PT de Luiz Inácio Lula da Silva o discurso de defesa da democracia. Para os próximos dias, quando o petista terá mais inserções na tevê do que o presidente por causa da concessão de direitos de resposta, a turma da campanha à reeleição focará nas redes sociais.
De quebra, alguns aliados vão acusar ministros do TSE de dois pesos e duas medidas ao permitir que os petistas chamem Bolsonaro de genocida e impedir que jornalistas e comentaristas de uma emissora de tevê se refiram à condenação de Lula no processo da Lava-Jato — condenação que foi revista mais à frente por erros processuais, cujo processo foi remetido à Justiça do Distrito Federal, onde, depois da suspeição de Sergio Moro, deveria começar do zero e terminou sepultado. O arquivamento foi feito com base em pedido da Procuradoria da República no DF, que considerou a prescrição dos crimes de que Lula era suspeito. O ex-presidente, assim, passou a não dever mais nada à Justiça.
Mas há quem diga, como reforçou o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Melo, em agosto, no Podcast do Correio, que Lula não foi inocentado. A Jovem Pan, porém, não pode comentar mais nada a respeito. E Bolsonaro tentará surfar nessa onda.
Os trabalhos de Geraldo
Enquanto Lula sai em campanha no Sudeste, Geraldo Alckmin faz reuniões com empresários. Em Porto Alegre, por exemplo, segundo relatos feitos à coluna, o candidato a vice na chapa petista foi incisivo ao dizer que se Lula for eleito não será um governo de um partido só.
O passado não recomenda
Muitos empresários gaúchos, porém, consideram que ao ser reeleita, Dilma Rousseff tinha o país dividido e não entendeu. Já na noite da eleição, em 2014, discursou como se tivesse uma ampla maioria lhe dando suporte, e não pouco mais de 50% dos votos válidos.
E o futuro é incerto
Há quem defenda que Lula, além da carta aos evangélicos, apresente uma nova carta aos brasileiros. Há empresários dizendo que, oito anos depois da reeleição de Dilma, o próprio PT deveria deixar mais claro que não tentará impor o seu projeto partidário. Só a presença de Alckmin na chapa não basta.
A disputa do bilhão
A Câmara aprovou um projeto que manda para as Santas Casas o saldo dos recursos federais repassados aos fundos de saúde e de assistência social dos estados, DF e municípios. O Senado, porém, deseja enviar essa verba às prefeituras. Mas só vão resolver depois da eleição.
Guedes na lida
Diante das especulações de estudos sobre a desvinculação entre correção do salário mínimo e inflação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, veio a público falando de aumento real do piso e também do reajuste dos servidores. Na reta final da eleição, a hora é de promessas e de notícias que possam atrair parcelas do eleitorado.
Projeto anti-caciques/ O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) aproveita esse lusco-fusco do Parlamento antes do segundo turno para trabalhar alguns projetos. Está no forno uma proposta que tentará vincular a concessão de fundo partidário às legendas que tiverem renovação de suas direções.
Te cuida, Valdemar/ A proposta consiste em fixação de apenas uma reeleição para as comissões executivas nacionais. Há quem diga que os atuais dirigentes, como Valdemar da Costa Neto, do PL, podem até colocar um aliado no cargo, mas, pelo menos, a comissão executiva terá que ser renovada.
Falta combinar/ O projeto de Izalci ainda não foi discutido com os líderes partidários e nem com os partidos. É assunto para depois da eleição.
A escalada da tensão/ A contar pelo número de denúncias e notícias de fake news que desaguam diariamente no Tribunal Superior Eleitoral, nada
vai mudar.
Enquanto a senadora Simone Tebet (MDB-MS) se preparava para caminhar no Setor Comercial Sul de Brasília em prol do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os presidentes dos partidos que lastrearam sua candidatura ao Planalto faziam a primeira conversa pós-primeiro turno para avaliar os próximos passos. Segundo relatos, os comandantes Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB) e Roberto Freire (Cidadania) não gostariam de ver Simone como ministra de Lula, caso o petista vença a eleição.
Vale lembrar que, em 2002, Ciro Gomes, derrotado naquele pleito, apoiou Lula no segundo turno e, em 2003, virou ministro da Integração Nacional, confiante num cenário de apoio do PT a ele no futuro. Quando o partido de Ciro à época, o PPS, se afastou de Lula por causa do mensalão, ele ficou e ajudou o PT. Nestes quase 20 anos, o PT jamais o apoiou, e Ciro fecha 2022 com 3% das intenções de voto. Aqueles que apostaram em Simone não querem que a história se repita.
Os partidos gostaram do desempenho de Simone e consideram que a senadora só não foi melhor por causa da campanha pelo voto útil, que acabou levando uma parcela expressiva dos potenciais eleitores dela a correr para evitar a vitória de um ou de outro polo no primeiro turno. Eles consideram que, a partir de agora, se bem trabalhada, a emedebista poderá se transformar numa aposta mais viável no futuro. Mas não como ministra de Lula.
Sem fusão
Pelo menos por enquanto, MDB, PSDB e Cidadania descartam uma fusão, de modo a preservar a própria história. Mas não está fora de cogitação um bloco parlamentar para disputar espaço na Câmara dos Deputados. Juntos, ficariam com 60 deputados.
Enquanto isso, no União Brasil…
A ideia é esperar passar o segundo turno para ver como é que fica a conversa de fusão com o PP. Há quem diga que, neste momento, quem mais ganha com essa parceria é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que fortalece sua campanha reeleitoral para mais dois anos no comando da Casa.
Façam suas apostas I
Os comandos do MDB, do PSDB e do Cidadania não cravam o resultado para a disputa presidencial deste segundo turno. Eles avaliam, porém, que se o presidente Jair Bolsonaro (PL) não conseguir ampliar muito a diferença para Lula em São Paulo, o petista se elege.
Façam suas apostas II
Os bolsonaristas comemoraram o resultado do Datafolha de ontem, que apontou uma redução da diferença de quatro pontos entre Lula e Bolsonaro, com a vantagem para o petista. Não que a turma do presidente considere que a pesquisa esteja correta. É que, como avaliam que o Datafolha errou muito no primeiro turno, acreditam ser um sinal de que Bolsonaro está à frente.
Doria na lida/ O fato de ter saído do PSDB não significa que o ex-governador de São Paulo, João Doria, ficará sem filiação partidária. No momento, porém, é preciso esperar clarear o horizonte e baixar a poeira da polarização.
Por falar em PSDB…/ As apostas do partido para o futuro, hoje, são a candidata Raquel Lyra, em Pernambuco, e Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul. Se as pesquisas estiverem corretas, eles têm tudo para ganhar a eleição.
… e em São Paulo…/ No triângulo dos votos São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o partido precisará se reinventar e, também, de novos líderes. Afinal, quem não se renova, desaparece. E os tucanos não querem o fim da legenda que deu ao país o Plano Real.
Anotem aí/ O nome forte do PL na Câmara será o deputado Altineu Côrtes, do Rio de Janeiro. É hoje o maior elo entre Valdemar da Costa da Neto e o bolsonarismo.
Independentemente de quem vença a eleição, no dia 30, haverá um freio de arrumação no quesito emendas de relator. A contar pelas declarações do vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL), Walter Braga Netto, à Rede Vida de Televisão, será preciso aprimorar essas emendas, de forma a dar mais transparência e direcionar os valores para áreas do governo que atendam diretamente a população. Quanto a Geraldo Alckmin, vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele diz que uma das ideias é aproveitar esses recursos para ampliar o atendimento à educação, especialmente na primeira infância. Como fará isso? Na conversa. Pelo visto, ambos vão precisar de muito gogó para convencer Arthur Lira e cia. a abrir mão de poder.
Quem for eleito, não deixará esse tema para 2023. É que diante de tantos desafios e do orçamento a cada dia mais estreito, a ideia é aproveitar a força das urnas ainda este ano para garantir os recursos aos projetos prioritários.
O recado de Lira
A menos de duas semanas da eleição, não é mera casualidade a aprovação da urgência para o projeto que pune institutos de pesquisas eleitorais com resultados muito distantes da própria margem de erro. Deputados dizem que mensagem mais clara, impossível: quem errar nesta reta final, que arque com as consequências. Só tem um probleminha: não há retroatividade da lei. Portanto, vai tudo parar na Justiça.
Novos ministérios
Até aqui, Lula surge como quem mais tem prometido criar ministérios a partir de 2023, caso seja eleito. Mas o número de pastas vai aumentar quem quer seja eleito. Pelo menos mais dois já estão no forno, prontos para serem criados em caso de reeleição de Bolsonaro: o da Segurança Pública e o da Indústria e Comércio.
É dele
O Ministério da Segurança Pública é defendido diuturnamente por Braga Netto. Afinal, ele foi interventor na segurança do Rio de Janeiro e sabe do que está falando quando defende uma pasta com foco específico neste tema.
O foco de Geraldo
Depois do evento com Lula em Porto Alegre, hoje, Alckmin continuará no Sul para se reunir com o empresariado. A aposta é de que o ex-tucano pode ajudar a tirar a diferença por lá, compensando os votos que não conseguiu levar em São Paulo.
O objetivo de Moro/ O senador eleito Sergio Moro tem entre seus projetos no Congresso a montagem de uma bancada e, quem sabe, uma base rumo ao Planalto em 2026. Afinal, Bolsonaro, se reeleito, não pode concorrer daqui a quatro anos e, até aqui, o bolsonarismo não tem ninguém com votos suficientes para decolar.
Por falar em bancada…/ Moro já parte com dois. A mulher, Rosângela, e Deltan Dallagnol, o procurador da Lava-Jato.
Tem fila/ Moro, porém, não é o nome visto com mais carinho por aliados de Bolsonaro. A depender da votação do presidente em Minas Gerais, a pole position nessa corrida será do governador reeleito Romeu Zema (Novo).
Está desse jeito/ Dia desses, numa churrascaria no Tatuapé, bairro paulistano de classe média, um grupo de amigos foi expulso por causa de briga entre bolsonaristas e petistas. Essa turma toma um banho de civilidade até dia 30 ou a abstenção será por causa de eleitores hospitalizados.
Com ou sem atentado contra o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o tiroteio em Paraisópolis colocou a segurança pública definitivamente no rol dos temas prioritários deste segundo turno. Até aqui, em São Paulo, o assunto estava restrito às câmeras nos uniformes dos policiais. Agora, essa seara onde o próprio Tarcísio e Jair Bolsonaro (PL) nadam de braçada ingressou nas discussões e certamente entrará nos debates. É, inclusive, um dos assuntos que Sergio Moro pretende puxar nesta reta final, na reaproximação com o presidente.
Uma incógnita
Candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto tem se esquivado de dizer qual será seu papel, caso o presidente seja reeleito em 30 de outubro. Entre quatro paredes, porém, muitos dizem que será a parte de grandes projetos e militares.
Várias certezas
Na campanha de Lula, porém, Geraldo Alckmin desponta como um “Posto Ipiranga”. Há quem diga que ele cuidará da área de energia; outros mencionam os contatos com o agronegócio. Hoje, ele se reunirá com o pessoal da saúde em São Paulo. Para completar, ainda foi mencionado como o nome para a economia.
Por falar em economia…
Integrantes do mercado financeiro terminaram o domingo frustrados. Alguns dispensaram a tradicional noite paulistana da pizza em família para ver o debate entre Lula e Bolsonaro, com a expectativa de alguma resposta sobre teto de gastos e condução da economia. A noite deu água.
… eles não fazem apostas
Desconfiada das pesquisas, a turma da Faria Lima, por exemplo, acredita que a eleição está empatada e o debate da Globo, na próxima semana, é que poderia fazer a diferença para um ou outro.
Nas mãos de Michelle
A primeira-dama Michelle Bolsonaro é quem terá a tarefa de jogar para escanteio o episódio do vídeo em que o presidente fala de meninas venezuelanas e que a oposição explora no momento. Michelle percorreu o Norte e, agora, está no Nordeste, em campanha pela reeleição do marido.
Jogo empatado/ Geraldo Alckmin dizia que Lula queria voltar à cena do crime e, hoje, é vice na chapa do petista. Moro dizia que Bolsonaro mentia e, hoje, é cabo eleitoral do presidente-candidato.
Por falar em Moro…/ O ex-juiz e senador eleito pelo Paraná quer aproveitar para colocar novamente a questão dos presídios federais e da segurança pública. Não será surpresa se usar o tiroteio de Paraisópolis como gancho numa atividade de campanha com Bolsonaro. Moro tem acusado o PT de não transferir integrantes do PCC para presídios federais. E pretende continuar nessa toada pelos próximos dias. O clima está cada vez mais tenso.
A caminhada de Simone/ Detentora de 105.377 votos no primeiro turno no Distrito Federal, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) fará uma caminhada no Setor Comercial Sul de Brasília, amanhã, a partir das 16h.
Mais um do Leonêncio/ O jornalista Leonêncio Nossa lança, hoje, a partir de 19h, na Pizzaria Bacco da 408 Sul, seu mais novo livro, As guerras da independência do Brasil. Vale a leitura.
A contar pela preparação de cada uma das campanhas para o debate desta noite (16/10) entre os dois finalistas da eleição presidencial será mais uma saraivada de impropérios do que propriamente uma colocação de ideias. Cada um está se aprontando para fazer o papel de bom moço e, por tabela, tirar o outro do sério, a fim de qualificar o adversário como despreparado. No último debate do primeiro turno, Padre Kelmon (PTB) deixou Lula bastante irritado. Quanto a Bolsonaro, saiu do prumo ao ter direito de resposta negado. Agora, faltam 14 dias para a eleição, e os candidatos a presidente deste segundo turno não disseram com todas as letras o que farão com o teto de gastos, com a tabela do Imposto de Renda e nem com a reforma administrativa, a tributária, a fiscal e como pretendem conviver com a realidade das emendas de relator.
A pedra no sapato do Executivo
Cresce a pressão da máquina pública para que o futuro presidente da República, seja quem for, trate de negociar limites às emendas de relator. Como o leitor da coluna já sabe, o Congresso não pretende acabar com essas emendas. Se puder e tiver clima para isso, vai torná-las impositivas.
Crise à vista
Até aqui, o ex-presidente Lula tem dito que acabará com essa farra. Só tem um probleminha: se quiser cumprir a promessa de exterminar essas emendas apenas não liberando um centavo sequer, vai chegar comprando briga com o Parlamento.
Enquanto isso, no Planalto…
O presidente Jair Bolsonaro planeja ver o que é possível fazer em termos de acordo com o seu próprio partido, o PL, e o PP, legenda do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para tentar sobrar algum dim-dim para o Poder Executivo realizar seus projetos. Hoje, os ministros têm que ir ao Parlamento pedir recursos para as grandes obras.
Noves fora…
Nada será feito sem o aval do Centrão, que hoje tem a força e os votos no Congresso. E seus caciques dizem que, seja quem for o presidente, terá que se adequar a esta realidade. Obviamente, eles consideram mais fácil negociar com Bolsonaro, que já está no cargo e é do PL, detentor da bancada.
D’Ávila versus Amoêdo/ Ao tomar conhecimento da declaração de voto do ex-candidato Amoêdo a Lula, o presidenciável do partido Novo, Felipe D’Ávila, reagiu assim: “É uma traição aos valores liberais, ao Partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo que tantos males criou ao Brasil. Amoêdo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais”.
Por falar em boné…/ Tem gente no PT disposta a pedir que se dê uma “segurada” nos recursos para Fernando Haddad nesta reta final. Consideram melhor investir em Lula, que está com a “eleição praticamente ganha”, dada a vantagem que obteve sobre o presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno.
Seguro morreu de velho/ O maior receio do PT hoje é em relação à abstenção no Nordeste. E é aí que o partido está pedindo maior empenho de seus militantes.
Enquanto os candidatos fazem campanha…/ A turma do Congresso trabalha a pauta para novembro, mais precisamente de 7 a 11, a primeira semana cheia no pós-eleição. Até lá, será o tempo para os aliados de Arthur Lira reforçarem as amarras para manter o orçamento secreto. Para este domingo, estão todos de olho é no primeiro confronto direto entre Lula e Bolsonaro.
Ala do Congresso quer a transparência, mas não o fim das emendas de relator
A operação da Polícia Federal (PF) que mira as cidades contempladas pelas emendas de relator, apelidadas de orçamento secreto, está sendo acompanhada com uma lupa por congressistas que defendem o controle dos recursos pelo Parlamento. A ideia é tornar transparente, deixar que quem tiver desviado dinheiro “se quebre”. Porém, jamais abrir mão da prerrogativa de destinar verbas para o que considerar prioridade — até mesmo com uma emenda constitucional para tornar essas emendas de relator impositivas.
A ideia de transformar as emendas em impositivas virá acoplada a um discurso de tornar essas propostas mais transparentes, acabando, inclusive, com o tal “usuário externo” — ou seja, instituições ou pessoas que não são parlamentares e acabam sugerindo emendas ao relator. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, já é obrigada a informar o autor de cada pedido.
A expectativa dos deputados é de que isso ajude a convencer a população de que os desvios são isolados.
A tranca está frouxa…
A ideia dos parlamentares atuais em relação ao que foi feito no tempo dos Anões no Orçamento é muito mais ousada. Depois da série de deputados cassados ou “renunciados”, em 1993 e 1994, houve limite no número de emendas que cada um podia apresentar, e também de valores. Agora, para alguns, o céu é o limite.
…e os controles demoram
Ao longo do tempo, esses valores aumentaram e a fechadura quebrou. Veio o orçamento impositivo para as emendas individuais, para as de bancadas, para as de comissões e, agora, o orçamento secreto — que não é de liberação obrigatória. A avaliação de técnicos dedicados ao trabalho de apuração é a de que essa investigação no Maranhão e no Piauí, que resultou em duas pessoas presas, é apenas uma pontinha do que vem por aí.
A chave de Lula é o Nordeste
Aliados do petista se mobilizam para tentar ampliar a votação de Lula na região. No Ceará, por exemplo, onde ele obteve 65,91% dos votos no primeiro turno, a meta do deputado eleito Eunício Oliveira (MDB) é chegar aos 75%. O presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 25,38% no primeiro turno.
E o debate, hein?
A preparação de cada um para o primeiro confronto direto entre Bolsonaro e Lula, amanhã, inclui muito calmante para evitar que a irritação acabe por prejudicar um ou outro. Lula, por exemplo, quer administrar a vantagem obtida no primeiro turno e buscar os indecisos. Bolsonaro, que precisa de mais votos, também não pode ser tão agressivo ao ponto de transparecer despreparo ou desespero.
Outros rounds virão
A suspensão das investigações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, sobre os institutos de pesquisa, adia a ânsia dos bolsonaristas de impor sanções a essas empresas. Mas, depois das eleições, as investidas voltarão — e no Congresso.
Nem às paredes confesso/ Com o PSD dividido neste segundo turno da campanha presidencial, o presidente do partido, Gilberto Kassab, avisa que manterá a neutralidade. A amigos, tem dito que o voto nesta rodada “irá com ele para o túmulo”.
Caminhos concretos I/ O Departamento de Infraestrutura em Transporte (Dnit) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) assinaram acordo de cooperação técnica para aprofundar o estudo sobre o método de dimensionamento de pavimentos de concreto e a revisão das especificações técnicas.
Caminhos concretos II/ Até aqui, comparativos a partir de projetos executados em pavimentos de concreto em estradas e vias urbanas revelam uma economia de R$ 1,6 milhão por quilômetro em relação ao asfalto, mais comum nesse tipo de obra. É que o concreto, dizem os técnicos, pode durar mais que o asfalto. Se os estudos foram satisfatórios, o contribuinte vai ver muita mudança nas estradas e vias urbanas.
TCU sediará prêmio Engenho/ O Tribunal de Contas da União abriu o espaço cultural para a cerimônia de entrega do 17º Prêmio Engenho de Comunicação — O dia em que o jornalista vira notícia. A parceria do TCU com o prêmio é antiga. O presidente em exercício da Corte, Bruno Dantas, Augusto Nardes, Weder de Oliveira, e o ex-ministro José Múcio Monteiro já integraram o júri em edições anteriores. Nesta edição, o ministro do TCU, Jorge Oliveira, faz parte do comissão julgadora.
A turma de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez as contas e está convencida de que se o ex-presidente ampliar a diferença no Nordeste, onde cinco dos nove estados têm segundo turno para governador, dá para manter a distância que o petista abriu para Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. A região, no caso, compensaria os votos que o presidente-candidato deve obter em São Paulo e em Minas Gerais. Daí a visita do ex-presidente ao Nordeste esta semana.
Da parte de Bolsonaro, a conta é ampliar a diferença em São Paulo, virar Minas e, de quebra, não deixar Lula ampliar muito a margem de votos que obteve no Nordeste. A fraca presença de eleitores num dos eventos do presidente, no Recife, foi lida como um alerta de que é preciso aumentar a campanha na região. Não por acaso, assim que terminar o périplo pelo Norte, a primeira-dama Michelle Bolsonaro vai engrossar o coro pró-Bolsonaro entre os nordestinos.
Sem detalhes
Até aqui, a equipe de Lula não disse o que fará a respeito do processo de privatização do Porto de Santos, tampouco tratou dos limites de investimentos. O setor é crucial para promover as exportações brasileiras e está indócil com a ausência de uma sinalização sobre o futuro.
Linhas gerais
A intenção do PT, porém, é rever o processo. Assim, ganhará tempo para decidir o que fazer, uma vez que não há consenso na equipe sobre as propostas. Há quem diga que Lula abriu tanto o leque de economistas que o apoia que a disputa pelo modelo será grande.
Lula por Paulo
Enquanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmava o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas, ele dizia ao lado de Lula, num comício em Maceió, que aquele era um “dia de festa”. Nem o governador e nem o senador Renan Calheiros citaram que Dantas estava afastado do governo.
Janja só por Lula
A mulher de Lula, Janja, discursou e se esqueceu de pedir votos para Paulo Dantas. O petista, na hora, pediu que ela falasse, mas o locutor já chamava o próximo orador. Paulo, com ares de “tudo bem”, abraçou Janja, que prontamente pediu desculpas ao governador afastado.
Uso geral I/ A ida de presidenciáveis a Aparecida não é novidade. Em 2010, a ex-presidente Dilma Rousseff foi pela primeira vez ao santuário de Nossa Senhora Aparecida. E classificou as críticas à visita como um “preconceito” à sua religiosidade.
Uso geral II/ No mesmo ano, José Serra, que nunca foi muito de frequentar o local, também compareceu à basílica, acompanhado do então governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. Alckmin frequenta Aparecida todos os anos.
Uso geral III/ Serra foi recebido na basílica com tapete vermelho. Teve ali seu melhor acolhimento naquele segundo turno, ciceroneado por Alckmin, que prometeu pegar a estrada contra Dilma, a seu favor.
Uso geral IV/ À época, a mulher de Serra, Mônica, foi chamada ao altar para receber uma imagem de Nossa Senhora Aparecida a ser entregue aos mineiros que ficaram presos em uma mina no Chile.