Categoria: coluna Brasília-DF
Com a “resfriada” nos pedidos de impeachment, o PMDB aliado ao governo procurou alguns petistas para oferecer o seguinte acordo: se o PT abrir mão de lançar um candidato em 2018, apoiando um nome do PMDB, é possível reaglutinar o partido em torno do governo e, assim, evitar um processo de impeachment, esfriar a crise política e, ao mesmo tempo, buscar uma saída para a crise econômica. Como nomes, os peemedebistas citam o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o próprio Michel Temer. Mencionou-se ainda o nome de José Serra, como uma hipótese. Os petistas, entretanto, fizeram ouvidos de mercador.
Em todas as oportunidades, eles reforçam que, em 2018, vão às urnas mostrar que podem sobreviver. Resposta do PMDB: sem abrir mão de 2018, não tem acordo que vingue por muito tempo ou alguém muito disposto a ajudar.
O articulador
Jorge Picciani, pai do líder do PMDB, Leonardo Picciani, esteve com alguns dirigentes partidários para começar a construir a candidatura do filho à Presidência da Câmara. Procurou inclusive o ex-presidente do PR Valdemar Costa Neto.
O cobrador
Eduardo Cunha não gostou de saber das articulações do correligionário e foi cobrar do líder peemedebista. A resposta de Leonardo Picciani, segundo aliados de Cunha: “Eu não controlo o meu pai”.
Antes tarde…
… Do que nunca. O governo parece que finalmente tomou consciência de que o rompimento das barragens da mineradora Samarco é o maior desastre ambiental da história do país. Amanhã, um comitê de sete ministérios vai se reunir no Planalto sob a coordenação do ministro da Casa Civil, jaques Wagner.
Últimos acordes
Depois da vitória da repatriação, o governo espera para a próxima terça-feira a manutenção dos vetos, como, por exemplo, o do reajuste do Judiciário. Além do Orçamento, dizem os palacianos, é o que falta para fechar a pauta de votações de 2015.
O teste de hoje
A oposição e o governo prometem observar com muita atenção as manifestações de hoje pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, que devem incluir ainda o “fora, Cunha”. Se isso ocorrer, vai reforçar a atitude dos oposicionistas de abandonar o presidente da Câmara e, paralelamente, pregar a saída da presidente Dilma.
CURTIDAS
Navalha na carne/ Numa rodinha de deputados essa semana, um deles saiu-se com esta: “O Eduardo Cunha tenta imitar o Renan Calheiros, que explicou seu dinheiro com gado. Cunha, quase dez anos depois, como não tem fazenda, processou a carne e enlatou”.
Devagar com a ostentação/ A primeira-dama da Câmara, Claudia Cruz, está sendo aconselhada a manter os seus relógios mais caros e as bolsas dentro do armário. É que já tem gente calculando quanto ela carrega. Em algumas fotos, aparece com bolsas na faixa de US$ 6 mil.
A anfitriã/ A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) é quem está organizando um jantar para seus colegas na bancada na véspera do Congresso da Fundação Ulysses Guimarães.
O homem do governo/ Que Joaquim Levy que nada. Quem negociou pessoalmente o não abatimento do PAC da meta de superavit foi o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, hoje o maior interlocutor do governo com os partidos.
Quem assistiu à sessão de votação da lei de repatriação até o final não teve dúvidas das dificuldades do presidente da Casa, Eduardo Cunha. Pela primeira vez, o plenário o obrigou a fazer uma votação nominal, justamente do dispositivo que tirou dos políticos e familiares a possibilidade de repatriar recursos. Tudo estava acertado para que aquela votação fosse simbólica, deixando o resultado para os cálculos do próprio Cunha, de acordo com a visão das mãos erguidas em plenário. Alguns aliados do presidente da Casa, confiantes nessa hipótese, tinham inclusive ido embora. A gritaria diante da manobra foi tal que o presidente se viu obrigado a fazer votação nominal.
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Eduardo Cunha conhece a Casa como ninguém. Sabe que a cena da noite de quarta-feira indica que ele não controla mais o plenário da mesma forma que fazia há alguns meses, quando a gritaria se restringia a seus adversários no Rio de Janeiro. Daí, todo o esforço dele para tentar fazer morrer seu processo no Conselho de Ética. Missão hoje considerada quase impossível.
Estratégia
Eduardo Cunha decidiu tratar o caso da conta de sua mulher na Suíça separado do seu “problema”. Assim, quer ver se consegue evitar que ela termine enroscada na Lava-Jato. Como o dinheiro dela pode ter origem numa ação trabalhista, a ideia é tentar tirá-la de foco na Lava-Jato.
“Esse ano não sai”
Do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ainda na madrugada de ontem durante jantar em sua casa, ao se referir ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Eduardo e o PT
Indignado com a posição do PSDB contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-ES) saiu-se com esta: “O maior partido de oposição implodiu o pedido de impeachment. No mensalão do Lula, os tucanos recuaram. Agora, jogaram o Eduardo no colo da Dilma e do Lula”, comentou Perondi, que, por quatro meses, acompanhou as conversas em torno de um processo contra a presidente Dilma Rousseff.
Antes tarde…
… Do que nunca. Há uma semana, a presidente Dilma Rousseff foi aconselhada a sobrevoar a região afetada pelo rompimento das barragens da Mineradora Samarco. Decidiu esperar para chegar lá com o anúncio das sanções à empresa.
Dois pesos
Os mesmos petistas que justificaram a não convocação de executivos da JBS à CPI do BNDES para evitar o risco de queda no valor das ações da empresa neste momento de crise ontem reforçavam o coro para convocação da Usiminas no mesmo colegiado. Os deputados mineiros reclamaram.
Curtidas
Mudança de hábito/ Até a semana passada, Eduardo Cunha mostrava-se cordato e tranquilo nas entrevistas. Ontem, estava uma arara. Sinal de que os votos do PSDB farão falta no Conselho de Ética.
Alô, Dilma!/ Durou oito horas e meia a audiência pública na Câmara ontem sobre a nova droga contra o câncer, a fosfoetanolamida, que já curou vários pacientes. O problema, como ocorre com mutos pesquisadores no Brasil, foi a falta de apoio para cumprimento de todas as etapas da pesquisa clínica. Ah, se fosse uma pátria educadora….
Pensando bem…/ O líder do PMDB, Leonardo Picciani (foto), repete incansavelmente que não concorrerá à prefeitura do Rio de Janeiro e que está muito bem na Câmara. Mas os mais velhos de seu partido aproveitam para tripudiar. Dia desses, um senhor ironizava: “Aquele menino precisa saber que não dá para brincar com bola, videogame e carrinhos ao mesmo tempo. Ele quer continuar líder, ser presidente da Câmara e, agora, prefeito. Precisa aprender a dividir os brinquedos com os coleguinhas”.
… Ela pode mudar/ Dilma registrou a melhora na bolsa e a queda do dólar apenas com as especulações de que Joaquim Levy seria substituído por Henrique Meirelles. Quem conhece garante que, embora ela insista que o ministro está firme, não quer dizer que em janeiro continuará.