A arte de dizer não

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A posição do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, contrário à criação do Ministério da Segurança Pública, é consenso no governo. O presidente Michel Temer, porém, aceitou receber os argumentos dos parlamentares para não passar a ideia de intransigência. Às vésperas de uma temporada em que cada voto no Congresso será precioso para a reforma da Previdência, a ordem no Planalto é não brigar com os parlamentares, ainda que se discorde do que eles pleiteiam junto ao governo. Estrategicamente, autoridades governamentais consideram que seria um erro levar para dentro do governo federal esse barril de pólvora que a Constituição deixou a cargo dos estados. Fica tudo como está e o governo federal entra apenas para dar uma ajuda.

A ordem dos fatores

O presidente Michel Temer avisou ao presidente do PSDB, Aécio Neves, que a nomeação do futuro ministro da Secretaria de Governo só sai depois da escolha do futuro presidente da Câmara. Mas o nome é Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

PP e Barros

Setores do Partido Progressista começaram a balançar o ministro da Saúde, Ricardo Barros. A avaliação do governo, porém, é que primeiro o PP terá de provar que Barros não é um bom gestor, algo de que o presidente Temer, até aqui, discorda.

Plano A

O líder do PTB, Jovair Arantes, planeja sua campanha desde agosto de 2016, baseado na não candidatura de Rodrigo Maia e na união do Centrão. Não conseguiu nem uma coisa nem outra.

Plano B

Desde que o Supremo Tribunal Federal jogou a decisão sobre a candidatura de Rodrigo para fevereiro, resta a Jovair apostar no racha das bancadas dos partidos governistas e na profusão de candidatos, de forma a garantir um segundo turno.

Obras & Propaganda

Com a inflação dentro da meta e os juros em queda, o governo agora prepara um material publicitário para informar a população sobre o andamento das obras do PAC. São 45 projetos escolhidos para conclusão até 2018, além dos 1,6 mil anunciados no ano passado.

Nem tudo está perdido/ A mídia internacional manteve seus escritórios no Brasil depois das Olimpíadas. A avaliação é que o Brasil continua como um player importante, ainda que a economia atravesse um período de recessão.
O quinto elemento/ O deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) — foto — começou a pedir votos para primeiro vice-presidente da Câmara.

Grid de largada/ Além de Ramalho, mais conhecido como “Fabinho liderança”, estão na disputa Lúcio Vieira Lima, Carlos Marun, Elcione Barbalho e José Priante. Com perspectiva de vitória na bancada nessa ordem.

Santo de casa/ Se o PMDB, maior partido, quiser que os demais respeitem a chamada proporcionalidade e decisão de cada bancada, quem perder a eleição interna não pode sair avulso no plenário.

Demonstração de força

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A visita que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fará hoje ao Recife servirá como uma espécie de lançamento de sua candidatura. Três ministros de Estado e 20 deputados confirmaram presença, inclusive de outros estados, caso de Benito Gama (PTB-BA), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Danilo Forte (PSB-CE).
Em tempo: Há dois dias, o presidente Michel Temer havia dito ao lider do PTB, Jovair Arantes, que seus ministros deveriam ficar fora da disputa. Mas, Mendonça Filho, da Educação; Bruno Araújo, das Cidades, e Fernando Filho, de Minas e Energia, são pernambucanos, deputados e não deixarão de fazer as honras da casa ao presidente da Câmara. Esse é o discurso oficial. Domingo, Rodrigo irá a Maceió. E não será para pegar uma cor.

BNDES sob lupa

Depois dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a projetos no exterior, algo que rendeu três processos no Tribunal de Contas da União (TCU), o presidente em exercício do Tribunal, Raimundo Carreiro, planeja colocar os pingos nos is: “BNDES é para financiar a estrutura nacional”.

Rodrigo na lida

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já faz a contabilidade de votos por bancada. Conta com a integralidade do DEM, do PSDB, parte do PP e do PMDB. Já é um bom tamanho para chegar ao segundo turno.

Eles querem mais

Desde que a liberação de verbas para atendimento de emendas ao Orçamento se tornou obrigatória, os políticos andam chateados. É que o governo remete os recursos para realização das obras aos municípios, mas não avisa aos parlamentares. Aí, o prefeito anuncia a chegada do dinheiro, posa para a foto, e o autor da emenda fica a ver navios.

Segura a tropa!

André Figueiredo foi o único dos candidatos a presidente da Câmara que ainda não colocou o bloco na rua. Há quem diga que sua função nessa campanha é apenas segurar a parte da esquerda ligada ao PT que não quiser seguir com Rodrigo Maia. O PCdoB, por exemplo, ajudou o atual presidente da Câmara no ano passado, assim como o PSB, hoje dividido.

CURTIDAS

A história registra/ Quando não é para resolver um problema, vem um plano nacional. Só de segurança, o Brasil teve quatro em 16 anos.

Contagem regressiva I/ Se teve alguém torcendo para permanecer em 2016 na virada do ano, foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (foto). O futuro dele, como dizia a música de Frejat e Cazuza, “é duvidoso”. Está nos seus últimos dias de uso do avião da FAB. Em fevereiro, ou alugará um jatinho ou terá que viajar em avião de carreira e enfrentar aqueles que, volta e meia, resolvem incomodar os políticos em aeroportos.

Contagem regressiva II/ Amigos de Renan estão preocupados com o futuro do senador. É que muitos anteveem agruras eleitorais à frente. Com Renan Filho candidato à reeleição em 2018, o senador só poderá concorrer a um novo mandato ao Senado, algo nada fácil para quem é réu em ação penal. Caso seja condenado, nem essa saída terá.

TCU esclarece/ A respeito da nota Papai Noel atrasado, o Tribunal de Contas da União esclarece: “Não foram criados novos cargos ou funções para assessoramento dos procuradores do Ministério Público junto ao TCU. As funções de confiança constantes da Portaria 336/2016 foram criadas pela Lei nº 12.776/2012 e apenas tiveram sua autorização de lotação renovada. Além disso, a portaria citada não se refere apenas aos gabinetes dos procuradores, mas também aos dos ministros e ministros-substitutos. O valor bruto das funções é de R$ 4.914,14, e não superior a R$ 6.000,00”.

O Centrão quer ser PFL

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Centrão quer ser PFL

Em 1994, quando o PT virou as costas para o governo no pós-impeachment do então presidente Fernando Collor, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, aprovou as primeiras medidas do Plano Real graças ao apoio recebido do PFL. O Centrão tenta traçar o mesmo plano com o gesto em defesa do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A aproximação do PFL terminou por afastar de vez o PT do PSDB. O Centrão espera que o seu movimento estanque o crescimento do PSDB dentro do governo de Michel Temer.

A jogada ensaiada, entretanto, tende a não ter o mesmo efeito no quesito aprovação das medidas. Primeiramente, o PFL era um partido com comando, algo que o Centrão não tem, uma vez que é hoje um conglomerado, com partidos de interesses diversos. O primeiro teste desse agrupamento será a presidência da Câmara, onde a unidade em torno de um único candidato ainda é sonho de uma noite de verão.

Yunes e o foro
O pedido de demissão do advogado José Yunes da assessoria especial de Michel Temer tem um objetivo claro de evitar um pedido de prisão ou condução coercitiva dentro do Palácio do Planalto. Afinal, conforme antecipou a coluna no domingo, ele era o elo mais frágil, por não ter foro privilegiado e, portanto, ficar exposto ao modus operandi do juiz Sérgio Moro que, “primeiro prende, depois ouve”, conforme avaliam os aliados de Temer.

Fratura exposta
A ordem de Renan Calheiros para votar o abuso de autoridade ainda ontem promete agravar a divisão na base do presidente Michel Temer no Senado. Os tucanos passaram a tarde falando mal do texto: “É preciso acabar com essa história de vingança. Um poder espingardiando um ao outro não dá. Eu não voto esse projeto”, dizia o senador José Aníbal (PSDB-SP).

Janeiro de mudanças
Que ninguém estranhe se o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, deixar o PSB e se filiar ao PMDB. Será a forma de continuar na equipe de Temer, depois que os socialistas baterem o martelo sobre a saída do governo.

Rosso no CB.Poder
Em entrevista ao vivo no programa CB.Poder, da TV Brasília, o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (foto), defendeu o teto de salários no serviço público. E ainda algo que possa representar cobrança de produtividade ao funcionalismo. Assista no site www.correiobraziliense.com.br

Curtidas

De bandeja/ Já passava das 17h, quando um assessor do senador Roberto Requião (PMDB-PR) passou na sala de café dos senadores distribuindo o parecer final do sobre o projeto da lei de abuso de autoridade. Ali, todos tiveram a certeza de que Renan não estava brincando ao dizer que o texto passaria “agora ou nunca”. Ficou tudo para depois.

Enquanto isso, no corredor…/ Em frente à entrada do plenário, as senadoras Gleisi Hoffmann, Vanessa Graziotin, Lídice da Mata, Kátia Abreu e ainda o senador Lindbergh Farias gravaram um vídeo para transmitir os parabéns pela passagem do aniversário de 69 anos da ex-presidente Dilma Rousseff ontem.,

… a hora das homenagens/ O vídeo foi a terceira homenagem da semana. Houve um jantar oferecido pela senadora Kátia Abreu à ex-chefe na última segunda-feira e uma mensagem gravada no site do PT. Nos tempos de presidência, fazia festa para enaltecer o aniversário de Dilma.

A04-POL-1512

O fator Caiado

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Até aqui, apenas os oposicionistas falavam em antecipação das eleições. Ontem, quando o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) trouxe esse debate para dentro da base do governo com um discurso e uma entrevista, o sinal de alerta do governo soou. O PMDB cerrou fileiras a fim de mostrar que Caiado é um pré-candidato jogando para a plateia. Para completar, dizia que, sem o auxílio do partido do presidente Michel Temer, uma proposta nesse sentido não vingará no plenário da Casa.
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Os peemedebistas jogam a partir de agora com o intuito de lembrar a todos aqueles favoráveis ao impeachment que, sem ultrapassar a corda bamba, não haverá 2018 para quem tem raízes na política. Quer assim evitar o isolamento a que ficou submetido o PT e que levou ao impeachment. Esse é o jogo para janeiro, em meio ao imponderável da Lava-Jato.

Contagem de votos

A reunião no gabinete de Renan Calheiros ontem à tarde serviu para providenciar a contagem dos votos para aprovar a lei do abuso de autoridade. Concluiu-se que todos querem o projeto. Porém, ontem não era o momento. Hoje, haverá nova investida.

Do chão não passa

Na reunião no gabinete de Renan foi dito que a classe política já está no chão com ou sem o projeto de abuso de autoridade. Portanto, o desgaste já está “precificado”. O que não dá é para acabar com a vida de uma pessoa e, depois, nada ficar comprovado.

Cálculos palacianos

O presidente Michel Temer demonstra que não cairá com o barulho da bala da Lava-Jato na cena política. Afinal, as doações empresariais eram legais quando ele jantou com Marcelo Odebrecht e, se tudo foi devidamente declarado à Justiça Eleitoral, dizem os aliados do presidente, não há o que temer. A disposição é atravessar a pinguela.

Lula lá…

Ao ver o ex-presidente Lula com oito pontos a mais na pesquisa Datafolha é só perdendo para Marina Silva, os petistas praticamente definiram que caberá a ele conduzir a tentativa de recuperação do PT. Falta combinar com a Justiça.

…E cá

O senador Lindbergh Farias, por exemplo, aproveita as redes sociais para empurrar Lula a uma candidatura presidencial no ano que vem. Falta combinar com os congressistas que precisariam mudar a Constituição para tornar essa ideia viável.

Renan, o tenso/ Ansioso e preocupado com o seu futuro político, Renan Calheiros tem brigado até com Romero Jucá. Bastou o líder do governo anunciar que haveria sessão de homenagem a Miguel Arraes no plenário da Casa para Renan retrucar que tudo ficaria para depois das votações.

Collor, o escritor/ O senador Fernando Collor (foto) publica esta semana pelo Senado um livro sobre tudo o que falou e escreveu sobre o seu impeachment e o da presidente Dilma Rousseff ao longo destes 10 anos de mandato na Casa. Réplica para a história: uma catarse não terá festa de lançamento. O momento é de sobriedade.

Vai que…/ O ex-ministro da Defesa de Lula, da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, e, ainda, do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim tem circulado mais no empresariado. Esses movimentos se intensificaram desde que seu nome foi citado para a Presidência da República na hipótese de naufrágio do atual governo.

Humor/ Perguntado como o PT pretende atuar no ano que vem, um senador petista reagiu assim: “Esse governo não vai pro brejo… Vai pro Odebrejo”.

Vem mais, muito mais

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Quem serviu aos governos Lula, Dilma e hoje serve ao de Michel Temer sentiu falta de muitos personagens no anexo do depoimento de Claudio Melo Filho, que se tornou conhecido na última sexta-feira. Faltaram, por exemplo, atores que passaram muito tempo não só no Planalto como no Ministério de Minas e Energia, nas administrações de Dilma e de Lula.

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Da parte de quem acompanha as investigações, entretanto, a resposta a essas ausências será dada por Marcelo Odebrecht e pelo patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, cujas delações são consideradas 100 vezes mais devastadoras. Vem coisa pesada aí contra os governos passados. O que parece muito estranho, até para alguns investigadores, foi ter surgido primeiramente as citações justamente a quem está no poder. Suspeita-se de uma cortina de fumaça para tentar barrar a reforma da Previdência e as investidas de Renan Calheiros contra a Lava-Jato.

Uma coisa e outra coisa

Decidido a fazer de Antonio Imbassahy ministro da Secretaria de Governo, o presidente Michel Temer fez chegar aos partidos que compõem o Centrão que a Presidência da Câmara não será moeda de troca nesse processo. O bloco deseja o cargo, algo que Temer não pode dar, uma vez que não há consenso na base aliada sobre quem deve ser o candidato.

Raspa do tacho

A lista de liberação de mais de R$ 1 bilhão em emendas ao Orçamento, neste fim de ano, traz os deputados do PT no topo dos agraciados: R$ 200 milhões. As emendas liberadas do PMDB somaram R$ 112 milhões.

Preparar para descolar

O PSB vai usar a reforma da Previdência para deixar expostas suas diferenças em relação ao governo Temer. Hoje, na solenidade para marcar o centenário de Miguel Arraes, começam os ensaios nesse sentido.

Cronograma difícil

Aqueles que tiveram o cuidado de avaliar a perspectiva de uma eleição direta para escolha de um novo presidente da República, hipótese descartada pelo Planalto, afirmam que uma proposta desse tipo só passaria com o apoio de todos os partidos e todos os setores. Sem consenso, a melhor das hipóteses indica a aprovação apenas em 2018, ano eleitoral. Propostas, aliás, não faltam. Há, pelo menos, duas: uma de Miro Teixeira, na Câmara, e outra de Reguffe, no Senado.

Férias encurtadas/ O presidente Michel Temer cogitou passar 15 dias descansando com a família. Porém, hoje, diante da crise econômica e das dificuldades na política, sairá apenas para as festas de fim de ano. Janeiro será de trabalho, com foco na economia.

Sala de espera/ No momento em que começaram a circular as informações sobre mais um pedido de abertura de inquérito contra o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), ele estava no Planalto, aguardando para falar com um assessor da Secretaria de Governo. Não estava com cara de bons amigos.
Onde mora o perigo/ Se homologada a delação de Claudio Melo Filho, Geddel Vieira Lima (foto), hoje sem foro privilegiado, terá que responder ao juiz Sérgio Moro. O ex-ministro já está se preparando para isso.

Caneta sem tinta/ Os relatos de Claudio Melo Filho indicam que o então ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, não providenciou nada do que a Odebrecht queria. No Congresso, os próprios peemedebistas brincam: ele não tinha poder. Quem mandava era Dilma.

Citados, eles vão às férias…

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O governo pode até pensar em convocar o Congresso em janeiro para acelerar a reforma da Previdência. Mas os parlamentares, em especial quem se vê levado a dar explicações à Justiça, não querem saber de pisar em Brasília com a colaboração da Odebrecht fervendo neste verão. A maioria deseja votar o teto de gastos, as leis orçamentárias, sumir do mapa e torcer para que, na volta do recesso, a poeira já tenha baixado.

… E Michel, às mudanças
Diante dessa realidade, o presidente Michel Temer foi aconselhado a aproveitar o período para organizar melhor o governo, de forma a tentar salvar o próprio mandato que a colaboração premiada da Odebrecht chacoalha. A avaliação geral é a de que o fato de estar no comando do país joga no colo de Temer grande parte do desgaste nesse processo. A ordem é não se deixar derrubar com o barulho da bala e trabalhar para tentar sair da linha de tiro. Falta combinar com os adversários. Eduardo Cunha, inclusive.

Mal-estar

Os tucanos foram acusados pelos peemedebistas de tentarem transformar a indicação de Antonio Imbassahy para a secretaria de Governo em fato consumado antes que o presidente Michel Temer tivesse anunciado. Agora, é aproveitar o fim de semana para tentar acalmar a todos. O centrão irritado com a escolha de Imbassahy, e o PSDB incomodado com a hesitação. É o clima na base aliada cada vez pior.

Na boca da base

O nome de Antonio Imbassahy nem tinha circulado e senadores já reclamavam dessa grande proximidade entre PSDB e governo: “A preocupação do PSDB é recuperar o poder. Até se o Michel tiver uma popularidade de 90% em 2018, os tucanos terão candidato a presidente”, dizem aliados do governo.

Lula, a Zelotes e o PT

A intenção de muitos integrantes do PT em eleger Lula presidente do partido foi colocada em xeque ontem, com a nova denúncia sobre tráfico de influência. Há quem diga que, com três processos e um inquérito nas costas, o ex-presidente não terá condições de comandar uma legenda dividida. O melhor é preservá-lo dessa briga interna para, se for possível, lançá-lo candidato a presidente da República em 2018. Afinal, diante do lamaçal que se transformou a política, é bem capaz que o povo perdoe o ex-presidente e o reeleja. Essa é hoje a esperança do PT.

Quem cala consente

Nomeado relator da lei de abuso de autoridade em 2009, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) mandou centenas de ofícios a comandantes de instituições públicas pedindo sugestões para o texto. Não recebeu respostas.

Amigos de ocasião/ O presidente do Senado, Renan Calheiros, não esquece aqueles que chegaram na primeira hora a seu gabinete, antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir mantê-lo no cargo. E registrou: Os tucanos começaram a chegar só depois do voto de Celso de Mello, dando a senha para que o senador permanecesse no cargo.

Ironia da ocasião/ Justamente na semana em que Renan Calheiros descumpriu a liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, vem à tona a preliminar da delação do executivo da Odebrecht Cláudio Mello em que o senador alagoano é tratado como “Justiça”. Nada é por acaso.

Prisão domiciliar?/ Na semana passada, foi o deputado Aníbal Gomes que ouviu poucas e boas no aeroporto de Fortaleza. Chegou ao ponto de seu segurança socar um cidadão. Agora, foi o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ser chamado de “ladrão” num shopping em São Paulo. O vídeo viralizou nas redes sociais.

Enquanto isso, no Ceará…/ O governador Camilo Santana, do PT (foto) , não escondeu o desconforto ontem ao se ver obrigado a aplaudir um discurso do senador Eunício Oliveira, na solenidade do programa Minha Casa/Minha Vida. Os dois são adversários ferrenhos e mal se cumprimentam. O próprio Temer foi frio, a cada vez que Camilo puxava conversa. O governador é ligado ao ex-ministro Ciro Gomes, aquele que já chamou o PMDB de quadrilha.

Jogada de risco

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Parlamentares estão em estado de alerta para os últimos movimentos de Michel Temer. Lembram que, em 2015, Dilma Rousseff fez de tudo para que os peemedebistas se sentissem mais confortáveis no governo. Para isso, entregou-lhes a coordenação política. O PMDB sofreu uma série de boicotes do PT. Insatisfeita, a parte do partido não atendida foi se afastando do Planalto. Agora, Michel Temer deve entregar a coordenação ao deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), e não está descartado que mais à frente convide o senador Tasso Jereissati para um posto importante.

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Dentro do PMDB, há quem considere o risco de boicote de setores do partido à coordenação do habilidoso Imbassahy, da mesma forma que os petistas faziam ouvidos moucos ao maestro Temer enquanto coordenador político de Dilma. A diferença, no caso, é o presidente da República. Capaz de dedicar horas a uma conversa política. Todos confiam que a habilidade de Temer, hoje chefe supremo, consiga segurar a tropa. Afinal, dizem alguns, era atender o PSDB ou vê-los pular do barco mais cedo.

PF versus Moraes

O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, conseguiu algo inédito: unir todas as categorias e facções da Polícia Federal que brigam entre si. Os policiais estão furiosos com o ministro. Na visão deles, enquanto o ministro da Defesa, Raul Jungmann, liderou um movimento em favor da manutenção de um sistema de aposentadoria diferenciado para os militares, Moraes abandonou os policiais.

Não estou, nem vou

A ira dos policiais aumentou na quarta-feira, quando as associações dos delegados e agentes tentaram uma audiência com o ministro Alexandre Moraes, mas foram encaminhados para o secretário-executivo do Ministério.

O reverso do aviso

Peemedebistas que estavam avisados da intenção do governo em esperar o listão da Odebrecht para depois nomear o novo ministro da Secretaria de Governo foram informados que o presidente queria antecipar a nomeação de Antonio Imbassahy por duas razões: primeiro, não dá para passar a ideia de que o Poder Executivo está refém dessa delação. Segundo, com a reforma previdenciária no Congresso, é preciso ter mais gente no papel de zagueiro.

Empurrãozinho

Agora, quem entende das coisas acredita que será mais fácil levar o PSDB a apostar na candidatura de Rodrigo Maia à Presidência da Câmara. Resta atender os partidos que compõem o Centrão, em especial, o PTB, de Jovair Arantes.

Climão

Senadores consideram que falta muito pouco para o presidente do Senado, Renan Calheiros, ouvir que não respeita nem oficial de Justiça, quanto mais o regimento interno da Casa. O “trator” que ele ligou ontem ao convocar várias sessões para o mesmo dia a fim de encerrar a discussão da PEC do teto e marcar a votação para terça-feira foi visto como “pagamento de fatura ao governo”.

Campanha antecipada/ O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), já colocou na rua sua campanha para presidente da Câmara, conforme anuncia o cartaz (foto) no início da L2 Norte, passagem quase que obrigatória dos deputados moradores dos apartamentos funcionais da SQN 202.

Enquanto isso, no Senado…/ O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), não deixa de ir a um evento promovido por senador. Ontem, lá estava ele na abertura do seminário Congresso do Futuro, uma iniciativa do senador Wellington Fagundes (PR-MT).

Temer na cova dos Gomes/ O presidente Michel Temer vai hoje ao Nordeste, passando por Pernambuco e Ceará. A ordem é começar a angariar algum apoio por ali. No Ceará, entrega hoje seis mil casas populares, como forma de minar a base política do pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes.

Sarney telefonou/ Apenas para dizer que em nenhum momento se envolveu na operação que salvou Renan Calheiros no cargo de presidente do Senado.

Temer concorda com Moro

Publicado em coluna Brasília-DF

Num encontro ontem com cinco senadores onde o tema central foi economia, o presidente Michel Temer, professor de direito constitucional, comentou que considera corretas as emendas que o juiz Sérgio Moro sugeriu à lei de abuso de autoridade em tramitação no Senado, já apresentadas pelo futuro líder do PSDB, Ricardo Ferraço (ES). Uma delas explicita que mera divergência na interpretação da lei durante avaliação de fatos e provas não pode constituir crime. Afinal, um juiz tem que ter autoridade para interpretar a lei.

O presidente se disse ainda “aliviado”, porque ao rejeitarem a urgência de votação das dez medidas de corrupção. “Vocês tiraram esse assunto do meu colo”, disse Temer. Afinal, se ele veta o texto, briga com o Parlamento que o apoia. Se sanciona, briga com o povo que já não é lá muito amigo do governo.

Pressão sobre Toffoli
Com Renan réu no Supremo Tribunal Federal, aumenta a pressão sobre o ministro Antonio Dias Toffoli entregue logo sua posição sobre réus na linha sucessória da Presidência da República. Ele pediu vistas e até hoje nada.

Preocupação suprapartidária
Não, pessoal. Não é a lista da Odebrecht. O que preocupa para valer os senadores que estiveram ontem no Alvorada com Michel Temer é a situação da economia. Do PSDB, José Aníbal (SP), Ricardo Ferraço (ES) e Tasso Jereissati (CE). Do PPS, Cristovam Buarque (DF). Do PTB, Armando Monteiro Neto (PE), ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo Dilma e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Precisa mais
No encontro com Temer, os senadores disseram que o teto de gastos e a reforma previdenciária não serão suficientes para destravar a economia. Na semana que vem, eles vão se reunir com ministros para discutir propostas de redistribuição da atual carga tributária, de forma a aliviar a produção e os salários.

Paradinhos aí!
Os tucanos começam a puxar o tapete de Renan Calheiros. O deputado Luiz Carlos Hauly e Domingos Sávio sugerem que não se vote nada relativo a mudanças na lei de abuso de autoridade, nem as medidas contra a corrupção enquanto não terminar a Lava Jato Falta combinar com o comando do Senado. Renan Calheiros é visto hoje como alguém que age para enquadrar a primeira instância e manter o foro privilegiado.

CURTIDAS

Em campanha/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), janta hoje com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Será levado pelo deputado Heráclkito Fortes (PSB-PI).

Rosso e Jovair/ Os deputados do PTB vão deflagrar uma pressão para que Rogério Rosso (PSD-DF) desista de concorrer à Presidência da Câmara para apoiar o líder petebista, Jovair Arantes. Arantes apoiou Rosso na disputa do mandato tampão. Agora, dizem os petebistas, é hora de retribuir.

Moral da história/ Os petistas ficaram em alerta total quando o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) cobrou do juiz Sérgio Moro as gravações de conversas telefônicas de Lula. d. Marisa Letícia, filho e nora __ aquelas que vazaram, constrangendo o ex-presidente e seus familiares. Moro disse apenas que era magistrado e não iria comentar processos pendentes. Para o PT, foi um recado claro de que o inferno astral de Lula não acabou.

Estresse na embaixada/ O cerimonial e a equipe francesa que preparou a tradicional festa de apresentação do Beaujolais Nouveau viveram dias de estresse. Os queijos vindos de Marseille para o evento de ontem ficaram cinco dias retidos na alfândega e só foram liberados na véspera da recepção na residência do embaixador Laurent Bili.

Termômetro virtual alerta

Publicado em coluna Brasília-DF

Analistas de redes sociais vislumbram para 2017 um movimento semelhante àquele que tomou o país em 2013, no período da Copa das Confederações. Esses especalistas identificaram um índice de mau humor infinitamente superior ao de 2015 e de 2014, fruto da grave crise econômica na qual as pessoas estão empobrecendo. E, diante da estagnação e do desemprego, a perspectiva dessa indignação extrapolar o mundo virtual e se transformar num amplo movimento de ocupação das ruas é um pulo. Ou as autoridades entendem esse recado e tratam a cuidar da crise econômica, ou outros problemas virão. O primeiro movimento está marcado para 4 de dezembro, coincidentemente, o mesmo dia em que os cubanos vão enterrar as cinzas do comandante Fidel Castro.

Cabral, segunda temporada
O verão vai ser quente. Já está no forno a segunda fase da operação que levou Sérgio Cabral a descobrir Bangu. Na mira, escritórios de advocacia e a ex-primeira-dama Adriana Anselmo, apelidada por alguns agentes, “a mulher das mil e uma jóias”. Ela é suspeita de ser uma das operadoras do esquema do marido.

Por falar em Cabral…
As notícias do cárcere são as de que o ex-governador tem chorado muito, ciente de que passará um bom tempo naquelas acomodações. O problema é que, se recorrer à delação premiada, enrosca ainda mais a família.

Nem tudo é tristeza
Não são poucos os deputados da Bahia que se dizem aliviados com o tombo de Geddel Vieira Lima. Uns garantem que, agora, Michel Temer será obrigado a redistribuir os cargos regionais.

O que eles pensam, ele fala
“Moro está acabando com o Brasil. É irresponsável. Não precisa fazer isso para combater a corrupção”, afirmou essa semana o deputado Vicente Cândido, no programa Frente-a-Frente, da Rede Vida, refletindo o sentimento que predomina entre os parlamentares, especialmente, os fisgados na Lava-Jato e seus aliados.

O que o governo deseja
A Advocacia Geral da União vai se esforçar junto ao Supremo Tribunal Federal para colocar como primeiro item da pauta de quarta-feira a ação direta de inconstitucionalidade que trata da cobrança das dívidas dos devedores contumazes nos setores de tabaco, bebidas e combustíveis. A esperança com a ação é arrecadar além do que já foi captado com a repatriação.

CURTIDAS

Adeus a Fidel I/ Lula e Dilma planejam participar dos funerais de Fidel Castro. O governo Michel Temer ainda não anunciou se o presidente vai ou será representado pelo embaixador ou pelo ministro de Relações Exteriores, José Serra. Se for, será a primeira reunião do grupo desde o impeachment.

Adeus a Fidel II/ Ontem petistas lamentavam que companheiros presos não poderão participar dessa última homenagem ao ícone da esquerda mundial. Especialmente, José Dirceu, que já morou em Cuba.

O rigor da presidente/ Os ministros do Supremo Tribunal Federal reclamam à boca pequena do rigor com que a ministra Cármen Lúcia trata o horário do intervalo. Dia desses, ela foi direta: “São 16h05. Voltaremos 16h35”. E ai de que quem não cumprir.

Por falar em Supremo…/ Na primeira quarta-feira de dezembro, dia 7, a biblioteca do STF será palco do lançamento do livro Segurança Jurídica e Protagonismo Judicial, desafios em tempos de incertezas. Werson Rêgo coordena a publicação, que reúne trabalhos de importantes personalidades do direito em homenagem ao ex-ministro Carlos Mário Velloso.

Circuito isolado

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Ciente de que está na mira da Lava-Jato, a Eletrobrás aproveitou a semana do feriadão para divulgar um “fato relevante”, algo considerado importantíssimo no mercado empresarial. Em 12 páginas, na linguagem rebuscada típica da burocracia empresarial, os controladores estouram seus antecessores. Na página 4, a empresa lista seis fraquezas da companhia em 2015 e anos anteriores. Diz que a Eletrobrás “não manteve ambiente de controle efetivo, revisão de gestão, demonstração financeira, controles efetivos e adequados sobre as sociedades de propósito específico”.

Antes dessas críticas, já na segunda página, a empresa reforça: “Segundo seu código de ética, a Eletrobrás não tolera corrupção ou quaisquer outras práticas comerciais ilegais por seus empregados, empreiteiras ou fornecedores, e, portanto, tem tomado uma série de iniciativas envolvendo suas atividades econômicas e seu sistema de governança corporativa”. Se é preciso avisar em alto e bom som que não tolera corrupção, é sinal de que boa coisa não vem por aí. E a atual gestão, ciente dos problemas, tenta se antecipar ao estrago, meio que isolando a confusão nos comandantes dos tempos de Dilma.

O grande paraíso fiscal
A primeira fase da Lei de Repatriação mostrou que a Meca dos brasileiros com recursos depositados lá fora está longe de ser a Suíça. Os dados do Banco Central analisados pelo tributarista Gil Vicente Gama indicam que os principais países de origem dos ativos dos quase 22 mil contribuintes que aderiram ao programa são os seguintes: Estados Unidos (52%), Ilhas Cayman (23%), Reino Unido (5,7%), e Bahamas (3,9%). A Suíça aparece em quinto, com 3,4%.

Distância regulamentar
Os tucanos planejam aproveitar a lei de abuso de autoridade no Senado para marcar aí um certo afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros. O discurso o PSDB sobre o tema será formatado esta semana.

Outro jogo
Não dá para Rodrigo Maia e demais pré-candidatos a presidente da Câmara tratarem da próxima eleição para presidente da Casa do mesmo jeito que lutaram com a disputa para o mandato tampão. Desta vez, com cargos da mesa na roda, quem amarrar melhor os demais partidos na composição da chapa terá mais chance.

Oi e seus nós
Os interessados em salvar a Oi querem na prática o perdão das multas que a empresa recebeu da Anatel por não cumprir as metas do plano original de concessão. O assunto será discutido na segunda-feira.

CURTIDAS

Em nome do pai/ Parlamentares não esquecem da imagem da deputada Clarissa Garotinho no plenário da Câmara, de celular em punho, gravando imagens de Eduardo Cunha no dia em que foi cassado enquanto bradava palavras de ordem. E agora, com o pai dela hospitalizado e preso, houve quem apostasse que Clarissa deixaria os peemedebistas esquecidos. Ela, entretanto, não vai parar e está dedicada a apontar as diferenças entre os casos de seu pai e o do ex-governador Sérgio Cabral.

Porque demorou/ Críticas à demora dos agentes públicos em prender o ex-governador Sérgio Cabral e outros integrantes da gangue do guardanapo na cabeça tomaram as redes sociais desde quinta-feira. Os investigadores, entretanto, avisaram que foi preciso passar os Jogos Olímpicos para limpar a casa depois que as visitas fossem embora.

Quem eles temem/ Advogados de ex-deputados, ex-governadores e ex-senadores trocam o “periculum in mora” (perigo da demora) por “periculum in Moro”. Sabe como é, se tem algo que eles preferem evitar é ter que encarar o popular juiz da Lava-Jato.

Troca de comando/ Não foi apenas o governo que mudou de líder. Está tudo encaminhado para que o senador Ricardo Ferraço (ES) assuma a liderança do PSDB na Casa.