Lava Jato eterna

Publicado em coluna Brasília-DF

Os políticos bem que esperavam terminar logo com a Operação Lava-Jato. Porém, a contar pelo que se comentava na posse do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, o material que falta ser analisado é suficiente para levar a investigação por alguns bons pares de anos. Quíçá, uma década. Vale lembrar que só do “My web day”, um dos sistemas da Odebrecht, são 54 terabytes, mais de 32 mil documentos. Isso corresponde a 50 vezes mais do que já foi recebido pela investigação de 2014 até os dias de hoje. E se levar em conta que Marcelo Odebrecht filtra os próprios arquivos para dar mais informações, e o que ainda falta ser revelado por Antonio Palocci e, as informações do irmão do deputado André Vargas, que se entregou recentemente à polícia, é bom os políticos se prepararem, porque a campanha de 2018 terá que conviver com a investigação.

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Em tempo: Galloro chega ao comando da PF com a mesma esperança de rigor que chegou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Realmente, sob a tutela da procuradora, os vazamentos não são tão constantes. Isso não quer dizer que o trabalho parou e que a vontade de investigar diminuiu, haja visto o pedido essa semana para investigar o presidente Michel Temer no caso de pagamento de propina da Odebrecht, aceito pelo ministro-relator da Lava-Jato no STF, Edson Fachin.

No meu colo, não!
A declaração do presidente Michel Temer sobre a segurança pública ser responsabilidade do país foi feita sob encomenda para prevenir as tentativas de alguns governadores de colocar as mazelas dessa área e rebeliões nos presídios nas costas do governo federal. É que a turma do Planalto ficou muito incomodada com o fato de a maioria dos governadores presentes chegar ali só pedindo dinheiro. É preciso que eles também tenham gestão.

A hora de Doria I
Depois da presença de Geraldo Alckmin na reunião dos governadores, será a vez de o prefeito paulistano João Doria desfilar por Brasília no encontro que o presidente Michel Temer fará com os administradores das maiores cidades para discutir a segurança pública. Vai aproveitar a reunião para mostrar suas afinidades com o MDB.

A hora de Doria II
Nos bastidores, há quem diga que, se Geraldo Alckmin não amarrar muito bem essa candidatura do prefeito ao governo estadual, Doria pulará a cerca de São Paulo, em busca de visibilidade nacional.

Por falar em Michel…
É grande a expectativa do governo sobre as pesquisas de março e a previsão de dias melhores para Temer. É que os ministros não veem a hora de melhorar a avaliação do presidente, a fim de transformá-lo logo num grande eleitor para, numa segunda fase, fazer dele candidato.

Ditado revisado/ Policiais federais que estavam na fila de cumprimentos do novo diretor-geral da PF, Rogério Galloro, estavam num bom humor sem tamanho. Um deles, inclusive, brincou, referindo-se a Fernando Segóvia, que deixou o cargo: “Quem tem boca grande vai a Roma!” Foi uma gargalhada geral.

Enquanto isso, no saguão da Justiça… / O abraço que o ministro da Justiça, Torquato Jardim (foto), deu em Galloro foi lido pela plateia como algo do tipo “meu garoto!”

Por falar em Segóvia…/ Em seu discurso, ele elogiou Edgar Hoover, o criador do FBI. Na plateia, alguns engoliram em seco. Hoover teve seus dias de glória, foi uma das personalidades mais poderosas dos Estados Unidos, porém, também foi tido como implacável no quesito grampos.

Fantasmas palacianos/ Dia desses, numa antessala do 4º andar do Planalto, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) reclamava que forças ocultas tentavam apeá-lo do mandato. Alguém logo brincou: “Não fala em forças ocultas porque, senão, o quadro do Jânio Quadros vai se remexer na galeria dos ex-presidentes!”