Categoria: coluna Brasília-DF
A falta de acordo entre os partidos políticos para a eleição indireta é o que hoje sustenta Michel Temer no cargo. O PSDB infla o senador Tasso Jereissati, mostrando que ele é capaz de tocar as reformas. O PMDB, por sua vez, aposta mais no presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, e no ex-ministro Nelson Jobim. O DEM quer é o DEM, leia-se, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
A oposição não quer nenhum dos três grandes partidos. Renan Calheiros cita vários candidatos, dizendo que “Cármen Lúcia cresce nas crises”. Aliados do PT trabalham Ayres Britto, que Renan descarta da mesma forma que afasta Fernando Henrique Cardoso. Se continuar nesse pé, ninguém se surpreenda se vier por aí um “fica, Temer”.
Precificado & não-contabilizado
Diante do preço do estádio Mané Garrincha e a falta de fiscalização federal sobre a obra, muitos no mercado da política davam como favas contadas a prisão de José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. O que o Planalto não esperava era a prisão do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, assessor especial da Presidência da República até ontem.
A tese do PMDB
Em avaliações para lá de reservadas, os peemedebistas calculavam que Tadeu Fiippelli foi preso ontem apenas como uma forma de chacoalhar ainda mais Michel Temer no cargo. O presidente, que já não está bem das pernas, tratou logo de exonerar o amigo, o terceiro a cair em menos de um ano e o segundo em sete dias. Os outros foram Rodrigo Rocha Loures, pela delação da JBS, e José Yunes, depois da delação da Odebrecht.
A tese do PT
Os petistas começaram a discutir a eleição indireta, porém, têm em mente que, se houver unidade nos partidos aliados ao presidente Michel Temer, essas legendas elegem quem quiser. O PT só terá importância se a base do governo estiver dividida. Por isso, o partido de Lula considera que o principal papel da esquerda agora é paralisar as reformas para não dar sobrevida a Temer nem tampouco mostrar que o presidente é capaz de estabilizar a economia.
A Ford mandou
Com a obstrução do PT em relação às medidas provisórias em pauta, representantes da Ford interessados em manter a prorrogação dos incentivos ligaram direto para os governadores do Ceará, Camilo Santana, e da Bahia, Rui Costa. O recado foi claro: ou põe o PT para votar ou adeus, fábricas.
Me erra!/ A cena mais corriqueira ontem no parlamento era de deputados se esquivando de comentar as prisões de ontem, todas baseadas em delações da Andrade Gutierrez. Sabe como é… Quem recebeu algum dinheiro de doação de caixa dois não quer provocar os delatores nem tampouco ser lembrado por eles.
Ficou mal no ninho/ As declarações de Domingos Sávio (PSDB-MG) jogando Aécio Neves aos leões antes mesmo que o senador tucano afastado do mandato tentasse explicar o diálogo com Joesley Batista foram muito mal recebidas pelo PSDB mineiro. Afinal, se tem uma coisa que se aprecia na política partidária (e é cada vez mais difícil) é a lealdade em momentos difíceis.
Diretas já…/… Na Une. Com a cúpula da União Nacional dos Estudantes na Câmara em campanha por eleição direta já para presidente da República, os governistas partiram para cima do PCdoB: “Que tal eleição direta para presidente da UNE, em vez dessa história de voto de delegados?” Os comunistas fizeram cara de paisagem.
Renan é fofo/ Pelo menos, para a oposição ao governo de Michel Temer. O líder do PMDB, Renan Calheiros (foto), virou realmente o rei da oposição ao dizer ontem que, se votasse na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), se posicionaria pelo adiamento da leitura do relatório da reforma trabalhista. Na hora em que Renan defendeu o desejo da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) virou-se para ele e saiu-se com esta: “Meu presidente, estou lhe amando!”
O líder do PMDB do Senado, Renan Calheiros, chega ao final deste primeiro ano do governo de Michel Temer disposto a fazer inflexões em relação à reforma trabalhista e guardar energias para o futuro. Ele já percebeu que o cavalo de batalha não é o texto em análise no Senado, que pode ser votado por maioria simples. O poder de pressão do líder do PMDB estará mais forte na reforma previdenciária, que precisa de 54 votos no Senado para ser aprovada. É aí que o governo jogará o duelo de titãs.
Lula e os outros
Os petistas estão cada vez mais dedicados à narrativa da perseguição ao partido. Ontem, não foram poucos os deputados e senadores que trataram as afirmações de João Santana e Mônica Moura sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e, ainda, o ex-prefeito Fernando Haddad, como estrategicamente divulgadas para não deixar o PT com nenhum plano B para a campanha de 2018.
Lá e cá
A atual direção do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, vai a Washington para apresentar mais uma denúncia à Justiça americana contra o BNY Mellon, o banco acusado de gerar um prejuízo hoje calculado na ordem de R$ 1 bilhão aos aposentados e pensionistas da empresa. Nos Estados Unidos, o BNY Mellon já foi condenado a devolver US$ 700 milhões por prejuízos aos americanos. Aqui, várias ações correm na Justiça sem desfecho.
Placar
A contabilidade de deputados governistas sobre a reforma da Previdência está em 260 votos favoráveis no plenário da Câmara. Sinal de que a votação vai ficar mesmo para o fim do mês ou, na hipótese mais otimista, para início de junho.
Para conferir depois
O líder do DEM, Efraim Filho, se mostrava ontem animado com a exposição do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro. Efraim, que é da Paraíba, terra onde Lula mantém uma liderança expressiva nas intenções de voto, referiu-se ao depoimento como “o começo do fim”.
Um ano de governo Temer
O presidente Michel Temer tem dito a amigos que seu único desejo é poder terminar o governo com a sensação de ter tirado a economia brasileira do buraco. Esses amigos têm dito que o presidente hoje está na metade desse caminho. Melhor que nada.
Imagina na Copa I/ Advogados que acompanharam o depoimento do ex-presidente Lula em relação ao triplex no Guarujá ficaram preocupados com o clima entre os defensores do ex-presidente, em especial Cristiano Zanin Martins, e o juiz Sérgio Moro para os próximos “encontros”. Afinal, há outros quatro processos em que Lula ainda não foi ouvido.
Imagina na Copa II/ Se, nessa ação do apartamento, considerada uma das mais frágeis, Cristiano ficou nervoso e Moro teve momentos de impaciência, imagine na hora em que chegar aos outros inquéritos…
A festa na primeira vice/ O jantar que o primeiro vice-presidente da Câmara, o peemedebista Fábio Ramalho (foto), serve em seu gabinete todas as quartas-feiras de votações até tarde da noite está tão famoso que até os garçons da Casa têm tirado uma folguinha no trabalho para degustar as iguarias da cozinha mineira.
Enquanto isso, no Planalto…/ Hoje tem festa para marcar um ano de governo, mas não terá lançamento do programa “Avançar”. Apenas, balanço. Primeiro, o governo quer fazer as contas para, depois, apresentar novos projetos. Melhor assim.
Advogados e políticos que acompanharam o ex-presidente Lula em Curitiba consideram grandes os riscos de ocorrer com o petista o que houve com ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR), em 2014. À época, Arruda conseguiu o registro de sua candidatura para concorrer a um novo mandato de governador, mas, logo depois, foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de comandar o mensalão do DEM. Os advogados ainda tentaram manter a candidatura, mas a Justiça decidiu que a inelegibilidade da Ficha Limpa deve ser considerada antes da eleição e não apenas no período anterior ao registro.
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A aposta dos especialistas, considerados os prazos com que Sérgio Moro costuma proferir as sentenças, é a de que Lula será, sim, condenado e, se a segunda instância mantiver o ritmo com que tem trabalhado até aqui, o ex-presidente chegará ao segundo semestre de 2018 com a candidatura registrada, porém balançando numa data bem próxima ao pleito. É esse o cenário que mais preocupa os petistas. É que, no lusco-fusco, ficará difícil trocar de candidato. Foi mais ou menos o que houve com o PR, que, a menos de um mês da eleição, lançou o nome de Jofran Frejat no lugar de Arruda.
Sai daí rapidinho!
Aliados que acompanharam o ex-presidente Lula em Curitiba consideraram que a presença de Dilma Rousseff no ato era desnecessária. A ordem no PT era deixar o palco exclusivo para Lula. Aliás, o partido tem se especializado em dizer
que o governo Dilma teve problemas, mas o de Lula
foi bom. É por aí que eles pretendem empreender a campanha para 2018.
Há vagas
O governo não vai conseguir blindar as agências reguladoras de indicações políticas. Nos bastidores, a briga maior é pela vaga que abre dia 28 deste mês na Agência Nacional do Petróleo (ANP). E, sabe como é, em tempo de reformas em pauta, o governo não nega nada
a ninguém.
Juiz escoltado, procuradores escoltados, só quem chega livre e nos braços do povo é o réu”
Lula, ex-presidente,
ao sair do depoimento ontem em Curitiba
O exercício de Serra/ Acostumado a viajar de São Paulo para Brasília todas as semanas, o senador José Serra (foto), do PSDB-SP, tem reparado que os voos vindos da capital paulista sempre param nos fingers mais distantes, o que obriga os passageiros a andarem por toda a área de embarque.
O cálculo de Serra/ “Eu até não desgosto, porque faço uma caminhada, mas há aí uma ação deliberada para que passageiros de voos de regiões de maior poder aquisitivo terminem andando mais pelo aeroporto e acabem parando em alguma lojinha no trajeto. Se não fosse proposital, não seria sempre no último finger, mas sempre é. Sou economista, sei que isso acontece”, disse ele a indicados para o Cade.
O olho deles/ Investidores estrangeiros ficaram animados com a perspectiva de melhora da economia nacional, mas, enquanto não houver a certeza de que o Brasil está cuidando das suas contas, leia-se aprovando reformas, ninguém vai abrir a carteira de forma muito generosa.
A queda de Dilma/ O jornalista Ricardo Westin lança. na segunda-feira, às 20h, na Leitura, do Pátio Brasil, o livro A queda de Dilma — Os bastidores do impeachment da presidente que desprezou as lições políticas de Maquiavel.
Na semana passada, os procuradores Carlos Fernando e Deltan Dallagnol já tinham pronta a nova denúncia contra José Dirceu. Eles foram até o juiz Sérgio Moro pedir a prisão do ex-ministro da Casa Civil de Lula, pois já desconfiavam que o Supremo Tribunal Federal (STF) soltaria Dirceu. Moro recusou o pedido: “Não posso entrar nessa bola dividida agora. Não, nesse momento”, disse o juiz, segundo relatos dos procuradores a outros colegas.
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Para quem acompanha todos os lances da Lava-Jato está claro: o juiz recuou um passo para tentar avançar dois mais à frente. Aliás, quem tem acesso a ele diz que o lema de Moro é: não basta combater a corrupção. É preciso jogar para não deixar que a classe política acabe com as investigações.
Entregou
A rapidez com que os advogados de Antonio Palocci recorreram da decisão do ministro do Supremo Edson Fachin, de mandar o pedido de soltura direto para o plenário do STF, deu a muitos a sensação de que estava tudo acertado para que, depois de Dirceu, Palocci fosse o próximo a sair da cadeia. Agora, no entanto, as apostas são as de que ele continuará preso.
O jogo tucano
No PSDB tem torcida para que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, permaneça longe do governo. É que, assim, com os peemedebistas divididos, o presidente Michel Temer precisará mais dos tucanos e cederá mais espaço na distribuição do poder. O PSDB tem hoje a secretaria de Governo da Presidência da República e sonha com voos mais altos.
No bolso
O deputado Mario Heringer, que está de licença médica e acompanha o presidente da câmara, Rodrigo Maia, ao Líbano, avisa que suas despesas serão pagas por ele mesmo, sem diárias custeadas pela Câmara. Menos mau.
“Estamos felizes com o fato de o STF ter começado a romper com uma omissão de anos e coloque as coisas no lugar. São mais de 300 mil presos provisórios e preventivos no país. Isso tem que mudar. A prisão não pode servir de tortura para coagir os presos”
Do ex-ministro Gilberto Carvalho
CURTIDAS
Mãozinha/ O ex-ministro Gilberto Carvalho falou com o governador Rodrigo Rollemberg ontem no final da tarde. Ele pediu ajuda para que seja mantido um mínimo de civilidade nos arredores da casa do ex-ministro José Dirceu. Rollemberg prometeu auxiliar,
assim como o síndico do prédio. Depois das 22h, vai imperar a
lei do silêncio.
Os inocentes/ O que mais sensibiliza os amigos do ex-ministro é a filha pequena. Ontem, ela não saiu do lado do pai. Sereno, o ex-ministro avisou que não vai se mudar e porque não adiantaria. Seria apenas mudar os manifestantes de lugar.
Motivo nobre/ A instalação da Comissão Especial para tratar da
PEC do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) tem o objetivo de manter o parlamentar feliz.
Fala Vaccari!!!/ Até aqui, ficou a palavra do ex- diretor da Petrobras Renato Duque contra a de Lula e a de João Vaccari Neto (foto), o ex-tesoureiro do PT também preso pela Lava-Jato. Agora, o que um tesoureiro do PT, que deveria cuidar das contas do partido, queria saber sobre contratos da Petrobras é algo que chama atenção.
A bancada governista topou votar a emenda da reforma previdenciária na comissão especial, porém, antes de levar a proposta ao plenário da Câmara, os deputados querem ver a trabalhista aprovada no Senado. É que o baixo clero quer saber como se comportará o líder do PMDB, Renan Calheiros, para, depois, seguir em frente com a reforma previdenciária.
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Até aqui, o que o PMDB do Senado obteve, nesses primeiros dias de discussão da reforma trabalhista, foi uma bancada rachada entre os que desejam aprovar as propostas do governo e aqueles que permanecem entrincheirados contra Michel Temer, jogando para a plateia antirreforma. Essa disputa no PMDB do Senado é a primeira etapa. A votação da trabalhista, a segunda. E, finalmente, a reforma previdenciária. Não tem fase fácil nesse jogo.
A falta que faz Eunício
A ausência do presidente do Senado, Eunício Oliveira, tirou um pouco do poder de fogo daqueles que desejam apear Renan Calheiros do cargo de comandante da bancada. Eunício era quem, na visão de muitos, tinha formas de fazer um contraponto mais contundente ao líder do partido.
O drible de Fachin
A decisão de Edson Fachin de manter Antonio Palocci na cadeia e levar o caso para o plenário do Supremo Tribunal Federal é vista na classe política como a hora da verdade: agora, o Brasil saberá o que pensam todos os ministros sobre a prisão preventiva e não apenas os da segunda turma, que soltaram o ex-ministro José Dirceu.
Enquanto isso, no TSE…
O Tribunal Superior Eleitoral se prepara para prosseguir com o julgamento da ação que pede a cassação do mandato do governador do Amazonas, José Melo, condenado pelo TRE por abuso do poder econômico. O voto do relator, ministro Napoleão, foi favorável a Melo, porém, a ministra Luciana Lóssio pediu vistas e deve retornar o processo em sua última sessão. Ela deixa a Corte nesta sexta-feira, e será substituída por Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.
Credibilidade
Enquanto as tevês abertas concentram audiência, pesquisas qualitativas encomendadas por setores do governo apontam que são nos jornais impressos e seus respectivos sites que os cidadãos consideram encontrar as notícias mais confiáveis. Isso porque o impresso é visto como um documento. Uma notícia num site, dizem os entrevistados, pode até ser retirada do ar, mas o papel é para sempre.
A hora das listas/ O grupo de peemedebistas mais afinado com Renan Calheiros garante que tem uma lista com a assinatura de 12 dos 22 senadores do partido em apoio ao líder alagoano.
DF na vitrine/ A primeira-dama do DF, Márcia Rollemberg, apresenta hoje na Espanha o programa Jovem Candango, uma janela para que o jovem busque o seu primeiro emprego. A primeira-dama falará no VIII Foro Haciendo Políticas Juntos, da Liga de Organizações da Sociedade Civil, que reúne 28 ONGs de 18 países. O Brasil é destaque porque, desde 2000, tem uma lei nacional do primeiro emprego, o Programa Jovem Aprendiz. No DF, a iniciativa existe desde 2014.
Zzzz…/ Quando um juiz não quer, o processo não anda. O ex-deputado João Caldas (AL) aguarda desde 2015 uma resposta do Tribunal de Justiça do DF sobre a apelação que fez na guerra para ser reintegrado ao Solidariedade, partido hoje controlado pelo deputado Paulinho da Força.
Follow the money/ A vida do ex-ministro José Dirceu fora da cadeia não deve ser recheada de luxos como outrora. É que se ele ainda tiver algum dinheiro guardado lá fora, não poderá movimentá-lo sob pena de chamar a atenção dos investigadores.
CB.Poder / O desembargador Antonio de Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, foi o entrevistado do Programa CB.Poder, uma parceira da TV Brasília com o Correio Braziliense. Considerado um dos mais combativos e corajosos magistrados do país, Souza Prudente (foto) abordou o acesso à saúde, conflitos agrários e o Poder Judiciário.
Com dificuldades em encontrar uma justificativa que lhes permita não votar o fim do foro privilegiado este ano, os deputados enroscados na Lava-Jato e em outros escândalos cogitam sair da vida pública no ano que vem. É que, em muitos casos, as excelências só pensavam em concorrer a um mandato para não ficarem expostas aos juízes da primeira instância, a cada dia mais afeitos ao estilo do paranaense Sérgio Moro.
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Se não conseguirem evitar a aprovação da proposta, preferem dedicar os recursos ao pagamento
de advogados do que ao financiamento de campanhas, que não trarão os mesmos privilégios de hoje.
O teste do PT I
A mobilização em torno da greve geral de hoje é vista por muitos petistas como a prova dos nove para ver se o partido de Lula e a Central Única dos Trabalhadores ainda têm grande poder de mobilização. Se a adesão for baixa, é sinal de que o discurso de Lula não cala mais tão fundo assim na classe trabalhadora.
O teste do PT II
Um dos focos de atenção hoje da CUT será a classe média. Se o profissional liberal parar, é sinal de que Lula ainda tem algum apelo nesse segmento para 2018. Até aqui, avaliam os petistas, ele tem o Nordeste e grande parte do movimento sindical.
Por falar em petistas…
Emissários de Lula procuraram o ex-ministro Antonio Palocci para medir o grau de estrago que uma delação do “Italiano” pode causar. O grau de destruição é alto.
No DF, vai dar samba
Autoridades locais acreditam que a mobilização da greve será intensa no Distrito Federal. Afinal, justificam as autoridades, é o centro nervoso de sindicatos ligados a corporações importantes, como professores e vigilantes. Por isso, o governo estará todo mobilizado.
Inspiração/ Governos só decidiram cortar o ponto dos servidores que aderirem à greve hoje depois que o prefeito de São Paulo, João Doria (foto), anunciou que os faltosos não receberão o dia trabalhado.
Fernando Henrique, o eterno/ Ao encerrar ontem o seminário sobre trânsito e drogas no auditório do Correio Braziliense, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi apresentado pelo presidente do ITTS, Márcio Liberbaum, como o “eterno presidente”. É hoje o único ex-presidente brasileiro convidado para palestras em todo o meio acadêmico internacional.
PT na sondagem/ O monitoramento feito pelos petistas nas redes sociais indicou que o partido está no caminho certo da reconquista de popularidade. A contabilidade apontou mais aplausos do que críticas à movimentação dos deputados no plenário da Câmara, durante a longa sessão de votação da reforma trabalhista.
Sem pressão/ O presidente Michel Temer não foi à posse do ministro Admar Gonzaga no Tribunal Superior Eleitoral. Tudo para não passar a impressão de que pressiona o TSE nesse período de julgamento da chapa Dilma-Temer.
Apesar do recuo dos senadores em relação ao texto sobre abuso de autoridade, os políticos enroscados na Lava-Jato comemoraram a aprovação da proposta. Na avaliação de muitos, está claro que, daqui para frente, a vida deles vai mudar. Afinal, afirmam, se os senadores conseguiram um projeto, ainda que mais brando do que pretendiam, nada impede que, mais à frente, eles endureçam a proposta. Já tem gente pensando inclusive em apresentar projetos relativos aos itens suprimidos do texto, por exemplo, punição por hermenêutica, ou seja, interpretação da lei, algo inerente ao juiz.
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As mudanças no texto, entretanto, tiveram um outro objetivo: evitar brechas que pudessem levar o caso à Justiça. Nesse ponto de vista, a medida será inócua porque o deputado Fernando Franchischini (SD-PR) já entrou com mandado de segurança no Supremo para tentar suspender a tramitação da proposta.
E o Lula, hein?
Políticos e juristas têm feito as contas e consideram que Lula pode até escapar de punição no episódio do apartamento no Guarujá e no sítio. Mas não tem como explicar todos os recursos que recebeu das empreiteiras nem tampouco os dos filhos. Agora, é uma questão de saber qual dos processos que levará o ex-presidente à prisão, avaliam juristas.
PT no paraíso
Alguém pode até achar que o PT está triste com a saída de Dilma Rousseff da Presidência da República. Mas quem assistiu ao partido ontem na votação da reforma trabalhista percebeu que a legenda há anos não se mostrava tão feliz por ser oposição e discursar contra as reformas.
Temer no piso
Os caixões e cruzes que os petistas levaram ao plenário da Câmara ontem, tumultuando o cenário para votação da reforma trabalhista, serão repetidos em maior número na hora de votar a previdenciária, no mês que vem. A ordem entre os petistas é baixar ainda mais a popularidade do presidente Michel Temer e torcer para que tudo isso tenha reflexo no ano eleitoral.
Enquanto isso, em Bangu…
O detento Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, tem alertado seus visitantes sobre o crescimento dos evangélicos nas cadeias. E já pediu a alguns que conversem com o Cardeal dom Orani Tempesta a fim de pedir que ele incremente a pastoral carcerária da Igreja Católica.
Meirelles na área/ Até o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está engajado no esforço de juntar votos para aprovar as reformas.
Na noite de terça-feira, estava na confraternização da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA).
A frase que ele mais repetiu aos deputados foi: “Precisamos arrecadar mais”. Por várias vezes,
ele não tirou os olhos do celular.
Esse fica/ O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (foto), é um dos que não precisarão deixar o cargo para ajudar na votação das reformas. É que seu suplente é o deputado Rodrigo Rocha Loures, olhos e ouvidos de Michel Temer no parlamento.
Ele não perde a fleuma/ O deputado Lúcio Vieira Lima estava bem tranquilo na sala de café da Câmara, quando, de repente, chega o deputado Geraldo Resende: “Quero ver se você é macho: vai lá tirar as faixas do PT contra a reforma trabalhista!” Lúcio olhou bem para o deputado, fez uma pausa e respondeu: “Há outras maneiras de lhe mostrar que sou macho!”. Risada geral.
Carlos Chagas/ E lá se foi mais um grande mestre do jornalismo. O corpo será velado hoje a partir das 9h, na capela 7, do Cemitério Campo da Esperança. O enterro está marcado para as 16h.
A oposição quer deflagrar na segunda-feira a missa de réquiem das reformas. O canto de entrada vem de viva-voz pelo deputado Sílvio Costa. “O governo vai jogar em prol da reforma trabalhista. Ocorre que a sociedade quer a pauta da ética e, o governo está acuado nesse campo. Um governo com nove ministros sob suspeita não tem legitimidade para entoar as reformas. Isso é coisa séria. Eles não podem ajudar nesse processo. Se o presidente Michel Temer, que só não está na roda por causa do cargo, quer as reformas, precisa antecipar o afastamento dos ministros para que eles se expliquem”, diz o deputado, ensaiando o discurso para o início da primeira semana de trabalho do Congresso pós-divulgação da lista de políticos que vão responder a inquéritos dentro da Lava-Jato.
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Em tempo: o governo, reservadamente, falará aos deputados o inverso. A ordem é dizer que, sem reformas, a Lava-Jato será tema único nos debates do Parlamento.
E Lula ganhou
um salvo-conduto
Aliados do ex-presidente Lula já têm, na ponta da língua, o refrão para levar às ruas e à porta da Justiça Federal em Curitiba, quando o petista for apresentar depoimento ao juiz Sérgio Moro, em 3 de maio: se for para prender Lula, tem que prender todo mundo.
Olha um banco aí, gente!
Em um dos depoimentos, Luiz Eduardo Rocha Soares, que cuidava do departamento de propina da Odebrecht até a eleição de 2012, é direto: “Não gostávamos de fazer muitos pagamentos lícitos porque chamava muito a atenção. Daria algo em torno de US$ 100 milhões de doação eleitoral da Odebrecht. Em 2010, fizemos R$ 70 milhões. É pouco. Bradesco, Camargo Corrêa, Andrade fizeram mais”, diz ele. O braço financeiro até agora está praticamente abaixo da linha d’água.
Alhos + bugalhos = Lei do Abuso
Conforme dito aqui nesta coluna na última quarta-feira, a lei do Abuso ganhou fôlego. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), por exemplo, tem dito a colegas de partido que começa a rever a posição em relação ao projeto sobre esse tema que tramita no Senado. Ela tem um pedido de abertura de inquérito por falsidade ideológica eleitoral, acusada de não declarar recursos recebidos na campanha.
Sexta nada Santa // Num café praticamente deserto, ontem no início da tarde, dois homens de bermudas chamavam a atenção. Um deles dizia em voz alta, falando ao telefone: “Temos que ir lá dar uma satisfação para o cara que ligou chorando, com medo de ser preso. Estudei o processo, não há esse risco. Vou até o fim sem delação”.
Por falar em delação… // Em um dos depoimentos de Luiz Eduardo Rocha Soares, do departamento de propina da Odebrecht, o procurador pergunta: “Não é arriscado demais cometer um ilícito só para não mostrar o nome?”. A resposta do executivo: “Na minha opinião, sim, mas a decisão não era minha”.
Justo para o PSDB!? // Nas planilhas da Odebrecht, o PSDB foi batizado de… Corinthians. Petistas do tipo que perdem o amigo, mas não a piada, brincavam ontem: “Pô! Quanta injustiça. Foram colocar logo o time de Lula para os tucanos???”
Fachin é inocente! // À exceção daqueles que atacam Sérgio Moro, a maioria dos enroscados na Lava-Jato se esmera em elogiar os ministros do Supremo Tribunal Federal: o senador Romero Jucá (foto), do PMDB-RR, por exemplo, saiu-se com esta ontem no programa Moreno no Rádio, da CBN: “Não tem lista do Fachin, tem lista do Janot”, e dá-lhe a elogiar o ministro, enquanto fechava com a frase: “São ficções premiadas para alguém ir para casa”.
O vídeo em que Marcelo Odebrecht diz que “no Brasil não existe eleito sem caixa dois” deixou 90% dos congressistas de cabelo em pé. É que faltam os termos de colaboração premiada das outras empreiteiras ainda não foram divulgados oficialmente. Há ainda operações da Polícia Federal que investigam outros setores, tais como a Carne Fraca, que, apesar dos pesares, começou a desvendar os negócios da JBS Friboi. Assim como a Lava-Jato mirou na lavagem de dinheiro e chegou a Marcelo Odebrecht, há quem diga que a trapalhada da carne embrulhada em papelão vai desaguar no caixa dois do setor de alimentos.
O calvário de Temer
O presidente Michel Temer aproveita esses dias de feriado para percorrer todas as estações do Congresso em São Paulo, de forma a preparar o terreno para a segunda-feira pós-Páscoa. A avaliação do Planalto é a de que neste feriadão, com tudo parado em Brasília, só vai dar Odebrecht.
A Páscoa de Temer
Para a segunda-feira, entretanto, o governo quer ter outros temas para disputar o espaço de noticiário. Vai apostar especialmente nas reformas, que agora estão na seguinte ordem: primeiro trabalhista, depois previdenciária. Por isso, o encontro neste domingo com ministros, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e outros.
Água mole em pedra dura…
O contrato PAC SMS da Petrobras com a Odebrecht, de US$ 825 milhões, esse que os delatores apontaram como origem do pagamento de propina a partidos, foi levado a seis reuniões de diretoria da petroleira em 2010, à época presidida por José Sergio Gabrielli. Só na sexta reunião é que os diretores decidiram pelo contrato, com o voto favorável inclusive de Graça Foster, então diretora de Gás.
Porta arrombada
Graça, na presidência da empresa, em 2013, cortou o valor pela metade e todos os envolvidos, inclusive a Odebrecht, negaram a existência de irregularidades. Há quem diga que foi para cortar os recursos do PMDB e não do PT. Mas aí muito dinheiro já havia sido distribuído. Se alguém tivesse tido a coragem de revelar tudo no início, a história de muita gente hoje seria diferente. Que, nesta sexta-feira santa, tempo de reflexão, esse caso sirva de lição para o futuro.
E o dinheiro sumiu!
Esse contrato do PAC SMS teve um adiantamento de US$ 80 milhões para “mobilização”. E ninguém sabe onde o dinheiro foi aplicado.
Delatores preferem as loiras/ Os apelidos que os delatores da Odebrecht deram à senadora Gleisi Hoffmann (foto), do PT-PR, — “amante” e “coxas” — é porque muitos da empresa tinham verdadeira adoração pela ex-ministra da Casa Civil de Dilma. Alguns deles diziam, em conversas reservadas, nos áureos tempos: “Ah, se ela me desse bola…”
Virou moda/ Depois dos vídeos dos delatores, agora chegou a vez dos vídeos dos políticos. Estão todos se apresentando nas redes sociais para se explicar, inclusive o presidente Michel Temer.
Barroso em NY…/ O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso vai abrir a primeira conferência de estudantes brasileiros na Faculdade de Direito da Universidade de Columbia — a Columbia Law School Brazilian Association. A 2017 CLS Brazil Forum: Challenges and Perspectives vai discutir a conjuntura atual sob a perspectiva jurídica.
… para acalmar os aflitos/ O encontro vai discutir medidas anticorrupção, compliance, ambiente de resolução de disputas, fusões, reestruturações.
O país assiste já meio anestesiado aos desdobramentos da Lava-Jato. Porém, nessa “missa de réquiem” da classe política, de uma forma geral, há alguns aspectos que os citados vão reclamar assim que forem chamados a falar a respeito. Por exemplo, a validade das provas. Há quem esteja convicto de que o acordo de colaboração premiada da Odebrecht, cuja lista de 108 políticos sob investigação começa a surgir, foi feito mediante o compromisso dos 78 colaboradores de não questionem a validade das provas.
Os políticos, entretanto, não têm essa obrigação e se preparam para, logo na largada, pedir que se anule tudo o que tiver sido obtido por debaixo dos panos. E há quem diga inclusive que, se a Odebrecht foi obrigada a concordar em não questionar as provas, logo, há algo a esconder por parte dos investigadores. Essa novela vai começar em breve.
Se não votar a reforma…
Presidentes de partidos da base aliada do governo têm chamado seus parlamentares com a seguinte conversa: se quiser acesso ao fundo partidário, é melhor votar a reforma previdenciária.
… adeus tudo!
No tête-à-tête entram também os cargos que cada um mantém na administração pública. E ainda a tese de que, se não houver uma reforma capaz de recuperar a economia, não haverá discurso para a eleição da própria base.
E o Renan, hein?
Enquanto a lista de Edson Fachin circulava, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), estava em Alagoas, em reuniões com prefeitos e o governador Renan Filho. A preocupação dele é com as bases eleitorais. Afinal, Renan não tem saída: ou ele é candidato ao Senado ou estará fora de qualquer disputa eleitoral. É que, com o filho candidato à reeleição, o senador está legalmente impedido de concorrer a outro cargo que não o que ocupa atualmente.
Resta um
Com a inclusão do ex-prefeito do Rio Janeiro Eduardo Paes na lista de investigados, o partido volta os olhos para o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, como um provável candidato a governador pelo partido. Se nada acontecer com ele até 2018, é o nome.
Corujão
O listão do ministro Edson Fachin mudou a rotina dos deputados com voos marcados para horários nobres. Não foram poucos que, antes de deixar o plenário ontem à tarde, pediam às secretárias por telefone: “Me põe no último voo ou no primeiro da madrugada”. Tudo, menos ter que enfrentar o eleitor no aeroporto.
CURTIDAS
Ação & reação/ O Senado nem piscou diante da lista do ministro Edson Fachin. Continuou em sessão como se nada tivesse acontecido. Na Câmara, o plenário esvaziou na hora. Ninguém quer ser obrigado a ficar dando explicação. Foram todos comer chocolate, que é considerado antidepressivo.
Ora…/ Voo 6232, da Avianca, do Santos Dumont para Brasília, 11h10. Passada meia hora da decolagem, o comandante pergunta se havia algum médico a bordo. Nada. O jeito foi voltar ao Rio para socorrer uma jovem com falta de ar.
…Pois!/ Diante do retorno, os passageiros quiseram saber se o avião não tinha um kit de primeiros socorros. Sim, tinha. Porém, os comissários só podem abri-lo na presença de um médico.
Imagine o resto…/ Até o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS), da base fiel ao presidente Michel Temer, tem dito em conversas reservadas que está com dificuldades em votar a reforma da Previdência.