Categoria: coluna Brasília-DF
Aliados do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, tentaram fazer correr um manifesto de apoio entre os deputados que estariam dispostos a fazer campanha para o ex-capitão em seus estados. A ideia era apresentar algo desse tipo na convenção do partido para mostrar que ele tinha apoio. Não conseguiram juntar sequer um terço dos 110 que ele diz ter. Alguns pediram que isso ficasse para um segundo turno, caso o candidato esteja na final.
Em tempo: é bom os candidatos a presidente não esperarem muito pela ajuda dos deputados. Agora, estão todos voltados ao pragmatismo de cuidar da própria eleição. Depois, no segundo turno, só quem estiver com o governo estadual a perigo é que vai se mexer para fazer campanha.
Redução à frente
Se tem um espaço onde a bancada feminina passará aperto é no Senado. Das 13 senadoras que exercem o cargo, cinco têm mais quatro anos de mandato. Das oito restantes, duas não tentarão a reeleição: Gleisi Hoffmann, do PT, e Lídice de Mata, do PSB, que saiu da chapa do governador Rui Costa (PT).
DEM marca data…
Antes da convenção que selará o apoio a Geraldo Alckmin, o DEM reunirá a Comissão Executiva Nacional nesta quarta-feira, para o que a direção partidária está chamando de “nivelamento de informação”. A ordem é obter logo o aval das bancadas da Câmara e do Senado para evitar surpresas mais adiante.
…e lança empreendimento “na planta”
A mesma reunião deverá ainda sacramentar a saída de Rodrigo Maia da corrida presidencial. Afinal, ele entrou na disputa com uma festa no auditório Nereu Ramos, da Câmara, e não dá para sair à francesa. Alguns mais animados dizem que será a hora de aproveitar para dizer que Maia é o candidato do partido a presidente da Câmara no ano
que vem. Nesse caso, só tem um probleminha: Combinar com o eleitor do Rio de Janeiro, em outubro, e com os demais parlamentares em fevereiro do ano que vem.
Campanhas descoladas
A demora em organizar os palanques nacionais fará com que praticamente todos os partidos cheguem à campanha com seus apoiadores misturados nos estados, e não há mais tempo para buscar alianças simétricas e verticalizadas. Na Paraíba, por exemplo, o DEM estará com o PSB, do atual governador Ricardo Coutinho, que torcia por um apoio dos socialistas ao PT.
Toffoli, o discreto/ Estes dias de Dias Toffoli no comando do Supremo Tribunal Federal serão muito diferentes do plantão de Rogério Favreto no TRF-4. Conforme antecipou a coluna há mais de um mês, a tendência é ele não se expor com decisões polêmicas na interinidade.
Sai Gleisi, entra Dilma/ O PT não está achando muito ruim as dificuldades eleitorais das senadoras. É que o partido considera favas contadas a eleição de Dilma Rousseff em Minas Gerais.
Democracia cristã/ José Maria Eymael (foto), que era PDC e agora é DC, está de volta. No fim de semana, em Manaus, ele lançou a pré-candidatura a presidente ao lado de três políticos que já têm presidenciáveis. Eduardo Braga (MDB), Alfredo Nascimento (PR) e o governador Amazonino Mendes (PDT).
Nem tô/ Ali, Braga cuidará da própria campanha à reeleição, sem dar a menor atenção a Henrique Meirelles. Alfredo Nascimento, do PR, fará o mesmo em relação a Geraldo Alckmin.
O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, chegará ao grid de largada com a maior aliança eleitoral da temporada. Mas isso não é sinal de que terá todos os deputados e senadores dos partidos aliados dedicados à sua campanha. No Nordeste, quem entende do andar da carruagem avisa que, se o ex-presidente Lula conseguir o registro no Tribunal Superior Eleitoral ou, ao menos, uma liminar que assegure seu nome na disputa, parlamentares do PP e do PR por lá vão virar Lula na mesma hora.
É o “modo MDB”, que nas duas vezes em que teve candidato a presidente — Ulysses Guimarães, em 1989, e Orestes Quércia, em 1994 — largou no meio da campanha sem a menor cerimônia.
A limonada de Ciro 1
Com a inclinação dos partidos de centro para Geraldo Alckmin, Ciro Gomes foi aconselhado a radicalizar hoje no discurso de lançamento oficial da candidatura na convenção do PDT. A ordem é bater no sentido de tentar jogar Geraldo Alckmin no rol daqueles que compactuam com malfeitos. E que ele, Ciro, não levará o apoio do grupo, porque não queria entrar no toma lá dá cá.
A limonada de Ciro 2
Os conselheiros dizem ainda que é preciso lembrar Eduardo Campos, o candidato do PSB que morreu em plena campanha de 2014, e ressaltar as qualidades dos socialistas pelo país afora. É o que resta ao PDT para ampliar suas chances.
Manda quem pode…
… obedece quem tem juízo. Deputados, senadores e, até mesmo candidatos a governador pelo MDB acenam com a aprovação da candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República por uma razão muito simples: É o desejo do presidente do partido, Romero Jucá. “Para quê atender Renan Calheiros se quem vai resolver a nossa vida é Jucá?”, ponderam em conversas reservadas. Jucá é quem vai distribuir o dinheiro para financiar as campanhas.
Amigo oculto
Nas idas e vindas do bloco de centro, quem trabalhou, e muito, nos bastidores para levar o grupo em direção a Geraldo Alckmin foi o senador Aécio Neves. Ele não dá mais as cartas no partido, está mais dedicado à própria defesa, mas sempre ajuda quando pode, em especial, no DEM, que o apoiou em 2014.
E Maricá ficou lindo 1/ Candidato do DEM ao governo do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (foto) se prepara para apresentar o deputado Marcelo Delaroli (PR-RJ) como candidato a vice na sua chapa. E Delaroli faz política em… Maricá!!! Na conversa de Paes com Lula em 2016, captada pelos grampos da PF, Paes compara Atibaia a Maricá e chama a cidade fluminense de “uma m… de lugar”. Chegou a pedir desculpas à população local depois da divulgação
do áudio.
E Maricá ficou lindo 2/ Delaroli é dentista, foi criado em Maricá. É inclusive a aposta do PR para prefeito da cidade daqui a dois anos. E não é por acaso, o município é campeão em arrecadação de recursos dos campos de petróleo. Só de royalties, em 2017, foram mais de R$ 600 milhões.
Aliás…/ Foi no Rio de Janeiro que o acordo entre o PR e Bolsonaro ruiu. E quem leva a melhor é Eduardo Paes, do DEM, que ainda arrumou um vice de Maricá para compensar a agressão à cidade.
Em cada estado, uma história/ Integrantes do PR que acompanham à distância o que acontece no DF e entendem como funciona o dia a dia da política garantem que a desistência de Jofran Frejat em concorrer ao governo e a divisão dos partidos que tentam construir uma terceira via ajudará o governador Rodrigo Rollemberg.
No mesmo dia em que ganhou o apoio do PTB, partido enroscado no escândalo do Ministério do Trabalho, o pré-candidato do PSDB a presidente da República, Geraldo Alckmin, se reuniu com os delegados da Polícia Federal para ouvir propostas. Ao contrário do que se diz dos tucanos, não ficou no muro. Respondeu a todas as perguntas, fez altos elogios à Lava-Jato e à forma como os policiais se comportam. Chamou a PF de “polícia republicana”. A leitura que deixou para os policiais é a de que não jogará para estancar investigações. Para a classe política, entretanto, o recado está dado: Alckmin quer apoios, mas marcará diferenças entre os enrolados no escândalo.
De quebra, o tucano tenta ainda empatar o jogo com Jair Bolsonaro, do PSL, que se dizia até aqui o maior defensor das investigações. Se todos prometerem apoiar a Lava-Jato e passarem a confiança que Geraldo Alckmin transmitiu aos policiais, o tema terminará fora da campanha.
E por aí
No mercado financeiro, os analistas são unânimes em afirmar que um segundo turno entre Ciro Gomes, do PDT, e Fernando Haddad, do PT, será dólar a R$ 6. E não é lá na frente. É se e quando as pesquisas indicarem um cenário como esse. É que ambos são considerados anti-reformistas e o que investidor não suporta é perder dinheiro.
Volta, Malta!
Valdemar Costa Neto já disse que o PR não fechará com Bolsonaro e vai jogar junto com o bloco dos partidos de centro — se é que esses partidos ficarão juntos mais à frente. Mas Jair Bolsonaro pretende insistir em colocar o senador no seu palanque. Tanto é que adiou a escolha do vice para 5 de agosto.
“A neutralidade é uma posição inaceitável. A conjuntura exige posição e compromisso com o país”
Do presidente do PSB, Carlos Siqueira,
que aproveita para dizer que não trabalha com a possibilidade da candidatura da senadora Lídice da Mata à Presidência da República.
Deu ruim
A reunião do economista Claudio Adílson Gonzales, um dos pais do Plano Cruzado, hoje ligado ao DEM, com Mauro Benevides, da equipe de Ciro Gomes, foi considerada internamente um balde de água fria na perspectiva de aliança entre DEM e PDT. E mais um indício de que o bloco de centro vai se esfacelar logo ali na frente.
Liquida Temer/ Alguns deputados ficaram eufóricos ontem ao receber a informação de que, apesar de a lei eleitoral proibir liberações de recursos voluntários, há como fazer isso dentro do Fundo Nacional de Saúde. Sinal de que a romaria de políticos no setor vai continuar a mil por hora em pleno período eleitoral.
Foi só uma paradinha/ Flávio Rocha, do PRB, desistiu de ser candidato a presidente e voou para a Europa. Paulo Octávio abriu mão da candidatura ao governo do Distrito Federal e ao Senado e também foi espairecer fora do Brasil. Jofran Frejat anunciou que havia desistido de concorrer ao governo do Distrito Federal e…ficou por aqui. Sinal de que ainda quer jogar.
Não contem com ela/ O PSL, de Jair Bolsonaro, fechou o apoio à candidatura de Luiz Carlos Heinze (PP-RS) ao governo do Rio Grande do Sul. Indicou, inclusive, um vereador para vice na chapa. Lá a maior estrela do PP é a senadora Ana Amélia Lemos (foto), mais próxima de Geraldo Alckmin do que do bonde bolsonariano.
Ops!/ O deputado cearense Danilo Forte terminou a janela partidária no PSDB e não no DEM, conforme publicado pela coluna. Portanto, nada mais natural do que abrir um comitê pró-Alckmin no Ceará.
O pé no freio do PR em relação ao apoio formal à candidatura presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) foi comemorado tanto pelo PT quanto pelos partidos de centro. É que, se outros partidos fizerem o mesmo movimento, o candidato do PSL não terá tempo de tevê em volume suficiente para fazer crescer a sua campanha quando começar a corrida eleitoral de fato. Para completar, a saída do PR da aliança de Bolsonaro será um sinal de que os caciques do partido não confiam que o ex-capitão estará no segundo turno.
Até aqui, os partidos estão avaliando dois campos: num, mais à esquerda, estão Ciro Gomes, do PDT, e o PT com ou sem Lula. No outro, Geraldo Alckmin, do PSDB, e Bolsonaro (eles conversaram, mas não levam mais em conta Álvaro Dias, do Podemos, e tampouco pensam em fechar com Marina Silva, da Rede, que segue fazendo sua campanha longe dos partidos de centro e de potenciais aliados do PT). O PR tende a seguir com o PT, dando adeus ao bloco de centro. O PP, DEM e Solidariedade continuam disputados entre Ciro e Geraldo Alckmin, com uma ligeira vantagem para Alckmin por causa do discurso pró-reformas.
Eles têm a força
As direções partidárias têm os recursos para financiamento de campanha, mas não terão pulso para mandar nas escolhas de quem os deputados federais vão apoiar para presidente da República. Como as quotas de cada parlamentar para financiar a própria campanha foram definidas antecipadamente, estão todos senhores de si. A turma agora corre é para cobrar os recursos prometidos e que se dane a campanha presidencial.
Tá neste nível
Os partidos oficialmente podem até ter candidatos, mas algumas estrelas estão cuidando da vida sem esperar a formatação nacional. Renan Calheiros vai de PT, Guilherme Mussa, do PP, apoiará Alckmin; o cearense Danilo Forte, do DEM, também vai de Alckmin. Cada um na sua.
Vai ter nome!
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, tem dito que seu partido terá sim, candidato a presidente da República. E, pelo tom da conversa dele com amigos, não será Geraldo Alckmin. “Não temos vocação para ser tucano e ficar em cima do muro”, diz.
Lídice na roda
Carlos Siqueira passou, inclusive, a trabalhar com a pré-candidatura de Lídice da Mata a presidente da República. Só tem um probleminha: a ideia, até aqui, não colou nos outros estados. A conta que alguns fazem é que Pernambuco, ao se juntar à Paraíba, Amapá, Acre, Rio Grande do Norte e outros estados nordestinos, faz o que quiser dentro da reunião do diretório do PSB, marcada para 30 de julho. A convenção ficou mesmo para 5 de agosto, depois que o PT pernambucano definir o que fará da pré-candidatura de Marília Arraes ao governo estadual.
Sutil…/ O governador de São Paulo, Márcio França, aproveitou a entrevista ao Roda Viva na última segunda-feira para um “chamego” com os tucanos. Além de defender o apoio a Geraldo Alckmin, citou José Gregori, ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, como inspirador de programas de segurança no tempo em que o socialista era prefeito de São Vicente.
… como um elefante/ Nos idos dos anos 90, o MDB ao menos esperava as convenções partidárias para declarar apoios a outros candidatos. Pois agora nem precisa mais disso. Renan Calheiros (foto) visita Lula, faz jura de amor ao PT e fica por isso mesmo.
Por falar em Lula…/ Os pré-candidatos a senador, caso de Sílvio Costa, do PTdoB, aproveitam as imagens coletadas nas caravanas do petista antes da prisão para jogar nas redes sociais que têm o apoio do ex-presidente. Lula, ainda que não esteja na campanha, estará presente todos os dias.
Breu na política/ O que mais incomoda os partidos sem candidatos a presidente da República é ter que decidir um caminho no escuro. Ninguém tem segurança nas escolhas, muito diferente das eleições anteriores. Se escolher errado, depois para mudar de rumo fica mais difícil.
Começa a dar resultado a blitz montada pelo governo, PT e até o PSDB para evitar que Ciro Gomes (PDT) tenha uma forte aliança. O PT pede neutralidade ao PSB de Pernambuco, enquanto o PSDB de Geraldo Alckmin faz o mesmo com Márcio França, em São Paulo. No outro segmento procurado por Ciro, o dos partidos de centro, crescem as conversas para que Rodrigo Pacheco, do DEM, saia candidato ao Senado na chapa de Antonio Anastasia (PSDB), em Minas Gerais. Há ainda quem aposte que não está descartado um acordo entre Álvaro Dias, pré-candidato do Podemos, e Alckmin. Tudo para unir forças para tirar votos de Jair Bolsonaro (PSL).
Em tempo: até em seu maior reduto eleitoral, Ciro terá problemas com esses partidos que ensaiaram uma aliança com ele e agora refluem. O deputado Danilo Forte (DEM), por exemplo, anuncia que, assim que começar a campanha, abrirá um comitê pró-Alckmin. “Quem tem consistência e coerência é Alckmin”, diz.
Efeito Crivella
Depois que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, passou por um pedido de impeachment acusado de favorecimento a integrantes de sua igreja, os líderes da bancada pediram cuidado redobrado com a mistura de campanha e cultos. Ninguém quer correr o risco de ficar exposto a perder o mandato.
Fé em Deus
Os deputados, entretanto, confiam que a Justiça dos homens não será tão forte quanto promete. É que os tribunais eleitorais não têm estrutura para fiscalizar todos os cultos do país. Portanto, ou a população fiscaliza por conta própria ou a campanha vai rolar solta em muitas igrejas por aí.
A vingança da loira
Luizianne Lins convocou uma plenária do PT para discutir os candidatos do partido e a organização da campanha de Lula. A movimentação dela se dá em represália ao movimento de Ciro Gomes que, na semana passada, ameaçou largar a campanha do governador Camilo Santana.
A hora da verdade
De olho numa parceria com o PT, o senador Renan Calheiros lançou um vídeo #mdblivre, nos moldes do #Lulalivre, com apelos para que o partido desista da candidatura de Henrique Meirelles a presidente da República. Na outra ponta, Romero Jucá (foto) pede que os emedebistas aprovem Meirelles, a fim de não deixar o partido “sujeito a seguir outras ideologias populistas que nos fizeram tanto mal”. É a guerra da hora dentro do partido. E ninguém tem o papel de árbitro.
O silêncio do PTB
O partido tratou a invasão do Ministério do Trabalho como um caso de furto. Nem nota soltou. Quem vai dizer se os petebistas têm razão é a Polícia Federal. Até aqui, nada está descartado.
Tá explicado/ A marcha #Lulalivre que saiu de vários municípios pernambucanos rumo ao Recife deixou parte da organização preocupada. É que, se lá o PT não conseguir mobilizar milhares de pessoas, vai ser difícil conseguir alguma coisa potente em outros estados.
Borboletas e lobisomens I/ Esse é o título do livro que o jornalista e professor Hugo Studart lança hoje, 18h30, no restaurante Carpe Diem da 104 Sul. A obra é resultado de uma alentada pesquisa sobre a guerrilha do Araguaia. A alentada pesquisa de Hugo levou a novas descobertas sobre o tema. Por exemplo, uma testemunha jura que Maria Petit, uma jovem militante, teria sido enterrada viva e o caso foi abafado. “Ele disse também que a jovem fora ferida com um tiro, mas ainda estava viva quando fora enterrada. Ele chorava muito. Guardei na memória ele me falando da imagem de ‘um braço fora da terra se mexendo’”.
Borboletas e lobisomens II/ Hugo também traz algumas curiosidades, por exemplo, a vida sexual na guerrilha. Aponta ainda quem seriam sete guerrilheiros que mudaram de lado durante o conflito. A história da guerrilha do Araguaia, a cada década parece ganhar novos contornos.
A volta de Moema/ A ex-deputada Moema São Thiago (PSDB) vai concorrer a um mandato à Câmara dos Deputados. Vem com a experiência de ser a única mulher constituinte cearense no páreo, justamente no ano em que a Constituição de 1988 completa 30 anos.
A avalanche de medidas aprovadas pelo Parlamento, que resultou no aumento das despesas governamentais nesses últimos dias antes do recesso, deixou ao governo a certeza de que o Planalto perdeu totalmente o comando do processo legislativo. Em especial na Câmara, onde quem manda hoje é o triunvirato DEM, PP e PR, ao qual se agrega, vez por outra, ao Solidariedade. O MDB tem parte nessa turma, mas se torna uma massa a cada dia mais amorfa, enquanto o grupo capitaneado pelo DEM/PP e cia. ora se alia à oposição mais orgânica (PT-PCdoB-PSol-PDT), ora ao governo. PSDB e PPS, considerados os partidos mais “pé no chão”, estão cada vez mais sozinhos.
Em tempo: Os partidos que comandam a cena são os mesmos que rezavam pela cartilha de Eduardo Cunha, atualmente na cadeia. Não é à toa que o presidente do DEM, ACM Neto, quer se afastar um pouco desses companheiros.
Vai ajudar os outros
A absolvição do senador Delcídio do Amaral no caso de obstrução de Justiça vai reforçar o discurso de muitos que estão com a corda no pescoço e a cabeça a prêmio no Legislativo. A partir de agosto, vai prevalecer o lema: enquanto os tribunais não derem um veredicto, não dá para cassar ou afastar qualquer senador do mandato.
Assunto popular
A análise da abertura de um pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella no Rio reacendeu o pisca-alerta do mundo político. Há quem tenha o receio de que, diante das dificuldades econômicas que o país atravessa, o próximo presidente, seja quem for, acabe colecionando alguns pedidos nessa área logo na largada, caso queira promover gastos sem cobertura orçamentária.
Nem piscou
O mercado não se assustou muito com a derrubada do dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que proibia a concessão de reajustes salariais aos servidores em 2019. Conforme antecipou a coluna ontem, o que vai segurar os aumentos é o teto de gastos.
Aí, vai dar ruim
Analistas já fizeram chegar às coordenações de campanha dos pré-candidatos à Presidência que o melhor a fazer é não mexer muito no teto e, sim, segurar as despesas. Se tirar o teto para investimentos ou outros gastos, o deficit projetado na casa dos R$ 130 bilhões, vai piorar a situação do país.
Tudo de novo I/ Depois do solta-prende do ex-presidente Lula no último domingo, tem grão-petista planejando ações em torno do direito do ex-presidente gravar um vídeo para a convenção do partido, entrevistas e mensagens para os petistas.
Tudo de novo II/ A primeira parada de um recurso para que Lula possa gravar entrevistas e vídeos deve ser o Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Aliás, foi para isso que os deputados pediram o habeas corpus. Há quem diga que , se tivessem feito apenas esse pedido, sem a liberdade, poderiam ter alcançado algum sucesso.
Longo recesso/ O governo está com receio de montar uma agenda mais alentada para o esforço concentrado de agosto. É que, depois da ampliação dos gastos, é melhor deixar tudo para depois da eleição.
Mandato derramado/ O PTC, novo partido de Delcídio do Amaral (foto) vai à Justiça tentar reverter a inelegibilidade do ex-senador e lançá-lo candidato. Delcídio, entretanto, ainda não decidiu se quer concorrer à Casa que não lhe deu o benefício da dúvida quando permitiu que ele ficasse preso.
A engenhoca que vai impedir o reajuste dos servidores públicos vai muito além da proibição incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019 e derrubada pelo Congresso. Ontem, no fim do dia, especialistas orientaram os deputados no sentido de que se a oposição conseguisse tirar a proibição de reajuste salarial aos servidores, a medida não teria qualquer efeito. No ano que vem, o tema será discutido diante da realidade do teto de gastos, fixado por emenda constitucional. Ou seja: Ou modifica o teto mais à frente, ou nada feito.
A aposta hoje é a de que os próximos parlamentares vão modificar o teto para liberar gastos com saúde, educação e, ainda, investimentos. Quanto aos reajustes, a ordem é que sejam decididos caso a caso.
O pós-Laurita
Conforme adiantou a coluna na terça-feira, os petistas foram avisados, por amigos no Judiciário, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli não deve, mesmo, aproveitar uma interinidade no recesso para soltar Lula. Para completar, depois de a presidente do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, recusar de uma só vez os 143 pedidos de liberdade do ex-presidente, as esperanças também foram soterradas. Está cada vez mais claro para o PT que Lula será escolhido candidato sem que esteja presente à convenção do partido.
ACM Neto reflui
A vontade do presidente do DEM, ACM Neto, de apoiar Ciro Gomes à Presidência da República está em viés de baixa. É que o partido fez as contas e descobriu que o PT não está liquidado, ainda que o candidato seja Fernando Haddad. E não haverá dois candidatos de esquerda (Ciro e Haddad) num segundo turno. Logo, o DEM tende a reforçar um nome de centro mais viável. Hoje, Geraldo Alckmin.
Rodrigo insiste
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda pretende direcionar seu partido para o PDT de Ciro Gomes. Afinal, seu pai, o ex-prefeito César Maia era brizolista de carteirinha e cresceu politicamente no PDT. E, se Ciro vencer, há quem faça uma conta favorável à recondução de Rodrigo Maia ao comando da Casa.
Gratidão eterna
Para completar a liga DEM-PDT no Rio, há quem lembre da dívida do presidente do PDT, Carlos Lupi, com Eduardo Paes. Quando prefeito, em 2012, Paes nomeou Lupi para um cargo de assessor em seu gabinete, logo depois que o pedetista virou ex-ministro do Trabalho, demitido por Dilma Rousseff, diante das suspeitas de irregularidades na pasta. O prefeito, entretanto, voltou atrás quando a nomeação foi notícia nos jornais.
A acolhida depois da demissão do governo federal nunca foi esquecida pelo pedetista.
Ah, é? Vai ver/ O PT mantém a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco e o governador Paulo Câmara, candidato à reeleição, conversa com Ciro Gomes para mostrar que não está dependente dos petistas. Da mesma forma, Geraldo Alckmin conversa com Índio da Costa (foto), do PSD, para mostrar ao DEM do Rio de Janeiro que pode fazer outro jogo. Essa dança só termina no fim do mês, uma vez que todos os partidos estão marcando
suas convenções para a primeira
semana de agosto.
Enquanto isso, no Congresso…/ O governo não vê a hora de o Congresso entrar em recesso. É que a base está fraca e há uma penca de projetos que ampliam despesas ou mudam o que o presidente Michel Temer havia planejado. Haja vista a votação do decreto legislativo que manteve os incentivos fiscais do setor de refrigerantes, que haviam sido suspensos para cobrir parte do acordo com os caminhoneiros.
Alckmin, o selfista/ Pré-candidato a presidente pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem aproveitado os voos de carreira para fazer aquela média com o eleitor. “São 30 selfies por voo”, diz ele com a maior cara de alegria.
Por falar em Alckmin…/ Inicialmente, seus aliados queriam que ele fizesse a convenção nacional do partido em São Paulo. Ele, entretanto, terminou convencido de que é melhor fazer em Brasília, a fim de tirar a imagem de paroquial.
Uma reunião da deputada Érika Kokay (PT-DF) com servidores definiu a ofensiva para tentar derrubar o dispositivo do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 que impede reajustes aos funcionários públicos no ano que vem. Se der certo, os governadores que não têm verba para reajustes perdem o discurso de que apenas seguem o que já estava previsto para a União. E, pelo menos, metade dos 27 governadores estão nessa situação, torcendo pela aprovação da LDO com o dispositivo que impede as correções salariais.
Afastou
Os petistas ficaram irados com o silêncio do pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, em relação ao pedido de liberdade de Lula no último domingo. Ciro apenas criticou o que chamou de “crise do Judiciário”. Deputados ligados ao ex-presidente repetiam na Câmara que não dá para apoiar o pedetista.
Aproximou
Na primeira sessão da Câmara que tratou desse tema, deputados do PCdoB se revezavam na tribuna em defesa da liberdade de Lula. Há quem diga que ainda tem jogo eleitoral entre comunistas e petistas.
Põe no bolo
Tucanos, como Betinho Gomes (PE), aproveitaram para criticar a tentativa de libertação de Lula e também os emedebistas enrolados na Lava-Jato. “O PT e o plantonista tentaram um golpe de esperteza. Aquele habeas corpus não poderia ser concedido. Imagina, Geddel Vieira Lima se dizer candidato a presidente da República como fez Lula? Não pode!”
Argumento prático
Com dificuldades de aprovar a candidatura de Henrique Meirelles na convenção de 4 de agosto, os emedebistas colocaram na roda a necessidade de deixar o número do MDB, o 15, exposto no horário eleitoral gratuito. É o mais forte para tentar derrubar quem defende o apoio ao 13, do PT.
Marta na área/ Pré-candidata à reeleição, a senadora Marta Suplicy abraça hoje uma causa pra lá de popular: o reajuste dos planos de saúde. Ela convidou representantes da Agência nacional de Saúde, dos aposentados e de outros setores para um debate: “Vamos saber se a ANS abusou nos aumentos”, diz Marta.
Por falar em Marta…/ Com a saída de Datena da disputa eleitoral, há quem aposte que
Marta ainda respira na campanha.
Jeitinho/ Se o governo não conseguir aprovar a LDO, os congressistas farão um recesso branco, ou seja, tem sessão de debates, com suspensão das
sessões deliberativas.
A volta de Ideli/ A ex-senadora e ex-ministra Ideli Salvatti (PT) chegou à Câmara e entrou na sala de café sem que um mar de deputados corresse atrás para cumprimentá-la, como ocorria nos tempos do governo Dilma ou Lula. Meio desencantada, Ideli (foto)
está na dúvida se concorre a um mandato eletivo. Se disputar, será ao Senado.
BRASÍLIA-DF
Denise Rothenburg
Efeito Favreto
É bom o braço da bancada petista que milita no Direito refazer o plano de aproveitar uma interinidade do ministro Dias Toffoli no comando do Supremo Tribunal Federal (STF) para tirar Lula da cadeia. Toffoli não pretende se expor a libertar o ex-presidente e ter a sua decisão cassada logo em seguida pela titular do cargo, ministra Cármen Lúcia. Isso ocorreu com o despacho do desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que, no último domingo, soltou Lula e deu no que deu. Para completar, uma pré-candidatura presidencial não pode ser argumento para liberação de condenados e o plenário do STF já se pronunciou sobre pedidos de habeas corpus do ex-presidente.
Em tempo: O fato de não dar muitas esperanças aos petistas na interinidade, não significa que será assim eternamente quando o ministro estiver no papel de titular, a partir de 12 de setembro. Embora, conforme antecipou a coluna no mês passado, não esteja nos planos de Toffoli colocar a prisão em segunda instância na pauta do STF durante o processo eleitoral, ainda tem muito jogo pela frente.
MDB vai de Meirelles
Diante das incertezas, melhor propagandear o próprio. O MDB se planeja para oficializar a candidatura de Henrique Meirelles em 4 de agosto. Pelo menos, esse é o plano do presidente da República, Michel Temer. A estratégia é aproveitar o horário político para tentar mostrar realizações do governo.
Nem tudo está perdido
O cenário do câmbio apontado no relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado é muito melhor do que algumas agências do ramo. O cálculo é o de que o dólar fechará o ano em R$ 3,45.
Punam todos I
Quem entende do campo jurídico compara a coleção de despachos do último domingo com o que não deve ser feito em Direito. Errou o plantonista do TRF-4, Rogério Favreto, que concedeu a liberdade num processo que já estava fora da alçada do seu Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Errou o juiz Sérgio Moro, que se meteu onde não devia.
Punam todos II
também para o desembargador Gebran Neto, o relator, que só teria jurisdição sobre o caso a partir das 8h da matina. O mesmo vale para o presidente Carlos Thompson Flores, uma vez que o plantonista exerce também a presidência do Tribunal Regional. Qualquer recurso deveria ter sido encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, aliás, é o que Ministério Público pediu ontem.
CURTIDAS
Aproveita o embalo I/ Depois de ter o prende-solta de Lula como o assunto mais comentado no twitter mundial, o PT não quer perder a mobilização dos militantes. Para isso, marcou um ato para 13 de julho, sexta-feira, e um show, 28 de julho, no Rio de Janeiro capitaneado por Chico Buarque e Martinho da Vila.
Aproveita o embalo II/ O PT tem marcada uma nova rodada de conversas com o PSB. Em princípio, será mais um cerca-lourenço, sem desfecho. Algo na linha de manter a pose, para manter as portas aberta, apesar do impasse em Pernambuco.
Climão no Tribunal II/ Menos de 24 horas depois do embate em torno do habeas Corpus para liberar Lula da prisão, o desembargador Rogério Favreto compareceu à posse do colega Osni Cardoso Filho, no TRF-4, cerimônia presidida por Carlos Thompson Flores. Eles se encararam com olhares do tipo “Bonito, hein?” E foi cada um para o seu lado.
Hartung prefere Ferraço/ Conforme o leitor da coluna já sabia, Paulo Hartung não será candidato a mais um mandato de governador do Espírito Santo. Ele vai insistir na candidatura do senador Ricardo Ferraço, do PSDB. O tucano não quer entrar em bola dividida. O outro nome é do apresentador de tevê, Amaro Neto, uma espécie de Datena capixaba. Aí quem não quer entrar é o MDB.
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Sds
Denise Rothenburg
(61) 9987-1610
Os parlamentares descobriram, nos últimos dias, um motivo a mais para votar logo os projetos de suplementação orçamentária para o Fundo Nacional de Saúde. É que, encerrado o prazo de liberações voluntárias de recursos, no sábado, o governo achou uma brecha para continuar empenhando verbas: o repasse fundo a fundo, ou seja, sem precisar fazer convênios com prefeitos ao longo do período. Só na Saúde, serão R$ 730 milhões. Os recursos saíram de todas as áreas onde o governo não poderia empenhar para direcionar à saúde. Moral da história: ao longo da eleição, o governo continuará empenhando (separando) recursos para atender aos municípios no final do ano.
Eles têm a força (o dinheiro)
Presidentes dos partidos estão deitando e rolando. Em alguns casos, está no seguinte pé: ou faz aliança com quem eles querem, ou não tem dinheiro. Se continuar assim, a primeira missão do Congresso em 2019 será redefinir os financiamentos das campanhas. É grande o número daqueles que acreditam ter comprado gato por lebre quando da aprovação do fundo eleitoral. A ordem é retirar o poder dos comandantes partidários.
Cenários preocupantes
Já tem gente com medo da seguinte situação: o partido paga metade dos recursos prometidos e o candidato, então, vai à Justiça cobrar o resto. Nesse caso, uma liminar judicial, por exemplo, suspendendo os repasses do fundo eleitoral até que o assunto seja resolvido, arrisca comprometer toda a campanha.
Dória sob risco
Quem acompanha a candidatura de João Dória ao governo de São Paulo considera que ele tem que fazer tudo para tentar liquidar o pleito no primeiro turno. Sabe que, se houver dois turnos, a tendência de união dos adversários contra ele é grande.
Largados
O MDB de Minas Gerais está com um problemão para conseguir fazer alianças com os pré-candidatos a governador. O partido considera que o clima está pesado para seguir com o governador Fernando Pimentel.Também não tem aliança com o PSDB de Antonio Anastasia e tampouco quer apoiar Rodrigo Pacheco, o deputado que abandonou a legenda para ser candidato pelo DEM. Os deputados do partido estão pra lá de desanimados.
Custo & benefício
O presidente Michel Temer enfrentou inicialmente alguma dificuldade em encontrar um ministro do Trabalho. O primeiro convidado recusou. É que as incertezas sobre o que ocorreu na pasta e o fato de faltarem menos de seis meses para terminar o governo afastam os bons. Não são muitos os que podem se dar o luxo de largar a carreira para, em cinco meses, tentar consertar o que está errado por ali. Por isso, Eliseu Padilha foi nomeado interinamente.
O dilema do DEM/ O DEM tem feito o seguinte raciocínio: se o partido quiser preservar a biografia, seguirá com Geraldo Alckmin (PSDB). Se quiser ficar “pendurado”, segue com Ciro Gomes, que não tem o discurso reformista defendido pelo partido. A aposta é a de que, assim que o PT apresentar um candidato, o petista esvaziará Ciro Gomes.
Gilmar na cobrança I/ Na palestra que proferiu em Londres, o ministro Gilmar Mendes (foto) aproveitou para, nas entrelinhas, puxar as orelhas do Congresso. Ao citar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, ele foi direto: “Temos 30 anos da Constituição, quatro presidentes eleitos, só dois terminaram o mandato. Há uma certa parlamentarização do presidencialismo. Estamos usando, talvez, o impeachment com outro viés”.
Gilmar na cobrança II/ O ministro fala da necessidade de normatizar o impeachment: “O curioso é que até agora não temos uma nova Lei do Impeachment. A atual é dos anos 50, adaptada a uma outra Constituição. Se o STF não interviesse fazendo uma lei do impeachment, talvez tivéssemos mais impasses naquele processo”.
Rubem Braga na telona/ O cineasta e jornalista Jorge Oliveira começa em outubro as filmagens de O voo da Borboleta Amarela — Rubem Braga, o cronista do Brasil. Depois do premiadíssimo Olhar de Nise, Jorge promete brindar os brasileiros com mais um registro histórico e literário. Três locações já estão definidas: em Cachoeira do Itapemirim, onde o escritor nasceu; no Rio de Janeiro e, ainda, em Braga, no Norte de Portugal, cidade de origem da família.