Roteiro pronto

Publicado em coluna Brasília-DF

O período de pré-campanha do PT de abril a 15 de agosto está desenhado: é montar abaixo-assinados, atos e palanques com todos os partidos de esquerda (que quiserem, obviamente), todos com a candidatura e hastag Lula Livre. O PT, entretanto, sabe que o pedido de registro será negado. Então, colocará outro candidato (Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo). Por que, então, manter Lula?
Porque todos os petistas lucram.

» » »

Lula terá, daqui para frente, uma campanha permanente pelo alvará de soltura. E os petistas um mote claro para galvanizar os próprios votos para deputado federal, estadual, senador e governador. Falta, obviamente, combinar com o povo. Porém, dada a presença de oito governadores do Norte e do Nordeste em Curitiba ontem para visitar o ex-presidente, há um sinal claro de que Lula ainda tem poder de fogo para alavancar os seus.

Salve-se quem puder

Cristaliza nos partidos a ideia de que a prisão de Lula abriu a porteira. E quem tiver contas a acertar com a Justiça, é melhor colocar as barbas de molho e pensar duas vezes antes de sair candidato. Pode ser abatido em pleno horário eleitoral.

Pelo sim, pelo não

Nos bastidores da posse dos ministros, deputados lembravam que o presidente Michel Temer não pode prescindir de apoio no Congresso. E não é nem para votar projetos. É o receio da terceira denúncia. Foi por isso que o PP, hoje com 51 deputados e prestes a virar a segunda maior bancada da Câmara, ficou com Ministério da Saúde, Caixa Econômica Federal e Cidades — uma joint venture com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Uma certeza e uma incógnita

A metástase, consequência do câncer de próstata, e a trombose profunda na perna esquerda prometem levar o plenário do Supremo Tribunal Federal a seguir o ministro Dias Toffoli e conceder a prisão domiciliar a Paulo Maluf. Quanto à prisão em segunda instância, a aposta geral é a de que, dificilmente, o STF vai rever a jurisprudência neste momento, mesmo depois de confirmado o adiamento do tema para a semana que vem.

Nem amarrado!

Houve quem, dentro do PSB, tentasse sondar o neossocialista Joaquim Barbosa para uma visita a Lula. Nem piscou.

Rusgas governistas I/ O fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, marcar reunião de líderes ontem justamente na hora da posse dos 10 ministros fez crescer as desconfianças de que Maia quer mesmo distância do governo.

Rusgas governistas II/ Quem acompanha esse climão entre Michel Temer e Rodrigo Maia lembra ao deputado que a oposição ao governo já está ocupada. Como diz a música, “Meu amigo/se ajeite comigo/e dê graças a Deus”.

Monoelétrico/ Na terra dos trios, o deputado baiano Lúcio Vieira Lima (foto) sairá praticamente sozinho na balada eleitoral. É que, até agora, nenhum partido se apresentou para aliança com o MDB baiano.

Onde mora o perigo/ Os candidatos a presidente que se preparem. Provocadores, como o de ontem, que brigou com Ciro Gomes e o que xingou Manuela D´Ávila, vão aparecer o tempo todo. Será preciso nervos de aço para aguentá-los.

O medo venceu

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao transferir sua sede para Curitiba, o PT dá uma demonstração do que seus maiores líderes afirmam em conversas reservadas: Lula passará um bom tempo na cela da Polícia Federal, na capital paranaense. Quem, dentro do partido, conhece do processo legal considera que na quarta-feira o Supremo Tribunal Federal dificilmente derrubará a prisão em segunda instância. Afinal, a própria ministra Rosa Weber, que pretende votar a favor da prisão apenas depois de um processo transitado em julgado, já deu a entender na semana passada que é cedo para mexer na jurisprudência. Logo, não é de todo certo que o STF reveja a possibilidade de prisão em segunda instância amanhã. Nesse caso, restará ao PT manter a vigília. Dentro do partido, ontem, havia quem dissesse que o medo de uma longa temporada em Curitiba venceu a esperança de liberdade.

Ou se unem ou…

…se perdem. Embora ainda estejamos a 180 dias da eleição, os partidos de centro não têm dúvidas de que ou unem suas forças num único candidato, ou não conseguirão um passe para um segundo turno. Só tem um probleminha: nesses 30 dias, estão todos se achando a solução para os problemas nacionais.

Exemplo

O “fico”de ACM Neto no cargo de prefeito de Salvador tirou gás da pré-campanha do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao Planalto. Há quem diga, em conversas reservadas que se nem Neto, que é hoje presidente nacional do partido, se animou a montar um palanque para o presidenciável do DEM, não serão os outros que vão incensar o nome do deputado.

Pegou mal

A ausência de Ciro Gomes no ato ecumênico em São Bernardo foi motivo para que os petistas cearenses pregassem o afastamento geral do PDT. Nem o fato de que Ciro estava fora do país serviu para amenizar as críticas por ele não participar do último ato de Lula antes da prisão. Agora, se depender desses petistas, Ciro está excluído do rol de potenciais apoios do PT.

Onde mora o perigo I

Analistas do mercado financeiro avisam: enquanto as pesquisas eleitorais indicarem Lula e Jair Bolsonaro, o dólar continuará instável, sujeito a subidas como a de ontem, quando a moeda americana chegou a quase R$ 3,42.

Onde mora o perigo II

Analistas econômicos consideravam há uma semana que a presença do secretário executivo Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia era a segurança de que a Eletrobras seria privatizada. Pedrosa saiu. Porém, o Planalto, ao contrário do que esperavam os analistas, não devolveu o Ministério para o MDB do Senado. No entorno de Michel Temer, todos consideram que a presença do ministro Moreira Franco será suficiente para garantir a privatização. E era o único nome que não seria contestado pelos senadores do partido. À exceção, é claro, de Renan Calheiros, que continua crítico do governo.

Sem apostas / Os ministros dos STF evitam a todo custo uma palavra sobre a sessão da próxima quarta-feira. De forma reservadas, comentam apenas que “está mais fácil interpretar Hegel em alemão do que Rosa Weber em português”.

Pense num isolamento / Imagine uma pessoa acostumada a estar sempre cercada de gente, sem conseguir atender a todos os convites, telefonemas, pedidos de audiência etc.; de repente, se ver sozinho, numa cela, sem aquele séquito. É isso o que mais preocupa hoje os aliados de Lula.

Não é o único / Ficar nessa situação não é privilégio de Lula. Estão nessa batida Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e outros. Também não é exclusividade do PT. Aliás, os três citados aí são do MDB.

Aliás… / Depois de Lula preso, a ordem agora no PT é centrar fogo nos amigos do presidente Michel Temer, em especial, José Yunes (foto) e o coronel Lima, réus no processo conhecido como “quadrilhão do PMDB”, que envolve inclusive os personagens que já estão presos. Esse período eleitoral de 2018, realmente, promete.

A nova Vila Euclides

Publicado em coluna Brasília-DF

A simbologia da concentração do PT no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo durante toda a sexta-feira foi proposital, num esforço para recriar o clima das assembleias da Vila Euclides, famosas em abril de 1980, quando Lula foi preso pela polícia do regime militar junto com outros dirigentes sindicais do ABC. Enquanto os metalúrgicos se concentravam, Lula ganhava tempo para negociar, da mesma forma que faz agora com a Justiça.

Só tem um probleminha: desta vez, quem leva Lula para a cadeia não é o Dops do regime militar, nem tampouco o motivo da prisão está relacionado a uma greve por melhores condições de trabalho e salários. Porém, o PT não vê alternativa, a não ser tentar recriar o ambiente de abril de 1980, para ver se repete o resultado de ver seu maior líder fora da cadeia. Há 38 anos, aquela greve seguida da prisão projetou Lula politicamente. Agora, só resta ao PT que todo esse movimento deflagrado desde que foi decretada a prisão gere o mesmo resultado. Falta combinar com o país, que hoje é outro.

A culpa é do Lula
Tucanos comentavam, em conversas reservadas ontem, que a prisão de Paulo Vieira, o Paulo Preto, foi reflexo da ordem envolvendo o ex-presidente Lula. A sensação no meio político é a de que, a partir de agora, quem tiver contas a acertar com o Poder Judiciário pode se preparar.

A rapidez de Moro
Advogados ligados ao ex-presidente Lula disseram ter certeza de que o juiz Sérgio Moro já estava com o pedido de prisão pronto, aguardando apenas o sinal verde das instâncias superiores. A diferença entre a hora em que a prisão foi autorizada e o despacho de Moro é de menos de meia hora.

O melhor dos dois mundos
O discurso de Henrique Meirelles ao deixar o cargo foi uma paulada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e elogios ao de Lula, do qual ele fazia parte. Fora da Lava-Jato e como parte da equipe de Lula e de Temer, Meirelles espera acoplar a fase de prosperidade do governo petista com a retomada da economia do atual do governo.

Políticos poderosos
É assim que os parlamentares se referem ao Partido Progressista. Se já pressionava o governo na casa dos 40 deputados, agora com 52 terá muito mais poder de fogo num ano em que o presidente Temer não pode perder a mão no Congresso para não correr riscos caso venha uma nova denúncia.

CURTIDAS

Primeiro, a missa/ Antes de resolver suas idas e vindas com a Justiça, o ex-presidente Lula vai participar da missa no Sindicato dos Metalúrgicos em homenagem aos 68 anos de D. Marisa.

Falem bem, falem mal…/ … Mas falem do PT. No Partido dos Trabalhadores, houve quem dissesse que justamente no dia em que o juiz Sérgio Moro mandou recolher Lula, Henrique Meirelles e Geraldo Alckmin deixaram os cargos para se candidatar a presidente da República. Terminaram na sombra, porque só se falava do caso Lula.

( Nelson Almeida/AFP – 25/8/17)

Não precisava exagerar/ Geraldo Alckmin já saiu ampliando as rusgas com os aliados do ex-prefeito João Doria (foto). Os “doristas” não gostaram de ver o governador deixar o cargo com tantos elogios a Márcio França, que assume o Palácio dos Bandeirantes cheio de gás para concorrer ao governo estadual contra Doria.

Prestígio/ Ao passar ontem na migração do aeroporto de Brasília, uma senhora agradeceu ao policial federal pelo trabalho da instituição. “Vocês, da Polícia Federal, são orgulho para o Brasil. Obrigada pelo seu trabalho. Vai fundo!”

Apenas o começo

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao negar o habeas corpus de Lula, o Supremo Tribunal Federal fez soar o alarme em todos os investigados da Lava-Jato. É que, pelo menos, até setembro, quando Cármen Lúcia deixará a Presidência do STF, os enroscados na operação da PF que porventura tiverem seus HCs avaliados no plenário terão o mesmo destino do ex-presidente Lula. Na fila, estão Antonio Palocci e, em breve, virá José Dirceu, prestes a ser julgado em mais um processo no TRF-4.

Em tempo: A contar pelo que falta julgar nas instâncias inferiores, em especial no TRF-4, serão, pelo menos, mais quatro anos de Lava-Jato na veia. E muita gente na cadeia. A não ser, obviamente, que o próximo presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, resolva colocar as Ações Diretas de Constitucionalidade em pauta e a maioria dos ministros entenda que não se deve permitir a prisão em segunda instância.

O que eles pensam I
No VI Forum Jurídico de Lisboa, o advogado e professor da Universidade de São Paulo e do Rio Grande do Sul Humberto Ávila arrancou aplausos da plateia quando se referiu ao Supremo, e à necessidade de cumprimento das regras. “O que está acontecendo no STF: o julgador não gosta da regra? Azar da regra! E sabe-se lá com que critério. Se não reabilitarmos as regras para limitar a participação do intérprete e para controlar o Poder, vamos eliminar o caráter normativo do direito”.

O que eles pensam II
Ele fez a declaração durante o workshop sobre “ponderação como meio de adjudicação de conflitos constitucionais”. Terminada a fala, a coluna foi conversar com o professor, que tratou de explicar: “O melhor tribunal do Brasil é o STF. Fiz uma generalização, mas me referia a temas tributários. Sobre o HC (do Lula), você não vai me arrancar uma palavra”.

Menos um
O mais infiel do MDB desembarcou do partido. O deputado federal Vitor Valim (CE), que desobedeceu à orientação da bancada na Câmara em mais de 30% das votações, foi para o PROS. Retaliado por votar a favor do prosseguimento das denúncias contra o presidente Michel Temer, ele não esconde o descontentamento com a legenda, que chegou a afastá-lo por 60 dias. “Ter um presidente como Romero Jucá fica difícil, viu”, disse

Mais um
Com a saída de Valim, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, lançará o filho, Rodrigo Oliveira, candidato a deputado federal. Assim, tentará ficar com os votos que eram do deputado emedebista. Aliás, o MDB jogará tudo na eleição de deputados federais. Hoje, tem 54. No início dessa legislatura, eram 65.

Santinha!/ É bom a ministra Rosa Weber manter distância da ex-presidente Dilma Rousseff (foto). Embora entenda, Dilma ontem não se referia à ministra como “uma boa amiga”….

Por falar em Rosa Weber…/ Advogados e juristas das mais variadas tendências demoraram a entender onde a ministra chegaria em seu voto. Numa sala de café em Lisboa, houve quem comentasse que o voto dela “serve para juros de mora em precatório, ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, extradição, conflito federativo, mandado de injunção, revisão criminal, ação rescisória e por aí vai”.

Chegada/ Autoridades brasileiras estão preocupadas com a segurança do ministro Gilmar Mendes. A ideia ontem era reforçar os cuidados quando ele desembarcasse em Portugal.

Simples assim/ Professor da Universidade de Frankfurt, o jurista Ricardo Campos contou à seleta plateia do mundo do direito no VI Forum Jurídico de Lisboa que o catedrático Rudolf Wiethölter, do alto dos seus 90 anos, não consegue entender por que Lula tem que ir para a cadeia se a Constituição brasileira estabelece o princípio da presunção de inocência. Nem o brilhante professor Campos consegue: “Ah, professor Wiethölter, aí o senhor me pegou…”

Colaborou Rodolfo Costa

Aumento real? Esquece

Publicado em coluna Brasília-DF

Se depender da posição do Ministério da Fazenda, os servidores da União podem perder as esperanças de qualquer aumento salarial acima da inflação. E nem adianta espernear. “O país não tem condições de dar aumento real para o funcionalismo nem em 2018 e nem em 2019”, avisa o secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loterias, Mansueto Almeida, que abriu ontem o VI Fórum Jurídico de Lisboa, representando o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se filiou ao MDB numa festa sem aliados.

Mansueto explicou à coluna que, em plena crise, o funcionalismo obteve quatro anos de aumento real. “Agora, não faz sentido”, diz ele. Na palestra de abertura, ele não poupou o governo da presidente Dilma e nem tampouco o DF, de Agnelo Queiroz: referiu-se à construção de um estádio que custou mais de
R$ 1 bilhão. “A crise foi decorrente das escolhas erradas que fizemos enquanto sociedade.” É, pois é.

Nem tanto à terra…
Em conversas reservadas, alguns ministros do Supremo defendem que a Corte faça uma modulação da prisão em segunda instância: ou seja, não acabe totalmente com a possibilidade, mas esclareça a necessidade de ampla fundamentação para embasar o início do cumprimento da pena antes de o processo passar pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na hora H
O PT se preparou para o pior hoje:
se Lula for derrotado
no Supremo, Fernando Haddad (foto) será guindado à condição de candidato acompanhando o ex-presidente
ao cárcere.

Apostas
Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) faziam suas apostas ontem num jantar em Lisboa: 6 a 5 contra a concessão do habeas corpus ao ex-presidente Lula.

A esperança…
…é a última que morre. Pelo menos, para o ex-governador Marcelo Miranda, cassado há alguns dias pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF) e será despachado ainda esta semana por Gilmar Mendes, em Lisboa, onde estarão amanhã o ministro e os advogados de defesa.

E o MDB, hein?
A depender da largada no MDB, Henrique Meirelles não vai muito longe. Os partidos aliados simplesmente evitaram a filiação do ministro. Pessoalmente, nada contra Meirelles. Ninguém está muito disposto a posar para fotos ao lado da cúpula de partido que perdeu uma penca de deputados nos últimos dias.

Curtidas

Datas/ O professor catedrático Carlos Branco aproveitou a abertura do seminário para brincar com o ministro Gilmar Mendes: “Todos os anos sempre tem algo palpitante acontecendo no Brasil no nosso fórum jurídico! Poderíamos mudar a data, mas, pensando bem, dá público!”

Mulheres na Diplomacia I / Tradicionalmente marcada pelo público masculino, a carreira diplomática ampliou a participação de mulheres. De acordo com os dados da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), a nova turma que acaba de ser aprovada pelo Instituto Rio Branco é composta por 11 mulheres, em um total de
30 alunos.

Mulheres na diplomacia II/ O dado ultrapassa a média de participação feminina dos últimos dois anos, quando 70% das turmas eram formadas por homens. Para a associação, a entrada de mais mulheres na carreira é muito importante. As diplomatas almejam mais representatividade nas promoções e o exercício de mais cargos de chefia. “A aprovação para a carreira diplomática é extremamente difícil e passa por um dos concursos públicos mais criteriosos e longos do Executivo. Ter mais mulheres dedicadas à representação do país no exterior é algo do qual devemos nos orgulhar”, avalia a embaixadora Vitoria Cleaver, presidente da ADB Sindical.

O gás na campanha

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente Michel Temer fecha hoje o valor do reajuste do Bolsa Família. Já está decidido que o programa não mudará de nome e que o novo valor será definido acima da inflação, de forma a compensar o aumento do gás de cozinha. Também está definido que os beneficiários que prestarem uma contrapartida em serviços comunitários terão ainda um plus no valor do programa. Paralelamente à decisão, o governo pretende deixar claro que nesse período atual, em que a inflação de alimentos caiu, os beneficiários estão comprando mais comida.

A proposta de compensar o aumento do gás de cozinha dentro do reajuste do Bolsa Família será ainda uma resposta do governo ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, em entrevista ao Correio Braziliense, criticou o valor do botijão. É o governo tentando, aos poucos, dinamitar as farpas dos aliados e dos adversários. Falta, entretanto, combinar com os eleitores.

O Bolsa Família, aliás, veio para ficar. Nenhum dos candidatos fala contra o benefício. Ontem, por exemplo, em almoço na Frente Parlamentar da Agropecuária, o empresário Flávio Rocha, pré-candidato pelo PRB, foi direto, ao defender o programa “com porta de saída”.

Meirelles na roda
O ingresso de Henrique Meirelles no MDB deixa o presidente Michel Temer com um curinga em mãos para jogar com todos os presidenciáveis dos partidos de centro. Essa carta, entretanto, só terá valor se a economia apresentar os melhores resultados. Até aqui, a melhora não valorizou o passe do governo, nem do presidente nem do quase ex-ministro.

Foi ele
Quem convenceu Michel Temer a sair da toca e se lançar pré-candidato à reeleição foi o ex-presidente José Sarney. Em 1989, na primeira eleição direta pós-ditadura militar, Sarney terminou atacado por todos os lados na campanha presidencial sem ter um candidato que defendesse o legado democrático de seu governo.

Minas vai rachar
O MDB de Minas Gerais não vai unido para a campanha estadual. Um grupo apoiará Antonio Anastasia e outro, encabeçado por Adalclever Lopes, ficará com o governador Fernando Pimentel, porque indicou o próprio Adalclever para a vice.

Curtidas

A escalada da violência/ Não é só ministro do STF Edson Fachin que reclama da falta de segurança. Os petistas estão em alerta máximo desde os episódios no Sul do país, inclusive com tiros que atingiram um ônibus da caravana. Os senadores aliados ao PT levaram o tema ontem para a tribuna da Casa e não vão parar.
[FOTO1]
Leve e solto/ Enquanto o ministro Edson Fachin fala sobre o recebimento de ameaças e só sai para caminhar com seguranças à sua volta, o ministro Ricardo Lewandowski (foto) anda na maior tranquilidade e ainda troca um dedo de prosa com os porteiros do prédio, sem o menor sinal de seguranças.

Plano A/ O ministro das Cidades, Alexandre Baldy, deu um passo atrás no quesito deixar o governo. No PP, há quem diga que o ministro vai se guardar para concorrer à prefeitura de Goiânia daqui a dois anos.

Veja só/ Mal terminou o jogo Brasil 1 X 0 Alemanha, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) saiu com esta: “Agora, está 7 a 2!”. Eis que o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) responde: “Nesse ritmo, daqui a cinco anos, a gente empata!”

Aos aliados, tudo

Publicado em coluna Brasília-DF

A decisão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de deixar o cargo para entrar na corrida eleitoral de 2018, ainda que seja como futuro candidato a vice, fez com que ele ganhasse o direito de indicar o sucessor na Fazenda. Conforme adiantou o blog do Vicente, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, é nome certo para o BNDES, de forma a contentar Romero Jucá. Entretanto, a guerra na área econômica e financeira do governo não terminou. O PP insiste em indicar o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), mesmo se conseguir deslocar Gilberto Occhi, atual presidente da CEF, para o Ministério da Saúde. Temer, depois de atender Meirelles e o MDB, não terá como dizer não ao PP, uma bancada em ascensão numérica e votos preciosos ao governo.

Em tempo: Amigos de Meirelles terão de buscar outro coordenador jurídico. Eles apostavam no diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central, Issac Ferreira, para cuidar da pré-campanha do quase ex-ministro. Issac deixa o cargo, mas, conforme informação da Assessoria do BC, não vai se integrar ao staff jurídico da campanha, nem quer se envolver no pleito. Os amigos de Meirelles, porém, não desistiram de uma ajudinha de Issac, ainda que informal.

Ajuda aí, pô!
A rejeição dos embargos pelo TRF-4 já era esperada por todos os aliados de Lula, que centram o foco no Supremo Tribunal Federal. Confiantes de que terão o voto da ministra Rosa Weber favorável ao habeas corpus do ex-presidente Lula para não ser preso, advogados dele tentam convencer os emedebistas a conversar com Alexandre Moraes sobre o caso. Vão na linha do “todos podem ser Lula amanhã”. Os palacianos avisam: não vai rolar.

A esperança de Lula
Se ganhar o HC na próxima semana, Lula acredita que sua campanha estará salva até setembro. Ainda que o TSE negue o registro de sua candidtura, petistas lembram que não são poucos os candidatos condenados em segunda instância que concorreram com base em medida cautelar. Essa é a aposta do PT para só trocar de candidato em setembro, faltando 20 dias pra o pleito.

104 dias de confusão
Os políticos que deixam os cargos em 7 de abril terão que esperar 104 dias até o início das convenções partidárias, que vão de 20 de julho a 5 de agosto. Esse é o prazo para afunilar as candidaturas de centro em torno daquele que apresentar maior viabilidade. E, para não perder terreno, todos os partidos colocaram seus blocos na rua.

E tome problema
Onde a pré-campanha promete ferver é em São Paulo. Com o prefeito paulistano, João Dória, sem cargo e Márcio França no governo do estado, candidato à reeleição, a briga será feia. E Geraldo Alckmin que toque a sua campanha presidencial com um barulho desses.

WO/ Quem não pode reclamar da vida é o governador de Alagoas, Renan Filho. Desde que Rui Palmeira desistiu de concorrer ao governo estadual, ele está com uma fila de aliados de todas as matizes políticas.

Chegou primeiro/ O ministro dos Transportes, Maurício Quintela, por exemplo, será o candidato ao Senado, em dobradinha com Renan Calheiros (MDB-AL) e na chapa com
Renan Filho.
Tudo junto e misturado/ O acordo dos Calheiros (foto) com Quintela, que é do PR, leva o presidente Michel Temer (ou quem for o candidato à Presidência da República apoiado pelo governo federal) direto para o palanque de Renan Filho. O governador hoje está com Lula e tem o apoio do PDT de Ciro Gomes. Logo, cada partido vai cuidar do seu candidato a presidente e todos cuidarão de Renanzinho.

Por falar em campanha presidencial…/ Os políticos olham para as pesquisas e comentam reservadamente que está igual a início de campeonato da terceira divisão. Empolgação zero.

As quatro missões do candidato Michel

Publicado em coluna Brasília-DF

A estratégia de Michel Temer ao dizer neste momento que “será covardia não ser candidato” tem quatro objetivos. Tentar segurar deputados no MDB, não se transformar num pato manco, ou seja, um presidente em fim de mandato que ninguém leva a sério e todos desprezam. Em terceiro lugar, vem sob encomenda para segurar aliados.

» » »

A última missão, entretanto, é vista por alguns atentos observadores dos processos da Lava-Jato como um discurso extra para reforçar a defesa. A partir de agora, se houver qualquer denúncia contra o presidente, o MDB estará preparado para dizer que só foi feita porque Temer é pré-candidato a mais um mandato no Planalto.

Disney em Xique-Xique

Quem observa os primeiros lances da pré-candidatura do presidente Michel Temer à reeleição avisa que é bom ele não se empolgar tanto com os cenários que encontra. Ontem, por exemplo, tudo foi preparado cuidadosamente para que não passasse qualquer constrangimento no interior da Bahia. O público foi cuidadosamente selecionado. Na urna, não vai dar para fazer seleção do povo.

Embrulhada suprema

Advogados e juristas consideram que o Supremo Tribunal Federal está numa enrascada. Primeiro porque, se a ministra Rosa Weber seguir a “colegialidade”, como tem feito, ela votará contra a concessão do habeas corpus ao presidente Lula. Depois, quando estiverem em pauta as ações diretas de constitucionalidade sobre a tese da prisão em segunda instância, o país poderá acabar com essa possibilidade. Ou seja, Lula e outros ilustres não estão livre de um prende-solta em abril.

“O Supremo ajuda a transformar o Lula num espantalho no jardim da esquerda. Não deixa ninguém se aproximar”

Paulo Delgado (PT-MG), ex-deputado, refletindo sobre as chances dos demais candidatos com viés de esquerda

Local estratégico

O lançamento da candidatura de Álvaro Dias em Belo Horizonte não foi à toa. Minas Gerais é o único estado do triângulo dos votos que não tem um candidato à Presidência da República para chamar de seu. São Paulo tem Geraldo Alckmin e o Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia.

Conta outra/ A ministra Cármen Lúcia (foto) dizer que a análise do habeas corpus na quinta-feira levaria à exaustão deixou até a classe política que adora uma folga perplexa. Afinal, parar a votação de um HC por causa de cansaço ou da semana santa não foi um gesto supremo.

Por falar em Supremo…/ Os políticos, em conversas reservadas, citaram Dr. Ulysses, que, nos tempos das votações polêmicas e importantes do Congresso Constituinte, não se levantava da cadeira. A não ser, é claro, quando precisava fechar algum acordo.

A Cruz de Lula/ Amigos do ex-presidente estranharam a cruz de madeira que ele exibiu ontem nas missões, no Rio Grande do Sul. Há quem se lembre de Lula brincando com a cruz de madeira que o ex-procurador-geral Claudio Fonteles usava sobre o peito.

Por falar em amigos… / Empresários do agronegócio cruzaram com um amigo de Lula no aeroporto e mandaram um recado. “Fala pro Lula que ele está atrasado: a riqueza rural não é fruto da exploração. Hoje, é fruto da tecnologia! E mal sabe ele que hoje existe disputa para trabalhar num haras.” O amigo registrou o recado.

No rastro do salvo-conduto

Publicado em coluna Brasília-DF

Dois movimentos começaram a ser formar assim que o Supremo Tribunal Federal concedeu um salvo-conduto para que o ex-presidente Lula não seja preso na semana que vem, quando o Tribunal Regional Federal da 4ª Região termina o julgamento dos embargos apresentados pela defesa do ex-presidente. O primeiro vem do próprio PT, no sentido de colocar seus militantes na rua a fim de pressionar a Suprema Corte a conceder o habeas corpus depois da semana santa.

O outro movimento vem dos advogados, ávidos por obter para seus clientes o mesmo direito concedido a Lula. O STF, dizem alguns, abriu a porta da esperança para todos que estão presos ou na iminência de enfrentar a cadeia. Que o diga o ex-ministro Antonio Palocci, preso há um ano e cinco meses. Até hoje, seu pedido de habeas corpus não foi julgado. Não por acaso, dizia ele a outros detentos na carceragem da PF em Curitiba, Lula “furou a fila”. Agora, o STF está exposto e terá que organizar a vida dos demais.

A ordem dos fatores eleitorais
O próximo grande ato rumo à eleição presidencial de 2018 será o julgamento do habeas corpus de Lula, em 4 de abril. Se ele conseguir o HC, continuará percorrendo o país com sua campanha. Se for preso, a grande aposta da esquerda será Ciro Gomes, do PDT, que terá mais espaço para angariar apoios na esquerda antes da campanha propriamente dita.

Pelo jeitão…
A ministra Rosa Weber continuará como o centro das atenções até votar no HC de Lula. As apostas ainda são de que ela votará contra a concessão do HC, porque o entendimento tirado pela maioria do Supremo na última votação sobre a prisão em segunda instância validou essa possibilidade.

Casimiro nos Transportes
O atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), Valter Casimiro, assumirá o Ministério dos Transportes a partir de 7 de abril, quando o ministro Maurício Quintela sai para disputar eleição em Alagoas.

“O MDB tem que estar dentro do debate de 2018. Fizemos muita coisa em pouco tempo para nos omitirmos do debate eleitoral. Se o candidato será Michel (Temer) ou outra pessoa, a decisão será do Michel”
Do presidente do MDB, senador Romero Jucá

Autoridades na área I/ A internação do senador Edison Lobão (MDB-MA), 81 anos, no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, tem causado alvoroço. Palavra de ordem é privacidade. Há cinco dias hospitalizado, por causa de fratura do fêmur esquerdo, o político já recebeu visitas de correligionários ilustres, como a do ex-presidente presidente José Sarney (foto) e do presidente do Senado, Eunício Oliveira.

Autoridades na área II/ Para restringir o acesso a Lobão, ele foi transferido de um quarto no 3º andar do hospital para uma suíte máster no 5º andar — com direito a artigos de luxo e mimos. A segurança no local foi reforçada e até a entrada de funcionários é controlada. O quadro clínico dele é estável e a recuperação é considerada pelos médicos “um sucesso”.

Jucá é tetra/ O senador Romero Jucá está no “aquecimento” para assumir a relatoria do Orçamento de 2019. Significa que o próximo presidente, seja quem for, terá que conversar com o senador, que tem o apelido de relator-geral da República.

Lula e Marielle/ A mobilização registrada na porta do Supremo Tribunal Federal foi menor do que esperavam tanto os petistas quanto os movimentos que defendem a prisão do ex-presidente. O debate foi grande nas redes sociais. Presença física mesmo, nos últimos tempos, só em protesto pela morte da vereadora Marielle. O discurso do fim da violência ganha de todos os demais temas.

Litígio Supremo e sem fim

Publicado em coluna Brasília-DF

A decisão de hoje no Supremo Tribunal Federal, seja a favor seja contra a prisão do presidente Lula na segunda instância, não vai arrefecer o clima de guerra na Suprema Corte. O fato de a presidente Cármen Lúcia obrigar os ministros a se posicionarem sobre Lula, sem levar as ações que questionam a tese da prisão em segunda instância sem “fulanizar” só acirrou mais os ânimos. Quem não tira os olhos do STF e conhece os meandros da Suprema Corte aposta que Lula corre o risco de perder o habeas corpus por um placar de 6 a 5, de forma a manter a pressão para que os ministros avaliem a tese da prisão em segunda instância nas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) relatadas pelo ministro Marco Aurélio Mello. Cármen Lúcia já avisou que não vai ceder.
Em tempo: a corda está tão esticada que ninguém apostava ontem em pedido de vistas em relação ao habeas corpus. E o resultado, seja qual for, vai se refletir nas ruas, porque, assim como o PT mobiliza em favor de Lula, o movimento Vem pra Rua e outros jogam no time da prisão do ex-presidente. É a conflagração do impeachment da presidente Dilma Rousseff de volta em outro enredo.

» » »

Uma coisa e outra coisa: vale lembrar que a decisão de hoje nada tem a ver com a candidatura. Esse assunto será tratado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 15 de agosto. Ou seja, a novela ainda tem muitos capítulos.

Chapa M-M

O presidente Michel Temer e o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, tiveram “aquela conversa” olho no olho, em que o ministro disse que é Michel e não abre. Fará o que o presidente quiser. Foi a senha para que Temer passasse a auscultar muitos sobre as perspectivas de fazer do ministro seu vice. Moral da história: se Temer já pensa em vice, é sinal que a decisão de ser candidato está tomada, ainda que ele, no momento, diga apenas que não é “improvável”.

Melhor não

Meirelles na vice é considerado arriscado demais. Como ministro, representa a segurança de que a política econômica não muda. Como vice, nem tanto. Além disso, deixa a vaga na chapa aberta a quem agregue mais votos.

Depois de Alberto Fraga e a desembargadora…

Calado na execução de Marielle, Jair Bolsonaro age para segurar votos. Afinal, se abrir a boca, dizem os aliados dele, periga provocar uma onda contrária que nem o seu comando tático das redes sociais conseguiria conter.

Discretíssimo/ O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, nunca foi tão reservado quanto nestes tempos. Não quer brigas nem polêmicas e evita entrevistas. Preservado, será a voz da serenidade a partir de setembro, quando assume o comando da Suprema Corte.

E o DEM caminha/ Em 2014, o DEM teve dois palanques para governos estaduais, um na Bahia e outro no Acre. Agora, tem pelo menos 10 pré-candidatos a governador.
Acalma aí/ Diante da formação dos blocos partidários, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (foto), decidiu não esperar o fim do troca-troca de partido para colocar as comissões da Câmara em funcionamento. Assim, tirou um ingrediente do leilão para filiações que impera hoje na Casa.

E o Jungmann, hein?/ Chegou ao WhatsApp dos amigos do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, uma carta em que ele deixa o PPS indignado com as mudanças de comando na legenda.

Lobby do bem/ O ex-ministro Milton Seligman autografa hoje o livro Lobby desvendado — democracia, políticas públicas e corrupção no Brasil contemporâneo. A partir das 19h, na Leitura, do Pátio Brasil.