O presidente Jair Bolsonaro chega à primeira semana pós-tensão do Sete de Setembro com mais ganhos do que perdas, conforme contam seus mais fiéis escudeiros. Primeiramente, os candidatos de centro que se reuniram no último fim de semana mostraram uma capacidade de mobilização compatível com os números que detêm nas pesquisas, ou seja, muito baixa a preços de hoje. Em segundo, o fato de o PT não encorpar o ato de 12 de setembro, onde, aliás, Lula foi atacado, terminará por afastar essa turma de centro de uma possível candidatura petista num segundo turno, se mantida a polarização.
Para completar a alegria dos governistas, o impeachment perdeu fôlego. O PT não quer tirar Bolsonaro, porque acredita que o vencerá fácil num mano a mano em 2022. O agronegócio e outros segmentos que têm voz ativa no Parlamento também não querem o afastamento do presidente. O país pode se preparar para a volta dos antigos problemas.
A contar pelas declarações de Michel Temer ao CB.Poder abrindo a semana, o MDB também está fora desse barco do impeachment. A ordem nesses partidos, aliás, é parar com as tensões para mostrar temas considerados urgentes, gasolina cara, preço do gás nas alturas, energia elétrica e por aí vai. A primeira será hoje, com o plenário transformado em comissões gerais para ouvir a Petrobras.
Arthur na área…
A contar pela investida do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamando o presidente da Petrobras, Silva e Luna, para cobrar o salgado preço dos combustíveis, o governo não terá tanta paz quanto parece. O detalhe é que, em vez de processo de impeachment, Lira vai entrar na cobrança dos temas que mais interessam à população.
…sem passar recibo
O chamamento a Silva e Luna vem sob encomenda para que, sem brigar diretamente com o Planalto, fique claro que os aliados de Bolsonaro no Congresso não estão confortáveis com a situação a que foram submetidos na semana passada. Muitos não gostaram de ver o presidente Bolsonaro prestigiar Michel Temer na hora de refluir do “modo tensão” para o “paz e amor”, deixando Lira, que pediu pacificação, meio de lado.
Indefinição impera e auxilia
Ao tirar de pauta a decisão de foro sobre processo das rachadinhas contra o senador Flávio Bolsonaro, o presidente da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nunes Marques, ajuda o senador a ganhar tempo. Tem muita gente dizendo que, enquanto Jair Bolsonaro for presidente, Flávio não será julgado.
“Missão cumprida”/ Assim, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem se referido à CPI da Pandemia, quando os amigos lhe perguntam se os perigos para o governo por ali terminaram. A tentativa de negociata com a compra da Covaxin, assegura o ministro, não tem como vincular Jair Bolsonaro à corrupção.
Alessandro que se prepare/ Um dos alvos dos governistas a partir de agora será o senador Alessandro Vieira, apresentado na semana passada como o candidato a Presidência da República pelo Cidadania.
Renan na escuta/ O grupo Prerrogativas já foi acionado pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, para apresentar sugestões ao relatório de Renan Calheiros na CPI da Pandemia. A ideia é apresentar ideias para evitar que tudo o que for apurado pela CPI termine nos escaninhos, sem consequências legais.
Temer é pop/ Em seu Instagram, o ex-presidente tem feito um pouco de tudo, desde declarações sobre a necessidade de diálogo com todas as forças políticas até sugestões de séries. No final de semana, sacou Billy Holiday.