Autor: Denise Rothenburg
Os partidos que planejam construir federações para as eleições de outubro têm feito a seguinte proposta para os potenciais federados: realizar esse tipo de casamento agora e, em 2023, extinguir essa possibilidade com uma nova lei. Assim, a união prevista para durar quatro estará desfeita. O casuísmo proposto, porém, não é tão seguro assim. Afinal, ninguém garante que, mais à frente, os grandes partidos dominem o cenário político e desistam dessa empreitada, sufocando aqueles que se aliaram a eles, confiando no fim da federação. Ou, num outro cenário, os tribunais mantenham a obrigatoriedade de segurar a federação, pelo menos, até a próxima rodada de eleições municipais, daqui a dois anos.
Esse raciocínio levou o comando nacional do PSB, que fechou 2021 empolgadíssimo com uma federação com o PT, a refazer suas contas e calcular que, politicamente, não será tão interessante fechar esse “casamento”. Isso porque em vários estados o PT não vai abrir mão de lançar candidato. E, como o PT é maior, a probabilidade é que nas eleições municipais os socialistas sejam engolidos pelos petistas, sem chance de fazer valer a sua vontade nas capitais.E, para completar, o prazo para decidir sobre a federação é curto, antes da janela para troca de partido. Diante de tantas ponderações e com a obrigatoriedade de que partidos federados só lancem um candidato a governador em cada estado agora, e apenas um candidato a prefeito em cada município daqui a dois anos, a tendência é o PSB desistir da federação com o PT. Em São Paulo, por exemplo, Márcio França, ex-governador que se viu às voltas com busca e apreensão esta semana, já não está tão empolgado com esse casamento.
Bia vai para o PL
A presidente da Comissão e Constituição e Justiça, deputada Bia Kicis (PSL-DF), jantou com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e praticamente acertou sua ida para a partido, ao qual já está filiado o presidente Jair Bolsonaro. A ideia dos liberais é fazer de Bia a puxadora de votos da legenda para a Câmara dos Deputados. A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, tem como “plano A” ser candidata ao Senado.
Por falar em Flávia Arruda…
Ela sai de férias por 10 dias, a partir de amanhã. Porém é bom os adversários da ministra não se animarem tanto: seus aliados garantem que não é uma despedida antecipada do cargo. No Planalto, o entorno do presidente Jair Bolsonaro avisa que Flávia sai apenas no final de março, no prazo de desincompatibilização.
Furnas em estado de greve
A mexida que a direção de Furnas fez no plano de saúde dos seus funcionários colocou os servidores em pé de guerra. O sindicato já repassou orientação a seus filiados para não tomarem medida de desistência do plano e já estuda ações judiciais para reverter as alterações.
Vai judicializar geral
Em meio ao aumento dos casos de covid e ao aparecimento de flurona, Furnas ampliou a parcela que cabe ao servidor pagar em consultas, internações e outros serviços. Há outras categorias do serviço público que já estão de olho no movimento dos sindicalistas por lá, a fim de preparar ações judiciais, caso a moda de alterar os planos de saúde de
servidores se espalhe.
E agora, Celina?/ A deputada Celina Leão (PP-DF) planejava unir forças com Bia Kicis (PSL-DF) para que tentassem conquistar, ao menos, uma vaga ao Parlamento. Agora, com Bia prestes a fechar com o PL e não PP, Celina terá de buscar uma federação com outra legenda para tentar garantir a vaga.
Foi coincidência, mas…/ Aliados de Jair Bolsonaro vão usar o ano, 2022, para pedir votos para o candidato a presidente, uma vez que o número do candidato será 22. E a briga nos estados pelo 2222 será grande entre os deputados do PL candidatos à reeleição.
Por falar em vacinas… / Desde meados de 2021, muitos médicos avisam que o mundo viverá pelo menos mais dois anos nessa gangorra da pandemia. Só nos resta aproveitar este Dia de Reis em orações para que esse pesadelo passe logo.
O ano mal começou e aliados do governo tentam forçar a porta para que, em abril, quando os ministros candidatos a algum mandato eletivo deixam seus cargos, Jair Bolsonaro aproveite para trocar, também, o comandante da Economia, Paulo Guedes. Assim, no bolo de ministros, a saída, avaliam alguns, não traria desgaste. O presidente, até aqui, não se convenceu.
A avaliação dos aliados, porém, é a de que Guedes não tem mais apoio do mercado, onde os grandes fundos e bancos não acreditam mais nas promessas do ministro de crescimento e dias melhores. No empresariado, também não está aquela maravilha. Por isso, muita gente defende que é preciso alguém que renove as esperanças para ajudar a dar mais gás eleitoral ao presidente. Bolsonaro, entretanto, avisou que só vai tratar das substituições em março, ou seja, quer ter um pouco mais de sossego e tempo para organizar o jogo até depois do carnaval.
A la dona Marisa
A primeira-dama Michelle Bolsonaro deu um basta nas visitas de políticos ao presidente durante as férias para que ele pudesse descansar. Só “liberou” os ministros. Muitos que transitaram pelo governo Lula e agora frequentam a corte bolsonarista comparam as atitudes de Michelle àquelas da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que, nos finais de semana, feriados e férias do então presidente fazia o máximo para reservar os momentos à família.
Quanto à dieta…
Se tem algo que Michelle não consegue é regular a alimentação do marido. Ele gosta mesmo é de fritura (pastel, coxinha) e… cachorro-quente. Bolsonaro, porém, sabe que precisava dar uma “regulada” depois da facada. E, muitas vezes, meio inconformado, comenta: “Esse cara me tirou uns 10 anos de vida”, diz, referindo-se ao agressor, Adélio Bispo de Oliveira.
Quem tem tempo…
A ideia no governo é só tratar da reforma ministerial quando for aberta a janela para troca de partidos. Assim, será possível verificar quem realmente está com Bolsonaro para o que der e vier.
Escassez é geral
O governo não demonstra pressa para deflagrar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos porque ainda não tem orçamento suficiente para a compra de uma quantidade capaz de atender a todos. Inicialmente, o Brasil receberá, em janeiro e fevereiro, um terço das doses infantis de que necessita para uma ampla cobertura vacinal. É aquela história: quem se desloca, recebe; quem pede, tem preferência.
Esqueceu dela/ Em suas avaliações sobre a eleição presidencial deste ano, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha sequer cita a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Para ele, tanto ela quanto Luiz Henrique Mandetta, do União Brasil, não passam de vices.
Por falar em Mandetta../ Em março de 2020, quando era ministro da Saúde, ele só dava entrevistas usando o colete do SUS. Agora, são vários os ministros que adotam o modelo. Ontem, na viagem a Minas Gerais, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, vestia o seu. Na Bahia, o da Cidadania, João Roma, também usava um, assim como Marcelo Queiroga, da Saúde.
Exceção/ A ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, não aderiu à moda. Aliás, no Planalto, os ministros, de um modo geral, continuam de terno e gravata. Na viagem de ontem a Minas Gerais, na comitiva que avaliou os estragos das chuvas, era a única do primeiro escalão sem o tal colete. O trabalho árduo, porém, ficará com ela: ajudar a arrumar dinheiro para atender os mais necessitados.
Chegou com vontade/ O governador de São Paulo, João Doria, começou o primeiro dia útil de 2022 com reunião do secretariado para planejar o ano e definir o que pode ser feito até abril, antes do prazo de desincompatibilização para concorrer ao Planalto.
O PT vai deixar a polêmica em torno do candidato à vice-presidência na geladeira, nesta largada de 2022. A ordem é tratar, primeiramente, das conversas estaduais e, nesse contexto, a federação de partidos. Em princípio, o PT não assumirá qualquer compromisso com candidato a vice antes de verificar qual o jogo que melhor lhe convém. E o fato de liderar todas as pesquisas de intenção de voto dá ao partido de Lula o “mando de campo” nas conversas — e o PT não abrirá mão de exercer esse privilégio.
Quanto à federação de partidos, a tendência é de que o desfecho fique para abril ou maio, depois da janela para troca de legenda, que se abrirá em março. Cada agremiação quer ter fechado seu real tamanho para, depois, tratar da federação. É que a obrigatoriedade de manter o “casamento” por quatro anos e o receio de terminar “engolido” pelo PT levam o PSB, por exemplo, a pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão.
Última chamada
A declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre buscar outro nome para concorrer ao governo de São Paulo que não Geraldo Alckmin é, na verdade, um aviso. Se o ex-tucano demorar muito para definir seu destino, a cadeira de candidato a governador estará ocupada. E, diante da intenção do PT de só discutir o vice de Lula mais para frente, o risco de Alckmin ficar a ver navios é grande.
Nublado, sujeito a chuvas
A contar pelas projeções que o secretário de Fazenda do governo de São Paulo, Henrique Meirelles, tem feito em encontros com políticos, as probabilidades para 2022, “na melhor das hipóteses”, indicam crescimento zero. Isso porque, com as taxas de juros nas alturas e o jeitinho para o descumprimento do teto de gastos, a percepção do mercado é de descontrole fiscal.
Sarney reforça o coro…
Em seu artigo que abre a temporada de 2022, o ex-presidente José Sarney menciona as vítimas da covid-19 no Brasil em 2021 e diz que “muitos poderiam ter sido salvos se tivéssemos mantido a tradição brasileira de vacinação expedita, como tantas campanhas bem-sucedidas que fizemos no passado quebrando recordes”.
… por obrigatoriedade da vacinação infantil
E diz Sarney: não há nada de inconstitucional em obrigar a vacinação infantil. “Ser obrigatória não é contra os direitos constitucionais, mas resultado deles, pois a vacinação não é um processo individual, mas um instrumento coletivo em defesa do mais básico dos direitos, o direito à vida”, diz o ex-presidente.
Curtidas
A cobrança de Sarney/ O desejo de ano novo do ex-presidente José Sarney, colocado em seu primeiro artigo de 2022, é a transformação política: “Já de garganta seca insisto que é preciso corrigir alguns pontos da Constituição para fazê-la ‘instrumento de um país moderno, em que o Legislativo legisle, o governo governe e o Judiciário controle’, como escrevi numa virada de ano há um quarto de século”.
Pregação no deserto I/ Há 25 anos, Sarney se referia às “mazelas orçamentárias, à dispersão legislativa, às agruras do Judiciário, com cada Poder a sofrer percalços e interferências dos outros”.
Pregação no deserto II/ Se até agora a reforma do Estado defendida por Sarney ficou na gaveta, não será no ano eleitoral que irá caminhar. Os deputados este ano querem é liberar emendas e mostrar serviço direto ao eleitor. Mas reformas, como a que deseja Sarney, só em 2023.
Eles vão separados/ A mensagem de feliz ano-novo do diretório estadual do PT paulista no Twitter traz uma foto do ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad. Justamente para deixar claro que o partido não abre mão de concorrer ao governo de São Paulo. O PSB de Márcio França já se conformou e sabe que terá Haddad como adversário.
Do governo às startups e fintechs de crédito, a aposta para amenizar os problemas da economia está no setor agropecuário. Investidores e analistas financeiros são praticamente unânimes quando afirmam que foi o setor, um dos poucos que não parou em 2020, que ajudou a dar uma lufada de ar à economia em 2021 e continuará nessa toada. A Traive, por exemplo, uma fintech voltada para análise de risco de crédito e securitização nesse segmento, fecha 2021 com US$ 17 milhões em rodada de negócios, um feito perante os US$ 2,5 milhões de 2020.
Os investidores, porém, estão cada vez mais exigentes. Quem quiser captar recursos neste ano terá de se desdobrar em métricas de ESG (meio ambiente, social e governança). A tendência registrada nos Estados Unidos, por exemplo, é de que, em cinco anos, as empresas vão dobrar suas apostas nesses três temas, exatamente para atrair clientes. Essas ferramentas têm sido cada vez mais cobradas pelos grandes fundos. A avaliação geral é de que, quanto mais as empresas aplicam verbas em ESG, menos riscos apresentam a quem deseja investir.
Polarizar é comigo, tá ok?
As citações que o presidente Jair Bolsonaro fez ao ex-presidente Lula e ao PT, na sua última live de 2021, foram lidas como uma tentativa de retomar para si o duelo eleitoral com o petista. É que, em dezembro, a avaliação do governo é de que Lula polarizou mais com o ex-juiz Sergio Moro do que com Bolsonaro.
Por falar em Moro
Bolsonaro, ao lembrar que a Petrobras recuperou R$ 6 bilhões — diz ele, desviados no governo do PT —, tenta, ainda, recuperar o discurso do combate à corrupção, uma bandeira que Moro já começou a carregar nesta campanha.
Frase cirúrgica
Ao dizer que em vez de investir em infraestrutura em outros países preferiria que Lula tivesse aplicado recursos no metrô de Belo Horizonte, o presidente faz, ainda, um aceno aos mineiros. Minas Gerais congrega o segundo maior eleitorado do país. A ideia do governo é conquistar esse pessoal desde já, antes que Rodrigo Pacheco entre em campo.
Veja bem
O PT já fez as contas e considera meio arriscado fechar uma federação com o PCdoB. É que os comunistas têm muitos candidatos bons de voto e se lançarem, por exemplo, 27 postulantes filiados ao PCdoB, há o risco de o PT perder um deputado em cada estado.
Até no futebol/ Além das andanças deste feriadão, o presidente Jair Bolsonaro vai à partida de futebol beneficente de Bruno, Marrone e Gustavo Lima na quarta-feira. Pretende, assim, contrastar com time de amigos de Chico Buarque, que, no passado, contou com a participação de Lula e já fez até jogo para pedir a libertação do presidente, em 2019.
De fazer inveja a muitos/ O orçamento da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo chega a R$ 1,2 bilhão, com R$ 280 milhões de fomento à produção independente. Muitos projetos que o governo Bolsonaro dispensou estão recorrendo ao secretário Sérgio Sá, do governo João Doria (foto).
Por falar em Doria…/ A avaliação dos estrategistas do governador é de que ele tem tudo para ganhar fôlego quando conseguir apresentar ao país os resultados de seu governo, que está segurando a economia nacional. A situação nas pesquisas tem muito para melhorar.
Só tem um probleminha/ Embora a chave eleitoral vire nesta segunda-feira, a visibilidade total dos candidatos chamará a atenção do eleitor quando começar a campanha oficial. O cidadão que está preocupado em pagar as contas só vai ficar atento ao pleito lá para agosto.
Dia Mundial da Paz/ Aproveita que é só hoje. Com uma onda de greves despontando no horizonte, Copa do Mundo e eleição à frente, os períodos tranquilos serão escassos neste 2022.
Os juristas não têm mais dúvidas. Seja quem for o próximo presidente da República, a primeira grande missão será conseguir recuperar o poder da gestão orçamentária dos investimentos. É que, hoje, além de escassos, os recursos foram sequestrados pelo Congresso. As tais emendas do relator tiraram do Poder Executivo a capacidade de elencar prioridades e sacaram das mãos do presidente a possibilidade de direcionar verbas para conclusão de obras ou cumprimento de promessas de campanha. As prioridades quem estabelece é o relator e um pequeno grupo de parlamentares.
Muitos têm dito que, quer Bolsonaro seja reeleito, quer outro nome chegue ao Planalto, será preciso uma repactuação com o Congresso para fazer valer as prioridades de um futuro governo. Para 2022, porém, seguirá essa batida, de dinheiro para poucos indicarem onde será aplicado. Afinal, Bolsonaro, agora no PL, não terá como dizer não aos aliados, tão necessários para replicar a campanha no interior do país. Especialmente, neste momento em que as pesquisas não apresentam um cenário favorável à reeleição e a economia promete abrir o ano recheada de incertezas.
Imagem é tudo
As cenas do presidente Jair Bolsonaro passeando de jet ski enquanto milhares de brasileiros sofrem com as chuvas já estão de posse de seus adversários, prontas para serem usadas, daqui a alguns meses, na campanha eleitoral. Sabe como é: a memória das pessoas é curta, mas a das redes sociais, não. Haja vista a coleção de vídeos, também já coletados por muitos, de Geraldo Alckmin criticando Lula.
Força-tarefa na Bahia I
Para compensar o estrago, os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; da Cidadania, João Roma; da Saúde, Marcelo Queiroga; e dos Direitos Humanos, Damares Alves, passam essa temporada nas áreas atingidas pelas chuvas, em reuniões com prefeitos. Esta semana, por exemplo, Marinho dispensou o motorista e foi dirigindo o próprio carro. A cena, inédita por ali, deixou muita gente boquiaberta com a simplicidade da equipe.
Força-tarefa na Bahia II
Os ministros fizeram sua parte, e Bolsonaro pode ficar rouco de dizer que, da praia, orientava seu time a atender as demandas das prefeituras. Só tem um probleminha: a imagem do passeio presidencial, quando confrontada com a da tragédia provocada pelas chuvas, é mais forte do que qualquer explicação. Aliás, em política, quando o sujeito precisa se explicar é sinal de que não está perfeito nem a contento.
E as vacinas, hein?
Crianças brasileiras que passam as festas de fim de ano visitando familiares nos Estados Unidos aproveitam para tomar a vacina contra a covid-19. Enquanto isso, por aqui, o governo não se move. Em conversas reservadas, a explicação não é a incerteza sobre os imunizantes e, sim, sobre o Orçamento da União. Há quem diga que não há recursos para
encomendar essas doses.
Olha eles ali outra vez/ O jantar que reuniu Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin em São Paulo deixou uma série de recados eleitorais. A presença do presidente do MDB, Baleia Rossi, por exemplo, foi um gesto anotado por todos. No segundo turno, se Lula estiver lá, o MDB vai engrossar a campanha. Ao que um petista respondeu: “Já estão é
atrás de ministério”.
Por falar em São Paulo…/ A avaliação dos empresários paulistas é de que o PT fazia muito mais oposição nos tempos do presidente Fernando Henrique Cardoso do que faz hoje a Jair Bolsonaro. Isso porque quer “segurar” o adversário para o mano a mano num segundo turno daqui a 10 meses.
Te cuida, Pedro/ A contar pelas conversas reservadas de banqueiros paulistas, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, terá dificuldade de buscar um grande banco quando deixar o cargo. Tem muita gente na chamada “turma da Faria Lima” meio atravessada com ele.
Foi ruim, mas foi bom/ Os shoppings centers venderam 10% a mais do que em 2020, segundo levantamento da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), mas ainda ficou 3,5% abaixo de 2019. Os políticos consideram que a culpa, este ano, foi da inflação, que deixou muitas famílias assustadas com os preços. A esperança, agora, são as liquidações de janeiro.
Brasil pode aumentar prestígio na ONU se defender meio ambiente
por Carlos Alexandre de Souza (interino)
A partir de janeiro de 2022, o Brasil voltar a integrar, em caráter temporário, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. É a volta ao prumo na política externa brasileira, após o apagão da “diplomacia severina” capitaneada por Ernesto Araújo. O retorno do Brasil ao Conselho de Segurança, após 11 anos de ausência, ocorre em meio a um esforço do G4 – grupo formado por Alemanha, Japão, Brasil e Índia – para tornar efetiva uma reforma no colegiado da ONU.
Na lista de prioridades do Brasil no reingresso ao Conselho de Segurança, o chanceler Carlos França indicou os compromissos para a manutenção da paz mundial. As intenções brasileiras não chegam a ser novidade, mas são importantes para reafirmar a tradição da diplomacia fundada por Rio Branco.
Uma lacuna na carta de compromissos brasileira é a defesa intransigente do meio ambiente. Não é segredo para ninguém que a crise climática se trata de uma questão de segurança global de primeira grandeza. Os alertas emitidos pela COP 26, em novembro, e as dificuldades globais em reduzir a emissão de gases poluentes constituem uma ameaça que, necessariamente, precisa ser tratada no âmbito do Conselho de Segurança.
Eis aí uma oportunidade para o Brasil assumir um papel de relevante projeção internacional, de modo a consolidar sua posição na cúpula da ONU. Meio ambiente será, cada vez mais, assunto de interesse de todas as nações, ricas ou pobres.
Liberdade para quem?
No documento que define as prioridades do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, o governo manifesta o compromisso na defesa das liberdades individuais e na promoção de direitos humanos. Não é o que se vê no país, quando se considera ataques a servidores da Anvisa e a jornalistas, a resistência à vacinação de crianças contra a covid-19, ou o flagelo dos índios atingidos pela pandemia e por grileiros.
Desfalque no crime
As ações integradas de segurança pública, sob coordenação do Ministério da Justiça, sustaram mais de R$ 1,5 bilhão do caixa do crime organizado na Região Centro-Oeste em 2021. De janeiro a novembro deste ano, houve 37 operações conjuntas em todo o país. É um aumento de 35% em relação ao ano passado. O trabalho resultou na apreensão de 352 toneladas de drogas, 9.432 armas e mais de 33 mil pessoas presas.
Mais inteligência
Para efeito de comparação, esse volume de recursos equivale a uma parcela expressiva do total de investimentos em inteligência e informação na segurança pública. Segundo levantamento da CNN, o país gastou, em 2019 e 2020, R$ 1,9 bilhão nessas duas áreas estratégicas para o combate ao crime organizado.
Logística clandestina
O Ibama também está mobilizado contra o crime. Uma operação de fiscalização em Roraima desarticulou um esquema clandestino de fornecimento de combustível para helicópteros e aviões. Esse combustível era retirado do aeroporto de Boa Vista e levado até pistas de pouso clandestinas que serviam de apoio logístico ao garimpo ilegal de ouro e cassiterita dentro da reserva Yanomami. As ações do Ibama resultaram na aplicação de R$ 8,4 milhões em multas, além da apreensão de 76 aeronaves, de 25 veículos e de mais de 100 mil litros de combustível. Os bens avaliados somam quase R$ 70 milhões.
Tempo perdido
Na entrevista ao CB.Poder, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) relembrou uma conversa que teve, no Palácio da Abolição, em Fortaleza, com o então governador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O diálogo reflete o espírito político do momento. Segundo o relato do petista, o tucano lamentou as duas legendas — que protagonizaram a luta partidária por seis eleições presidenciais — não terem tido a sabedoria de unir seus melhores quadros em favor do país. Vigilante acredita que é possível, sim, recuperar o tempo perdido.
Suplicy com covid -19
O vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) testou positivo para covid-19. Nas redes sociais, ele relatou um quadro de tosse e cansaço, e afirma que a intensidade dos sintomas é “pequena”. Suplicy disse que se sentiu “no dever de informar a todas as pessoas”, especialmente as que estiveram com ele nos últimos dias.
A luta continua
O petista reforçou que completou a terceira dose do imunizante contra a doença no dia 3 de dezembro, e atribui à vacina a “pequena intensidade” dos sintomas. “Continuo a pedir a Deus que me dê saúde para intensificar a minha jornada para a instituição da Renda Básica de Cidadania Universal e Incondicional, viajando por todo o Brasil defendendo a proposta”, concluiu.
Por Carlos Alexandre de Souza –
Poder pátrio e direito à vacina
No mesmo dia em que uma nota técnica do Ministério da Saúde afirma que a vacinação de crianças contra a covid-19 é segura, o presidente Jair Bolsonaro insiste em alimentar a confusão que se estabeleceu em mais este episódio da pandemia. O chefe do Executivo afirmou que não autorizaria a imunização da filha, Laura, de 11 anos. Disse haver dúvidas em relação aos imunizantes. E ainda mandou recado ao Supremo Tribunal Federal, antecipando uma nova crise institucional.
Ao trazer a discussão para o lado pessoal, o presidente confunde a população. Faz uso do poder pátrio, um direito essencialmente do indivíduo, para tratar de uma questão coletiva, que é a saúde dos brasileiros neste momento da pandemia. Tornar pública uma decisão que diz respeito à família Bolsonaro evidencia a estratégia do presidente de misturar vida privada com vida pública, com propósitos políticos.
Como chefe de governo, Bolsonaro deveria dar respaldo às diretrizes definidas pelo Ministério da Saúde em relação à imunização. A própria pasta ocupada por Marcelo Queiroga começa a se render aos fatos. Manifestou, ao STF, que a vacinação de crianças é recomendável e segura. Mas o chefe do Planalto acredita que, citando o exemplo pessoal, vai convencer a opinião pública do contrário.
Provocação
Em entrevista para redes de TV em Santa Catarina, Bolsonaro comentou sobre a mensagem que enviará aos brasileiros no fim do ano, nos mesmos moldes da gravação feita para o Natal. “Já convoco pessoal da esquerda a fazer superpanelaço para comemorar três anos sem corrupção”, ironizou.
Batendo panela
O presidente e a primeira-dama, Michelle, foram alvo de panelaços em algumas regiões do país durante o pronunciamento de Natal. A mensagem de ano-novo deve ser exibida em rede nacional de rádio e televisão no próximo dia 31.
Ajuda à Bahia
Dois ministros do governo federal — João Roma (Cidadania) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) — auxiliam o estado da Bahia a enfrentar as chuvas que já mataram 20 pessoas. Nos próximos dias, o governo pretende liberar R$ 20 milhões em socorro aos municípios baianos.
Corte no orçamento
Na ponta do lápis, a ajuda federal a desabrigados vem caindo. O governo reduziu em 43% a verba destinada à Defesa Civil entre 2020 e 2021. O órgão é responsável por combater enchentes e viu suas verbas empenhadas caírem de R$ 1,63 bilhão no ano passado para R$ 918,6 milhões neste ano
Junte-se
O vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros enviou ao Supremo Tribunal Federal manifestação em favor de um pedido do ex-juiz Sergio Moro para juntar o link de uma entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro aos autos do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência política do chefe do Executivo na Polícia Federal.
Sem chantagem
Na entrevista, concedida ao jornal Gazeta do Povo, Bolsonaro afirmou que, em reuniões ministeriais, dizia que ‘não queria ser blindado, mas não podia admitir ser chantageado’.
Cargos na PF
No parecer, Humberto Jacques pondera que a entrevista auxilia o Ministério Público Federal a formular juízo sobre o caso, considerando que a investigação mira suposta ‘busca de favorecimento pessoal pelo presidente a partir da indicação de cargos de direção na Polícia Federal’.
Por Carlos Alexandre de Souza –
A incrível história da companhia que enganou o governo
Mais de 45 mil brasileiros foram prejudicados pela Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), que suspendeu as atividades na semana passada e vem causando enormes transtornos a quem tinha planos de viajar neste fim de ano. Mais impressionante do que as muitas histórias de gente que perdeu tempo, dinheiro e oportunidades, é a sequência de desculpas oferecidas pelos órgãos de controle.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, avaliou que a Agência Nacional de Aviação Civil agiu corretamente, pois o CNPJ da empresa estava limpo. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), ligada ao Ministério da Justiça, já havia se reunido com representantes da ITA em três ocasiões nos últimos meses, em razão da enxurrada de reclamações contra a companhia aérea. Mas acredito na boa fé da compahia. “Fomos pegos absolutamente de surpresa com a paralisação e não disponibilização de apoio (ao consumidor)”, disse a secretária nacional do consumidor, Juliana Domingues, em entrevista ao Estadão.
Ora, não é preciso ser especialista em aviação civil para saber que a ITA, empreendimento proveniente do grupo Itapemirim, há anos em processo de recuperação judicial, merecia uma análise mais criteriosa até receber a autorização para voar. É público e notório, ainda, que o setor aéreo no Brasil enfrenta dificuldades financeiras antes mesmo da pandemia, que agravou a situação.
Nada leva a crer que as medidas punitivas, anunciadas dia a dia por autoridades, vão compensar os transtornos provocados a milhares de famílias. Oh, céus.
Responsabilização
Ainda sobre a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), a Fundação Procon SP avisou que vai multar a empresa, que anunciou a suspensão das atividades na semana passada, em razão dos transtornos causados a 45 mil passageiros. O Procon não divulgou o valor da multa, mas deixou claro que pretende responsabilizar a ITA do ponto de vista administrativo, civil e criminal.
Comigo, não
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), negou, ontem, que tenha tido qualquer conversa com o presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de ela ser sua vice nas eleições do ano que vem. “Vamos deixar claro: nunca o presidente conversou comigo sobre esse assunto. Isso (ser indicada a vice) não é um projeto pessoal; tem de ser um projeto do presidente”, disse, em entrevista no programa Fábio Sousa, de Goiás. E aproveitou para confirmar que colocou o nome à disposição do DEM para se candidatar a senadora por Mato Grosso do Sul em 2022.
Eu mesma
Até o momento, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é a única pré-candidata para a presidência da República. Por enquanto, não consta nos planos da emedebista uma posição de vice.
Compromisso
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reafirmou, em vídeo de mensagem de fim de ano divulgado ontem, o compromisso das Forças Armadas com a Constituição. Ele apontou que “a principal razão da existência do Exército” é o seu preparo e prontidão para defesa da Pátria, e que é inegável a confiança que os brasileiros têm no Exército, “ratificado pelos mais altos índices de credibilidade”.
Vou de metrô
O metrô do Rio de Janeiro anunciou uma medida para estimular os cariocas a se protegerem da covid-19. Quem tomar a segunda dose ou dose de reforço pode voltar para casa gratuitamente. Basta apresentar, em uma das 41 estações, o comprovante de que recebeu a aplicação do imunizante e um documento de identidade.
Desamparadas
Novamente, crianças são prejudicadas pela teimosia do governo federal no enfrentamento da pandemia. Após 450 dias sem aula presencial entre 2020 e 2021, obrigados a estudar no modelo remoto – quando tinham acesso à internet – os brasileiros entre 5 e 11 anos são tratados com desídia pelo governo federal. Apesar das recomendações da Anvisa e de sociedades médicas em favor da vacinação infantial, o ministério da Saúde insiste em desafiar consensos.
Mais ameaças
A debandada dos auditores fiscais, em resposta ao agrado salarial de R$ 1,7 bilhão reservado aos policiais federais, pode ir além das notas de repúdio. Uma assembleia, marcada para hoje, avalia a paralisação total da Receita Federal. Os impactos são diversos e podem afetar a fiscalização em aeroportos ou no controle alimentar.
Por Carlos Alexandre de Souza
Um orçamento com tudo para dar errado
Nas conversas durante o jantar do grupo Prerrogativas, o ex-presidente Lula, candidatíssimo para voltar ao Planalto em 2022, deixou escapar a aliados que o PSD seria o melhor destino para o ex-governador Geraldo Alckmin. Só tem um probleminha: o partido já tem candidato a presidente da República — o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG). Nesse sentido, alguns consideram que o ex-presidente fez essa menção diante de várias testemunhas e de forma proposital, para “abrir uma porta” ao discurso do “infelizmente não deu”. Caso as alas do PT contrárias à composição com Alckmin ganhem mais força mais à frente, ele já tem no bolso o discurso para buscar outra construção.
Hoje, Alckmin tem as portas escancaradas para a vaga de vice na chapa de Lula, tanto no PSB quanto no Solidariedade. Mas não no PSD, que lhe oferece a vaga apenas para concorrer ao governo de São Paulo. A ordem agora no PT é segurar Geraldo Alckmin ao lado do seu candidato, mas sem marcar o casamento.
São Paulo e as vacinas
O governo de João Doria vai fazer de tudo para comprar as vacinas da Pfizer para o público infantil, e o mais rápido possível. Nem que tenha de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Separados em Sampa
Em público, muitos ainda dizem que pode haver acordo entre PSB e PT para concorrer ao governo de São Paulo. Mas se teve algum grande consenso na noite em que Lula reuniu seus potenciais aliados foi o de que os dois partidos vão separados para a eleição estadual. Fernando Haddad está na frente de Márcio França nas pesquisas e não deseja concorrer ao Senado. E França é visto no PSB como aquele que tem mais potencial de crescimento. Assim, eles vão separados, e quem for ao segundo turno apoiará o finalista contra o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Os gestos
O fato de Lula citar suas conversas com Alckmin como algo corriqueiro e, de quebra, dizer com todas as letras que não tratará de vice agora foi a senha para que os petistas tivessem a certeza de que, hoje, Alckmin tem mais interesse na aliança do que o próprio Lula. O petista não chamou Alckmin ao palco, não pediu salva de palmas para o ex-governador nem fez nenhum gesto mais incisivo em direção ao ex-tucano.
O funk do Orçamento
Cientes das dificuldades de fechar acordo, ainda hoje, para votar o Orçamento de 2022, muitos deputados sequer vão pisar em Brasília. A avaliação geral é a de que se o presidente está passeando de lancha no Guarujá, por que as excelências iriam se preocupar em aprovar um Orçamento do jeito que o governo deseja?
Enquanto isso, no Palácio dos Bandeirantes…
Doria comandou a última reunião do ano de seu secretariado com direito a sair mais cedo para um descanso de 10 dias com a família. Rodrigo Garcia ficará no comando. O governador volta depois do ano-novo e deixa o cargo apenas em abril. Até lá, vai bater bumbo das realizações de sua gestão.
Surgiu, saudou e sumiu/ Eis que, num determinado momento, os presidentes de partido presentes ao jantar foram chamados para tirar uma foto com Lula. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, discretamente saiu de perto e fingiu que não era com ele. Passou lá apenas para dar um abraço em Lula e nem ficou para ouvir o discurso. Ou seja, deu mais um passo para mostrar que, no primeiro turno, o seu partido terá candidato a presidente.
Padrinho em destaque/ Na sala reservada às autoridades no A Figueira Rubaiyat, Lula jantou de frente para Geraldo Alckmin e ao lado do governador da Bahia, Rui Costa. Fernando Haddad, ao lado de Alckmin. Na cabeceira da mesa, Márcio França, o construtor da ponte entre Lula e o ex-tucano.
Festa da fome/ A maioria das 500 pessoas (público pagante) do jantar do grupo Prerrogativas no A Figueira Rubaiyat já havia jantado, quando, de repente, chega o deputado Carlos Zaratini (PT-SP), vindo da ala das autoridades. “Tem comida aí? Lá dentro está impossível jantar”.
Em nome do pai/ Luiza Sigmaringa, filha do ex-deputado Sigmaringa Seixas, foi a primeira chamada a ir ao palco na hora da exaltação às mulheres. Estava ali para uma dupla deferência: representar a família, em especial a mãe, Marina, e receber as flores na homenagem póstuma feita ao seu pai, Sigmaringa Seixas, patrono do Prerrogativas. Aliás, a maior parte do discurso de Lula foi sobre o ex-deputado, um amigo que nunca o abandonou: “Quando você está numa situação difícil, você perde amigos. O Sigmaringa, não. Ele ia me visitar, mesmo quando eu não tinha nada. E era engraçado: chegava lá em casa, tomava o controle remoto da minha mão e tomava conta da tevê. Faz muita falta”, disse Lula.
Feliz Natal!/ Por esses dias, a coluna ficará a cargo do editor Carlos Alexandre de Souza. Volto para o plantão de ano-novo.











