Autor: Denise Rothenburg
O presidente Michel Temer era nessa madrugada um homem arrasado. Chegou a se emocionar a conversar com alguns colaboradores, ao dizer que jamais teve a intenção de proteger Eduardo Cunha. Porém, ele agora tem plena consciência da gravidade da situação e, ao contrário do que fazia a antecessora, Dilma Rousseff, não pretende mais se encastelar numa postura de quem não tem nada com isso. Aguardemos o pronunciamento. As notícias pululam. E não chegamos sequer ao final da manhã.
Nos dias que antecederam o impeachment, a presidente Dilma Rousseff procurava trabalhar como se nada estivesse acontecendo, dando um ar de normalidade. É exatamente o que Michel Temer faz nesse momento, enquanto os aliados buscam saídas paaa crise e a Polícia Federal faz busca e apreensão na casa e nos gabinetes de Aécio Neves e de Zezé Perrela. É a Operação Patmos, a ilha grega onde São João teve a visão do apocalipse.
Edson Fachin pediu o afastamento de Aécio do mandato. A situação do mundo político tucano é delicada. Os senadores do PSDB têm reunião daqui a pouco para discutir o afastamento de Aécio da presidência do partido. O dia será longo.
Em 17 de março, quando a PF deflagrou a Operação Carne Fraca, com foco na JBS, o empresário Joesley Batista já havia gravado Michel Temer. O empresário considerou que a lupa sobre a sua empresa nào foi mera coincidência. Queriam sim tirá-
Dia desses, um interlocutor perguntava à presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Carmem Lúcia, como ela estava lidando com as coisas. A resposta: “E eu nem posso lhe dizer que coisas”.
Agora, as “coisas” começam a surgir. Carmem Lucia é apontada como quem autorizou todas as investigações que hoje põem o governo em xeque. Ontem à noite, ninguém dava um vintém pelo governo de Michel Temer. O problema é saber quanto tempo o governo conseguirá fazer soar as trombetas da resistência.
O presidente Michel Temer é um homem que viverá os próximos dias envolto em aflições sem soluções fáceis. Na Câmara, a oposição prepara uma avalanche de pedidos de impeachment. No Ministério Público, um pedido de investigação por atos praticados no mandato. Se, por acaso, o presidente renunciasse hoje para escapar de tudo __ algo que ele não dá sinais de que fará __ iria para a jurisdição de Sérgio Moro Isso se o Supremo Tribunal Federal não considerar que ele e o deputado Rodrigo Rocha Loures devam ficar na mesma instância, ou seja, no STF.
Para quem não acompanhou o noticiário, Rocha Loures é acusado pelos donos da JBS de receber R$ 500 mil em uma mala. É um dos mais fiéis aliados de Michel Temer. Passou o início do governo Temer em um cargo de assessor especial no Planalto. Com a ida de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça, abriu-se a vaga para Rocha Loures assumir o mandato. O fato de Rocha Loures, suplente, ter assumido lhe garante agora o foro privilegiado para responder criminalmente no STF.
Tudo isso foi conversado nesta madrugada entre aliados do presidente Temer. Já há quem especule inclusive sobre a eleição de um presidente para cumprimento de um mandato tampão até dezembro de 2018.
O PT fez uma reunião há pouco e concluiu que o melhor para o momento é acelerar a Proposta de emenda constitucional que fala em eleição direta em caso de afastamento do presidente da República. Falta combinar com a base aliada de Michel Temer, um grupo que ainda não disse nem que sim nem que não. Vejamos os capítulos desta manhã daqui há pouco.
O deputado Silvio Costa (PTB_PE) acaba de pedir a renúncia do presidente Michel Temer. Na avaliação dele, o presidente “não tem mais condições de permanecer no cargo depois da divulgação das afirmações dos controladores da JBS, Joesley e Wesley Batista”. “Impeachment serão quatro meses. Ele precisa renunciar e convocar novas eleições”,defendeu o deputado.
O Jornal O Globo divulgou no início da noite em seu site que o presidente Michel Temer se reuniu com Joesley em março deste ano no Jaburu. O que Temer não sabia era que Joesley portava um gravador. Temer teria estimulado o empresário a continuar comprando o silêncio de Eduardo Cunha. “Tem que manter isso, viu?”
As afirmações não pararam por aí. O deputado Rodrigo Rocha Loures teria recebido uma mala de dinheiro. Aécio Neves teria pedido R$ 2 milhões. As afirmações e gravações feitas pelos do donos do frigoríficos fazem parte da tentativa de acordo de delação premiada por parte dos empresários. Eles são acusados de pagamento de propina a políticos e agora junta-se a essa denúncia o pagamento de mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, ambos presos pela Lava Jato, para que eles permanecessem calados.
Na Câmara e no Senado as sessões terminaram mais cedo. A noite será longa.
Os petistas estão convictos de que o juiz Sérgio Moro vai condenar Lula. Consideram que o magistrado deu essa dica durante exposição em Londres, onde mencionou a hipótese de condenação de um político de envergadura, que muitos podem considerar injusta, porém, cabe a um juiz julgar de acordo com as leis e as provas. Partindo dessa premissa, o partido não descarta inclusive a hipótese de o ex-presidente concorrer com uma liminar em mãos, caso seja condenado também em segunda instância. Muitos prefeitos fizeram isso em 2016. E Lula pode perfeitamente repetir em 2018.
Porém, enquanto o partido tiver energia, a ordem será manter o discurso de que Lula é inocente e perseguido. Falta combinar com o eleitorado, onde o petista, apesar de líder nas pesquisas, está mais perto do piso que sempre
Renan, o exemplo I
O líder do PMDB, Renan Calheiros, pode até ter refluído em sua cruzada contra as propostas das reformas trabalhista e previdenciária. Mas os aliados, não. O senador Omar Aziz (PSD-AM) é direto: “No PSD não tem posição fechada em relação às reformas. Se até o líder do PMDB gravou um vídeo criticando, quem sou eu para conseguir unidade na minha bancada?”
Renan, o exemplo II
Ainda que muitos digam que Renan refluiu em sua campanha contra as reformas e coisa e tal, o movimento que ele provocou está num crescente. É que, se ele conquistou algo para Alagoas, outros agora querem obter o mesmo batendo o pé contra a reforma.
Marcha providencial
Caiu como uma luva a marcha dos prefeitos justamente no período em que o governo busca votos para aprovar a reforma previdenciária na Câmara. É que, desde segunda-feira, prefeitos dos rincões mais distantes têm feito a festa no Planalto e no Congresso. Ministros e assessores estão todos mobilizados para atender muito bem os deputados que chegam acompanhados de seus cabos eleitorais. É a hora de conquistar algum antes de registrar o “sim” no painel eletrônico de votações.
PSB em litígio
Os governadores do DF, Rodrigo Rollemberg, de Pernambuco, Paulo Câmara, e o vice-governador de São Paulo, Márcio França, têm encontro marcado hoje com o presidente do partido, Carlos Siqueira, o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, e o ex-deputado Beto Albuquerque. Vão discutir a reforma previdenciária. Será o duelo dos com mandato, a favor da reforma, e o dos sem-mandato, contra as propostas do governo Temer. O racha reflete exatamente
A queda de Lobão/ Os peemedebistas não estão numa fase muito boa. Primeiro, foi o ex-presidente José Sarney a sofrer uma queda. Depois, o presidente do Senado, Eunício Oliveira desmaiou. Agora, o senador Edison Lobão levou um tombo em casa e teve que se submeter a uma cirurgia na clavícula esquerda.
Tá explicado/ O plenário da Câmara fervilhava ontem à tarde. O quorum tinha sua razão: são os deputados querendo votar tudo de acordo com aquilo que o governo deseja para que seus prefeitos sejam bem atendidos nos ministérios.
O recado de Geraldo/ A entrevista do prefeito de Santos, Paulo Barbosa, uma espécie de porta-voz de Geraldo Alckmin, foi lida no mundo político como um recado do governador no sentido de que é candidato a presidente da República e não abre mão. Com ou sem Lava-Jato. À Folha de S.Paulo, Barbosa disse com todas as letras que o candidato tem que ser Geraldo.
CB.Poder/ O programa que sela a parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília recebe hoje, ao vivo, às 13h30, os deputados Evandro Gussi
(PV-SP) e Áureo Ribeiro (SD-RJ) para um debate sobre a reforma previdenciária.como está a bancada da Câmara em relação a esse tema, meio a meio.obteve do que do teto que um dia conquistou.
Em seu esforço pró-reformas, o presidente Michel Temer recebe agora os senadores do PSDB. Há quem diga que a reunião abodará o fim do imposto sindical, uma forma de evitar que as centrais, em especial a CUT, sirvam de sustentáculo a movimentos políticos do PT.
Policiais federais estão convictos de que alguém avisou os irmãos Joesley e Wesley Batista sobre a operação Bullish, que investiga os empréstimos do BNDES. Assim, eles puderam se organizar. Wesley, que ficou no Brasil, prestou depoimento. Agora, poderá preparar Joesley, que está em Nova York, sobre o tipo de perguntas que os investigadores farão e, ainda, orientar o depoimento, a fim de evitar contradições entre os dois.
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Em tempo: não foi a primeira vez que um alvo de operações da PF saiu de fininho às vésperas de ser fisgado. Um caso recente foi o de Eike Batista. A partir de agora, as operações ficarão ainda mais restritas para evitar que se levantem suspeitas de vazamentos.
Pressão sobre Palocci
Depois que os depoimentos dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura jogaram novamente o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci no centro do ringue, como “o homem do caixa dois”, não restou saída: ou Palocci colaborava logo com as investigações ou não sobraria muita coisa que levasse os investigadores a aceitar uma colaboração da parte do ex-ministro. Agora, ele falará sobre Lula e sobre os bancos.
Emprego garantido I
Deflagrada a operação Bullish sobre os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), o governo fez refluir todos os movimentos políticos para tentar trocar a presidente do Banco, Maria Sílvia Bastos. Agora é que ninguém mais vai mexer por ali.
Emprego garantido II
Outro que também está com carteirinha de permanência no governo, apesar da pressão de setores do PTB, é o ministro do Trabalho, Ronaldo Pereira. O trabalho dele foi visto como fundamental para aprovação da reforma trabalhista, apesar das críticas partidárias.
Ocupa Congresso
A perspectiva de o presidente Michel Temer apresentar propostas para simplificação da gama de impostos cobrada no país é vista por setores do Parlamento como uma forma de manter os deputados e senadores ocupados com uma agenda governamental forte e, assim, evitar as chamadas pautas-bombas que imperaram nos tempos de
curto-circuito entre o governo
Dilma e o Legislativo.
Disputado/ O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (foto), conversava com os ministros das Cidades, Bruno Araújo, e da Educação, Mendonça Filho, próximo à rampa que leva ao terceiro andar do Palácio do Planalto, quando, de repente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, grita do alto da rampa:
“Vou te dar uma gravata verde!
Prepare-se: O DEM é a sua casa”.
Decidido/ O ministro Fernando Filho apenas sorriu e, depois, comentou com a coluna: “Não existe isso de trocar de partido”, diz ele, hoje filiado ao PSB, onde também está o pai do ministro, o senador Fernando Bezerra Coelho.
1 X 1/ Advogados que analisaram com uma lupa o depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro consideraram que o ponto mais frágil do ex-presidente foi o encontro com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Quanto ao juiz Sérgio Moro, o ponto que “pegou” foi a apresentação de um documento apócrifo ao réu.
Acordo à frente/ Quem acompanha a disputa pela presidência do PT aposta todas as fichas na senadora Gleisi Hoffmann e ainda aposta num entendimento com o senador Lindbergh Farias.
O líder do PMDB do Senado, Renan Calheiros, chega ao final deste primeiro ano do governo de Michel Temer disposto a fazer inflexões em relação à reforma trabalhista e guardar energias para o futuro. Ele já percebeu que o cavalo de batalha não é o texto em análise no Senado, que pode ser votado por maioria simples. O poder de pressão do líder do PMDB estará mais forte na reforma previdenciária, que precisa de 54 votos no Senado para ser aprovada. É aí que o governo jogará o duelo de titãs.
Lula e os outros
Os petistas estão cada vez mais dedicados à narrativa da perseguição ao partido. Ontem, não foram poucos os deputados e senadores que trataram as afirmações de João Santana e Mônica Moura sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e, ainda, o ex-prefeito Fernando Haddad, como estrategicamente divulgadas para não deixar o PT com nenhum plano B para a campanha de 2018.
Lá e cá
A atual direção do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, vai a Washington para apresentar mais uma denúncia à Justiça americana contra o BNY Mellon, o banco acusado de gerar um prejuízo hoje calculado na ordem de R$ 1 bilhão aos aposentados e pensionistas da empresa. Nos Estados Unidos, o BNY Mellon já foi condenado a devolver US$ 700 milhões por prejuízos aos americanos. Aqui, várias ações correm na Justiça sem desfecho.
Placar
A contabilidade de deputados governistas sobre a reforma da Previdência está em 260 votos favoráveis no plenário da Câmara. Sinal de que a votação vai ficar mesmo para o fim do mês ou, na hipótese mais otimista, para início de junho.
Para conferir depois
O líder do DEM, Efraim Filho, se mostrava ontem animado com a exposição do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro. Efraim, que é da Paraíba, terra onde Lula mantém uma liderança expressiva nas intenções de voto, referiu-se ao depoimento como “o começo do fim”.
Um ano de governo Temer
O presidente Michel Temer tem dito a amigos que seu único desejo é poder terminar o governo com a sensação de ter tirado a economia brasileira do buraco. Esses amigos têm dito que o presidente hoje está na metade desse caminho. Melhor que nada.
Imagina na Copa I/ Advogados que acompanharam o depoimento do ex-presidente Lula em relação ao triplex no Guarujá ficaram preocupados com o clima entre os defensores do ex-presidente, em especial Cristiano Zanin Martins, e o juiz Sérgio Moro para os próximos “encontros”. Afinal, há outros quatro processos em que Lula ainda não foi ouvido.
Imagina na Copa II/ Se, nessa ação do apartamento, considerada uma das mais frágeis, Cristiano ficou nervoso e Moro teve momentos de impaciência, imagine na hora em que chegar aos outros inquéritos…
A festa na primeira vice/ O jantar que o primeiro vice-presidente da Câmara, o peemedebista Fábio Ramalho (foto), serve em seu gabinete todas as quartas-feiras de votações até tarde da noite está tão famoso que até os garçons da Casa têm tirado uma folguinha no trabalho para degustar as iguarias da cozinha mineira.
Enquanto isso, no Planalto…/ Hoje tem festa para marcar um ano de governo, mas não terá lançamento do programa “Avançar”. Apenas, balanço. Primeiro, o governo quer fazer as contas para, depois, apresentar novos projetos. Melhor assim.
Advogados e políticos que acompanharam o ex-presidente Lula em Curitiba consideram grandes os riscos de ocorrer com o petista o que houve com ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR), em 2014. À época, Arruda conseguiu o registro de sua candidatura para concorrer a um novo mandato de governador, mas, logo depois, foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de comandar o mensalão do DEM. Os advogados ainda tentaram manter a candidatura, mas a Justiça decidiu que a inelegibilidade da Ficha Limpa deve ser considerada antes da eleição e não apenas no período anterior ao registro.
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A aposta dos especialistas, considerados os prazos com que Sérgio Moro costuma proferir as sentenças, é a de que Lula será, sim, condenado e, se a segunda instância mantiver o ritmo com que tem trabalhado até aqui, o ex-presidente chegará ao segundo semestre de 2018 com a candidatura registrada, porém balançando numa data bem próxima ao pleito. É esse o cenário que mais preocupa os petistas. É que, no lusco-fusco, ficará difícil trocar de candidato. Foi mais ou menos o que houve com o PR, que, a menos de um mês da eleição, lançou o nome de Jofran Frejat no lugar de Arruda.
Sai daí rapidinho!
Aliados que acompanharam o ex-presidente Lula em Curitiba consideraram que a presença de Dilma Rousseff no ato era desnecessária. A ordem no PT era deixar o palco exclusivo para Lula. Aliás, o partido tem se especializado em dizer
que o governo Dilma teve problemas, mas o de Lula
foi bom. É por aí que eles pretendem empreender a campanha para 2018.
Há vagas
O governo não vai conseguir blindar as agências reguladoras de indicações políticas. Nos bastidores, a briga maior é pela vaga que abre dia 28 deste mês na Agência Nacional do Petróleo (ANP). E, sabe como é, em tempo de reformas em pauta, o governo não nega nada
a ninguém.
Juiz escoltado, procuradores escoltados, só quem chega livre e nos braços do povo é o réu”
Lula, ex-presidente,
ao sair do depoimento ontem em Curitiba
O exercício de Serra/ Acostumado a viajar de São Paulo para Brasília todas as semanas, o senador José Serra (foto), do PSDB-SP, tem reparado que os voos vindos da capital paulista sempre param nos fingers mais distantes, o que obriga os passageiros a andarem por toda a área de embarque.
O cálculo de Serra/ “Eu até não desgosto, porque faço uma caminhada, mas há aí uma ação deliberada para que passageiros de voos de regiões de maior poder aquisitivo terminem andando mais pelo aeroporto e acabem parando em alguma lojinha no trajeto. Se não fosse proposital, não seria sempre no último finger, mas sempre é. Sou economista, sei que isso acontece”, disse ele a indicados para o Cade.
O olho deles/ Investidores estrangeiros ficaram animados com a perspectiva de melhora da economia nacional, mas, enquanto não houver a certeza de que o Brasil está cuidando das suas contas, leia-se aprovando reformas, ninguém vai abrir a carteira de forma muito generosa.
A queda de Dilma/ O jornalista Ricardo Westin lança. na segunda-feira, às 20h, na Leitura, do Pátio Brasil, o livro A queda de Dilma — Os bastidores do impeachment da presidente que desprezou as lições políticas de Maquiavel.
Na semana passada, os procuradores Carlos Fernando e Deltan Dallagnol já tinham pronta a nova denúncia contra José Dirceu. Eles foram até o juiz Sérgio Moro pedir a prisão do ex-ministro da Casa Civil de Lula, pois já desconfiavam que o Supremo Tribunal Federal (STF) soltaria Dirceu. Moro recusou o pedido: “Não posso entrar nessa bola dividida agora. Não, nesse momento”, disse o juiz, segundo relatos dos procuradores a outros colegas.
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Para quem acompanha todos os lances da Lava-Jato está claro: o juiz recuou um passo para tentar avançar dois mais à frente. Aliás, quem tem acesso a ele diz que o lema de Moro é: não basta combater a corrupção. É preciso jogar para não deixar que a classe política acabe com as investigações.
Entregou
A rapidez com que os advogados de Antonio Palocci recorreram da decisão do ministro do Supremo Edson Fachin, de mandar o pedido de soltura direto para o plenário do STF, deu a muitos a sensação de que estava tudo acertado para que, depois de Dirceu, Palocci fosse o próximo a sair da cadeia. Agora, no entanto, as apostas são as de que ele continuará preso.
O jogo tucano
No PSDB tem torcida para que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, permaneça longe do governo. É que, assim, com os peemedebistas divididos, o presidente Michel Temer precisará mais dos tucanos e cederá mais espaço na distribuição do poder. O PSDB tem hoje a secretaria de Governo da Presidência da República e sonha com voos mais altos.
No bolso
O deputado Mario Heringer, que está de licença médica e acompanha o presidente da câmara, Rodrigo Maia, ao Líbano, avisa que suas despesas serão pagas por ele mesmo, sem diárias custeadas pela Câmara. Menos mau.
“Estamos felizes com o fato de o STF ter começado a romper com uma omissão de anos e coloque as coisas no lugar. São mais de 300 mil presos provisórios e preventivos no país. Isso tem que mudar. A prisão não pode servir de tortura para coagir os presos”
Do ex-ministro Gilberto Carvalho
CURTIDAS
Mãozinha/ O ex-ministro Gilberto Carvalho falou com o governador Rodrigo Rollemberg ontem no final da tarde. Ele pediu ajuda para que seja mantido um mínimo de civilidade nos arredores da casa do ex-ministro José Dirceu. Rollemberg prometeu auxiliar,
assim como o síndico do prédio. Depois das 22h, vai imperar a
lei do silêncio.
Os inocentes/ O que mais sensibiliza os amigos do ex-ministro é a filha pequena. Ontem, ela não saiu do lado do pai. Sereno, o ex-ministro avisou que não vai se mudar e porque não adiantaria. Seria apenas mudar os manifestantes de lugar.
Motivo nobre/ A instalação da Comissão Especial para tratar da
PEC do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) tem o objetivo de manter o parlamentar feliz.
Fala Vaccari!!!/ Até aqui, ficou a palavra do ex- diretor da Petrobras Renato Duque contra a de Lula e a de João Vaccari Neto (foto), o ex-tesoureiro do PT também preso pela Lava-Jato. Agora, o que um tesoureiro do PT, que deveria cuidar das contas do partido, queria saber sobre contratos da Petrobras é algo que chama atenção.