Autor: Denise Rothenburg
Com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures preso, os deputados aliados ao presidente Michel Temer ameaçam transformar a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara numa trincheira contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Lava-Jato. Eles querem saber, por exemplo, por que Fachin foi ao Congresso antes da sua sabatina acompanhado do executivo da JBS Ricardo Saud, hoje beneficiário do acordo de delação premiada que mais deu benefícios aos empresários envolvidos. Nos bastidores do Congresso, os políticos se mostram bastante incomodados com o fato de ministro ter sido acompanhado de Saud. Ok, que à época não se sabia da missa a metade. Porém, a parte da missa de uma empresa beneficiária de empréstimos bilionários e principal doadora da campanha de Dilma Rousseff já era conhecida. Portanto, dizem alguns, não caberia ao então ministro indicado circular com Saud da mesma forma que não seria de bom tom Temer receber Joesley. A discussão desse tema na CCJ está prevista para ocorre ainda hoje,. Ou seja, vem confusão ainda antes do julgamento da chapa Dilma-Temer.
Com o novo pedido de prisão de Rodrigo Rocha Loures, a aposta dos políticos é a de que agora ele não escapa da cela. É o grande imponderável em movimento.
O grupo J&F pode ter recebido o que os médicos costumam chamar de “visita da saúde”, com o vantajoso acordo de leniência que ajudou a subir a cotação das ações de empresas do grupo na Bolsa de Valores. É que procuradores afirmam já ter elementos para dizer que a companhia terá que responder por informação privilegiada por ganhos obtidos quando do vazamento da gravação da conversa de Joesley Batista com o presidente Michel temer.
Só tem um probleminha: a dupla Joesley e Wesley sempre poderá dizer que “não sabia de nada” a respeito da aplicação no mercado de câmbio, mas a empresa terá que responder. Ou seja, os problemas da JBS estão longe de terminar com a delação.
E o Palocci, hein?
O pedido de prisão domiciliar para o ex-ministro Antonio Palocci, justamente, às vésperas do Congresso do PT foi lido por setores do partido como um recado do tipo, “me aguardem”.
Temer respira…
A avaliação dos políticos é a de que a situação política do presidente Michel Temer é muito melhor hoje do que ontem. A cada dia a sua aflição.
… apesar dos pesares
A coluna quis saber dos ministros e líderes aliados do presidente qual o maior imponderável que Temer precisa enfrentar hoje para atravessar esse período. A maioria não tem dúvidas. É o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, filmado carregando uma mala com
R$ 500 mil.
Distritão
Enquanto a Comissão de Constituição e Justiça do Senado faz andar a eleição direta em caso de vacância da presidência da República, a Câmara realiza consultas sobre a reforma política. Começa a se formar um consenso entre os deputados de que a melhor saída para eles hoje é o distritão (onde os mais votados são eleitos). É mais fácil de o eleitor entender e, para completar, há quem jure que ajudará muitos congressistas hoje, por causa dos votos do interior.
Aposta
Representantes de peso do mercado financeiro apostavam ontem à tarde na queda de um ponto percentual nos juros. E por um motivo muito simples: 0,75 e 1,25 são patamares que podem requerer algum tipo de explicação. Um ponto ficava no meio termo. Bingo!
Ele não perde o humor/ Se tem algo que caracteriza o líder do governo no Senado, Romero Jucá (foto), é a capacidade de rir de si mesmo. Ele se referiu assim a quem perguntava a ele sobre eleição direta já: “É para derrubar o próximo. Se vier um doidinho, com um vice doido, já teremos a eleição direta. O Michel, obviamente, vai terminar o mandato”, afirmou Romero.
Por falar em Jucá…/ Numa rápida conversa no Planalto, Jucá tinha acabado de dizer a um grupo de jornalistas que não mexia “com essa história de cargo”. Eis que um homem se aproxima e vai logo agradecendo: “Senador, obrigado, viu? Aquelas pessoas que o senhor indicou já estão trabalhando”.
E em diretas…/ O senador Raimundo Lira (PMDB-PB) não titubeou ao explicar por que a CCJ aprovou a eleição direta em caso de vacância da Presidência da República: “Sabe como é, às vezes a Casa vota por pressão popular. Eu defendi eleição indireta, que é a que está na Constituição”.
Enquanto isso, no Planalto…/ Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) preferiram ficar distantes da solenidade de posse do ministro Torquato Jardim. Não é momento de desfilar nos salões palacianos.
Olho vivo/ Deputados enroscados em processos da Lava-Jato acompanharam, da sala de café do plenário, os votos dos ministros sobre a restrição do foro privilegiado. É a preocupação da maioria no momento.
O ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio, esteve sob pressão total nas últimas 48 horas. Na noite de segunda-feira, ministros e líderes do presidente Michel Temer fizeram um cerco ao peemedebista para que ele não saísse do governo. Porém, não adiantou. Serraglio sequer esperou a conversa olho-no-olho com o presidente Michel Temer. “Se o presidente não teve a elegância de conversar comigo antes de me demitir, não preciso esperar uma conversa com ele para recusar outro cargo”, comentou Serraglio, segundo relatos de amigos do deputado.
A volta de Serraglio para o Congresso está relacionada à forma com que ele foi afastado da Justiça e à recepção que o aguardava no Transparência, onde cartazes anunciam o “fora Serraglio”. Por isso, amigos do deputado deram conselhos a ele no sentido contrário, do tipo, “não aceite mais humilhação”.
Agora, resta ao governo saber o que fazer com o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo uma mala de dinheiro. Há quem diga que onPlanalto agora está na fase cobre um santo ( põe um especialista em direito eleitoral na Justiça) e deixa outro a descoberto. A dúvida entre aliados do presidente é se o custo-benefício dessa troca de ministros será vista como positiva no futuro próximo.
A conversa que o presidente Michel Temer pediu ontem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente em exercício do PSDB, Tasso Jereissati, foi no sentido de puxar os tucanos para o lado do governo. Temer avisou que não renuncuará ao mandato. A ordem hoje no governo é “resistir, resistir e resistir”, conforme relatam os ministros.
Por que tanta resistência? Temer considera que foi vítima de uma armação, quando seu governo ia muito bem, com redução de juros, de inflação e um número de votos, segundo o governo, suficientes para aprovar as reformas. Além disso, ainda que o presidente “se rendesse” àqueles que “armaram para afastá-lo do cargo e evitar as reformas”, não existe consenso sobre um nome, nem tampouco o país teria clima para retomar as reformas. Nesse cenário, a grande beneficiária seria a oposição, seja à esquerda, seja à direita. Em outras palavras, o governo está convicto de que “ruim com Temer, pior sem ele” e foi justamente esse o tom da conversa com o PSDB.
Falta entretanto combinar com a bancada do PSDB, que tem um número expressivo afoito para sair da base do governo. Porém, se Temer conseguir fôlego ara as reformas, há quem esteja certo de que o presidente é bem capaz de “ir ficando” até dezembro de 2018. E segue o baile.
Se tem alguém torcendo para o presidente Michel Temer não cair em função do encontro com Joesley Batista, esse alguém é Eduardo Cunha. É que, se Temer sucumbir, Cunha perde seu único “produto” numa delação premiada. Para conseguir levar o Ministério Público a aceitar os termos de uma possível delação, Cunha precisa ainda de Michel Temer inteiro e, a partir daí, tentar montar o enredo capaz de fazer com que o Ministério Público aceite um acordo. E se Michel cair antes de Cunha delatar, o ex-presidente da Câmara corre o risco de ficar indefinidamente na prisão.
O imponderável que mais preocupa
Em conversas reservadas, aliados do presidente Michel Temer têm dito que Rodrigo Rocha Loures não tem sangue frio para segurar nem barulho de sirene, quanto mais condução coercitiva ou coisa que o valha. Há quem diga que ele está a um passo da delação premiada.
O trunfo de Rodrigo Maia
Uma candidatura de Rodrigo Maia a presidente da República é vista hoje como a mais viável por um simples motivo: põe na roda a Presidência da Câmara, um cargo capaz de atrair muitos apoios. Para se opor a isso, só Geraldo Alckmin, que pode colocar a disputa ao governo de São Paulo, em 2018. Obviamente, para Alckmin empreender algum jogo nesse sentido precisa combinar com o vice, Márcio França, e com o PSDB paulista.
O que move os tucanos
O PSDB tem avaliado em suas conversas mais reservadas que a permanência do presidente Michel Temer enfraquecido não interessa ao partido. E o motivo é simples: Temer desgastado tira do PSDB a chance de se fortalecer para concorrer à Presidência da República em 2018. Por isso, a data-limite para o partido é o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral.
Dois movimentos
Além da tentativa de retomar a votação das reformas, em especial, a trabalhista no Senado, o governo tem duas outras ações importantes no Congresso para a semana que vem: a contestação da delação superpremiada da J&F e, ainda, quem ganhou dinheiro com a alta do dólar.
Estão todos de olho
A saída de Maria Sílvia Bastos Martins do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi vista como um indício de que o governo está prestes a abrir os cofres da instituição a empresas dispostas a apoiar a sua permanência no cargo.
O sonho de Michel/ Antes de a gravação de Joesley Batista jogar o presidente Michel Temer à beira do abismo, o peemedebista havia feito a seguinte pergunta a um tucano de quem é muito próximo: “Como faço para atrair o PSDB?” A meta era uma possível candidatura em 2018.
O vice da hora/ Aldo Rebelo vem sendo citado em todas as rodas como o vice dos sonhos de qualquer um numa eleição indireta. Até mesmo de Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A desconfiança é geral/ Renan Calheiros está de um jeito que os aliados de Michel Temer no PMDB estão desconfiados de que ele e Lula estão trabalhando em parceria. Renan “on-line” atirando contra o governo, e Lula “offline”, jogando nos bastidores para Temer ficar, ainda que enfraquecido, para que o PT tenha algum sucesso em 2018.
Meu garoto!/ Em meio à tensão sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dos ministros da Corte teve uma boa notícia: Admar Gonzaga soube essa semana que seu filho, Henry Zaga, será o Mancha Solar no longa do X-Men que estreia em 2018. O ator brasiliense vai contracenar com Maisie Williams (foto), a Arya Stark, de Game of Thrones.
Enquanto alguns discutem nomes alternativos para uma saída do presidente Michel Temer, seus fiéis escudeiros estão em campo e em contato direto com empresários com a seguinte mensagem: sem Michel Temer não há quem junte todos os partidos da situação em prol das reformas que o mercado requer para dar estabilidade e segurança jurídica aos investidores. Nessa linha, que ninguém se surpreenda se o PMDB começar a colocar defeito em todos os atores escalados para o papel de sucessor de Temer. Afinal, se funcionar, é mais um fôlego. Pelo menos, até o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O julgamento começa daqui a 11 dias, sem data para terminar. E, conforme publicou a coluna em 19 de maio, ministros do TSE que estavam fechados com Temer viram na crise a justificativa para pensar em mudar o voto.
Os imponderáveis…
Quem acompanha a política e a tentativa de preservar o presidente Michel Temer no cargo monitora os movimentos do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures e os do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba.
…E um alvo
Alguns dizem que tanto Cunha quanto Rocha Loures têm hoje mais potencial explosivo do que o próprio Tribunal Superior Eleitoral. É que, se decidirem falar, não terão outra saída, que não seja atirar sobre Michel Temer.
Enquanto isso, no PT…
Em conversas pra lá de reservadas já tem gente aliada ao PT dizendo que o melhor para o partido é Michel Temer ficar sangrando até 2018. Assim, a legenda mantém o diálogo direto com os movimentos sociais e tem tempo de sedimentar Lula e, se brincar, um plano B para a hipótese de o ex-presidente não ter chances de concorrer.
Nem reformas
nem fora Temer
O que mobilizou realmente os sindicalistas a lotarem a manifestação de quarta-feira foi o fim do imposto sindical, que hoje faz a alegria de todos os sindicatos.
O cara é ele
Nem tucano nem peemedebista nem jurista. Se Michel Temer for apeado do poder, o nome preferido dos deputados é o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Espião I/ Um deputado aliado do presidente Michel Temer que pedala diariamente nas ruas de Brasília passou cedinho na quarta-feira pelo acampamento dos sindicatos no estacionamento do Mané Garrincha. Ficou impressionado com a estrutura da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST).
Espião II/ O parlamentar ciclista fez questão de percorrer toda a área e fez um ranking das centrais, em termos de estrutura: a NCST em primeiro disparado. Depois, vem a CUT. Por último, a Força Sindical.
Elas & ela/ A absolvição de Cláudia Cruz (foto) foi vista com esperança por esposas de outros políticos enrolados. Daqui a pouco, diziam ontem os adversários do PT, a única culpada será Marisa Letícia, que não tem mais como se defender.
Impossível agradar a todos/ Houve muita reclamação sobre as tropas nas ruas. Porém, um cidadão que assistia ao noticiário na tevê de uma lanchonete reagiu assim quando ouviu que o presidente Michel Temer havia retirado o decreto que colocava as Forças Armadas nas ruas: “Ô homem frouxo!”.
Enquanto os black blocs testavam os limites do governo e do Congresso na Esplanada dos Ministérios e jogavam a isca para que houvesse a convocação do Exército ou da Força Nacional, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, começou a testar os limites da bancada. Para bons entendedores, ele cava uma porta de saída da legenda e abre a da chamada Frente Brasil Popular, capitaneada pelo PT. Ali, no partido de Michel Temer no Senado, desenha-se uma guerra de titãs. O primeiro embate público foi feito ontem, com Renan na tribuna fustigando Temer. Romero Jucá respondeu, desautorizando qualquer um que, em nome do PMDB, diga que o partido não apoia o presidente. E ainda se referiu ao discurso de Renan como “bobagens”.
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Em tempo: o que mais irritou o governo foi saber que Renan Calheiros participou do jantar na casa da senadora Kátia Abreu, na terça-feira, em que senadores do PT, do PTB, do PCdoB e alguns representantes do PMDB discutiram abertamente nomes para suceder um presidente que garante não renunciar. É o esgarçamento das relações políticas.
Rodrigo em campanha
O DEM jura que tudo o que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem feito é no sentido de ajudar o presidente Michel Temer. Porém, nos demais partidos, há quem aposte que a insistência em demonstrar poder de comando para votar as reformas faz parte da pré-campanha de Maia para ser o nome capaz de cumprir um mandato tampão até dezembro de 2018, se e quando Temer cair.
Tasso na lida
O presidente em exercício do PSDB, Tasso Jereissati, conseguiu segurar a bancada de deputados, que pressionava por uma debandada do governo de Michel Temer. A contenção tucana tem um sentido: o apoio do PMDB é fundamental para o PSDB conseguir viabilizar uma candidatura numa
eleição indireta.
A visão deles
Manifestantes e o deputado Paulinho da Força (SD-SP) diziam no fim da tarde, antes de Michel Temer mobilizar as Forças Armadas, que o Governo do Distrito Federal falhou ao mobilizar um efetivo pequeno para acompanhar o protesto de ontem. Além disso, não atentou parar o ingresso de bombas caseiras na área da Esplanada. Os próprios manifestantes disseram que se a polícia quisesse teria contido o grupo de 40 mascarados que atrapalhou o protesto pacífico contra as reformas. “A polícia falhou, e muito”, diz Paulinho da Força.
“O gesto de grandeza do presidente Temer seria renunciar. Tenho medo de uma polarização Lula versus Bolsonaro em 2018. Será o populismo contra o autoritarismo”
Do senador Cristovam Buarque, no programa CB.Poder ontem, na TV Brasília. Confira a íntegra da entrevista no YouTube
Cerco ao TSE
Em todas as conversas que tem tido, o presidente Michel Temer tem sido incisivo sobre sua permanência no cargo e a necessidade de reformas. Por isso, conforme mostrou a coluna Brasília-DF na terça-feira, a saída em curso é mesmo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), único lugar onde será capaz de construir o discurso de colocar a culpa na ex-presidente Dilma Rousseff e no PT.
Bateu, levou/ Ao saber que foi citado pelo senador Renan Calheiros como alguém que não poderia ter sido recebido por Temer como “emissário de Curitiba para nomear o ministro da Justiça”, o deputado Carlos Marun (foto) respondeu assim: “Se essa Lava-Jato agisse em conformidade com uma lista de prioridades, o senador Renan Calheiros teria sido o primeiro preso desse processo. O que não pode é termos de aceitar que a nossa bancada no Senado mantenha na sua liderança uma pessoa tão desqualificada e que pensa só nos próprios interesses”.
Por falar em Renan…/ Quando o líder do PMDB deixou a tribuna, foi se sentar ao lado da senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM). Novos aliados.
… E em ministro da Justiça…/
O país nesta crise, Esplanada em chamas e ainda não se ouviu um pronunciamento do ministro da Justiça, Osmar Serraglio.
Reinaldo Azevedo e d. Marisa/
Os petistas reclamavam ontem que o Supremo Tribunal Federal agiu rápido diante da divulgação dos diálogos do jornalista Reinaldo Azevedo com Andreia Neves, uma conversa que não fazia parte dos autos. Não fez o mesmo, entretanto, na conversa de d. Marisa com seu filho, outra que não tinha nada a ver com o foco das investigações.
A falta de acordo entre os partidos políticos para a eleição indireta é o que hoje sustenta Michel Temer no cargo. O PSDB infla o senador Tasso Jereissati, mostrando que ele é capaz de tocar as reformas. O PMDB, por sua vez, aposta mais no presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, e no ex-ministro Nelson Jobim. O DEM quer é o DEM, leia-se, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).
A oposição não quer nenhum dos três grandes partidos. Renan Calheiros cita vários candidatos, dizendo que “Cármen Lúcia cresce nas crises”. Aliados do PT trabalham Ayres Britto, que Renan descarta da mesma forma que afasta Fernando Henrique Cardoso. Se continuar nesse pé, ninguém se surpreenda se vier por aí um “fica, Temer”.
Precificado & não-contabilizado
Diante do preço do estádio Mané Garrincha e a falta de fiscalização federal sobre a obra, muitos no mercado da política davam como favas contadas a prisão de José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz. O que o Planalto não esperava era a prisão do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, assessor especial da Presidência da República até ontem.
A tese do PMDB
Em avaliações para lá de reservadas, os peemedebistas calculavam que Tadeu Fiippelli foi preso ontem apenas como uma forma de chacoalhar ainda mais Michel Temer no cargo. O presidente, que já não está bem das pernas, tratou logo de exonerar o amigo, o terceiro a cair em menos de um ano e o segundo em sete dias. Os outros foram Rodrigo Rocha Loures, pela delação da JBS, e José Yunes, depois da delação da Odebrecht.
A tese do PT
Os petistas começaram a discutir a eleição indireta, porém, têm em mente que, se houver unidade nos partidos aliados ao presidente Michel Temer, essas legendas elegem quem quiser. O PT só terá importância se a base do governo estiver dividida. Por isso, o partido de Lula considera que o principal papel da esquerda agora é paralisar as reformas para não dar sobrevida a Temer nem tampouco mostrar que o presidente é capaz de estabilizar a economia.
A Ford mandou
Com a obstrução do PT em relação às medidas provisórias em pauta, representantes da Ford interessados em manter a prorrogação dos incentivos ligaram direto para os governadores do Ceará, Camilo Santana, e da Bahia, Rui Costa. O recado foi claro: ou põe o PT para votar ou adeus, fábricas.
Me erra!/ A cena mais corriqueira ontem no parlamento era de deputados se esquivando de comentar as prisões de ontem, todas baseadas em delações da Andrade Gutierrez. Sabe como é… Quem recebeu algum dinheiro de doação de caixa dois não quer provocar os delatores nem tampouco ser lembrado por eles.
Ficou mal no ninho/ As declarações de Domingos Sávio (PSDB-MG) jogando Aécio Neves aos leões antes mesmo que o senador tucano afastado do mandato tentasse explicar o diálogo com Joesley Batista foram muito mal recebidas pelo PSDB mineiro. Afinal, se tem uma coisa que se aprecia na política partidária (e é cada vez mais difícil) é a lealdade em momentos difíceis.
Diretas já…/… Na Une. Com a cúpula da União Nacional dos Estudantes na Câmara em campanha por eleição direta já para presidente da República, os governistas partiram para cima do PCdoB: “Que tal eleição direta para presidente da UNE, em vez dessa história de voto de delegados?” Os comunistas fizeram cara de paisagem.
Renan é fofo/ Pelo menos, para a oposição ao governo de Michel Temer. O líder do PMDB, Renan Calheiros (foto), virou realmente o rei da oposição ao dizer ontem que, se votasse na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), se posicionaria pelo adiamento da leitura do relatório da reforma trabalhista. Na hora em que Renan defendeu o desejo da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) virou-se para ele e saiu-se com esta: “Meu presidente, estou lhe amando!”
Primeiro grupamento político a apoiar o presidente Michel Temer, a Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) está coletando assinaturas a fim de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os negócios da JBS. Especialmente, os ganhos no mercado financeiro antes do vazamento do teor da gravação da conversa com o presidente Michel Temer. A FPA quer apurar também detalhes da negociação em torno do acordo de delação premiada, que garantiu liberdade total aos delatores, mediante o pagamento de R$ 250 milhões em multa.