Autor: Denise Rothenburg
A CPI Mista da JBS começa a voltar suas baterias para a relação para lá de amistosa entre Joesley Batista, o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff. No ano eleitoral, por exemplo, Joesley esteve no Planalto no dia 14 de agosto, em plena campanha, conforme registro da agenda oficial da presidente. Em outubro, voltou ao Planalto fora da agenda, justamente no dia em que havia a exposição “Mulheres do Brasil”. A uma amiga que encontrou quando chegava ao Planalto o empresário perguntou: “Por que está esse mulherio todo hoje aqui?”, com o maior ar de quem era habituè do pedaço. Já tem assessores em busca de imagens de Joesley nos salões palacianos. Em especial, nos governos Lula e Dilma. Em 2014, aliás, o lucro líquido da JBS foi de R$ 2 bilhões,120% a mais do que em 2013. Entre a audiência de agosto e a visita de outubro ao Planalto, não se sabe com quem foi conversar, o Tribunal de Contas da União (TCU) começou a investigar o desembolso bilionário do BNDES para o grupo de Joesley.
» » »
Em tempo: há quem diga que a CPI promete se transformar numa queda de braço às avessas, na qual o PT tentará jogar o megadoador no colo do PMDB e os peemedebistas vão atirar Joesley no colo dos 13 anos de PT, quando o grupo se tornou a gigante do mercado de carnes no Brasil.
Troca na PF
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, ficou surpreso com o número
de delegados interessados em substituir Leandro Daiello no comando da Polícia Federal. Com um amigo, comentou
que há pelo menos seis pessoas de olho no cargo.
Dois gumes
Senadores tarimbados no toma lá dá cá avisaram ontem ao governo que a retaliação, na atual conjuntura, pode terminar afastando de vez votos importantes para o Planalto no jogo político do Congresso. Afinal, enquanto a denúncia de Rodrigo Janot for uma sombra sobre o presidente Michel Temer, a insegurança da base permanecerá alta.
O alerta dos advogados
Depois do julgamento em que Andréa Neves foi para a prisão domiciliar, os advogados redobraram a atenção com os votos dos ministros. É que eles juram que, no voto vencido do ministro Luís Roberto Barroso, ele menciona que “interceptações telefônicas revelam habitualidade no crime” e se refere a diálogos transcritos. “Ele se refere a diálogos transcritos que não existem no processo”, comenta o advogado Marcelo Leonardo.
O medo dos advogados
Outros profissionais que acompanham seus clientes ficaram preocupados e dizem desconhecer nos autos gravações de conversas entre Joesley Batista e Andréa Neves. “Já imaginou se ela ficasse na cadeia por uma transcrição que não existe?”
É pique, é pique!/ Na semana em que o BNDES comemora 65 anos, o Instituto Indigo, fundação ligada ao partido
Livres, antigo PSL, lança um site em “homenagem” ao banco http://www.bndes.site/ A página foi batizada de Buraco Negro de Endividamentos e Subornos.
É hora, é hora!/ Ali, o internauta poderá conhecer os grandes feitos do banco, como “obra inacabada” do Porto de Luís Corrêa ou ainda fazer simulação de empréstimos e saber o que poderia ser feito com tantos recursos em áreas como saúde e saneamento. Entre os patrocinadores de mentirinha do site, estão, a JBS, a Odebrecht e Grupo EBX.
Rá-ti-bum!/ A alegria do Livres deve durar pouco, porque usa a marca do banco. Os autores, entretanto, trataram de se precaver: Ali, aparece “Aviso legal: este site é uma paródia, com fins de crítica política”.
Enquanto isso, no STJ…/ O juiz Nicolau, aquele que recebeu o apelido de Lalau quando condenado pelo desvio de recursos na construção do TRT de São Paulo, ainda não teve o sossego dado aos delatores premiados da Lava-Jato e de outros crimes. Ele recorreu para que seja processada ali a reclamação proposta em 2015 contra a 1ª Vara Criminal paulista, que indeferiu o pedido de reconhecimento da prescrição e o de indulto. A 5ª turma do STJ julgará o caso na terça-feira.
Nos bastidores do julgamento do Supremo Tribunal Federal, ontem, comentava-se que, independentemente da troca do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em setembro, quem está na berlinda hoje continuará. Seja em Brasília, seja em Curitiba, a Lava-Jato e todos os seus desdobramentos já têm elementos suficientes para seguir seu rumo sem medo de substituições.
» » »
Em tempo: No Palácio do Planalto, essa sensação também existe. Porém, ali, trabalha-se hoje e “trabalhar-se-á” na linha de que é preciso baixar a poeira e buscar uma convivência pacífica entre os Poderes incluindo aí o Ministério Público. O discurso encaixa exatamente com o que tem é defendido pelos procuradores Raquel Dodge e Eitel Santiago, ambos no páreo para substituir Janot. Um dos dois, avisam os mais ligados ao presidente, terá a preferência.
A ordem dos fatores
Deputados já traçaram o fim do semestre: se o procurador-geral Rodrigo Janot oferecer denúncia contra o presidente Michel Temer nos próximos dias, conforme previsto por procuradores, a tendência é votar logo esse tema e deixar o segundo semestre para as reformas. Se Janot oferecer denúncia apenas em julho, a Casa cancelará o recesso para analisar o pedido do procurador.
Vai caducar
Sabe aquela medida provisória que acabava com a desoneração de setores da economia? Pois é. Os congressistas vão deixar o texto perder a validade. Não é hora de mexer com isso. Pelo menos, enquanto estiver nessa batida mista, de crise política e econômica.
Se Fachin quer…
…Não serão os seus colegas de STF que vão tirá-lo da relatoria do caso JBS. A delação também será mantida, porém, ressalvas virão. O STF vai deixar muito claro que delator mentiroso deve ter o benefício revisto, conforme prevê a lei. E Joesley, dizem alguns, se não contar tudo o que sabe de todos e omitir informações, estará nesse caso. Até aqui, comentam advogados, o empresário tem poupado Lula e o PT.
Hélio José e o Planalto
As reclamações do senador Hélio José sobre ter sido “retaliado” com demissões de seus apadrinhados no governo não incomodaram os inquilinos do Planalto. Ali, todos os ministros concordam que é preciso estar ciente da dor e das delícias de ser governo. Desde a República Velha, é assim que a banda toca.
Aristides Junqueira/ Primeiro procurador da República depois da Constituição de 1988, Aristides Junqueira falou ao CB.Poder sobre a situação atual, o mar de delações premiadas e o desfile de confissões que ele já classificou de “pornografia moral”. Confira a íntegra em www.correiobraziliense.com.br.
Estão todos bem/ Os shoppings e lojas de departamento não têm reclamado. Seus CEOs têm dito que o pior da crise econômica já passou, porém é preciso ficar atento para não perder essa curva ascendente.
PSDB na espera/ Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não definir o destino do senador Aécio Neves, a tendência é o PSDB adiar a sua Comissão Executiva. Afinal, o senador, embora afastado da Presidência e do mandato, tem tido todo o apoio do partido para se defender das acusações. Aliás, não faltaram visitas de solidariedade ao longo dos últimos dias.
Fundo partidário na corda bamba/ Políticos de diversos partidos se movimentam para aumentar os recursos do fundo partidário. Pelo menos um está contra essa maré. Tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um projeto do senador Cristovam Buarque (foto) para acabar com esse benefício. O parlamentar considera que “os partidos devem ser custeados por contribuições de seus filiados e simpatizantes, e não com recursos públicos”.
A notícia do dia hoje está no Supremo Tribunal Federal, que se prepara para manter o ministro Edson Fachin como relator do caso JBS. Porém, a ordem impor por lá alguns limites ao trabalho dos procuradores no que se refere á concessão de perdão total a quem delata. Aliás, vale lembrar, Joesley Batista e sua trupe foram os únicos a ganhar um salvo-conduto geral e irrestrito depois de anos corrompendo autoridades dos mais diversos governos. Nem Marcelo Odebrecht obteve essa marca. Para completar, enquanto outros delatores recolheram os flaps e ficaram quietos, Joesley concedeu uma ampla entrevista à revista Época para reforçar sua posição de corruptor e delator-mor, portanto, merecedor dos benefícios que obteve.
A decisão de hoje do STF também pode mexer com todo o sistema montado até agora para desvendar a lava jato, que até aqui, prende e o preso, incomodado com as acomodações, delata. Se o STF resolver modular as delações, ou seja, tiver o poder revê-las, e ainda impor limites a esse trabalho por parte dos procuradores, há o risco de freio nas novas delações. Vejamos o que vem hoje à tarde. Os holofotes estarão todos voltados hoje para o STF. Vamos acompanhar.
Um dos argumentos que o governo levanta ao longo do fim de semana para rebater a entrevista de Joesley Batista à revista Época é o caráter de vice decorativo que Michel Temer tinha durante todo o período do governo da presidente Dilma Rousseff e o papel de “regra três” do PMDB no governo do e-presidente Lula. Ou seja: quem tomava conta do país no período em que saíram todas as facilidades ao clã J&F era o PT e a dupla Lula/Dilma.
Outro ponto que os peemedebistas vão disseminar nos próximos dias é o desespero dos sócios da JBS Fri-Boi, que virou Do Chef. Joesley, com medo da extradição e da prisão, resolveu voltar para reforçar sua posição de “mocinho”.
Deixa quieto
Os peemedebistas vão tentar fazer com que os deputados do partido desistam de indicar o ministro da Cultura. A ideia é dar liberdade ao presidente Michel Temer para escolher um nome da área. Afinal, comentam alguns, esse setor não tem muitos votos na Câmara, mas faz um barulho danado.
Climão
A relação entre PSDB e PMDB já não era boa e vai piorar nos próximos dias por causa da nota do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É que já tem gente na base de Temer atribuindo a nota a uma cortina de fumaça para que os tucanos escondam seus próprios problemas.
Questão de ângulo I
Peemedebistas veem a nota de Fernando Henrique como uma forma de desviar a atenção justamente às vésperas de a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal julgar o pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), uma vez que o ministro Marco Aurélio negou o envio para o pleno.
Questão de ângulo II
Os tucanos, em especial, os de São Paulo, viram de outra maneira: não dá para o partido cair no precipício junto com o PMDB, ainda que, para isso, tenha que entregar algumas cabeças da própria legenda.
Aposta da semana
Enquanto as investigações e os processos seguem seu curso e os congressistas do Nordeste marcam presença nas festas juninas, aqueles que ficam por Brasília vão jogar suas fichas na reforma política. Cláusula de desempenho é a prioridade. É uma tentativa de reduzir o número de partidos.
CURTIDAS
Comandante Rodrigo I/ Esta semana de Michel Temer na Rússia e o deputado Rodrigo Maia no comando do país é vista por setores da base aliada como um teste para o presidente da Câmara na gestão da crise. O PMDB, por exemplo, quer saber até que ponto irá a fidelidade dele a Michel Temer.
Comandante Rodrigo II/ Aqueles que comparam a validade do governo Temer à de um iogurte, querem saber se Rodrigo Maia terá fleuma e jogo de cintura para levar o país num cenário de PMDB em frangalhos, PSDB baleado por causa de Aécio Neves, e PT, visto como a origem de muitos problemas, com faca nos dentes. É confusão para mais de metro.
Perdem o amigo, mas…/ Os tucanos ainda encontram motivos para rir em meio a tantos problemas. Dia desses, um gaiato do partido comentava: “Ainda bem que o Alexandre Moraes se desfiliou do PSDB. Em qual cabeça ele se enquadraria?
… nunca a piada/ Quem pergunta aos políticos mais experientes do PMDB quem sobrará para 2018, sem ter nem um pequeno deslize a explicar, eles respondem: “Talvez aquele de 20 e poucos anos que acabou de formar e entrar no partido”. É, pois é.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comemorou discretamente o resultado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É que no colegiado que julgou e absolveu a chapa Dilma-Temer houve uma unanimidade: Nenhum dos ministros refutou totalmente a existência de algo podre no reino dos partidos políticos e na relação das empresas privadas com o poder público. Todos fizeram questão de afirmar que tudo o que foi desvendado até agora é grave, porém, deve ser analisado por outra corte, a criminal. Leia-se, o Supremo Tribunal Federal para os que têm foro e a primeira instância para quem não tem (aliás, lá em Curitiba, já há muitos cumprindo pena).
A avaliação de muitos é a de que o próprio ministro Gilmar Mendes reforçou esse sentimento ao proferir o seu voto,. O ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto idem. Portanto, caberá aos onze ministros do STF, capitaneados atualmente pela ministra Cármen Lucia cuidarem desse serviço.
O próprio governo do presidente Michel Temer tem consciência dessa situação. Por isso, dedica toda a atenção ao Congresso, que precisa conceder licença para que um presidente da República seja processado por crimes cometidos no mandato. Ali, o presidente hoje reina. Tem maioria e capacidade política para segurá-la. Bem diferente de Dilma Rousseff, que perdeu o cargo porque não conseguiu preservar a sua base.
No STF, entretanto, a batida é diferente. Há quem diga que, se Temer insistir em intimidar o ministro Edson Fachin, O desenho resultará numa maioria de ministros contra o chefe do Poder Executivo. Hoje, para salvar Temer, o colegiado do TSE adotou, conforme avaliação do relator Herman Benjamin, o papel de “coveiro das provas”. Porém, diferentemente do que está dito na passagem bíblica, conseguiram a proeza da ressurreição simultânea, que marca a partir de hoje, o início da próxima temporada. Essa série está longe de terminar.
Antes mesmo de terminar o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aliados do presidente Michel Temer já cuidavam ontem dos próximos embates: primeiro, segurar o PSDB. Depois, uma possível denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. A ordem é preparar a base no Congresso para as próximas batalhas. Na semana passada, por exemplo, o próprio Temer esteve em São Paulo para conversar com o governador Geraldo Alckmin. Ontem, enviou emissários para se encontrarem com o prefeito paulistano, João Doria.
» » »
A avaliação do governo é a de que, com o PSDB na base e a preços de hoje, isto é, sem novas delações, que desequilibrem ainda mais o quadro, o presidente terá como levar as reformas adiante. Porém, sem o PSDB, o projeto de reformas terá que ser adiado. Ou seja, é o presidente devolvendo o problema aos tucanos. Eles dizem nas conversas que só ficam no governo se Temer for capaz de fazer reformas. Ocorre que, sem eles, as reformas estarão comprometidas. É por aí que se darão as conversas nas próximas 72 horas que antecedem a reunião do PSDB. Essa é a prioridade para o momento.
Põe na conta do Janot
Aliados do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, têm dito que as críticas ao ministro, em especial, as que partem dos parlamentares, são injustas, uma vez que quem negocia delação premiada, inclusive o caso da JBS, é o Ministério Público. O juiz só homologa e, antes, pergunta ao delator se ele foi coagido a falar.
“Vai que”
Como a cada dia se vive um cenário diferente em Brasília, os deputados e senadores do PSDB têm uma dúvida hoje: se o governo não cair e, ainda que aos trancos e barrancos, consiga recuperar a economia, o partido de Geraldo Alckmin perderá o discurso de baluarte do respiro econômico. E mais: o PMDB poderá sempre dizer que não completou as reformas porque o PSDB saiu. E é isso que os tucanos não querem.
Pau que bate em Chico…
Se os tucanos aceitarem que, depois da gravação de Joesley com Michel Temer não dá para ficar no governo, será o mesmo que colocar o senador afastado Aécio Neves na prancha do navio tucano.
E o PSB, hein?
A legenda de Rodrigo Rollemberg continua em litígio. Se a direção partidária insistir em punir aqueles que não topam mudar a Constituição de chofre para realizar uma eleição direta e continuam na base do governo, a porta de saída será a serventia da casa. E olha que, pelas contas de alguns, serão 16 deputados e dois senadores.
Melhor, não
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral cogitaram reduzir o tempo de leitura do relatório e voto de Herman Benjamin ontem para acelerar a análise do processo e, assim, tentar concluir tudo ontem mesmo. Porém, nas internas, quem estava pensando nisso desistiu. Poderia parecer cerceamento ao relator. Hoje, se ele extrapolar, alguém vai pedir mais agilidade.
CURTIDAS
Fachin em Curitiba/ O ministro Edson Fachin (foto) é esperado hoje para uma palestra às 15h, no Instituto dos Advogados do Paraná (IAP), sobre “O STF e a repercussão geral na Jurisdição constitucional”. De lá, sairá ainda uma moção de apoio ao trabalho do ministro. A Ajufe, aliás, já fez uma nota em defesa de Fachin.
[FOTO2]
Fachin com Temer?/ Calma, pessoal! Nem seria um encontro. É apenas a Ordem do Mérito Naval, hoje, no Grupamento dos Fuzileiros Navais. Ambos serão agraciados. Fachin, entretanto, não vai receber a medalha pessoalmente, por causa da palestra em Curitiba.
Uma muralha na sessão/ Herman Benjamin comentava a “muralha da China” que os delatores criaram na Odebrecht para que outras áreas da empresa não soubessem o que havia no setor de operações estruturadas, quando Luiz Fux entrou em cena: “A capacidade humana de apreensão está chegando ao limite”. E o relator retrucou que estava apenas explicando o tema e coisa e tal. Fux pegou a deixa: “É, está criando uma China Wall mental!”
Joaquim no aquecimento/ Ao dar o “ar da graça” no julgamento da chapa Dilma-Temer, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa chamou a atenção de todo o mundo político como um potencial candidato em 2018. A companhia de José Gustavo, “o menino da Rede”, como o porta-voz do partido é carinhosamente chamado, foi mais um sinal nesse sentido. Quem é do ramo da política diz que uma chapa Joaquim Barbosa/Marina Silva ou vice-versa pode até não ganhar, mas que vai dar trabalho, ah, isso vai.
O ministro interino da Cultura, João Batista, está a um passo de perder o comando da pasta. A gota d’água foi o Ministério ter confirmado mais cedo que a advogada e produtora de cinema Débora Ivanov, indicada para a diretoria colegiada da Agência ainda no governo Dilma, seria efetivada na presidência da Ancine, desconsiderando o nome de Sérgio Sá Leitão, cuja indicação tinha sido enviada pelo ministro Antonio Imbassahy, que cuida de encaminhar as indicações. O anúncio foi feito sem combinar com o Planalto, algo que é considerado inadmissível em qualquer governo. Afinal, se cada ministro começar a desconsiderar o que for pedido pelo Planalto, a unidade governamental fica comprometida. Essa unidade é algo que Temer ainda mantém na equipe, apesar da crise.
Ns bastidores da política, já se fala inclusive no nome da deputada Laura Carneiro, do PMDB do Rio, para substituir o ministro João Batista.
A onda de pedido de vistas que prevaleceu na semana passda no Tribunal Superior Eleitoral será substituída hoje pelo acelerador. A tendência da corte eleitoral é, se houver condições, concluir o julgamento ainda hoje e com placar favorável ao governo, o mais provável, 4 a 3. Aliás, há quem defenda, inclusive que Herman Benjamin dispense a leitura das mais de 500 páginas e faça um resumo do voto. Afinal, ele mesmo disse que “não tem glamour”.
Por que os ministros mudaram e pretendem acelerar? Porque não dá mais para ficar com essa espada relativa à eleição de 2014 na cabeça de um governo que já está enfraquecido. Assim, sairá de cena ainda o caminho considerado mais fácil para o afastamento de um presidente da República que a cada dia é levado a dar uma explicação. Encerrada a votação no TSE ainda esta semana, devolve-se ao Congresso o papel de resolver a crise, conforme apuração que você pode ler hoje, na coluna Brasília_DF do Correio Braziliense, que vocês pode ler abaixo. Boa quinta-feira! E que Deus nos proteja!
Temer e os planos,
com ou sem tucanos
Confiante na absolvição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Michel Temer centra hoje seus esforços na manutenção dos votos no Congresso Nacional. É ali que está a chave para escapar de qualquer denúncia que venha a ser oferecida pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Nesse sentido, Temer trabalha com duas hipóteses, obviamente mantido o cenário atual (sem levar em conta novas delações): uma com o PSDB e outra sem os tucanos. A avaliação do Planalto é a de que se o PSDB sair da base — como o PMDB fez no governo Dilma —, Temer não ficará com “ministros sem-voto”. Dilma, quando o PMDB deixou seu governo, manteve os ministros peemedebistas, confiante de que eles tinham os votos, portanto, não precisaria reconfigurar a Esplanada para se manter no cargo. Desse erro, dizem os situacionistas de hoje, Temer não padecerá.
Em tempo: o presidente acredita ter hoje, pelo menos, 230 votos a seu favor, o que seria suficiente para permanecer. Se os tucanos saírem do governo, as contas palacianas indicam que Temer pode perfeitamente recompor os 47 com os pequenos partidos. Obviamente, a situação ficará bem melhor com o PSDB acomodado no governo. Afinal, dizem até alguns tucanos, se houver garantia de reformas e recuperação da economia, o partido terá discurso para os que desejam a permanência. Se Temer não garantir as reformas, aí sim, terá problemas.
Falta combinar com os italianos…
Lula conta com uma candidatura a presidente, sem levar em conta o que pode dizer Antonio Palocci. Da mesma forma, Michel Temer planeja permanecer sem levar em conta o que pode dizer o doleiro Lúcio Funaro. Ontem, Funaro dispensou seu advogado para trabalhar uma delação. É mais um imponderável na linha da vida do governo Temer.
…E com os Poderes
Há quem diga que, se Michel Temer vencer logo a batalha no TSE, ou seja, sem que haja pedidos de vistas que possam postergar o julgamento, terá que ter equilíbrio e não partir para cima de Edson Fachin ou mesmo Rodrigo Janot. Se for na batida de enfrentar Fachin e esfolar adversários do Ministério Público, o país descambará para a crise institucional.
Quem cala…
A coluna quis saber do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, se ele tinha participado de um jantar em Brasília numa casa que era mantida pelos irmãos Joesley e Wesley Batista e, se nesse encontro estava o então candidato a ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. A informação foi publicada dia desses no blog do jornalista Reinaldo Azevedo. Resposta de Renan: “Não vou comentar”.
Estações misturadas
No Senado, a base aliada ao governo tenta separar as reformas da crise política e, assim, tentar garantir a continuidade das votações. Na Câmara, tratam de misturá-las para dizer que o único capaz de aprová-las é o presidente Michel Temer. Enquanto essa equação continuar assim, Temer vai ficando, até segunda ordem.
CURTIDAS
CB.Poder/ Em entrevista ontem ao programa CB.Poder, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) afirmou que, sem reformas, o governo Michel Temer “perde a razão de ser”. Assista no Facebook do Correio Braziliense.
[FOTO2]
A aposta da oposição/ De olho nas votações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador Randolfe Rodrigues (foto) saiu-se com esta: “Janot não nos faltará. Logo, logo, ele oferecerá denúncia contra Temer e vamos afastá-lo”, diz. Falta combinar com a maioria das duas Casas Legislativas.
Até aqui, tudo bem/ A antessala do ministro da secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, continua concorrida. Enquanto os deputados estiverem procurando o governo, é sinal de que o presidente Michel Temer respira.
Cofres vazios/ Alagoas, do governador Renan Filho, pede há tempos a instalação da Embrapa no estado. Valor: R$ 1 milhão. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse ao líder Renan Calheiros que não há recursos.
Todas essas ações ocorrem em paralelo ao jogo previsto para hoje, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde um grupo aliado ao Planalto forçará a convocação do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, para prestar esclarecimentos. Há quem diga que, se essa atitude for feita de forma atabalhoada e para constranger um ministro da Suprema Corte, o efeito sobre o presidente Michel Temer será inverso. Ou seja, em vez de ajudar, vai atrapalhar. Afinal, tudo o que o país não precisa, nesse momento, é de um confronto entre os Poderes personalizado nas figuras de Fachin e Temer. Bem dizia o ex-vice-presidente Marco Maciel: “Não vamos fulanizar”.Esqueceram dele
Entre aliados do presidente Michel Temer é recorrente comentários do tipo: Rodrigo Janot se esqueceu do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e justamente depois que o peemedebista virou uma espécie de líder da oposição. Na Procuradoria, entretanto, amigos de Janot avisam que qualquer semelhança é mera coincidência.
TSE & economia
Enquanto o presidente Michel Temer não demonstrar capacidade de levar as reformas adiante, o dólar continuará em viés de alta, conforme previsão de analistas de mercado.
Fator jurídico
O governo bem que gostaria de liquidar o julgamento do TSE esta semana. Porém, juridicamente, todos no Planalto apostam em mais num pedido de vista hoje. Aliás, o que mais preocupa o governo no cenário atual não é nem o tribunal e, sim, Rodrigo Rocha Loures, réu confesso na propina de R$ 500 mil.
Fator político
O PSDB vem sendo acompanhado com uma lupa pelo governo. E, se os tucanos saírem, restará a Temer buscar os mesmos que ajudaram o PT a compor maioria, PR, PTB e PP. O fim dessa história todo mundo já sabe.
Dia dos Namorados..?/ Os deputados tomaram um susto ao ver que o plenário terá uma sessão solene em 9 de junho para marcar o “Dia do Coração Aquecido”. Acharam que o presidente Rodrigo Maia havia enlouquecido ao permitir uma sessão para comemorar o 12 de junho.
É religião/ Quem é metodista sabe: trata-se de comemorar o dia em que o fundador da igreja metodista, John Wesley, sentiu o coração esquentar ao ouvir um comentário de Lutero sobre a epístola dos romanos. Os funcionários de alguns políticos brincavam ontem que só falta agora uma sessão solene para comemorar o Natal. O difícil é as excelências ficarem por aqui no período natalino.
Reportagens & história/ O jornalista Magno Martins lança amanhã seu sexto livro, Histórias de repórter, com os bastidores do que viveu no jornalismo desde 1983. São 103 histórias, inclusive algumas no tempo do jornalista Mario Eugênio, com quem Magno trabalhou no Correio Braziliense. Magno autografa a obra a partir das 19h, no bar Boteco, na 406 Sul.
Depois da Carla Amorim…/ A estilista Luísa Farani (foto), de Brasília, ultrapassou o “quadradinho”, como muitos carinhosamente chamam o DF. Dia desses, dona Rosângela, mulher do juiz Sérgio Moro, apareceu com uma de suas criações.
A prisão do ex-deputado Henrique Eduardo Alves hoje pela manhã em Natal põe mais um potencial delator do esquema do PMDB atras das grades. Entre as acusações, feitas a partir das delações de executivos da Odebrecht, está a de empréstimo de uma conta para que Eduardo Cunha recebesse propina. Alves é mais um aliado de Michel Temer atrás das grades. Com Rocha Loures e Cunha, é o terceiro deputado do PMDB preso.