Autor: Denise Rothenburg
A prisão do ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) foi vista como um aviso aos aliados do presidente Michel Temer. Se os governistas não tiverem muito equilíbrio na hora de cabalar votos favoráveis a Temer na Câmara, ninguém está livre de ter o mesmo destino de Geddel. Para aliados do governo, Geddel ir para a cadeia por obstrução da Justiça foi um primeiro sinal de alerta para lembrar que o fato de o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures estar em casa, ainda que seja com um acessório no tornozelo, não significa que estão todos bem. Embora o presidente tente passar a ideia de que está tudo muito bom, o momento é para lá de delicado, dizem alguns.
A futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tem dito a alguns que o antecessor Rodrigo Janot pode ficar tranquilo, porque ela não pretende fazer uma devassa no trabalho dele. Ela pretende, sim, marcar diferenças entre os resultados de um e de outro. Na Lava Jato, por exemplo, Sérgio Moro já procedeu 76 condenações. No Supremo Tribunal Federal, até agora ninguém foi condenado. Ela vai partir para a cobrança de investigações e julgamentos com mais celeridade.
Em tempo: Dodge trabalha também com a perspectiva de ter que mostrar muito serviço em dois anos. É que muitos avaliam que o fato de ter sido escolhida por um presidente investigado torna difícil a perspectiva de recondução ao cargo. Se agradar demais o PMDB, ficará exposta como uma “engavetadora-geral”. Se for com muita gana de condenar os políticos, pode assustar alguns tal e qual Janot assusta hoje o partido comandante do Planalto. Nos dois casos, adeus recondução. Por isso, ela não irá nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Apostará no equilíbrio.
Sem ato de ofício
A defesa de Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça do Senado terá como espinha dorsal o fato de não haver decisão administrativa do presidente que configure benefício direto ao grupo de Joesley Batista. Esse foi um dos temas que Temer tratou ontem com seus advogados. A outra frente, a política, será discutida hoje.
Furnas e CCJ, tudo a ver
Apesar de adiada, a substituição do presidente de Furnas, Ricardo Medeiros, virá, dizem aliados do presidente Michel Temer. Vai-se, entretanto, esperar mais alguns dias, para ver o que acontece na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Furnas é ponto nevrálgico para o PMDB de Minas, do qual faz parte o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, encarregado de indicar o relator da denúncia contra Michel Temer.
A volta do sigilo I
Os adversários do procurador-geral, Rodrigo Janot, vão insistir para que Raquel Dodge passe a adotar é o sigilo das delações premiadas, conforme prevê a lei. Alguns têm dito que Janot levantou o sigilo da delação de Delcídio do Amaral, por exemplo, apenas para que ele não tivesse como voltar atrás no acordo. A lei prevê que o sigilo de uma delação só pode ser suspenso com a concordância do delator.
A volta do sigilo II
Há quem diga que a retomada dos sigilos pode terminar por deixar que a população vá no escuro na eleição de 2018, especialmente, a respeito das novas delações que estão na fila. Nesse rol, está a de Antônio Palocci, do PT de Lula.
Ele tem a força
Raimundo Lira passou os últimos dias ao telefone, consultando os colegas sobre sua vontade de assumir o cargo de líder do PMDB. Apontado como o nome mais forte hoje para liderar a bancada, Lira será mais um aliado do ex-presidente José Sarney com posição de destaque dentro do partido.
CURTIDAS
A la Gilmar Mendes/ Ao se referir à futura procuradora–geral da República, Raquel Dogde, um colega dela de procuradoria saiu-se com esta: “É um Gilmar de saias”, no sentido de expor suas opiniões sem constrangimentos.
Ainda incomoda/ Quem acompanhou com uma lupa na disputa na PGR semana passada apontou como uma “burrice” do procurador Rodrigo Janot ter investido seu prestígio em Nicolao Dino. Dino já estava queimado desde a rejeição para o Conselho Nacional do Ministério Público.
Sem saída/ A avaliação de muitos, entretanto, é a de que, se Janot não tivesse colocado seu peso para sustentar Nicolao Dino, Raquel Dodge teria sido a primeira da lista. E tudo o que o procurador-geral não queria era dar a Michel Temer o gostinho de ter a preferida do PMDB na pole position.
Aécio, o retorno/ O senador Aécio Neves (PSDB-MG) fará um discurso na terça-feira para marcar a volta e apresentar sua defesa aos colegas. Voltará ainda às reuniões da bancada. Quanto à presidência do partido, foi aconselhado a não fazer nenhum gesto imediato e trabalhar para que a retomada do comando tucano seja algo natural.
Mal o senador Aécio Neves reassumiu seu mandato, os peemedebistas colocaram na roda a atitude do presidente do Conselho de Ética, João Alberto, que arquivou o pedido de abertura de processo contra o tucano. Citavam esse movimento como um gesto amistoso do PMDB para com o PSDB. Agora, com Aécio de volta e o presidente Michel Temer ainda no trabalho de pular fogueira, os peemedebistas fazem chegar aos tucanos que é hora de o PSDB ter um gesto semelhante para com o presidente Michel Temer na Câmara.
Mercado futuro
Entre advogados e integrantes do Ministério Público, a concessão de liberdade a Rodrigo Rocha Loures foi vista como uma questão de estratégia. Agora, em casa, há quem diga que a descompressão levará o ex-deputado a cometer algum erro que termine por criar o tal “fato novo” capaz de levar a uma mudança dos ventos no plenário da Câmara.
Mercado atual
Estratégias à parte, há quem diga que o ministro Edson Fachin decidiu soltar o ex-deputado porque se viu isolado, depois que o ministro Marco Aurélio soltou todos os demais citados nas delações de Joesley Batista. Rocha Loures inclusive devolveu o dinheiro, entregou o passaporte e não tem antecedentes criminais.
Até aqui, tudo bem
Ninguém ligado a Rocha Loures menciona que ele partirá para a delação premiada. Porém, alguns procuradores esperam que a convivência com a família, especialmente, a mulher, no final da gravidez, podem levar o ex-deputado a rever essa decisão.
Trabalhista passa
Depois da vitória na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a aposta dos líderes aliados ao presidente Michel Temer é a de que a reforma trabalhista será aprovada por um placar bem acima dos 50 votos. Os mais otimistas sugerem algo entre 58 e 61 votos.
Já a Previdência…
Embora o placar previsto pelos mais otimistas seja suficiente para aprovar a reforma previdenciária, não dá para fazer qualquer aposta. Hoje, o assunto está na Câmara como paciente terminal, desenganado pelos médicos.
PT versus ex-PT/ Quando petistas e ex-petistas resolvem debater, invariavelmente, pega fogo. Ontem, não foi diferente. Cristovam Buarque compareceu ao plenário, atendendo a um pedido de Paulo Paim (PT-RS), para debater a reforma trabalhista e viveu um embate flagrado apenas pela repórter Natália Lambert, do Correio.
PT versus ex-PT 2/ A rusga começou quando Cristovam tentou defender a intrajornada de trabalho — a redução do intervalo de almoço para meia hora prevista no projeto. “A sua linha de raciocínio me lembra o tempo dos escravocratas”, rebateu Paim. A comparação irritou Cristovam. “Não me confunda com esse tipo de gente. O senhor sabe pelo que eu luto. E eu luto para completar a abolição da escravatura que ainda não foi completada.”
PT versus ex-PT 3/ Cristovam foi além: “Quando falo que tem que ter dinheiro para escola, e não para estádio, o senhor defende o contrário. Como o seu governo fez neste país”. Paim estrilou: “Governo que vossa excelência fez parte”, lembrou.
PT versus ex-PT 4/ A partir daí os ataques foram para o lado pessoal: “Fiz parte sim e saí”, disse Cristovam. “Saiu porque foi posto na rua”, respondeu Paim ao lembrar que Cristovam foi demitido por Lula. “Fui posto para rua com muito orgulho, senador. Agradeço a Deus”, falou Cristovam. “E depois traiu sua presidenta”, acusou Paim. “Vou embora porque não dá para debater com vossa excelência. Achei que o nível seria outro (…) O senhor está muito agressivo”, falou Cristovam. A TV Senado perdeu essa. Como a sessão não foi oficialmente aberta, não houve transmissão. Naquele momento passava na tevê um discurso antigo da senadora Fátima Bezerra (PT-RN).
Desde a semana passada, o governo monitora com uma lupa os movimentos dos partidos aliados, em especial o PSDB e o PSB. Os tucanos adiaram a reunião em que decidiriam como votar na Comissão de Constituição e Justiça. No PSB, o vice-governador de São Paulo, Márcio França, o prefeito de Campinas, Jonas Donizete, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda abandonaram a reunião para evitar que houvesse quórum capaz de fechar questão em favor da abertura de processo contra o presidente Michel Temer.
Nesses dois partidos, governo e oposição vão jogar a batalha dos bastidores na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira parada da denúncia contra Temer na Câmara.
Imposto embaralha jogo de Temer
Antes de votarem pela rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer, integrantes da base aliada ao governo querem o compromisso do Planalto de não aumentar impostos. Afinal, não dá para salvar Temer da guilhotina e, depois se ver obrigado a votar favoravelmente a aumento de impostos. Já chega a reforma da Previdência, que o governo ainda planeja retomar.
Está tudo bem
Os ministros da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), e o da Defesa, Raul Jungmann (PPS), vão em bloco hoje ao Ceará anunciar a retomada das obras do canal Norte da transposição do São Francisco. A ideia é mostrar que o governo, sob o comando de Michel Temer, não está paralisado por causa da crise.
Cara de paisagem
Dois dos governadores socialistas, Rodrigo Rollemberg (Distrito Federal) e Paulo Câmara (Pernambuco), faltaram à reunião convocada para decidir, entre outras coisas, a posição do partido em relação à denúncia contra Temer. Os lideres, a deputada Tereza Cristina e o senador Fernando Bezerra Coelho, ambos aliados de Temer, também não compareceram.
Cara de bravo
Tereza Cristina será chamada para uma conversa com o presidente do partido, Carlos Siqueira: ou vota contra Temer, ou ele dará um jeito de a Executiva enquadrar toda a bancada.
Verões passados
Em conversas reservadas, senadores do partido têm dito que, se os petistas não tivessem errado tanto, dava para pegar mais pesado no fato de Michel Temer, no papel de investigado, escolher um procurador da República. Dilma e Lula, em seus respectivos mandatos, nomearam ministros do STF em pleno mensalão.
Janot ganhou uma
A decisão do Supremo Tribunal Federal, de permitir que o plenário da Casa reveja futuros acordos de delações no final dos julgamentos, caso o delator não cumpra com o que prometeu entregar, deixou o Planalto com gostinho de “engoli mosca”. É que, se tivesse reclamado de delações anteriores, estaria hoje com a revisão da JBS na boca do forno. Agora, a JBS escapou, avaliam palacianos.
Simbólico/ Justamente no dia em que o PSB não conseguiu fechar uma posição contra o presidente Michel Temer, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) convidou o presidente Michel Temer de última hora para comer rabada em sua casa. Passaram por lá o líder do PMDB, Baleia Rossi, o senador Eumano Ferrer (PTB-PI) e o deputado Carlos Marun (foto).
Espírito de luta/ O presidente Michel Temer não esconde a insatisfação. A todos menciona que nunca viu “tamanha injustiça”.
Santo remédio I/ Segunda-secretária da Mesa Diretora da Câmara, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), que se recupera de uma gripe forte, passou a manhã à base de pastilhas e chás para recuperar a voz e ler as 60 páginas da denúncia do procurador-geral, Rodrigo Janot, contra Michel Temer.
Santo remédio II/ Para a leitura na tarde de ontem, a sessão de quarta-feira foi estrategicamente concluída mais cedo. Assim, quando a denúncia chegasse à Câmara, a maioria das excelências já estaria longe. Quanto menos marola, especialmente nesse momento de escolha do relator, melhor.
Recebido na Câmara esta manhã, o pedido de abertura de processo contra Michel Temer passa agora à Comissão de Constituição da Casa, onde o governo, na letra fria dos números, tem expressiva maioria. A ideia é nomear um relator “amigo do Planalto”. A missão de escolher está a cargo do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
A ideia, conforme antecipou hoje a coluna Brasília-DF, é correr com o processo. O presidente quer dar ao mercado uma demonstração de força antes do recesso, para mostrar
O presidente Michel Temer está disposto a enfrentar logo o pedido que o ministro Edson Fachin encaminhou ao Congresso. Todo o movimento no governo será no sentido de fechar o semestre com o pedido de investigação recusado na Câmara dos Deputados, um objetivo hoje com alta probabilidade de ser atingido. Temer quer votar logo para que não incorrer no que considera um erro (seria mais um): deixar o país parado até agosto esperando a votação.
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Quanto a outros processos que fatalmente o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, colocará na roda, a estratégia muda. Aí sim, dizem aliados de Temer, será hora de esperar para votar todos de uma vez. Afinal, Janot tem mais dois meses no cargo. Portanto, se quiser investigar Temer, terá que oferecer as denúncias ao Supremo Tribunal Federal em agosto, quando o Judiciário volta do recesso.
Sem reforço
A Força Sindical não engrossará a greve geral convocada pela CUT para amanhã. “Greve é para negociar e o governo abriu negociação ao mencionar uma medida provisória para corrigir os erros da reforma trabalhista.”
Suspense palaciano
O terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Michel Temer, parou para assistir ao pronunciamento em que Renan Calheiros anunciou que se afastaria do cargo de líder do PMDB. Quando terminou, muitos ficaram aliviados. Renan se ateve a um discurso semelhante ao que vem fazendo há meses.
Doria e o Bolsa Família
O empresariado do DF saiu do almoço com o prefeito de São Paulo, João Doria, bastante empolgado com a forma destemida e corajosa com o que o prefeito aborda assuntos considerados intocáveis, inclusive o Bolsa Família. “Sou contra programas assistencialistas. Não é com isso que se resolverá os problemas sociais no Brasil, e sim com educação, saúde e emprego”, disse o prefeito, provocando aplausos na plateia e comentários do tipo, “meu presidente!”
Por falar em Doria…
A conversa dele ontem com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, girou em torno de programas de São Paulo que deram certo — caso do corujão da saúde, por exemplo, para exames, que usa a estrutura ociosa de hospitais privados à noite — e o do licenciamento de empresas no DF, que terminou implementado em São Paulo.
… Ele está de olho no PSB
O PSB é hoje um parceiro dos tucanos em São Paulo, tem o vice-governador, Márcio França. Há quem diga que nada impede a busca dessa parceria no DF, num futuro próximo. Ainda que Doria tenha participado de jantar ontem na casa do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), pré-candidato a governador, 2018 é visto como algo em aberto pelo prefeito paulistano e pelo comando nacional do partido.
CURTIDAS
E o “branco” ficou em segundo/ Por pouco, o voto em branco não empata com Nicolao Dino na eleição para compor a lista tríplice de indicados ao cargo de procurador-geral da República. Foram 605 votos em branco e 621 para Nicolao Dino. Sinal de que muitos não quiseram correr o risco de deixar o seu candidato preferido fora da lista e votaram num único nome.
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Lá e cá/ Michel Temer não foi o primeiro a escolher o segundo nome da lista tríplice da Procuradoria-Geral da República, no caso, Raquel Dodge. O governador do Maranhão, Flávio Dino (foto), irmão do procurador Nicolao Dino, havia escolhido o segundo mais votado da lista da procuradoria do estado. Agora, Temer poderá dizer que apenas seguiu a “jurisprudência” da família Dino.
Só pensa naquilo/ Em reunião sobre reforma política esta semana, cada um dizia o que queria, distritão, voto distrital misto e lá vai. Eis que, de repente, segundo contou um parlamentar, o senador Hélio José (PMDB-DF) saiu-se com esta: “Eu quero é o meu SPU”. Referia-se ao cargo que perdeu na Secretaria de Patrimônio da União.
Sem volta/ Garibaldi Alves (PMDB-RN) avisou de antemão que não comparecerá à reunião de despedida de Renan Calheiros do comando da bancada. Vai apenas na hora de eleger no novo líder. O mais cotado é o senador Raimundo Lira (PMDB-PB). Veja detalhes nos posts abaixo.
O presidente Michel Temer escolheu Raquel Dodge para o cargo de procuradora-geral da República em menos de 24 horas depois de conhecida a lista tríplice. Assim, dá uma clara demonstração de que joga rápido para dividir o poder na Procuradoria Geral da República e “apagar” o brilho do atual procurador-geral, Rodrigo Janot. Agora, muitos procuradores vão começar a gravitar em torno de Raquel, transformando Janot num “pato manco”, expressão que os americanos usam para se referir a presidentes que estão no final de seus mandatos, sem chances de reeleição. Temer foi bem ao estilo do velho ditado português “rei morto, rei posto”, no caso, “rei morto, rainha posta”.
Somado ao discurso de ontem no Planalto, o movimento de hoje mostra que os aliados de Temer não estavam brincando ao dizer que, até setembro, quando haverá a troca de comando na Procuradoria, a política seria marcada por um duelo entre Temer e Janot, conforme anunciou a coluna Brasília-DF no último domingo. No discurso de ontem, Temer fez uma comparação. Disse que atribuir a ele a condição de destinatário dos R$ 500 mil da mala entregue a Rocha Loures seria o mesmo que dizer que Janot seria receptor dos milhões recebidos pelo procurador Marcelo Miller, aquele que deixou a força-tarefa da Lava Jato para se juntar ao grupo de advogados que negociava o acordo de leniência da JBS. “Jamais faria uma ilação dessas”, disse Temer, depois de fazer a comparação. Essa briga ainda terá novos capítulos. Especialmente, agora, com dois pólos de poder nos bastidores da Procuradoria. Um no ocaso, outro em curva ascendente.
Sai Renan Calheiros, entra Raimundo Lira. Esse é o desenho em curso para o cargo de líder a ser definido daqui a pouco no PMDB do Senado. Lira queria ser líder do partido no início do ano, antes de Renan se apresentar. Na época, Renan chegou a dizer ao se senador que não pleitearia o comando da bancada. Terminou mudando de ideia e Lira ficou na mão. Agora, o senador paraibano se apresentará novamente. Desta vez, sem Renan na disputa.
O perfil de Raimundo Lira, que presidiu a comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff é considerado muito mais “light” do que o de Renan no confronto com o PT. Pode terminar se complementando com o timbre mais combativo do líder do governo, Romero Jucá. É por aí que o governo tentará reorganizar seu jogo no PMDB do Senado.
Nicolao Dino pode se preparar. Desta vez, o mais votado da lista tríplice da Procuradoria-Geral da República não assumirá o cargo de procurador-geral. No Planalto, a análise é de que o desgaste do presidente Michel Temer é de tal monta que respeitar a lista ou não será indiferente. Se for para escolher alguém dos três candidatos, ficará com Raquel Dodge. A indicação, entretanto, não deve demorar. Tudo para ver se transforma Rodrigo Janot em rei posto.
Na boca das
excelências
Nenhum deputado pareceu surpreso diante da comparação que Michel Temer fez ao citar que acusá-lo de receber os R$ 500 mil de Rocha Loures seria o mesmo que dizer que o ex-procurador Marcelo Miller dividiu os milhões que ganhou do grupo JBS com o “chefe” (Rodrigo Janot). Entre os parlamentares, muitos mencionavam isso à boca pequena há, pelo menos, três semanas.
Sentiu o golpe
A nota que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou ontem no fim da tarde foi vista no Planalto como um sinal de que Michel Temer conseguiu, finalmente, colocá-lo na defensiva.
Duelo em curso
Mal Michel Temer acabou seu pronunciamento ontem, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ingressou com uma ação de inconstitucionalidade contra a lei que regulamenta a terceirização. É cada um jogando com as armas que tem.
Imagina na Copa!
Se a reforma trabalhista, proposta que exige maioria simples, está dando tanto trabalho para o governo entre os senadores, a previdenciária tende a ficar em banho-maria. Pelo menos, até 2019. Os deputados só querem votar a emenda da Previdência quando houver clima para aprová-la no Senado.
Contágio
eleitoral
O senador Eduardo Braga, candidato a governador do Amazonas, aproveitará hoje a leitura de seu voto em separado na reforma trabalhista para reforçar as críticas ao governo Temer. “O que tem se verificado é a completa submissão do trabalhador aos interesses do empresariado”, diz.
É o chefe da conspiração contra
o país. Merecia o impeachment!”
Do ex-presidente do PFL Jorge Bornhausen, referindo-se ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, engrossando o coro dos governistas
House of Brazil/ Deputados comparavam ontem a famosa série House of cards com a realidade da política nacional. Na ficção, Frank Underwood parece planejar tudo a seu favor. No dia a dia em Brasília, está tudo na base do improviso.
Duelo/ Depois de Michel Temer versus Rodrigo Janot, foi a vez de Renan Calheiros (foto) puxar o sabre contra o líder do governo, Romero Jucá: “O erro do presidente Temer foi pensar que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba”. Jucá não respondeu.
E a galera deliiiiraaaa!/ Há tempos, Renan Calheiros não era tão elogiado pela oposição. O líder do PT, Lindbergh Farias, se referiu a Renan como um dos maiores líderes da Casa. Randolfe Rodrigues, da Rede, idem.
Questão de ângulo/ Sempre atentos ao cenário, alguns fotógrafos ontem no Planalto buscavam um quadro que não aparecesse quem estivesse respondendo a algum imbróglio na Justiça. Difícil. Na plateia de parlamentares que assistiu in loco ao pronunciamento de Michel Temer, a maioria tem contas a acertar ou se sente perseguido pelo Ministério Público.
O maior receio do Planalto hoje é o Supremo Tribunal Federal (STF) demorar a enviar a denúncia de Rodrigo Janot contra Michel Temer para a Câmara dos Deputados, a ponto de comprometer a intenção do governo em resolver essa “pendência” antes do recesso de julho. Porém, se ficar para agosto por causa da pausa no Judiciário, vai atravessar o calendário político de preparação para o período eleitoral. Isso, obviamente, gera mais dificuldades para tirar o presidente da enrascada provocada pela delação de Joesley Batista. Arrisca, inclusive, desacelerar ainda mais a economia.
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Por essas e outras, essa semana começará um movimento para que o STF não entre em recesso sem encaminhar tudo para o Congresso. Nas conversas políticas, há quem diga que não dá para os “togados” e os parlamentares saírem de férias deixando o país em suspense.
Loures e o resto
Entre os argumentos dos deputados que trabalham votos pró-Temer na CCJ está o fato de Rodrigo Rocha Loures não apresentar nada contra o presidente. Loures é considerado no meio político o único capaz de provocar um “fato novo” e, por tabela, a queda do atual governo.
O que move os tucanos
Em suas conversas mais reservadas, os tucanos têm revelado a certeza de que o PMDB, ainda que Michel Temer sobreviva, não apoiará o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República e nem o prefeito paulistano, João Doria. O acordo do partido era com o senador Aécio Neves, que saiu da fila.
Sai pra lá!
O PR ligado a Valdemar da Costa Neto não quer Jair Bolsonaro no partido, porque não deseja apostar no incerto para 2018. Ainda que Bolsonaro se apresente bem nas pesquisas, os parlamentares acreditam que o deputado é meio Russomanno: vai bem até um pedaço, mas não leva.
O Hezbollah e o PCC
Relatório apresentado em maio pela Foundation for the Defense os Democracies acendeu o alerta vermelho por aqui. O instituto, com sede nos Estados Unidos e diversas pesquisas sobre democracia, política e terrorismo, aponta o mercado ilegal de tabaco na América Latina como fonte adicional de renda do Hezbollah e o PCC como parceiro comercial do grupo.
De véspera/ O prefeito de São Paulo, João Doria (foto), desembarca amanhã em Brasília para uma rodada de conversas com o empresariado local. Talvez por isso, aliados de Geraldo Alckmin digam desde já que o governador é o candidato natural à Presidência da República no ano que vem.
De antevéspera/ No PT, a ordem é fazer a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva como se a condenação do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e os casos envolvendo o ex-presidente fossem assuntos de Marte. Ninguém vai entregar os pontos.
Por falar em entregar os pontos…/ No governo de Michel Temer, a disposição de permanecer no Planalto é semelhante ao ânimo de Lula em se manter candidato.
A culpa é do Eduardo!/ Em conversas reservadas, peemedebistas debitam na conta de Eduardo Cunha o fato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser o nome para substituir Michel Temer. É que estava tudo pronto para que Maia fosse líder do governo na Câmara. Cunha insistiu em André Moura, do PSC. Rodrigo terminou acima de Moura, de Eduardo e pronto para assumir o Planalto.