De furacões, malas e prisões

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Por aqui, quem sai por alguns dias de férias encontra uma terra tão arrasada quanto quem retorna para casa na Flórida depois da passagem do Irma. As imagens das malas e caixas de Geddel Vieira Lima martelam na cabeça, assim como o depoimento de Antonio Palocci, falando de pactos de corrupção como quem comenta que foi tomar uma cervejinha com um amigo das antigas. Hoje, Anthony Garotinho foi preso, Wesley Batista a caminho de fazer companhia ao irmão na prisão, Lula depondo frente a Sérgio Moro, José Dirceu mais uma vez na mira da Justiça. Até na Procuradoria Geral da República já se achou gente enrolada nessa sucessão de escândalos que parece não ter fim. A sensação que se tem diante das malas de dinheiro é a de que o furacão da corrupção que insiste em permanecer no solo brasileiro em categoria 5. Agora é rezar para que, diante da ação da Polícia, do MP e do Poder Judiciário, esse furacão da corrupção perca força. Bem, vamos ao trabalho!

Gilmar ataca Gaeco

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O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, aproveitou uma sessão de ontem No STF para atacar os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos), responsáveis pela parte de inteligência de investigações a cargo do Ministério Público. Acusou inclusive o Gaeco do DF de estar a serviço da PGR, com escutas clandestinas.

Gilmar levantou suspeitas diretamente sobre o Gaeco do DF e citou o procurador Wilton Queiroz. Gilmar disse que “parece que esses grupos se tornaram grupos extremamente perigosos de investigação, fazendo escuta telefônica ilegal. Aqui em Brasília, fala-se disto, de que haveria uma conexão entre a Procuradoria Geral e o Ministério Público local”, disse o ministro para, em aeguida, citar o promotor. “Falam até do nome de um ex-delegado, hoje promotor, que atua no gabinete do procurador-geral, chamado Wilton Queiroz, que faria esse papel. Que haveria escuta telefônica numa central do Ministério Público, ilegal, aqui no Paranoá”, diz Gilmar, alertando que “é preciso ter muito cuidado com os poderes que estamos deferindo”.

Há tempos o ministro vem falando de sua preocupações em relação ao Gaeco, mas jamais havia sido tão contundente. O ministro já havia levado o caso ao Ministério Público local, citando inclusive a suspeita de gravações clandestinas no telefone de d. Guiomar, sua esposa. Agora, decidiu colocar publicamente, depois das citações de possíveis gravações clandestinas envolvendo Gaecos de outros estados. Segundo o ministro, é preciso definir melhor o trabalho dessas instituições.

O “balão” da hora

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As especulações sobre aumento do Imposto de Renda da pessoa física com novas faixas de 30% e 35% não surgiram por geração espontânea. A ideia, apesar dos desmentidos do Planalto sobre o tema, é sim colocar o assunto na roda de forma a fazer um alerta à base aliada: para os parlamentares aceitarem a reforma da Previdência, em especial, o fim dos privilégios daqueles que recebem altas aposentadorias no setor público. O Poder Executivo segue assim a velha máxima: quando você quer resolver um problema ou considerá-lo menor, basta colocar outro maior na roda. O deputado Darcísio Perondi, grande aliado de Temer, não esconde a estratégia: “Ou fazemos a reforma da Previdência ou a saída será impostos”, diz.

O tropeço de Janot I
Em conversas para lá de reservadas, advogados e juristas afirmam que o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, jamais poderia ter anunciado em entrevista que fará uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer com base em delações que ainda não foram fechadas oficialmente. Agora, caberá ao procurador acelerar o trabalho.

O tropeço de Janot II
A avaliação de alguns juristas é a de que Janot, ao fazer o anúncio em entrevista à Folha de S,Paulo na última segunda-feira, tentou capturar a agenda do país, no sentido de parar tudo que está em curso para que se espere o que vem da PGR contra Temer. Denúncia, dizem muitos, não se anuncia. Apenas se apresenta.

Ancine em disputa
A posse do novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, ainda não foi suficiente para selar a paz na Ancine. Estava tudo certo para que o produtor Christian de Castro assumisse a presidência da agência. Porém, na última semana, aterrissou na Casa Civil a indicação do procurador da Ancine, Alex Braga, para o posto de comando. Alex é ligado ao ex-presidente Manoel Rangel, aquele que incentivou o “fora, Temer” no festival de Cannes. A indicação, entretanto, é atribuída à deputada Soraya Santos (PMDB-RJ).

Serviço para ontem
Amanhã tem visita às obras emergenciais de captação da água do Lago Paranoá. O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, e o governador Rodrigo Rollemberg vão conferir in loco o investimento de mais de R$ 40 milhões da União para garantir o abastecimento por aqui. O contrato de execução pelo GDF foi assinado em abril. Metade do tempo já se passou.

Time que venceu…
…Não se mexe. A estratégia em curso no PMDB é entregar a relatoria de uma possível denúncia contra Michel Temer ao deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que teve o parecer aprovado quando da primeira denúncia.

Sinceridade, só em “off”/ Pode perguntar a qualquer deputado o que interessa dentro da reforma política para este ano. Nas declarações públicas entram “melhorar a política do país, fidelidade ao voto do eleitor etc”. Nos bastidores, a resposta é uma só: o fundo para financiar as campanhas. O resto é perfumaria.

Revezamento/ Sem poder acompanhar toda a agenda de Lula no Nordeste, os senadores petistas fizeram uma “escala”: em cada cidade, dois acompanharão o ex-presidente no périplo de 17 de agosto a 4 de setembro.

Enquanto isso, na sala de café… /O deputado Heráclito Fortes contava a quatro ventos a história do candidato a prefeito de Miguel Leão (PI) que perdeu a eleição depois que passou
a exibir um vídeo com Lula. Eis que chega o deputado Sílvio Costa,
lulista roxo: “Até parece que a culpa
foi de Lula…”.

Rodrigo na roda/ O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (foto), do PMDB de Minas Gerais, é o entrevistado de hoje no programa CB.Poder, ao vivo, às 13h30, na TV Brasília, com transmissão ainda pela página do Correio Braziliense no Facebook.

Procuradora aprova “tribunal popular”

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A procuradora regional Eloísa Helena Machado indeferiu o pedido de um procurador de Bento Gonçalves (RS) Alexandre Schneider para barrar o uso da expressão “tribunal popular” no ato público convocado para esta sexta-feira em Curitiba. A ideia do ato é promover uma espécie de julgamento das ações realizadas no âmbito da Lava Jato.

O ato convocado para o dia 11 reunirá advogados, juristas e uma série de políticos contrários aos métodos utilizados na Lava Jato. Irá colocar lado a lado o ex-ministro da Justiça e Ex-vice procurador-geral da República Eugenio Aragão, ligado ao PT, e o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que advoga para vários políticos do PMDB, inclusive alguns que fizeram o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

DEM, Dória e o PMDB

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DEM, Doria e o PMDB

O prefeito de São Paulo, João Doria, recebe o título de cidadão soteropolitano, ao lado do alcaide de Salvador, ACM Neto (DEM). Essa homenagem vem justamente na temporada de ensaios rumo a 2018, e na mesma semana em que o presidente Michel Temer escolheu uma solenidade com o prefeito paulistano para deflagrar seu jogo de aproximação com o PSDB. E nada foi por acaso. O DEM e o PMDB estão próximos, enquanto o PSDB, mais ligado ao governador Geraldo Alckmin, distante. Para muitos, o recado a Alckmin está construído: com Doria, o jogo é mais fácil. Esteja o prefeito de São Paulo dentro ou fora do PSDB.
Não é demais lembrar que Geraldo Alckmin defendeu que o PSDB se afastasse do governo. Doria não chegou a esse ponto. Começou o assédio ao prefeito por parte dos governistas. Para não deixar tão explícito assim, hoje o presidente estará com Geraldo Alckmin.

Seguro-mercado I
Com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cantando aos quatro ventos que apresentará uma nova denúncia contra Michel Temer antes de deixar o cargo, o périplo do presidente por São Paulo teve ainda a missão de reforçar os laços com o empresariado. Hoje, ainda tem setor automotivo e imobiliárias. Amanhã, no Rio de Janeiro, será a vez dos exportadores.

Seguro-mercado II
Oficialmente, aliados do governo dizem que o reforço desse suporte é necessário para ajudar a conquistar votos pró-reformas no Congresso Nacional. Nos bastidores, porém, há quem diga que serve para pintar ainda mais o presidente como o retrato da busca da estabilidade econômica.

Várias fontes
A conversa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com Fernando Henrique Cardoso indica que o deputado do DEM não quer ficar apenas dependendo de Michel Temer e do PMDB. Seja para discussão da reforma eleitoral e política, seja para suas evoluções rumo a 2018.

Vanusa e Luz
Investigadores da Lava-Jato que atuam no Rio de Janeiro começam a fazer a lista daqueles personagens que atuaram em vários esquemas. Aqueles, por exemplo, que acompanharam de perto as investigações sobre o lobista Jorge Luz e os partidos políticos na Petrobras se voltam agora a analisar as ligações de negócios entre ele e a advogada Vanusa Sampaio, presa na semana passada dentro da operação que investiga obras da prefeitura do Rio no governo de Eduardo Paes.

Dá-lhe explicação/ Mal Michel Temer saiu da solenidade ontem pela manhã em São Paulo, o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) puxou o presidente num canto. Tudo para explicar que, na quarta-feira, estava nos Estados Unidos e não conseguiu voo a tempo de chegar para a votação.

Vai ter fila I/ Aliás, o que não faltam são deputados explicando ao presidente da República por que não estiveram na votação da quarta-feira. Sabe como é: diante da perspectiva de perder os cargos de segundo escalão… Ninguém quer brigar com Michel Temer agora.

Vai ter fila II/ Nas internas, os deputados brincam que não dá para se arriscar a virar o “Hélio José da Câmara”.O senador do PMDB-DF votou contra o governo na reforma trabalhista e perdeu o afilhado na Secretaria de Patrimônio da
União (SPU).

Por falar em Senado…/
O presidente da Casa, Eunício Oliveira (foto), não pode reclamar da vida.
Dia desses, num evento, a deputada estadual Miriam Sobreira, do PDT, disse que não votaria nele, mas que era preciso reconhecer o trabalho do senador em prol do Ceará. Num dado momento de sua fala, Miriam afirmou que “parabeniza o governador Eunício”. Melhor que isso, só o voto.

Antes da Previdência, a meta

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Os líderes do governo e de partidos aliados já foram avisados que é preciso preparar a base para, antes da reforma previdenciária, aprovar o ajuste da meta fiscal, a mudança da taxa de juros dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, ainda, o Refis. A sorte do governo é que nesses quesitos, os 263 que Temer obteve na última quarta-feira resolvem.

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Em tempo: o mercado aposta na aprovação da reforma da Previdência e acredita que a ampliação do deficit na meta fiscal está diretamente relacionada com a conta para aprovar a proposta. Afinal, faltando um ano para a eleição, um desgaste político dessa ordem, em especial, junto aos servidores públicos, só se houver alguma benesse para compensar.

Quem tem medo de Bendine I

Que Val Marchiori, que nada. A prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine colocará novamente na vitrine a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha, aquela que d. Marisa Letícia não gostava. Madrinha de Bendine no BB, Rose, como Lula e os amigos a chamam, deu uma mergulhada depois da demissão, em 2012, já no governo Dilma Rousseff.

Quem tem medo de Bendine II

A perspectiva de delação do ex-presidente do Banco Brasil, dizem os próprios petistas, trará novamente à baila toda a teia de relações de Rose, inclusive com o ex-presidente Lula. Nos tempos de Bendine no BB, Rose conseguiu emplacar ainda um aliado de Delúbio Soares no comando do banco em Goiás.

Recordar é viver

Rose foi demitida depois que a Operação Porto Seguro da PF a apontou como parte integrante de um esquema de tráfico de influência e cobrança de propinas. O escritório da Presidência em SP foi inclusive alvo de busca e apreensão.

Bom sinal

Os fundos gerenciados pelo Ministério da Integração que atendem as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste fecharam o 1º semestre com a liberação de R$ 11 bilhões, 34% acima do valor liberado no mesmo período de 2016 e o melhor resultado desde a criação desses fundos, em 1989. Esses recursos atendem do pequeno produtor rural às grandes indústrias, com linhas de financiamento para investimento de longo prazo, capital de giro e custeio a fim de estimular o desenvolvimento nas três regiões.

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Efeito do cigarro // Transferido para o presídio, Aldemir Bendine (foto) está um pouco menos estressado. Lá, tem dois banhos de sol por dia com direito a pitadas. Na carceragem da Polícia Federal, Bendine já estava subindo pelas paredes. Agora, vai pensar melhor na delação.

O cara // Sabe por que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ficou tão anti-Temer ultimamente? Parte dos aliados do governador paulista estão convictos de que, se o presidente sair dessa crise e conseguir recuperar o fôlego, jamais irá apoiar o tucano em 2018. O nome será o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Terra de Murici // Cada um por si. Quem conhece a forma dos deputados se comportarem quando vêem a própria eleição no horizonte alerta: tudo o que for votado a partir de agora na Câmara passará pelo filtro “e o que eu ganho com isso?”.

Não te fresqueia, tchê! // Na tumultuada sessão em que o presidente Michel Temer obteve o direito de continuar exercendo a Presidência da República, o deputado Carlos Marun se vira para o deputado Pompeo de Mattos, que cogitou não votar: “No Rio Grande quem honra sua bombacha tem que ser homem! É sim ou não! Mattos não titubeou: Vestido à caráter, foi lá e tascou o voto contra o presidente Michel Temer.

Um placar para dois

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Assim como o governo esperava o resultado de ontem para tocar as reformas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também aguardava o placar para encaminhar uma nova denúncia. Ele agora sabe que não há número suficiente para abrir uma investigação contra Michel Temer. A intenção, porém, ainda é enviar o pedido. E há, inclusive, gente da própria base do governo torcendo para que isso ocorra. Será mais uma chance de tentar obter algum benefício do Planalto.

Troca de posições
A classe política avalia que, ao longo do processo dessa primeira denúncia, o DEM começou a tomar o lugar do PSDB em termos de coesão partidária e preparação para as eleições do ano que vem. Se a legenda ampliar seus quadros e conseguir atrair um nome como João Doria, estará na boca para dar uma volta nos tucanos, ganhar a linha de frente para tirar eleitores de Jair Bolsonaro e emplacar um candidato para concorrer contra o PSDB.

São Paulo em litígio
Muitos parlamentares votaram com o presidente Michel Temer com a seguinte frase: “Voto sim, com o relatório do PSDB”. Em São Paulo, por exemplo, onde os tucanos mais ligados a Geraldo Alckmin votaram contra o governo, o líder do PMDB, Baleia Rossi, foi além: disse que, pela estabilidade política e econômica, votava com o relatório do PSDB.

Por falar em Geraldo…
Se depender do PMDB, Geraldo Alckmin pode esquecer a campanha presidencial em 2018. Os peemedebistas estão pra lá de magoados com o descaso dos tucanos ligados ao governador, em especial, Sílvio Torres, apontado como o porta-voz de Alckmin no Congresso.

Ninguém sai
A base que permaneceu fiel a Michel Temer deseja a troca imediata de ministros tucanos. O presidente, porém, não mexerá com ninguém. Afinal, ainda vem muita turbulência até setembro.

Previdência ainda não dá
O resultado de ontem deixou claro que a reforma da Previdência não passa agora. Restará ao presidente inverter a pauta e puxar a tributária em primeiro lugar. Falta convencer a equipe econômica.

Ninguém perde a piada/ O deputado Aleluia (DEM-BA) aproveitou a foto do colega Wladimir Costa tatuado com a bandeira do Brasil e “Temer” para colocar no seu Instagram uma imagem do rosto do governador da Bahia, Rui Costa (PT), no corpo de Wladimir. Viralizou entre os baianos.
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Na escada/ Dois médicos, Lelo Coimbra e Darcísio Perondi (foto), acompanharam Michel Temer à casa do deputado Fabinho, na noite de terça-feira, a pé, até o sexto andar, uma vez que o elevador quebrou. Da garagem ao térreo, o presidente subiu de uma tacada só. “Calma, Michel, espera a gente! Você está com fôlego de caminhada no Jaburu!”, disse Perondi.

Um pique só/ O presidente manteve o ritmo até o terceiro andar. Ali, deu uma parada. Afinal, não dava para chegar ofegante à conversa com os deputados. Ficaram por ali uns dois minutos, recuperando o fôlego. Depois, o presidente foi devagarinho e chegou sem dificuldades ao sexto andar.

Livros novos na praça/ Ontem foi a vez de o jornalista Mário Rosa lançar no Congresso Entre a glória e a vergonha, memórias de um consultor de crises. Hoje será a vez de Eumano Silva autografar seu mais novo livro, A Morte do diplomata, no Carpe Diem, da 104 Sul, às 19h.

Colaborou Paulo de Tarso Lyra

Reflexos eleitorais

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Os 263 votos que o governo obteve na noite de quarta-feira vão aumentar a pressão para que o presidente puna os dissidentes na base aliada. Porém, Michel Temer não está em condições de prescindir daqueles que lhe deram as costas na votação. O presidente não está livre de uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nem tampouco pode se dar ao luxo de dispensar aliados importantes para a condução de reformas que, embora impopulares, são importantes para ajudar a restaurar o ambiente econômico. Nessa conta está o PSDB, que deu 22 votos a favor de Temer e 21 à oposição, pela abertura de investigação e, consequentemente, o afastamento de Temer do governo. A resposta do líder do PMDB, Baleia Rossi, foi dada na hora do voto: “Pela estabilidade política e econômica voto com o relatório do PSDB”. Quem entende dos gestos da política saiu certo de que o líder fez questão de citar a sigla tucana em seu voto como forma de dizer, ‘olha, vocês hoje são governo’.

Se Temer não pode prescindir dos votos do partido para tocar as reformas e ter uma folga expressiva para se livrar da próxima denúncia, o PSDB que sonha em voltar ao comando do país não tem meios de dispensar a máquina peemedebista na hora de buscar votos. Todos os candidatos a presidente que conquistaram a presidência da República no período recente da história do país tiveram o apoio do PMDB, seja informal ou formalmente. Em 1989, Ulysses Guimarães foi abandonado e peemedebistas ajudaram Fernando Collor. Em 1994, foi a vez de o partido deixar Orestes Quércia sozinho e correr para apoiar Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, o partido estava novamente com FHC e tinha o pedaço com Lula. Em 2002, depois de um desentendimento com o PFL ( hoje DEM), o PSDB entregou ao PMDB a vaga de vice na chapa de José Serra. A representante do PMDB foi a deputada Rita Camata (ES). Naquela ocasião, mais uma vez o PMDB abandonou o candidato oficial e descarregou sua máquina em Lula. Em 2006, boa parte estava já com Lula. Finalmente, em 2010, lá estavam os peemedebistas na vice de Dilma Rousseff, cargo que terminou rendendo ao partido do dr Ulysses a Presidência da República depois do impeachment. Ou seja, o PMDB por todos esses anos honrou a frase do senador Romero Jucá, “eu sempre fui governo, os outros é que mudam”. Nesse ponto, embora a política pareça diferente do que há alguns anos, ninguém acredita que isso mudará agora: O PMDB ainda terá muita importância para o pleito de 2018.

Quem já percebeu essa importância do PMDB foi o DEM. O partido de Rodrigo Maia chegou a ensaiar uma carreira solo, mas, ao perceber que o espaço do lado do governo era mais amplo e que 2018 é um livro aberto, o partido refluiu. Trabalhou e muito para conseguir uma certa unidade em relação a votação de hoje e conseguiu. O DEM fez um jogo muito diferente daquele qu emarcou o PSDB. Seu presidente, Agripino Maia, se esquivou de pressões para convocar a Comissão Executiva, coisa que o PSDB não fez. Foram inúmeras reuniões tucanas convocadas para decidir o rompimneto com o governo, todas inconclusivas, expondo ainda mais a divisão da bancada.

O DEM faz hoje o mesmo jogo que o antigo PFL fez em 1994. Naquela época, o PFL estava fora do jogo eleitoral. Tinha perdido espaço por causa do apoio a Fernando Collor ao longo do processo de impeachment. O partido, então, foi ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e ofereceu seus votos para ajudar a provar o Plano Real, algo que o PT havia recusado. Assim, o PFL voltou ao centro das decisões do país e chegou a oferecer o candidato a vice na chapa de FHC. O discreto Marco Maciel, de Pernambuco, foi vice de FHC por oito anos. Agora, o partido tenta fazer o mesmo oferecendo apoio a Michel Temer. Ok, a bancada não é tão grande. Porém, o DEM, avisa o deputado Pauderney Avelino, está prestes a receber novos filiados e de portas abertas para quem mais chegar. Quer crescer e voltar a ser influente no jogo de 2018. Só tem um probleminha. Desta vez, não quer ir à reboque. Deseja a cabeça de chapa. E o PMDB, sem um candidato forte hoje, não se recusará. Afinal, como diz Jucá, o partido sempre foi governo. E, sem um nome forte, não recusará o convite do DEM. Será um novo jogo e uma alfinetada em Geraldo Alckmin, que ontem, embora distante, irritou o PMDB. Se o projeto do DEM ganhar corpo num futuro próximo, adeus PMDB na chapa de Geraldo.

PSDB, a grande família

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De todos os partidos que têm participação mais destacada nos destinos do país, quem mais está perdendo terreno para os cenários políticos de 2018 é o PSDB. O partido se comporta como o PMDB dos velhos tempos. totalmente dividido. A reunião da bancada hoje pela manhã terminou com os deputados liberados para votar como quiserem em relação ao processo envolvendo Michel Temer. O encontro começou enquanto o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB_MG) lia seu relatório favorável ao presidente Michel Temer. Porém, o líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli (PSDB-SP), recomendará o voto contra o relatório do seu colega de partido. Diante da divisão, o governador Geraldo Alckmin, diz de público que não interfere na bancada. O presidente do partido, Aécio Neves, trabalhou por Temer, enquanto o presidente em exercício, Tasso Jereissati, trabalha contra o governo. A guerrilha tucana por candidaturas a presidente da República, que vem fermentando desde 2010, foi destampada com esse processo de Michel Temer. A DR _ discussão da relação _ partidária começa tão logo a crise envolvendo Michel Temer tenha um desfecho. E o pior é que, diante da divisão e da perspectiva de uma nova denúncia a ser apresentada por Rodrigo Janot, Michel Temer não tem muito o que fazer em relação ao PSDB.

A outra ponta da discórdia na base é o PSB. O partido continua dividido e interessado em criar constrangimentos para que os aliados do presidente Michel Temer deixem o partido. Muitos estão em direção ao DEM, que, como já abordado na coluna Brasília-DF na edição impressa do Correio Braziliense de hoje, é o maior vencedor de todo esse imbroglio entre Temer, o Ministério Público e o ex-amigo Joesley Batista. O DEM está focado no seu crescimento. Se o copo do desgaste de Michel Temer encher, o partido estará a postos para assumir o governo e tentar angariar apoios. Se Temer escapar das próximas como parece que escapará desta primeira denúncia prestes a ser votada, o DEM continuará na sua rota de crescimento da bancada rumo a 2018. O quorum de mais de 400 deputado em plenário mostra que, por enquanto, o DEM joga para 2018. E, que ninguém se surpreenda se buscar um candidato a presidente com chances de chegar lá.

O PSDB, por sua vez, virou algo como aquela grande família rica dos seriados de tevê, na qual todos brigam, um tem inveja do outro, e tenta a todo momento, puxar o tapete do irmão que faz sucesso. Se continuar nesse ritmo, dificilmente será uma grande opção para 2018. Talvez essa confusão envolvendo Michel Temer e Aécio Neves tenha abatido os tucanos em pleno vôo e transformado o DEM em opção. O futuro dirá.

Todos soltos

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Um empate de 2 a 2 na segunda turma do Supremo Tribunal Federal acaba de conceder liberdade ao advogado Willer Thomaz e ao procurador Ângelo Gourlart Vilela, presos desde 18 de maio, em função da delação da JBS. Ambos foram citados na delação de Joesley Batita como contratados pelo empresário para receber informaçoes de investigações de interesse do grupo.

O relator, Edson Fachin, proferiu um parecer contra a soltura dos acusados, seguido pelo ministro decano, Celso de Mello. Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowiski votaram a favor da liberdade dos presos, porque, afinal, todos os demais citados na delação da JBS respondem ao processo em liberdade. O ministro Antônio Dias Toffoli não participou da votação.

Thomaz foi representado pelos advogados Gilson Dipp e Rafael Carneiro e já pode inclusive voltar a trabalhar, embora não possa manter contato com outros investigados. Já o procurador Angelo Goulart Villela, por exercer função pública, está proibido de se aproximar do Ministério Público, mas continuará recebendo salário. Ambos terão ainda que ficar em casa à noite,não podem participar de festas nem tampouco ingerir bebidas alcoólicas. No geral, todos os denunciados por Joesley começam a retomar a vida. Estão todos soltos e o delator milionário vai muito bem. Uma delação há tempos não compensava tanto.