Autor: Denise Rothenburg
Logo depois que o ministro das Cidades, Bruno Araújo, entregou a carta de demissão, começou o movimento no gabinete do presidente Michel Temer. Eram presidentes de partidos e líderes em busca do novo desenho da equipe de governo. A primeira dúvida estava sanada por volta das 20hs. A reforma será ampla e não se restringirá à simples troca do ministro das Cidades. O presidente quer aproveitar a troca do deputado tucano por um nome do PP para substituir peças na Esplanada, em especial os candidatos. Temer querque permaneça o grupo que ficará até o final do mandato, em dezembro de 2018. Porém, isso não está definido e nem vale para todos no momento.
Na hipótese de fechar uma equipe para concluir o mandato, e não apenas garantir os votos para aprovar a reforma previdenciária, o presidente optará por um ministério sem aqueles que planejam concorrer a um mandato eletivo em 2018. Afinal, se incluir na equipe nomes interessados em um mandato eleivo, virá nova reforma em abril de 2018, prazo final para que candidatos deixem cargos executivos para concorrer às eleições.
O presidente não substituirá todos os ministros do PSDB, mas aproveitará a brecha para trocar quem não representa votos no plenário da Câmara. Um dos poucos que não deve ter mudança é o ministério dos Transportes, onde o PR tem o deputado Maurício Quintela,. Embora Quintela seja candidato em 2018, o PR está satisfeito com seu espaço no governo e faz parte daqueles que “não geram instabilidade”, conforme avaliação do Planalto.
A permanência de, pelo menos, um ministro com mandato deixará claro que o presidente não jogará todas as cartas agora. Afinal, ele precisará de algum espaço para acomodar senadores, quando chegar a hora de a reforma previdenciária ser votada no Senado. A reforma previdenciária é vista como prioridade máxima do governo e tudo será feito no sentido de levá-la adiante, seja troca de ministros, seja liberação de emendas. Até que essa reforma esteja aprovada, todo o poder pertencerá ao Parlamento.
A cúpula do DEM desistiu de buscar aliança com o PSDB para as eleições de 2018. Pelo menos, nesse momento, vai cuidar da própria vida. O partido faz uma convenção em 28 de novembro para selar a mudança do nome. Na mesma data está prevista a filiação de deputados do PSB que já receberam carta branca para deixar a legenda. O DEM espera mais. E é justamente do PSDB. A ideia é somar algo entre 45 e 50 deputados. Espaço político não fica vazio. Enquanto os tucanos se bicam, outros se juntam.
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Aliás, nos bastidores do DEM, o que se diz a respeito da crise do PSDB é que, se os tucanos tivessem juízo, se uniriam em torno de Geraldo Alckmin e iriam para cima dos demais partidos, tentando aglutinar apoios e apresentar o pré-candidato. Mas a fogueira das vaidades tucanas impede esse movimento. Pior para o PSDB que, se não sair desse redemoinho interno, tende a ficar isolado no ano que vem. De Luciano Huck a alianças, o DEM tem discutido um pouco de tudo. Só tem um probleminha: desunião no Centro amplia as chances dos extremos.
O poder é deles
A decisão do governo em transferir a área de publicidade para a esfera do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, vai na mesma linha que mantém hoje as nomeações na esfera da Casa Civil: deixar todo o poder no núcleo político do PMDB, hoje restrito ao próprio Michel Temer, Moreira e Eliseu Padilha.
Noviço
O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, gravita nesse núcleo. Mas só será alçado à condição de núcleo duro se terminar ingressando no PMDB da Bahia. Falta combinar com os Vieira Lima.
É por aí
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu sinal verde para a reforma tributária capitaneada pelo relator, deputado Luís Carlos Hauly (PSDB-PR). A ordem é equilibrar a cobrança entre consumo e renda, reduzindo os valores dos impostos sobre consumo e ampliando o da renda para não haver queda de arrecadação.
Então, ficamos assim
A carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicada no Facebook deixou nos tucanos a sensação de que ou Geraldo Alckmin assume a presidência do partido a fim de coordenar a própria campanha ou, então, o melhor é escolher Tasso Jereissati.
Todos querem ser Huck/ É bom Luciano Huck (foto) se proteger contra mau-olhado. Em conversas reservadas, os políticos não negam a inveja que sentem da vida que o apresentador leva. Tem dinheiro, família linda e ainda faz um excelente trabalho social com seus programas na telinha. “A gente aqui pensando em ter uma vida como a dele e ele querendo a nossa… Vai entender!”
Huck quer ser Huck/ As conversas do apresentador ontem no Rio deixaram nos políticos a sensação de que o dilema entre participar e concorrer ainda não está resolvido. Huck, entretanto, tem conversado com todos os partidos. Além do PPS, teve encontros com integrantes do DEM, do Novo e do PSB.
A história se repete/ No meio político, há quem diga que Luciano Huck está para a eleição de 2018 como Sílvio Santos esteve para a corrida de 1989. A diferença é que Sílvio Santos se mexeu tarde para construir um caminho. Huck começou cedo. Embora seja mais sensato, aumenta o tempo de exposição a desgastes. Nas redes sociais têm aparecido fotos dele num barco com Joesley Batista e em eventos com Aécio Neves.
Só a polícia não acha/ Um HB-20 preto, placa JJA-8110, ano 2013, foi flagrado pelas câmeras do Detran na Epia Sul, a 130km/h em 9/11. O carro foi roubado em 21 de outubro, por volta das 2h30, na 206 Sul, e as multas não param de chegar.
O movimento do senador Aécio Neves de voltar à presidência do PSDB para tirar Tasso Jereissati do comando evitará que Michel Temer troque seus ministros antes da convenção tucana, em 9 de dezembro. A intenção de Temer é atropelada por um problema: o calendário da votação da reforma previdenciária. A intenção do governo é levar o tema ao plenário da Câmara na última semana de novembro. Portanto, antes da convenção que decidirá o comando partidário do PSDB. Nesse cenário, dizem alguns, resta ao presidente pactuar a troca de ministros para colocar em prática depois da escolha do futuro presidente do PSDB. O “Centrão” vai pressionar para que ocorra tudo antes da votação da Previdência. Essa será a maior queda de braço dos próximos 20 dias. E se depender da vontade exclusiva de Temer, não haverá troca de ministro nesse período.
Em tempo: o secretário de governo, Antônio Imbassahy, já é tido no Planalto como alguém da cota pessoal de Temer e não um ministro do PSDB. Falta combinar como PP, do deputado Arthur Lyra, que não vê a hora de ter outro político ocupando a cadeira de Imbassahy. E com o PMDB da Bahia, que resiste a entregar a filiação acolplada à vaga para o quase ex-tucano concorrer ao Senado no ano que vem.
Ultimato a Bolsonaro I
Azedou o clima entre o deputado Jair Bolsonaro e o Patriota, partido ao qual ele pretende se filiar para para ser candidato a presidente. A reunião ontem do conselho político do Patriota definiu um prazo até 11 de dezembro para manifestação dos filiados interessados em disputar a Presidência da República. E mais: o pessoal de Bolsonaro foi expulso da sala, sob a alegação de que não pertenciam ao conselho e nem eram filiados.
Ultimato a Bolsonaro II
Agora, ou Bolsonaro se filia e sai candidato ou vai buscar outro partido. Aliás, num áudio divulgado no WhatsApp da bancada, Bolsonaro acusa integrantes do partido de fazer um verdadeiro “leilão” da legenda: “Ou corta a cabeça desses caras ou eu estou fora. Vou para outro partido sozinho”, diz Bolsonaro na gravação.
Ultimato a Bolsonaro III
As mágoas dos deputados do Patriota em relação ao presidenciável são muitas. No Espírito Santo, o deputado estadual Rafael Favatto convidou Bolsonaro para uma visita ao estado. O candidato disse que não tinha agenda. Dias depois, lá estava Bolsonaro no estado na companhia de Manatto, do Solidariedade. Na visita ao Pará, o deputado que sonha com a Presidência fez cara de paisagem para o partido. Nesse clima, há quem diga que a porta da rua é a serventia da casa.
““Vou votar em Tasso Jereissati. Se eu tinha alguma dúvida, não tenho mais”
Wanderlei Macris (PSDB-SP), deputado, depois de saber da destituição do senador do cargo de presidente do partido. Macris é do grupo ligado a Geraldo Alckmin. Não dá um ponto sem combinar com o governador de São Paulo.
A reforma dos prepostos/ Na saída da Câmara, um deputado dizia torcer pela reforma ministerial agora, a fim de encontrar “um lugar melhor” para o ministro de Comunicações, Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. “Ué, mas ele não sai daqui a quatro meses para ser vice na chapa de José Serra?”, perguntou a coluna. “Ih, é…Ah, mas ele põe um secretário executivo dele, sai e continua mandando.”
E aí, não vai encarar?/ Na reunião de deputados com Michel Temer para tratar da reforma da Previdência, eis que aparece uma mensagem de WhatsApp na tela de Rodrigo Maia, do tipo, “a reunião vai ficar por isso mesmo, ninguém vai cobrar nada.” Coincidência ou não, Maia pediu a palavra e foi direto: “Antes da reforma da Previdência, é preciso resolver a política”. Leia-se, troca de ministro e atendimento ao baixo clero.
Queixa/ O que mais se ouve no plenário da Câmara é: “Os líderes estão ganhando tudo do governo. Os liderados, nem tanto”.
Todo o prestígio ao PSB/ Enquanto o comando nacional do PSB despreza o governo, os ministros tratam de mostrar que, se depender deles, não haverá retaliação. Ontem mesmo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (foto), foi a Planaltina de Goiás ao lado da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) ouvir a comunidade e autoridades do município e acenar com projetos desportivos para a região, como o programa Segundo Tempo.
Os caciques do PSDB tanto se desrespeitaram uns aos outros que conseguiram o que ninguém queria: Emfraquecer totalmente a legenda e qualquer candidato a presidente que saia dali nesse momento. Hoje, o nome mais forte é Geraldo Alckmin, que promete sair de São Paulo muito bem posicionado, se conseguir contornar as pretensões daqueles que hoje o cercam, a fim de evitar uma rachadura tã grande quanto a que hoje assola o PSDB.
O resultado da disputa de poder interno no PSDB é que nenhum partido vai querer se acoplar a esse saco de gatos que virou o ninho tucano. Os primeiros reflexos da decisão de hoje são uma guerra sem precedentes daqui até a convenção. A não ser, óbvio, que surja um terceiro nome como salvador da lavoura. Porém, ainda que esse nome surja, em vez de focalizar a energia futura para atrair aliados e construir alianças capazes se alavancar o candidato a presidente da República nos estados, o vitorioso na convenção de 9 de dezembro terá que se dedicar a apaziguar o partido internamente.
O alento dos tucanos é que os nomes mais visíveis em campo no momento não estão com a vida ganha. Lula tem problemas a resolver na Justiça e Jair Bolsonaro entrou em rota de colisão com seu partido e começa a se aproximar do PR de Valdemar Costa Neto, que não tem um currículo lá muito recomendado para para desfilar ao lado de um pré-candidato que se diz praticar a tolerância zero no quesito corrupção, seja passiva ou ativa. O cenário de 2018, em vez de clarear, mostra-se cada vez nubladom tal e qual o céu de Brasília. Oxalá nos proteja.
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB, acaba de ser convocado à Comisao de Fiscalização e Controle da Câmara para explicar por que a portaria do Ministério sobre construção de casas populares beneficiou mais os estados governados pelo Seu partido. O pedido foi apresentado pelo deputado Hugo Motta (PMDB-PB). O governo e o PSDB fizeram apelos para que o pedido não fosse aprovado, mas os partidos não aceitaram. A briga foi feia. E tende a piorar. A audiência será marcada para ainda este mês.
Os deputados de outros partidos da base estão revoltados, porque estados pobres foram agraciados com poucas unidades. No Maranhão, por exemplo, onde o déficit habitacional é de 500 mil moradias, a portaria prevê a construção de 400 unidades. Em São Paulo, estão previstas 15 mil. É mais um assunto para azedar a relação entre PSDB e PMDB.
A declaração do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre ser presidenciável foi combinada com o PMDB e acompanhada pelo DEM. A ordem ali era segurar o PSDB. Afinal, se os tucanos saírem mesmo do governo em dezembro, conforme sugeriu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e a economia melhorar, um nome vinculado à volta do emprego e da renda teria chances perante o eleitorado e o PSDB estaria fora dessa construção.
Chamou atenção dos tucanos ainda o fato de o prefeito de São Paulo, João Dória, defender no programa de tevê Canal Livre, no último domingo, a presença do PMDB. Quem é do ramo da política sabe que a estrutura peemedebista pelo país afora e seu tempo na tevê não podem ser desprezados. A política, para alegria de uns e tristeza de outros, ainda passa pelo partido de Michel Temer. Houve quem percebesse na fala de Dória um certo aconchego no ninho peemedebista. Pode ser só impressão ou um blefe muito bem-dado. Como no truco, nem todos estão com as mãos recheadas de cartas, mas todos estão no jogo. Resta saber quem vai correr e quem vai dobrar a aposta. Esse jogo só termina em março.
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Em tempo: Os partidos do chamado Centrão torcem para o PSDB cumprir a promessa de sair do governo. Assim, sobram mais cargos para dividir entre os seus representantes.
Jogadas
ensaiadas I
Com a reforma trabalhista pronta para vigorar na semana que vem, os fiscais do trabalho estão a postos para vigiar pontos de trabalho e, a partir daí, deflagrar toda uma operação para tentar barrar a nova lei. A ordem é levar os contratos entre patrões e empregados à Justiça do Trabalho a fim de considerar a nova legislação inconstitucional.
Jogadas
ensaiadas II
Não por acaso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quer acabar com a Justiça do Trabalho. Afinal, se a nova lei trabalhista foi aprovada pelo Congresso dentro das normas legais vigentes, cabe ao tribunal cumprir e não se voltar contra o texto. A guerra promete ser grande.
E a Previdência, hein?
As declarações do presidente Michel Temer ontem deixaram claro que o governo vai insistir em aprovar, pelo menos, o primeiro turno de parte da reforma previdenciária na Câmara, de forma a deixar o assunto com meio caminho andado. Falta combinar com os deputados, que não querem saber do tema.
É isso, sim!/ Se tem algo que Lúcio Bolonha Funaro odeia é que lhe chamem de doleiro. Pois o ex-deputado Eduardo Cunha foi no ponto: “É doleiro, sim! Tem temperamento explosivo e toma remédio controlado”.
Ensaio/ Eduardo Cunha revelou ainda um encontro de Funaro (foto) com integrantes da CPMI dos Correios antes do depoimento, em março de 2006. Ou seja, o jogo de CPI é combinado há muito tempo.
Pelo jeitão…/ Há quem diga que a tranquilidade de Eduardo Cunha em seu depoimento é um sinal de que ele continua ganhando muito dinheiro. Aliás, não é de hoje. Ele contou que, na época em que Waldomiro Diniz foi flagrado num vídeo extorquindo o empresário Carlinhos Cachoeira, a Bolsa de Valores despencou e ele (Cunha) e Lúcio Funaro tiveram “um lucro extraordinário”.
Eles & elas/ O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decide hoje se os partidos políticos estarão obrigados a garantir cota de 30% para mulheres nas direções das legendas. A consulta foi apresentada pelo advogado Rafael Carneiro em nome da senadora Lídice da Mata (PSB-BA). Ela quer saber se a previsão de reserva de vagas para candidaturas de mulheres não deve ser aplicada também na composição das comissões executivas nacionais, estaduais e municipais dos partidos. “Se a decisão do tribunal for favorável, contribuirá para empoderar as mulheres dentro dos partidos”, afirma Carneiro.
Do Rio de Janeiro, veio um duro recado: ou o presidente Michel Temer demite o ministro da Justiça, Torquato Jardim, ou intervém no Rio. Temer não demitiu o ministro e espera contar com o feriadão para decantar esse embate. Em suas conversas mais reservadas, autoridades do governo federal consideram que o Rio de Janeiro é hoje um caldeirão de quatro crises: econômica, fiscal, de governança e, para completar, de segurança. Se fosse para levar ao pé da letra o
artigo 34 da Constituição, a intervenção viria lastreada pelos incisos relativos a contas públicas e repasses de recursos. Temer, entretanto, é mais de contornar do que confrontar. É o que tentará fazer para não ter que recorrer a algo mais drástico, seja demitir o ministro seja recorrer à intervenção.
Em tempo: um segundo motivo para a não intervenção já é a manutenção da paz com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Afinal, não se toca agenda no Poder Legislativo sem conversar com o comandante da Casa. Por isso, todo o cuidado é pouco com o Rio.
Dilma e Bolsonaro I
Em 2009, experimentados políticos do PMDB avisaram aos tucanos que o povo estava se encantando com a tal “mulher do Lula” e, se o PSDB demorasse muito a definir o candidato, ficaria difícil evitar o prejuízo depois. Dividido, o PSDB considerou que Dilma Rousseff não iria a lugar algum e fez “cara de paisagem” aos amigos peemedebistas. Deu no que deu. Agora, os avisos são repetidos à exaustão em relação ao deputado Jair Bolsonaro. Quem entende do traçado de pesquisas diz que ele vem crescendo entre os jovens.
Dilma e Bolsonaro II
Enquanto isso, os tucanos juram que Bolsonaro é apenas uma “onda”, que não terá tempo de tevê e coisa e tal. E Bolsonaro vai angariando simpatias. Nas redes sociais, dizem alguns, de 10 coisas que ele comenta, pelo menos uma conecta diretamente com alguma fatia do eleitorado e mais um “Bolsominion”.
Dilma e Bolsonaro III
Ok, dizem os tucanos, Dilma tinha a máquina do governo Lula ao seu dispor e um presidente da República popular para chamar de seu. Bolsonaro não tem nem uma coisa nem outra. Porém, a cada político que aparece enroscado na teia da Lava-Jato, Jair Bolsonaro aumenta seu potencial eleitoral. Se consolidar, não cairá mais. Foi assim com Dilma. Consolidou e ficou.
Por falar em PSDB…
Os tucanos querem distância do PMDB, mas nem tanto. É que, se a economia melhorar para valer com crescimento na casa dos 3% em 2018, os tucanos farão o caminho de volta ao governo.
Huck e o PPS/ O presidente do PPS, Roberto Freire (foto), está encantado com Luciano Huck. “Ele não é um mero apresentador. Tem espírito público, é filho de professores. Se vier, será bem-vindo”, diz Freire, mas ele ainda não decidiu e o quadro está pra lá de nebuloso.
Mantenha isso, viu?/ Famoso pela dancinha da alegria em plenário com a vitória de Michel Temer na Câmara, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) falou com o presidente para parabenizá-lo e terminou a ligação feliz da vida. Tudo porque Temer elogiou a forma como Marun encarou os ataques recebidos contra a dancinha. “Ele disse que a minha resposta foi muito boa. E não é? Eu tava feliz, ia ser hipócrita?”
Por falar em Temer…/ Os parlamentares que falaram com o presidente ou o visitaram ficaram impressionados com a recuperação. “Ele está com a voz mais firme do que nunca.”
Pepper e Big Data/ Moriael Paiva informa que não tem qualquer ligação com a Pepper. A empresa, que foi alvo de busca e apreensão suspeita de irregularidades na campanha petista, não tem nada a ver com a Idea Big Data, que hoje presta serviços ao PSDB. “Nossa ligação com a Pepper é zero”, diz ele, que prestou serviços para as duas campanhas de Fernando Henrique Cardoso e, ainda, de José Serra.
Feriadão/ Sexta e sábado a coluna ficará a cargo do jornalista Paulo de Tarso Lyra. Bom feriado a todos!
Deputados disseram a Michel Temer que não dá para tocar a reforma previdenciária de uma só vez, porém, não descartam a seguinte estratégia: Votar um pedaço agora e outro depois da eleição. Isso mesmo: Já tem gente pensando em aproveitar o período posterior à eleição, quando muitos parlamentares voltam endividados e muitos derrotados nas urnas, para concluir essa reforma que todo mundo ensaia e ninguém faz. Para um presidente eleito, seja quem for, a idade mínima para as aposentadorias não soaria o fim do mundo, uma vez que representaria economia no caixa e confiança aos investidores. Aliás, já tem pré-candidato torcendo para que Michel Temer faça todas as maldades, deixando ao sucessor um mar menos revolto nas contas.
Entre os deputados, há quem diga que não se deve ter nem uma coisa nem outra: O melhor é “customizar” o texto da reforma previdenciária na Câmara, de forma a deixar os deputados menos pressionados nas bases. Já chega o que muitos estão passando nas redes sociais depois dos votos favoráveis a Michel Temer essa semana.
Laços de família
Presidente da comissão destinada a emitir parecer sobre a MP do Funrural, o senador Dário Berger (PSDB-SC) vem adiando a sessão para votar o texto. Berger é sogro de Jeferson Rocha, diretor jurídico da Associação Nacional de Defesa dos Agricultores e Pecuaristas e Produtores da Terra (Andaterra), que começou um movimento contra a medida provisória. Tem gente apostando que o senador não quer é briga no almoço de Domingo.
Laços partidários
Produtores rurais à espera da aprovação da medida para conhecer o texto final e resolver as pendências procuraram integrantes do PSDB. Os tucanos, entretanto, esperam mais uma tentativa do senador Berger já na semana que vem, apesar do feriado.
Capitão em jogo quádruplo
O DEM está para lá de animado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ): No mínimo Rodrigo será candidato a deputado federal para tentar mais dois anos no comando da Casa. As outras opções são o Senado, o governo do Rio de Janeiro e… A Presidência da República. Essa “aventura”, entretanto, vem depois.
Perillo sai da toca
O governador de Goiás, Marconi Perillo, estará na próxima segunda-feira em Brasília para traçar um roteiro de viagens e conversas dentro do PSDB. É a largada da campanha para presidir o partido. Aliás, a candidatura de Perillo, foi anunciada há meses pela coluna. O opositor é o senador Tasso Jereissati, que hoje responde oficialmente pelo tucanato.
CURTIDAS
Verão 2018/Com a sua delação homologada, o doleiro e operador Lúcio Funaro tem planos de deixar a cadeia em janeiro do ano que vem. E avisa desde já: Vai procurar jornalistas para falar tudo. E tome desgaste sobre o PMDB. Aos presos, como Geddel Vieira Lima, e soltos como muitos outros.
Por falar em Funaro…/ Ontem, durante depoimento ao juiz Wallisney, em Brasília, Funaro abriu aquele sorriso de “eu sou o cara”, quando a tela mostrou Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, contando as ameaças feitas pelo doleiro, de colocar fogo em sua casa. Quem estava na plateia ficou com a sensação de que o sorriso queria dizer “fiz mesmo, e daí?”
Sua segurança era só disfarce?/ Funaro tomou muito café ao longo do depoimento e suas mãos tremiam, apesar da segurança na voz.
Nem te ligo/ Num dado momento, Funaro ofereceu café ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O ex-deputado, que passou todo o depoimento evitando olhar para o doleiro, fingiu que não era com ele.
Lavar a poeira… / E acalmar a política. Nesse período em que a chuva deve voltar a Brasília, os poderes buscarão a calmaria. Rodrigo Maia viaja hoje com uma comitiva a Israel, Palestina, Pistoia (Itália), terminando em Portugal, num evento junto com o ministro Gilmar Mendes. Nada melhor do que uma viagem também para acalmar os ânimos acirrados ontem no Supremo. O ministro do STF, Gilmar Mendes, passará o feriadão de Finados em Portugal.
Colaborou Renato Souza
Ao contrário do que esperava a equipe econômica do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, fará um aquecimento da base aliada com medidas infraconstitucionais e, posteriormente, discutirá a reforma da Previdência.
O freio é fruto das reclamações da base aliada e avisos do tipo, “voto a favor do presidente na denúncia, mas não venha com reforma da Previdência”, dito por dezenas de deputados aos líderes partidários. Ou seja, diante de tanta confusão e do susto que o governo tomou no início da votação, com o placar favorável à denúncia, a ordem é deixar baixar a poeira. Até porque, Rodrigo Maia tem uma viagem internacional marcada para a semana que vem, e Michel Temer cuidará da saúde. A Casa só volta com força depois do feriadão de finados.
Em tempo: a votação de ontem foi classificada por deputados aliados ao governo como a “mais cara da história”.
A da Previdência, quando houver, será a única capaz de empatar em termos de preço.
“Foi criminoso”
A acusação é do deputado Sarney Filho, licenciado do cargo de ministro do Meio Ambiente apenas para votar a denúncia ontem em plenário. Referia-se ao incêndio que consome o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Zequinha Sarney foi informado que se fosse apenas um acidente teria parado nas áreas que são preparadas para evitar que o fogo se alastre como se alastrou. “Tudo indica que vem daqueles que não queriam a ampliação do parque. Vamos investigar”, diz ele.
Sonho de França.
Só que não.
O acordo entre o governador Rodrigo Rollemberg e Maria de Lourdes Abadia era a largada para uma grande construção do vice-governador de São Paulo, Márcio França, no sentido de conquistar o apoio do PSDB à sua candidatura ao governo de São Paulo e juntar o PSB ao projeto de Geraldo Alckmin ao Planalto. Nem o PSDB do DF nem o de São Paulo topam. O PSB nacional também busca outros caminhos.
Por falar em PSDB…
Além do PSB, que tem nove deputados de saída — muitos rumo ao DEM —, o PSDB perderá parte expressiva de sua bancada.
Sem sossego
Com o presidente Michel Temer no hospital, os ministros praticamente abandonaram a conquista dos votos. Assim, um deputado ligou para o presidente: “Cadê os ministros, que ainda não vieram para cá ajudar?” Foi aí que alguns se mexeram e seguiram até a Câmara para ajudar na conquista do quórum.
Fiscal dos votos I/ O deputado Marcus Pestana (foto), do PSDB-MG, passou grande parte da votação sentado estrategicamente na mesa próxima ao elevador da sala de café dos deputados. A todos que saíam, ele perguntava se já havia votado. Pestana, ao votar, jogou a denúncia no colo do PT, citando a afirmação da denúncia de Rodrigo Janot de que o esquema começou com Lula.
Fiscal dos votos II/ Assessores e líderes do governo acompanharam voto a voto, dentro do plenário, com a lista de parlamentares em mãos. Já no primeiro estado, o Rio Grande do Sul, esse grupo tomou um susto com o número de votos contrários ao presidente, maior do que os favoráveis, o que nunca aconteceu na primeira denúncia.
Sempre eles…/ Yeda Crusius (PSDB-RS) perdeu a hora e não votou. Nilson Leitão, tucano e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, quase sofre do mesmo problema. Ele conversava com o deputado Pedro Vilela (PSDB-AL) e, quando viu que a bancada de Mato Grosso do Sul estava votando, saiu correndo da sala de café em tempo de dizer um “sim” esbaforido no plenário.
Por falar em tucanos…/ O PSDB fez de tudo para tentar evitar que o partido saísse chamuscado da votação de ontem sobre a segunda denúncia contra o presidente. Porém, a maioria dos deputados, na hora de votar, dizia “voto com o relatório do PSDB, a favor de Michel Temer”.
O vice-governador de São Paulo, Márcio França, teve influência direta na articulação que levará Maria De Liurdes Abadia para ocupar a secretaria especial de Assuntos Estratégicos do DF. A notícia do convite está no blog CB.Poder. A intenção de Márcio é levar o PSDB de São Paulo a apoiá-lo para o governo paulista.
O jogo em construção é o seguinte: O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato à presidente, o prefeito João Dória, ocuparia a vaga de vice, e, assim, o PSDB, com uma chapa pura paulista, teria que ceder o governo estadual e apoios em outros estados. Inclua-se aí a reeleição de Rodrigo Rollemberg, e de Paulo Câmara, em Pernambuco, além do próprio Márcio, em São Paulo.
O DEM teria o apoio na Bahia, por exemplo, é ainda o Rio de Janeiro, berço político do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O PSD, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também será chamado a essas conversas, assim como o PMDB, que, por esse desenho, não teria candidato a nada.
Obviamente, por enquanto são apenas exercícios. Falta combinar com todos. Inclusive com o próprio Dória. Mas o movimento de Rollemberg convidando Abadia e oferecendo a vice na sua chapa ao governo do Distrito Federal abriu o jogo. É o quadradinho mostrando sua capacidade de fogo na política nacional. Vejamos os próximos lances.