Bateu o medo do foro

Publicado em coluna Brasília-DF

A descida de processos de deputados e senadores para a primeira instância provoca pânico em alguns. Por exemplo, a remessa do processo sobre o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) e o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes para a primeira instância judicial no Rio de Janeiro faz tremer os alicerces da pré-campanha demista ao governo estadual. É que, nas mãos de Marcelo Bretas,
há quem diga que é condenação na certa.
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Não é apenas aí que reside o perigo. As declarações do ex-prefeito sobre o processo também provocaram constrangimentos dia desses numa roda de ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Chegou aos ouvidos dos ministros que Paes tem dito frases do tipo, “fica tranquilo que, no TSE, esse assunto está resolvido”. Quem conhece os ministros garante que não existe isso de “resolvido”, expressão que, em Brasília, costuma ter interpretações nada republicanas. Da mesma forma que Fernando Segóvia se precipitou ao mencionar que o inquérito contra Michel Temer no caso dos portos seria arquivado em breve,
Paes pode ter cometido um erro crasso falando do TSE.

E Lula ficará preso
Com os quatro votos da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal contra o recurso da defesa do ex-presidente Lula para que ele responda em liberdade, começaram a ser formadas as listas para visitar o ex-presidente na prisão. Na fila, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ainda faltam votar Ricardo Lewandoswski e Celso de Mello, mas o resultado não mudará. Portanto, Lula montará os palanques petistas nos estados dentro da sala que ocupa na sede da PF em Curitiba. O resultado final da votação será divulgado oficialmente hoje.

Muita calma nesta hora
O PSDB não está tão confortável em conversar com o MDB de Michel Temer e tem um discurso na ponta da língua para os potenciais aliados de centro que buscam outros caminhos. Na reunião de ontem, num hotel em Brasília, os tucanos comentaram sobre o fato de, na eleição de 2014, pelo menos, 15% dos eleitores terem escolhido seu candidato no dia do pleito.

Deixe tudo para depois
Diante do quadro nebuloso, os tucanos tentam vender a ideia de que ainda tem muito jogo pela frente para que os partidos fiquem tão ansiosos. A ideia é deixar claro que, se Geraldo Alckmin não melhorar sua performance até julho, sempre haverá o “sprint”.

Conta outra
Os partidos, entretanto, estão ansiosos. Como foi dito nesta coluna há alguns dias, aliados de Rodrigo Maia ensaiam conversas com Ciro Gomes da mesma forma que o antigo PFL buscou o PSDB de Fernando Henrique Cardoso em 1994. Já tem muita gente dizendo que a hora de agregar alguma coisa é agora, uma vez que, numa campanha curta, ficará difícil tirar de quem estiver mais à frente.

Comício no cafezinho/ Os deputados assistiam calmamente a Juventus X Milan na tevê quando, de repente, entra o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) vice-presidente da Câmara, falando em tom de palanque: “Olha, este projeto do cadastro positivo vai dar R$ 70 bilhões para três empresas quem vai pagar o cadastro somos nós, contribuintes. Tem que votar contra”.

Salvo pelo elevador/ Na hora em que Fábio Ramalho fala, o deputado Índio da Costa (PSD-RJ) se levanta e, no mesmo tom, reage: “Não é assim. Os cartórios não querem o projeto e estão fazendo lobby aqui dentro”. Eis que Fabinho completa: “Você está é defendendo os bancos, porque é ligado a eles”. Quando a discussão ia esquentar, eis que o elevador chega e Fabinho entra, encerrando a discussão.

Vai um suco de maracujá, deputado?/ Quem acompanhou a reunião da comissão especial que debateu a lei dos agrotóxicos ficou impressionado com o destempero do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). Aos berros, ele expulsou um produtor rural da sala. O ruralista tinha dado uma risadinha no momento em que Molon falava contra o projeto.

Olho no digital/ Geraldo Alckmin (foto) decidiu apostar no marketing digital. A principal estratégia do tucano é se preparar para combater as fake news, além de divulgar as propostas na internet. Ontem o tucano apresentou oficialmente a equipe. O responsável pela área digital é o professor de marketing Marcelo Vitorino, que trabalhou para Crivella, em 2016, no Rio, e José Serra, em 2010, na campanha ao Planalto. O responsável pela TV é Lula Guimarães, que fez a campanha de João Doria para à prefeitura de São Paulo em 2016.

Não pedalou, mas…

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…É bom o governo não comemorar demais o fato de o Tribunal de Contas da União ter liberado na semana passada o dinheiro do Fistel para pagamento de dívida. É que, ao contrário do que esperava o Poder Executivo, o Tribunal não escreveu textualmente que a “regra de ouro” estava cumprida. Disse apenas que “não era atribuição do TCU indicar como o governo federal deve alocar recursos do Fistel transferidos para o Tesouro Nacional, pois nem o legislador o fez”. A leitura geral, entretanto, foi a de que os recursos foram liberados para cumprimento da “regra de ouro”, aquela que proíbe o governo de se endividar para pagamento de despesas correntes.

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Alguns ministros do TCU consideram que está dada a senha para que, no ano que vem, a ministra-relatora das contas deste ano, Ana Arraes, possa dar, ao menos, um puxão de orelhas e, se quiser, rejeitá-las. Afinal, se hoje está se usando os recursos do Fistel para cumprimento da regra de ouro, é porque não se fez o ajuste fiscal prometido, que incluía a reforma previdenciária. Até aqui, afirmam, não dá para dizer que o governo “pedalou” como fez o de Dilma Rousseff. Mas, há quem diga que Temer, no ritmo que vai, sem conseguir conter os gastos públicos, terminará subindo na bicicleta.

Com Raquel, sem refresco
Deputados denunciados na semana passada, como Arthur Lyra (PP-AL), podem até reclamar das acusações oferecidas pela procuradora-geral, Raquel Dodge. Porém, a ordem na Procuradoria, pelo menos, por enquanto, é fazer o seu trabalho e deixar que o Supremo Tribunal Federal decida o que fazer com o processo. Simples assim. Aliás, tem muito deputado feliz da vida por achar que saiu das mãos de Raquel e da sede do Ministério Público Federal. Mas, pelo visto, a alegria vai durar pouco.

Perfil obrigatório
Aviso aos pré-candidatos a presidente da República: quem for eleito em outubro precisará de uma boa dose de paciência para reunião de líderes partidários. É que todas as análises nos levam a um cenário de pulverização partidária. Se as previsões se confirmarem, nenhuma legenda deverá ter mais de 60 deputados.

Eles terão a força
A consultoria Arko Advice soltou o seu estudo sobre cenários políticos, em que, além de prever a pulverização, projeta o MDB com todas as chances de continuar com o maior número de senadores, elegendo no mínimo 10 e, no máximo, 14. Em segundo ficaria o PSDB e, em terceiro, o PT. Somados àqueles que têm mais quatro anos de mandato, essa posição se mantém.

O que é bom para os Estados Unidos…
O governo terá dificuldades em conseguir privatizar a Eletrobras. É que muitos políticos, inclusive da base governista, se preparam para cobrar o fato de que, nos Estados Unidos, as hidrelétricas estão nas mãos dos militares, consideradas áreas estratégicas.

CURTIDAS

O drone Kassab/ Pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria (foto) não anda lá muito feliz. Tudo por causa da dificuldade em ampliar alianças. Até o momento, ele tem apenas uma promessa do PSD de Gilberto Kassab. Como se sabe, o ministro das Comunicações avalia muito bem o quadro antes de aterrissar. Vai olhar as pesquisas internas e, se o terreno de Dória for pantanoso, vai buscar terra mais firme.

Por falar em pesquisa…/ Ninguém acredita que o quadro apresentado até agora é o que valerá em agosto, quando a campanha começa de fato. Porém, de todas essas etapas, os partidos já tiraram uma certeza: Bolsonaro não está fora do jogo.

Valores políticos 1/ Para marcar a 14ª Semana da Europa, a ONG Café com Política e a Embaixada da Holanda promovem amanhã, no café Daniel Briand, das 19h às 22h, o debate “Valores Políticos na Europa e no Brasil”, com base no livro Europa em Transição, do filósofo holandês Luuk van Middelaar.

Valores políticos 2/ À mesa estarão o professor Cláudio Ribeiro, mestre em história pela Universidade Federal de Goiás, e o cientista político Leonardo Barreto. E eu, que assino esta coluna, vou mediar o debate. Interessados em participar podem entrar em contato pelo Café com Política no Facebook, @contatocafepolitica. Pede-se a doação de um quilo de alimento (exceto sal) e impressão do convite. Vagas limitadas.

Duelo de cachorro grande

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O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, enviou à Casa Civil suas preferências para a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc. O pedido da Fazenda mantém praticamente intacta a atual diretoria e vai provocar a ira do líder do governo, André Moura (PSC-SE). Com os demais partidos do Centrão, Moura pedia mudanças na autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Ele e Guardia já chegaram a ter discussões de bater mão na mesa. Agora, parece que Guardia riscou o chão e quer ver se o líder dos pesos-pesados do centrão cruza a linha.

Nem tudo desce
Vem por aí uma guerra de interpretações sobre o foro privilegiado entre políticos acusados de recebimento de propina, advogados e ministros do Supremo. Parte da turma enroscada na Lava-Jato considera que terminaram acusados por causa do “exercício da função”, como foi dito aqui ontem. Logo, ficariam no rol do foro privilegiado. A aposta geral é a de que as decisões serão “caso a caso”, ou seja, vai dar problema.

Nem todos querem
Em meio a tanta confusão sobre como ficarão os processos depois da prerrogativa de foro, tem gente torcendo para que as ações desçam para a primeira instância, a fim sair um pouco dos holofotes. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, tem dito a muitos que, se seu processo relativo à JBS ficar no STF, terá que concorrer a um mandato de deputado federal a fim de ter uma tribuna onde possa expor a sua visão dos fatos.

O foco de maio
Os partidos dedicam o mês das noivas e das mães às alianças estaduais, o que aumentará a pressão sobre os pré-candidatos a presidente da República. Quem está mais sob fogo cruzado é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Por falar em estados…
O PT não tem muito do que reclamar da vida. Pelo menos, no Nordeste. Lá, dos nove estados, seus candidatos a governador largam bem em quatro, segundo levantamento da Arko Advice: Bahia, Ceará, Piauí e, ainda, Rio Grande do Norte.

Desafio eleitoral
A mesma Arko mostra que o índice de reeleição vem caindo. Em 2006, tiveram sucesso 79% dos governadores que buscaram um novo mandato. Em 2010, caiu para 73%. Em 2014, ficou em 68%. Para 2018, as chances de vitória para quem concorre a um novo mandato serão bem mais baixas. Fala-se em algo perto de 30%.

Muita calma nesta hora/ As últimas declarações de Rodrigo Maia sobre o ex-governador Geraldo Alckmin (foto)causaram um certo desconforto no próprio DEM. Há quem diga que Maia escolheu o alvo errado. Ele precisa é tirar voto de Jair Bolsonaro, que continua aparecendo muito bem nas pesquisas.

Educação midiática…/ O Instituto Palavra Aberta realiza nesta terça-feira, 08, a 12ª edição da Conferência Legislativa Sobre Liberdade de Expressão, no Congresso Nacional, com o tema Educação Midiática. Esse conteúdo já é adotado como política pública na Europa e nos Estados Unidos com o intuito de educar crianças, adolescentes e universitários para não produzir, não disseminar, e aprender a identificar e combater as fake news (notícias falsas).

… e personalidades/ Autoridades dos Três Poderes da República vão compor as mesas de debates. Entre elas, o ministro de Estado da Transparência, Wagner Rosário, o ministro-chefe da Secom da Presidência da República, Márcio de Freitas, os senadores Ana Amélia (PP-RS) e Cristovam Buarque (PPS-DF), e o deputado Mendonça Filho (DEM-PE). Cristovam e Mendonça são ex-ministros da Educação e extremamente dedicados ao tema.

Despedida/ O velório do ministro aposentado do Superior Tribunal do Trabalho (TST) Marcelo Pimentel será hoje, a partir das 10h, no hall de entrada do bloco B do TST. De acordo com a família, o corpo será cremado.

Suspense sobre o dinheiro

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Atenção, partidos que desejam devolver o fundo eleitoral aos cofres públicos, caso do Agora e, segundo Jair Bolsonaro, do seu partido, o PSL: se brincarem, vão ampliar os recursos à disposição do adversário. É que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não decidiu o que fará com os recursos devolvidos. Há duas hipóteses. A primeira é aplicar nesse fundo a mesma regra que vale para o tempo de tevê — quando um partido não tem candidato a presidente da República, o tempo é redistribuído proporcionalmente entre os outros partidos com candidato. A outra hipótese é devolver aos cofres públicos, como é feito quando um partido não usa adequadamente os valores e é condenado a restituir os recursos. A tendência do TSE hoje é aplicar a mesma regra do tempo de tevê. Ou seja, se, no decorrer dos dias, esse entendimento não mudar, quem não quiser usar a sua quota vai ajudar o adversário.

Lava-Jato fica onde está
A turma que está com receio de ver o processo nas mãos do juiz Sérgio Moro ficou mais tranquila ao saber que os crimes cometidos em função do exercício do mandato ficarão no Supremo Tribunal Federal. Pelo menos, a maioria. É que muitos já eram deputados ou senadores e estão sob investigação, ou são réus, justamente por causa do toma lá dá cá no exercício da função. E, sabe como é: Moro costuma ser rápido em seus julgamentos, assim como o TRF-4. Lula que o diga. Já o STF…

Lava-Jato II
A operação “Câmbio, desligo” religou o sistema de alerta máximo da classe política. Parlamentares têm a plena certeza de que os doleiros não vão aguentar cadeia e contarão tudo o que sabem. Vem por aí, avaliam as excelências, pelo menos mais quatro anos de investigações. É a corrupção no país com cara de saco sem fundo.

E vem mais
No meio da turma de doleiros e operadores presos está inclusive o tal Júnior, que teria saído de Brasília e ido a Salvador entregar o dinheiro ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. A esperança da polícia é obter mais detalhes sobre a dinheirama encontrada em malas e caixas num apartamento, imagem que vai acompanhar o ex-deputado pelo resto da vida.

O que quer que eu diga?
Teve personagem preso ontem que já chegou à prisão disposto a falar. A Polícia é que ainda não está preparada para os depoimentos. Antes de ouvir a turma do dólar- cabo, a PF quer analisar papéis e conteúdo de HDs apreendidos na “Câmbio, desligo”.

Yes, he can
As principais embaixadas no Brasil têm procurado o ex-ministro Joaquim Barbosa para saber o que ele pensa a respeito das relações internacionais e da economia. Alguns embaixadores têm se referido ao ex-ministro como o Obama Tropical.

Pelo jeitão de Gleisi…/ A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a se intrometer na entrevista que era concedida por Jaques Wagner, em Curitiba, depois da visita ao ex-presidente Lula. Os repórteres queriam saber se alguém tinha mencionado aliança com Ciro Gomes. Ela respondeu de forma ríspida que Ciro não é pauta do PT. Logo, se depender dela, não tem aliança nem hoje nem nunca.

Dino que se prepare/ O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), não terá vida fácil na campanha. É que a perspectiva, a preços de hoje, é de um segundo turno entre ele e a
ex-governadora Roseana Sarney (foto). E desta vez, na batalha final, Roseana tende a abarcar o apoio de todos os demais concorrentes.

Olho nele/ Jair Bolsonaro segue com seus 20% nos levantamentos de intenção de voto e posando para selfies em aeroportos pelo país. Foi assim, por exemplo, no voo da Avianca que saiu do Rio para Brasília na última quarta-feira, às 12h50.

Por falar em Bolsonaro…/ A corrida dos pré-candidatos à Agrishow, em Ribeirão Preto, e à ExpoZebu, em Uberaba, faz sentido. É que os jovens do setor começam a olhar Bolsonaro com bons olhos. E sabe como é: há um velho ditado, muito repetido no interior, “quem chega primeiro bebe água limpa”.

“Só nós? Cadê os outros?”

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Senadores e deputados formaram praticamente um consenso sobre o foro privilegiado. Com o Supremo Tribunal Federal prestes a terminar com esse benefício aos parlamentares, a ordem entre os congressistas será estender aos demais cargos que hoje desfrutam desse tipo de foro. O próprio STF, entretanto, pretende tratar desse tema. Para muitos ministros, tornou-se inevitável acabar com o foro para todos os atos não-funcionais, seja de juízes, promotores, e quem mais chegar. O contribuinte agradece. Há quem diga que passou da hora de resolver o caso de juízes que, quando flagrados em atos ilícitos, são simplesmente aposentados.

Em tempo: para o Congresso acabar com o foro das demais categorias, precisaria primeiro terminar a intervenção federal no Rio de Janeiro. É que esse assunto é tratado numa proposta de emenda constitucional, que não pode ser votada em caso de intervenção nos estados.

Aécio bate o martelo
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aguarda apenas a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o foro para comunicar em breve
seus planos eleitorais. Já decidiu, entretanto, que não concorrerá a um novo mandato de senador. Falta definir se buscará uma vaga na Câmara dos Deputados.

Batmania versus
Super-Homem
O Código de Processo Penal, em análise na Câmara, é um pote de guerras. Além das já detalhadas aqui, sobre prisão em segunda instância, o Ministério Público tenta, por exemplo, passar a comandar as investigações e, por tabela, mandar na Polícia Federal. A guerra está feia nos bastidores da comissão especial, que não consegue se reunir. Mais um tema em atraso na Casa, para se somar a tantos outros.

Álvaro e o tempo
Pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, o senador Alvaro Dias passa o mês de maio dedicado a tentar uma aliança com o PRB, de Flávio Rocha, ou Democratas, de Rodrigo Maia. Tudo por causa do tempo de tevê. É que, se permanecer restrito ao Podemos, o senador ficará praticamente apagado quando a campanha começar no rádio e na tevê.

Risco calculado
Essas alianças que Álvaro Dias procura, entretanto, deixam o senador com um problema: a união a partidos da chamada “velha política”, algo que ele tem evitado. Mas é a única forma de ampliar o tempo de tevê e, com isso, o alcance da campanha.

Ela vai/ Danielle Dytz, a filha mais velha de Eduardo Cunha (foto), será mesmo candidata a deputada federal pelo MDB, e as apostas dos partidos são as de que ela tem tudo para ser eleita, uma vez que herdará a comunidade evangélica que apoiava o pai.

Se brincar…/ Se Danielle for eleita, talvez tenha tempo de inaugurar a foto do pai na galeria de ex-presidentes da Câmara. Até agora, os retratos de Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, ambos presos, não foram colocados na parede onde estão lembrados Ulysses Guimarães, Nereu Ramos e outros tantos ilustres.

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa I/ Na Casa Thomas Jefferson da 606 Norte, a Missão Diplomática dos Estados Unidos promove o painel “Mantendo o poder sob controle: a mídia, a Justiça e o estado de direito”, com a participação da diretora de redação do Correio Braziliense, Ana Dubeux; do criador do site Boatos.org, Edgar Matsuki; do diretor da Faculdade de Comunicação da UnB, Fernando Paulino, e Gisele Rodrigues, que representará a Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados.

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa II/ No período da tarde, o tema será objeto de debate no 10º Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia, no auditório da OAB.

Efeito Palocci

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A denúncia que a procuradora-geral, Raquel Dodge, apresenta contra Lula, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Antonio Palocci foi vista como uma resposta dos procuradores aos policiais federais que fecharam a delação de Palocci, recusada no ano passado pela PGR. Os procuradores temem que os próximos delatores — sim, eles existem — prefiram recorrer aos policiais deixando de lado o protagonismo que o Ministério Público obteve até aqui. É que as tratativas de Palocci na PF foram feitas em silêncio, enquanto a dos procuradores vazaram no fim do ano passado.

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Dodge aproveita o texto para reforçar que não dependeu apenas dos delatores. Ela cita o cruzamento de documentos feito pela autoridade policial e outros recursos, como quebra de sigilo telefônico, requerida pelo MPF. Ou seja, a PF pode até ter feito a delação de Palocci e não o MPF. Mas o Ministério Público não vai entregar o protagonismo de mão beijada.

Faltam só os presos?

O presídio de segurança máxima de Brasília, cujas instalações estão prontas desde outubro, tem capacidade para 208 detentos, e, se brincar, corre o risco de se tornar mais uma obra sem uso das tantas que o cidadão presencia diariamente. A inauguração já foi adiada por duas vezes, porque ainda faltam alguns equipamentos e pessoal. Ainda não houve, por exemplo, a contratação de novos agentes penitenciários federais. Faltam ainda… presos designados para cumprir pena ali.

Por falar em segurança federal…

Já tem gente no governo pensando em sugerir ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que as novas e modernas instalações sejam destinadas aos detentos da Lava-Jato. Porém, presos é que não vão faltar. Especialmente em se tratando de um país com quase meio milhão de mandados de prisão não cumpridos.

Nem tão cedo

A depender dos trâmites no Conselho de Ética, a Casa não julgará os deputados que respondem a processo antes das eleições de outubro. Maio chegou, no final do mês tem um novo feriadão (Corpus Christi), depois, Copa do Mundo, festas de São João no Nordeste e, em seguida, o recesso parlamentar.

Candidatos indoor

As dificuldades em citar os investigados é mais um ingrediente que reforça a tendência de todos irem às urnas sem serem incomodados. Obviamente, a campanha dessa turma estará restrita à internet, porque não dá para sair à rua.

Disputa/ Os petistas ligados aos sindicatos apostam nos bastidores que conseguem reunir mais gente no ato de hoje, em Curitiba, do que no tradicional ato em São Paulo que, pela primeira vez, reunirá todas as centrais. Aliás, hoje o PT pretende promover, pelo menos, 17 atos em defesa de Lula pelo Brasil.

Temer na roda/ O presidente Michel Temer (foto) vai quinta-feira à Agrishow, a feira internacional de tecnologia do campo, em Ribeirão Preto, cidade administrada pelo tucano Duarte Nogueira. Bolsonaro passou por lá ontem. A contar pela receptividade, não pode nem deve ser desprezado pelos adversários na corrida eleitoral.

Uma coisa e outra coisa/ Temer não irá até lá como pré-candidato a presidente da República, uma vez que não será. Sua presença se refere ao fato de ser presidente da República, disposto a demonstrar que não tem medo de locais públicos.

AGU libera a vaquejada/ Em parecer técnico enviado ao STF, a AGU se manifestou favoravelmente à Emenda Constitucional 96/2017, que regulamenta os esportes equestres no Brasil, entre eles a vaquejada. A emenda é contestada no Supremo por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Para a AGU, a prática da vaquejada é uma manifestação cultural em que não existem maus-tratos aos animais.

Assustou e irritou

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O fato de a Polícia Federal elencar a filha do presidente Michel Temer como testemunha no inquérito dos portos serviu de combustível para o tom incisivo que o emedebista adotou em seu pronunciamento no Planalto. Temer não se conforma com o fato de, em quatro meses, a Polícia Federal não ter concluído o inquérito. Há a convicção no Planalto de que os vazamentos desta semana e a convocação de Maristela vieram sob encomenda para garantir mais uma prorrogação. Na avaliação de ministros, se houvesse fato concreto para oferecer denúncia contra o presidente, a PF já teria encerrado as investigações. Ao pedir nova prorrogação, a PF deixa Temer ainda mais desgastado e exposto politicamente. Para quem precisaria se dedicar neste período pré-eleitoral à montagem das candidaturas do partido pelo Brasil afora, é o pior dos mundos.

Tarde demais I

Os petistas ainda tentaram uma reaproximação com o ex-ministro Antonio Palocci para demovê-lo da delação premiada. Não deu certo. Palocci mandou dizer que, ao longo de todo o período na prisão, não recebeu sequer um telefonema de solidariedade. Tampouco foi chamado de “guerreiro do povo brasileiro”.

Tarde demais II

Palocci põe o PT em grandes dificuldades. Afinal, se for tudo comprovado, até o registro do partido estará sob risco.

Renan vai a Lula

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu para seus advogados requisitarem um horário para que ele possa visitar o ex-presidente Lula na sede da PF, em Curitiba, onde o petista cumpre pena.

Precavidos

Além do pedido à juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara de Execuções Penais de Curitiba, os advogados planejam preparar também recurso à instância superior. Afinal, Renan quer deixar bem claro que se trata de uma visita e não de uma inspeção.

Casamento eleitoral

O PT claramente escolheu o deputado Jair Bolsonaro para brigar em plenário, observa o deputado Beto Mansur (MDB-SP). E o PT não esconde essa estratégia. Em conversas reservadas, os petistas têm a certeza de que uma disputa entre Bolsonaro e um candidato de Lula no segundo turno é a certeza do retorno do partido ao poder.

No embalo do casório…

O bate-boca entre petistas e bolsonaristas serviu de motor para o manifesto que o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) planejam fazer no mês que vem. A ordem é deixar claro que o país não merece esse “populismo autoritário” de esquerda e de direita.

Quem não chora…/ O senador Dário Berger (MDB-SC) chegou irado ontem ao quarto andar do Palácio do Planalto. Foi cobrar o corte de R$ 1 milhão em suas emendas parlamentares. Estava tão bravo que conseguiu repor os recursos.

Se não pode derrotá-los…/ … Junte-se a eles. Na pré-convenção que o MDB de Minas Gerais fará nesta terça-feira, Adalclever Lopes vai defender que o partido tenha candidato próprio ao governo estadual. Tudo porque as consultas internas indicaram que essa é a preferência dos convencionais. Mas, como as convenções oficiais para escolha de candidatos serão apenas em julho, tudo pode mudar no balanço dos dias.

Segurança em debate I/ O 8º Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública terá como tema a segurança pública. A organização é do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e da FGV projetos, em 24 e 25 de maio, no auditório do IDP em Brasília. Em discussão, temas como sistema único de segurança, gastos públicos, encarceramento feminino.

Segurança em debate II/ Já confirmaram presença no seminário o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (foto), e o deputado português Vitalino Canas, autor da legislação sobre criminalização das drogas em Portugal.

Antes do tsunami Palocci

Publicado em coluna Brasília-DF

Cresce entre os petistas a ideia de fazer uma campanha do tipo “sou Lula, sou PT”. O objetivo é colar o partido em, pelo menos, uma boa parte dos 31% que, segundo o último Datafolha, afirmam votar em Lula mesmo com o ex-presidente preso. O PT está convicto de que, quanto antes essa campanha for lançada, melhor para os candidatos da legenda e para quem assumir a vaga de candidato mais à frente. Especialmente agora, depois da delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, é preciso fazer tudo o que for possível para transferir o potencial eleitoral de Lula para o partido. Se deixar para mais à frente, quando a delação de Palocci estiver na boca do povo, ficará difícil.

Queridos, ele
encolherá o partido

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez as contas. Dos 18 senadores do MDB, apenas quatro têm mais quatro anos de mandato e a perspectiva é de eleger mais sete, “se o Michel não aparecer nos estados”, diz ele. “Se o Michel colar sua imagem nos nossos candidatos, vai derrotar todos”, afirma o senador.

Vai ter guerra

Renan cita o exemplo da senadora Marta Suplicy, considerada um nome com bom potencial eleitoral: “O problema é como sair de mãos dadas com Michel nas ruas de São Paulo? Renan Filho tem 69% em Maceió. Como condenar um jovem promissor a apoiar Temer ou Henrique Meirelles?”, pergunta, num ensaio do que dirá em julho, na convenção do partido, contra Temer e Meirelles.

E Renan tem razão

Até os aliados de Temer, como, aliás, já foi dito aqui na coluna, já tratam Temer como carta fora do baralho eleitoral. Querem ter mais dinheiro para as campanhas estaduais e, de quebra, evitar o risco de se verem associados à rejeição do governo. Nesse sentido, o desfile pelos estados combinado com a cúpula partidária será mais para manter a tropa aliada unida do que propriamente alavancar um candidato.

Cultura no plenário/ O senador Renan Calheiros terminava ontem um discurso em homenagem póstuma ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, quando o senador Hélio José (foto), do Pros-DF, que presidia a sessão, decidiu fazer um comentário, “Nelson Pereira dos Santos fez muitos filmes importantes, inclusive, Lula, filho do Brasil, que conta a história do ex-presidente. Ah, foi o Barreto?”. E, na hora, a rádio Senado corta o som do plenário.

Troca de cadeiras/ Quando o som da sessão voltou, Renan, que soprou ao colega que o filme sobre a vida de Lula é de Fábio Barreto, estava presidindo a sessão para que Hélio José proferisse seu discurso.

Meu ódio será sua herança/ O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes (MDB), avisou há mais de uma semana que o governador do estado, Fernando Pimentel, não perdia por esperar a “traição” ao emedebista. Desde que Dilma Rousseff transferiu seu domicílio eleitoral para concorrer a uma vaga ao Senado, Adalclever só se refere a Pimentel com palavras que levariam muitos a tirarem as crianças da sala.

Socialismo a la Rubinho/ Só na última quarta-feira, 25, é que a bancada do PSB na Câmara soltou uma nota saudando a filiação de Joaquim Barbosa ao partido. Vai virar meme com a assinatura do piloto Rubinho Barrichello

Feriadão com dívida em pauta

Publicado em Política

A depender do humor de deputados e senadores, o governo terá dificuldades em conseguir o quorum para aprovação do projeto de suplementação orçamentária de R$ 1,3 bilhão para pagamento da dívida de Venezuela e Moçambique junto ao BNDES e bancos privados. O Brasil precisa efetuar esse pagamento até 8 de maio, uma vez que foi avalista dos empréstimos ao longo dos governos Lula e Dilma. E foi para tratar desse tema que o presidente Michel Temer reuniu hoje os líderes aliados no Palácio do Planalto.

Nos bastidores, há quem diga que o PT terá que ajudar a dar quórum-ara votar essa suplementação. Afinal, foi graças à ação do ex-presidente Lula que o país se vê obrigado a arcar com essa dívida.

A tendência, porém, é a de que não haja número suficiente de parlamentares para votar esse tema, na semana do feriado de 1 de maio. Os atuais governistas não se sentem responsáveis porque muitos eram oposição quando Lula decidiu ser avalista dos empréstimos. E os petistas consideram um problema do governo e estão ávidos para ver Michel Temer cometer algum desatino orçamentário para enquadrá-lo em “pedaladas fiscais”, da mesma forma que os aliados do atual governo enquadraram a então presidente Dilma Rousseff, levando-a ao impeachment.

Potes de mágoas

Publicado em coluna Brasília-DF

O senador Aécio Neves esteve com o presidente Michel Temer e, no encontro, ficou patente que os dois têm muita coisa em comum. Primeiro, dizem aliados de Temer, houve a certeza de que a relação entre o senador e o ex-governador Geraldo Alckmin vai de mal a pior. Aécio não gostou nada de ver Geraldo Alckmin dizer com todas as letras que o mineiro não deveria concorrer a um novo mandato. Temer não perdoa Alckmin por causa dos cinco votos de São Paulo a favor da última denúncia apresentada por Rodrigo Janot. Era uma votação para matar ou morrer, e o então governador paulista não levantou um dedo para salvar o presidente da República. Há quem diga que essa união será mais um problema para Geraldo Alckmin, além das questões de São Paulo (leia notas criatura versus criador).

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As palavras união e probidade, aliás, estiveram na reunião do PSDB ontem à tarde. Alckmin lembrou que o PT defende até quem está condenado e preso, enquanto “nós não defendemos nem os que não são nem réus”. Citou apenas o próprio caso, de quem mora no mesmo apartamento, de menos de 150 m², há 25 anos. “Nossas posses são as mesmas e isso deveria ser suficiente. Foi uma questão de campanha que já está superada”, disse, referindo-se ao processo que responde na Justiça Eleitoral em São Paulo. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) estava do lado. Ninguém tocou no nome de Aécio Neves.

Esqueceram dela

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não pretende deixar quieta a decisão da segunda turma do Supremo Tribunal Federal, de tirar das mãos do juiz Sérgio Moro a parte da delação da Odebrecht sobre o sítio de Atibaia atribuído a Lula. A ideia na Procuradoria é recorrer assim que for publicado o acórdão.

Criatura versus criador I

O ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito de São Paulo João Doria, ambos do PSDB, tiveram uma conversa nada amistosa no último domingo. Alckmin saiu da casa de Doria contrariado e com cheiro de ameaça. Aliados do ex-prefeito voltam a insuflar uma pré-candidatura a presidente da República. O ex-prefeito, entretanto, sempre responde assim: “Tem gente dizendo que eu quero ser candidato a presidente, mas é mentira, viu?” E, até aqui, é mentira mesmo. O PSDB não cogita substituir seu pré-candidato a presidente. Porém, a turma do prefeito vai forçar a porta.

Criatura versus criador II

Doria quer que Alckmin o ajude a construir uma aliança mais forte e também auxilie na campanha. Se o ex-governador não o fizer, arrisca ter o ex-prefeito jogando contra. Aliás, a situação de São Paulo foi lembrada na reunião de ontem do PSDB como algo que Alckmin precisa administrar com todo o cuidado e paciência. Afinal, enquanto Márcio França (PSB) junta partidos, Dória faz movimentos mais nacionais. O maior risco nessa situação é não ter nem Doria nem França dedicados a pedir votos ao tucano na eleição presidencial.

Por um fio

Nos bastidores da sessão em homenagem ao ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, a mesma turma do DEM que aplaudia de forma efusiva o presidente da Casa, Rodrigo Maia, comentava: “Hoje, só quem segura a pré-candidatura de Rodrigo à Presidência da República é o próprio Rodrigo”.

Discretíssimo/ Jair Bolsonaro foi à sessão de homenagem póstuma ao ex-deputado Luís Eduardo Magalhães. Na maior parte do tempo, não tirou os olhos do celular e, de quebra, não se mostrava muito bem-humorado quando alguém se aproximava dele e do filho.

Lembrado/ Ausente à sessão por problemas de saúde, o professor Di Gênio, dono do colégio Objetivo e um dos maiores amigos do ex-deputado, foi citado no discurso de Heráclito Fortes (foto).

Dinheiro parado?/ Ao contrário do que foi dito aqui, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), apresentou
R$ 210 mil como “numerário em caixa” nas eleições de 2010. Agora, tinha R$ 200 mil. Ter dinheiro em casa não é crime. Mas, o sujeito não gasta nem aplica… Quem pode, pode, né?

Por falar em dinheiro… / A classe política costuma dizer que, depois dos R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima (MDB-BA), essa história de R$ 200 mil em casa é “troco”.